Visitas

segunda-feira, julho 09, 2012

A festa da escola

Foi a primeira. A festa de final do ano da creche do Rodrigo. Fui eu, o Zé, os avos todos e só não foram os tios que não podiam. Em punho máquina de filmar, a fotográfica e ainda iPhone para completar. As máquinas despachei-as todas para a família, para ficar livre para o que se ia passar. Tempo ameno, tudo preparado ao ar livre para a entrada dos miúdos, eu toda risonha em pulgas para que tudo começasse. E começou. Arrancou a música do eu sou um pinguim, e mal avistei os miúdos do berçário desatei num pranto que se manteve fluido até ao fim. Acho mesmo que ganhei o prémio da mãe mais chorona, com o grande pico da parvoíce pegada a atingir o auge quando vi o Rodrigo a encabeçar a fila da sua sala vestido de golfinho. Xiça, foi mesmo emocionante e ele portou-se tão bem. Juntou-se ainda a algumas coreografias dos amiguinhos e esteve sempre feliz. Quando a festa terminou, eu de nariz vermelho mas já composta, dou de caras com a educadora do Rodrigo... e começou tudo outra vez. Mais uma rodada de lágrimas e fungos com ela a desmanchar-se também. De maneiras que foi isto. Para o ano nova escola, ai ai.

domingo, julho 08, 2012

Resulta

Não sei se é só Melamil, mas Rodrigo tem adormecido que nem um anjo. Hoje então esteve fantástico, também durante o dia, sem birras de maior. E que bom é vê-lo feliz.

Amanhã conto como foi festa do fim da creche. Ui, ui.

quinta-feira, julho 05, 2012

Acabei de viver um dos momentos mais angustiantes e assustadores com o Rodrigo. Não consigo parar de chorar e ainda tremo. Na hora de ir dormir, eram cerca das nove e meia, fez uma birra ENORME e ficou descontrolado como nunca o vi. Bateu-me, gritou, lutou literalmente comigo, enquanto eu tentava acalmá-lo, mas sem êxito. Não queria colo, não queria chão, não queria ir para a cama, não queria ficar sozinho e andou nisto perto de meia hora. A atirar-se a tudo o que encontrava à frente, enquanto gritava para todo o bairro ouvir. Só consegui acalmá-lo junto aos números do microondas. A verdade é que está cada vez mais obcecado com números e letras, tanto que a médica já disse que provavelmente teremos de dar-lhe medicação em breve para atenuar estas obsessões. E foi a única forma de parar com o inesperado e monstruoso ataque de nervos. Consegui dar-lhe leite morno para acalmar mais um pouco e perto das onze virei-me para ele com o coração aos pulos com medo de desencadear outra crise e perguntei-lhe estendendo-lhe os braços: "Rodrigo, vamos fazer o oó?" Ele retribuiu-me os braços, aceitou o colo e ainda a caminho do quarto adormeceu. Assim. Adormeceu de cansaço, acho, tal foi a energia que pôs na birra de hoje. Que alívio não ter passado por tudo outra vez. E que nervos eu e o pai ainda temos depois de termos vivenciado isto.
Entretanto, a partir de amanhã vamos começar a dar-lhe umas gotas para adormecer melhor. O remédio é natural, chama-se Melamil e é para dar quatro gotas antes de deitar durante um mês. Vamos ver se resulta. Nunca tinha ouvido falar.
Ah, e escusado será dizer que estou já numa angústia enorme por causa da hora de dormir amanhã. Mas eu sei que os bebés sentem, por isso terei de ter muita calma e segurança.

terça-feira, julho 03, 2012

O diagnóstico

"Não sei". Esta foi a resposta da pediatra (uma querida e em quem confio) face aos sinais que o Rodrigo tem manifestado. A médica diz que de facto o miúdo pode apanhar constipações, viroses e gastroentrites de quinze em quinze dias e que as babas podem ser a forma do corpo dele dizer: "Estou ou vou ficar doente". Ela descartou totalmente as hipóteses de alergia, intolerância a algum alimento ou outra doença associada a estes sintomas. A verdade é que sem medicação, e passados dois dias de febre e algumas babas, o Rodrigo está novamente bem. O conselho dela no final? "Façam muita praia com ele, é a única coisa que vos posso dizer tendo em conta que, à partida, ele possa estar a apanhar tantas doenças por ter as defesas um pouco em baixo". De modo que é isto, praia com ele. Por acaso já tenho saudades de andar ali pelo areal de rabo para o ar, a apanhar escaldões nas costas, e a rezar para que nenhuma das minhas maminhas me salte de fora com tanta descompostura maternal.

domingo, julho 01, 2012

Outra vez...

As babas, a febre... Ainda bem que terça há pediatra. Vou pedir-lhe análises mais pormenorizadas ao Rodrigo, de quinze em quinze dias tenho o miúdo com este quadro clínico.

quarta-feira, junho 27, 2012

Eu bem tento contrariar...

...mas estou tão deprê. Ainda pensei duas vezes se hoje viria postar alguma coisa, tal é a energia negativa, mas caramba, isto também tem de ser para os maus momentos, como nos casamentos. E a verdade é que ninguém tem vidas perfeitas. A minha não é.
Por um lado, saber que estou com um pé fora do emprego, mas ter de continuar a ir, a trabalhar, a dar o litro, a aborrecer-me e a decidir num projecto que sinto que já não é o meu, que já não me pertence, até que a burocracia fique toda tratada. Sei que estou no despedimento colectivo e o raio da carta que me permite avançar com tudo e seguir a minha vida não chega ao correio. E isto aborrece-me, ando enervada.
Por outro lado, é o Rodrigo, que anda super irritável, voltou àquelas coisas de me bater, morder, espernear, atirar-se para o chão, não me deixar mudar-lhe a fralda, dar banho... Enfim, mal acorda começa a fazer birras na cama sem eu perceber o porquê. E isso angustia-me. Quero que ele seja feliz, que ande a rir, e que não ande neste disparate de se enervar até com o meu respirar.
E por isto estou assim em baixo, a tentar animar-me e desejosa que cheguem os melhores dias. Eles vão chegar.

segunda-feira, junho 25, 2012

Dia não

A vida é mesmo complicada. No mês em que o Rodrigo começa a despontar na fala, perco o emprego. Tal e qual. Ao fim de doze anos de carreira, seis naquela casa, estou desempregada.
E agora já posso dizer. Estava como editora da revista VIP. Fui incluída numa lista de despedimento colectivo para redução de custos e hoje comunicaram-me a decisão. Estou triste. Gostava do que fazia, do projecto. Ainda esta semana, foi com muito orgulho que fiz aquela capa, cheia de pica, cheia de motivação. Mas a vida é isto, tal como na moda: one day you're in, one day you're out. E estou out. Agora é fazer o luto e seguir com a bola para a frente, contrariando a crise. É procurar até encontrar. E, como fadista que sou, ter esperança no destino.

domingo, junho 24, 2012

Pergunta de invejosa

Como é que estas gajas dão à luz como eu dei e passado um mês não é nada com elas e nem barriga têm? Vi eu com estes olhos. Como? Eu já fui mãe há quase três anos e ainda estou a recuperar! Não é justo pá.

sexta-feira, junho 22, 2012

O descanso da guerreira

Estão a ver um oito? Estão a ver as minhas costas? São a mesma coisa.
O Rodrigo andou a semana toda a vomitar durante a noite. Como não dava conta de absolutamente nada, continuando descansada nos meus sonhos enquanto o miúdo no quarto ao lado vivia um pesadelo sozinho, decidi que o melhor era mudar-me para o quarto dele. Até aqui tudo muito bem, não se tivesse dado o caso de ter planeado muito mal as coisas. Eu diria antes, não se tivesse dado o caso de não ter planeado nada. Resumindo, a história é a seguinte: no quarto dele há uma cama de grades onde ele habitualmente dorme e um sofá cama. Sei que com tantos vómitos e mau estar o Rodrigo acabou no sofá (que por estar fechado só dava mesmo para ele) e eu fiquei sem sítio para fazer a sentinela. Ainda olhei para a camita de grades, mas passou-me logo a parvoíce. Ele, naquele meio sono, olho aberto, olho fechado, estava preparado para desatar num berreiro e a vomitar se eu ousasse qualquer movimento mais brusco. Então olhem, dormi no chão, assim, à maluca, a recordar os tempos em que tinha 17 anos e ia acampar sem colchão. Com a diferença que agora tenho 35! Uma diferença suficiente para andar aqui com as costas feitas num 8, já que estamos nesta de números. Nas noites seguintes já montei o sofá cama e lá fiquei. Mas não há nada como a nossa caminha. Hoje já estou de regresso a ela, a desfrutar, e as cruzes agradecem.

Bom fim de semana. Sugestão para programa familiar: open day na Tapada de Mafra amanhã. Tudo grátis e muita animação no meio da bicharada. Eu vou!

quinta-feira, junho 21, 2012

Coisas sobre despensas e a falta que elas fazem

(post que surge depois do assunto vir à baila no meu trabalho)

A minha casa não tem despensa. Tem uma sala muito linda, roupeiros enoooormes que a Rosário adora organizar (eh eh), uma varanda com vista larga, churrasqueira, uma cozinha catita, lareira, vizinhas lésbicas que são um mimo porque não fazem barulho, boas áreas... mas não tem despensa. E a falta que ela me faz. Parece que agora virou moda as casas não terem despensa e confesso que quando a comprei não me preocupei muito com isso. Aliás, quando a comprei estava muito naquela fase de me preocupar apenas com o quarto de casal, com a cama, os espelhos no quarto, a roupa de cama... Bem, acho que já se percebeu onde é que eu estava focada. Acontece que actualmente a inexistência dessa divisão me transtorna. As especiarias, massas, arrozes, enlatados e afins estão arrumados nos armários da cozinha, tudo bem, mas a tábua de passar a ferro, o próprio do ferro, os alguidares, as esfregonas, vassouras, os baldes e o aspirador andam por aí ao deus dará, em sítios que não lembram a ninguém, a estragar-me o raio da decoração hippie chic. Tudo porque não tenho a porra de uma despensa para enfiar com tudo lá para dentro. Já experimentei um móvel exterior na varanda, mas as intempéries aqui da zona oeste rebentaram com ele. De modos que ando assim, revoltada, enervada, agastada, com esta coisa de não ter despensa, de não ter o meu cantinho secreto da bagunça. É tábua atrás da porta do quarto, ferro em cima do móvel, a roupa para passar anda sempre à vista, o aspirador vive no roupeiro lado a lado com lençóis e toalhas de casa de banho, e na varanda a minha magnífica e esplendorosa churrasqueira convive contrariada com as esfregonas, o desentupidor e as vassouras. Olha que coisa mais linda! Então mas isto tem algum jeito senhores construtores?

quarta-feira, junho 20, 2012

A minha empregada

A Rosário é indispensável cá em casa. Não há dúvidas quanto a isso e acredito que se ela não existisse a minha vida doméstica seria um caos. Mas como em tudo, tem o seu lado mau. A Rosário, como é que eu hei de dizer isto sem ser injusta? A Rosário é, digamos, espevitada.
Decidiu que tem de arrumar os roupeiros, é de louvar, garanto-vos. Mas é ela quem decide o que já não uso e coloca em sacos e, tchan tchan, leva-os para o lixo. Assim, sem me consultar, sem me ligar, sem me dar cavaco. O Zé um dia destes veio a casa enquanto ela cá estava nessas "limpezas" e deu com um desses sacos prontos para ir para o lixo. Como estava de saída ofereceu-se para o levar. Já na rua espreitou-o e deu com um saco de praia meu, QUE EU USO, mas que a Rosário provavelmente achou que estava fora de moda, e com a protecção para a chuva que se põe no carrinho de bebé! FOGO! O que é que tem ido nos sacos?
Outra. Gosto de fazer puzzles, daqueles com muitas peças, difíceis. Passei um sábado inteiro a fazer um em cima da mesa de jantar e deixei-o ali, a poucas peças de terminar. Pois a Rosário achou que aquilo se faz seguindo uma numeração invisível que tem atrás de cada peça e escangalhou-o todo. Quando cheguei a casa tinha a mesa incrivelmente reluzente e todo o meu trabalho amontoado num cantinho como que a dizer-me "menina Ana, quando acaba de brincar arruma tudo outra vez que isto assim é uma grande bandalheira" FOGO!
Enfim, é uma senhora que é capaz do pior e do melhor. Como o melhor dela me dá um jeito do caraças nesta altura vou continuar a recebê-la com um sorriso como que a implorar-lhe "nunca ache minha senhora que as minhas jóias estão demodé e que as minhas fotografias estão desfocadas. Please."

segunda-feira, junho 18, 2012

Estamos no bom caminho

E a um mês de completar três anos de idade, depois de ter nascido às 27 semanas, o Rodrigo já tem percentil e os pontinhos que a pediatra inscreve no boletim já não ficam ali a nadar no meio do nada, a olhar com inveja a curva que tem estado sempre mais acima:
Altura: percentil 25
Peso: percentil 5

Iupiiiiiiiiiiii!

domingo, junho 17, 2012

Mae sofre - parte 23

O Rodrigo está doente. Outra vez! Ontem, quando fui acordá-lo à cama estava envolto em vomitado e o cocó (diarreia) tinha saído da fralda. Passou todo o dia a dieta, não tem febre e anda bem disposto. Durante o dia não vomitou mais. Esta manhã o mesmo cenário, mas misturado com ranho e umas babas que vão aparecendo e desaparecendo em várias partes do corpo. No hospital dizem que é virose, que é sempre aquele diagnostico um pouco duvidoso. Dá ideia que quando não sabem muito bem o que é, espetam-lhes como uma virose. A questão é que de mês a mês o Rodrigo vai repetindo este quadro clínico de ranho, babas e vómitos. Vou pedir à pediatra que lhe faça análises mais concretas para dar conta de uma vez deste bicho. Esta noite vou também pôr o despertador para várias vezes a meio da noite, que é uma vergonha dormir tão ferrada que nem o oiça a vomitar, coitadinho, e ninguém merece acordar naquela imundice. Vamos ver como corre hoje.

sábado, junho 16, 2012

15 de Junho de 2012 - hoje

Cheguei a casa estafada. O dia começou muito cedo por causa da sessão de terapia ocupacional (Rodrigo portou-se muito bem e colaborou em todos os estímulos), no trabalho foi de loucos e quando finalmente meti a chave à porta já passava das oito e meia da noite. Zé já tinha tratado do banho e do jantar do miúdo. Entrei com aquelas saudades que sentimos como se um dia de creche equivalesse a uma semana no Qatar. Como sempre, o sorriso do Rodrigo abriu-se num raio, feliz por me ver, e de imediato procurou a minha atenção. E eis senão quando, meus queridos leitores que me têm acompanhado nesta vivência e nestes meus dramas, eis senão quando daquela boquinha pequenina e cheirosa de frutas doces sai o seguinte som: "mamã". Olhei para o Zé, ele confirmou-me com o olhar também incrédulo, feliz, que eu tinha escutado bem. "mamã". Assim, tal e qual. Não era cansaço, não era eu sempre a querer que fosse mais do que era, o Rodrigo pronunciou a palavra "mamã" a olhar para mim, a apontar-me. E eu baixei-me e enchi-o de beijos como se ele fosse um balão. E chorei, claro está, de alegria, de emoção, de saber que mesmo que ele tão depressa não consiga dizer mais nada, já consegue chamar por mim. E eu estarei sempre lá para o abraçar.

segunda-feira, junho 11, 2012

Os pequenos grandes passos

Depois de um período de estagnação que já me estava a deixar deprimida, eis que Rodrigo deu outro salto no desenvolvimento. São pequenas coisas que para mim, mãe, são passos de gigante e mantêm acesa a luzinha no fundo do túnel.

Então: já voltou a dizer o adeus com a mão, bem como a dar beijinhos;
já come outra vez pão e demonstra muito mais curiosidade pelos alimentos;
já come banana sem ser esmagada e pela própria mão;
faz duas novas vocalizações, com consoantes diferentes;
diz que sim com a cabeça;
apesar de ainda não pedir para ir à casa de banho, já faz chichi na sanita e bate palmas no fim;
nas brincadeiras com os bonecos já os põe a fazer as rotinas imaginando que comem ou que dormem;
consegue descer dois a três degraus sem se apoiar;
e, vitória das vitórias, consegue finalmente soprar, ou seja, daqui a um mês vai conseguir apagar as velas dos três anos.

São ou não são pequenos passos de gigante hein?

terça-feira, maio 22, 2012

Como é que eu sei que o Rodrigo já não está doente

- Em vez de estar meiguinho como uma alface, já começou nas refilices dele e ontem já fui brindada com um valente estalo porque não lhe estava a dar atenção durante uma conversa que estava a ter com o pai (É claro que o chamei à atenção, obrigando-o a fazer-me uma festinha); - Já regressou às habituais birras para a mudança da fralda, insistindo em sair da posição de barriga para cima; - Voltou a ter aquele olhar dele arrebitado e curioso em vez dos tão deprimentes olhos de carneiro mal morto; - Ontem no banho já não se enrolou dentro de água com arrepios de frio. Brincou e inundou-me metade da casa-de-banho; - O apetite voltou e ontem, enquanto eu comia um filipino, agrafou-se a ele e mordeu-o com gosto; - E, finalmente, já brincou ao meu colo antes de adormecer, libertando-se muito mais da minha mão, que durante o período em que esteve doente se tornou na sua melhor amiga. De maneiras que é isto.

segunda-feira, maio 21, 2012

sexta-feira, maio 18, 2012

Em modo automático

Fogo, tenho o puto cheio de febrões e ranhos e babas que aparecem e desaparecem. Já está com antibiótico mas tem sido a loucura, com noites mal dormidas e muita preocupação. Melhora rápido puto!

quarta-feira, maio 16, 2012

Epá tenho aí uma ideia para um projecto tão, mas tão giro. Quando puder dar mais novidades direi. Agora foi só mesmo assim numa de partilha e de mete nojo.

terça-feira, maio 15, 2012

Na última sessão de terapia ocupacional o Rodrigo esteve a brincar com espuma de barbear. Foi a loucura completa e o sacana do miúdo percebeu rapidamente que ele tinha uma bata protectora... mas eu não. Então, volta não volta, vinha directo a mim, com as mãos todas sujas em riste a gargalhar. Foi mesmo divertido e agora só tenho de arranjar coragem para fazer a bagunceira em casa. No final da sessão seguiu para a creche, todo lampeiro... e a cheirar à homem de barba rija.

segunda-feira, maio 14, 2012

A ver

A minha vida dava um bom livro de coincidências. Pus a minha rede de amigos ligados à zona Oeste a procurarem terapeutas da fala em Mafra com boas referências. Por consenso cheguei a um nome. Telefonema daqui, telefonema dali, lá consegui entrar em contacto com o nome tão desejado. Quando comecei a explicar-lhe o caso do Rodrigo interrompeu-me para me dizer: "Ah, já sei quem é esse menino. Sou eu que vou ficar com ele em Setembro no âmbito do pedido que fez para o Grupo de Intervenção Precoce, do qual eu faço parte. Assim, em vez de estar agora a colocá-lo num terapeuta privado, venha ter comigo, fazemos a avaliação e dou-lhe algumas dicas de estimulação para fazer durante as férias". Opá, não é espectacular? Não é uma coincidência do caraças? E não é muito bom saber que a terapeuta do Rodrigo é aquela sobre quem toda a gente me deu óptimas referências? Entretanto, já fomos à sessão de avaliação. A terapeuta ficou muito satisfeita com o Rodrigo, diz que tem todos os pré-requisitos para poder começar a trabalhar com ele e (orgulho) espantou-se com a sua genialidade. É um miúdo de facto muito especial e, importante, com um "excelente contacto visual". Que alívio. Pelo meio fartou-se de ralhar comigo sobre coisas que na opinião dela estou a fazer mal. Fiquei um pouco danada na altura mas já me passou. Acho que ela tem razão e tenho tentado pôr em prática tudo o que me disse. Para já, e no meio de todo este turbilhão, um missão: ensinar o Rodrigo a soprar velas, daqui a dois meses faz três anos e eu gostava muito que ele já conseguisse fazê-lo. Com muitas bolas de sabão acho que a coisa vai lá.

quinta-feira, maio 03, 2012

Cheguei aos 35!

E foi num instante. Hoje completo 35 anos de vida e este é daqueles números redondos que nos põem a pensar mais na vida. E não está nada mau. A única coisa em que sinto que me estou mesmo a "atrasar" é em aumentar a família, mas enquanto o Rodrigo precisar de mim a 110% ter-me-á então a 110%. O meu pai diz que quando ele começar a falar rapa o mítico bigode. Eu já disse. No dia em que o Rodrigo falar faço um filho. Diz a agulha (que não falha) que o meu destino ainda me trará duas meninas. Ora, se vou nos 35, é bom que o puto comece já a falar e que a primeira frase seja: "Ó mumy faz-me uma mana!". Mais nada. E agora se não se importam vou ali a um almoço surpresa preparado pelo marido. Eu mereço caramba!

quarta-feira, abril 11, 2012

Ajuda

Terapeuta da fala para o Rodrigo, que está quase a fazer três anos, na zona de Mafra.
Alguém recomenda um?

sexta-feira, março 30, 2012

Então... a ver

Já recebemos o plano de intervenção precoce por parte da equipa de Mafra e a nós, pais cabe-nos, entre outras coisas:

- conferir-lhe mais autonomia na alimentação. O Rodrigo precisa de comer mais vezes sólidos e sozinho;

- vamos ter de fotografar os brinquedos preferidos dele e outras coisas que ele habitualmente pede puxando-nos o braço para sermos nós a dar-lhe, para fazermos uns cartões e habituá-lo a que nos mostre a figura correspondente quando nos quer pedir algo. Enquanto não verbaliza será essa a sua forma de comunicação;

- nas birras ter maior firmeza. Não, é não, mesmo que grite, chore e esperneie;

- fazer com que adormeça na cama. Sugestão: tirarmos-lhe a cama de grades e passar para uma cama à "crescido", junto ao chão, e sentar-me perto dele enquanto adormece. (glup).


Não vai ser fácil, mas temos de fazê-lo. O Rodrigo esteve entretanto constipado e tem estado muito irritado. Apesar de já estar melhor, começou com umas birras mesmo muito intensas, onde perde por completo o controlo, batendo em quem aparece à frente e agredindo-se a ele mesmo, mas sem grandes danos. Na maioria das vezes são birras que vêm um pouco do nada, apesar de acreditar que ele lá terá as suas razões. As reacções sociais perante estranhos melhoraram substancialmente, mas a área comportamental é agora a que mais me preocupa, com estes "ataques" espontâneos que chegam a assustar-me.

No início de Abril terá consulta com a psicóloga e terei de pedir-lhe a avaliação nesta área. Para já, é ter muita paciência, ter força para controlá-lo e não deixar que se magoe. Ah, e aproveitar os sorrisos e as festinhas que me dá quando tudo fica mais calmo.

Da autoria da psicóloga do Rodrigo no Santa Maria - já à venda




*Esta noite escreverei, tenho coisas para contar.

domingo, março 25, 2012

Ai vida agitada

Os dias andam pequeninos, não andam?

Bom, Rodrigo continua a ser embalado mas já está a adormecer melhor, em meia hora fica na cama, o que já é muito bom para mim. O que não é nada bom é a "pancada" que apanhou agora por números. Conto os números de 1 a 10 vezes sem conta. Ele descobre-os em todo o lado, garrafas, matrículas, na televisão, em todo o lado... O bom é que mesmo sem falar, aponta-os ou pega neles sempre por ordem e também de trás para a frente. É impressionante!

Já começámos a terapia ocupacional e, tirando ser às oito da manhã de sexta-feira, tem corrido muito bem e o Rodrigo adora a terapeuta. Como estou sempre presente, vou também vendo o que devo estimular nele. Tem sido uma grande ajuda e as evoluções do pequeno são notórias.

Entretanto, já fui ao Dr. Pedro Caldeira da Silva. Amei aquela consulta. O médico é mesmo muito bom. Estava com receio da recação do Rodrigo, que se entrega muito mais facilmente a senhoras, mas correu tudo muito bem. Durante os primeiros vinte minutos ninguém falou naquele consultório, com o médico a interagir com o Rodrigo e o baby a corresponder. Conclusão: Mãe, não se preocupe muito com a terapia da fala porque o Rodrigo sabe para que serve a comunicação e sabe usá-la.
Assim, se começar com os três anos está óptimo.

E mais? Coisas de mim? Eu quero uma Bimby! Quero mesmo.

quinta-feira, março 01, 2012

É oficial

Não consigo aplicar o método do choro controlado para o Rodrigo adormecer sozinho na cama dele. E não consigo porque ele descontrola-se mesmo e chora a sério. De qualquer forma, para o ano muda de escola e na sala dos três anos já não fazem sestas, fazendo com que ele já adormeça mais rapidamente ao colo, sem as minhas costas sofrerem tanto. Ou isso, ou esperar que ele perceba que a mamã tem um dói dói nas costas e que vai adormecer deitado na cama dele (como faz na escola!) enquanto lhe conto histórias, lhe dou a mão, canto, ou outra coisa qualquer. Não me aborrece estar duas horas ao pé dele, desde que não seja a andar de um lado para o outro a carregar doze quilos.

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

sábado, fevereiro 25, 2012

Da teoria à prática

Não consegui cumprir com o que tinha pensado. Ontem, na hora de ir para a cama, o Rodrigo enroscou-se no meu colo enquanto o levava para o quarto e não consegui estragar-lhe o prazer do mimo. Arrependi-me logo, pois ao fim de quarenta minutos de embalo ele ainda andava de olhos abertos e eu já aflita das minhas costas e dos braços e de tudo. Para além de que às tantas o meu repertório de músicas de embalar começa a dar de si. Adormeceu ao fim de uma hora e quinze minutos.
Hoje ainda o pus na cama dele, mas ficou lá segundos, levantou-se nas grades e levantou os braços a chorar a pedir-me colo e eu não consegui virar costas. Mas vá lá, como hoje não fez sesta, adormeceu em cinco minutos. (Tããããõ boooom).
Isto não está a correr nada bem. Tenho de ler muita coisa antes e mentalizar-me, mas mentalizar-me mesmo, porque sinto que ainda estou muito longe de ter força emocional para o deixar lá naquele choro seguido. Epá, mas tem de ser.

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Férias

Antes de avançar, dizer que truque da máscara por baixo do casaco resultou. Não houve birras e na creche não refilou. Teve um dia fantástico e até a bandolete com antenas me deixou pôr. Estes putos surpreendem-nos.

Bom, entretanto tenho estado esta semana de férias. E que bem me têm sabido. Zé ficou todo chocado quando no domingo à noite, no sofá, suspirei de contente: "ai vão-me saber tão bem estes dias sem filho e sem marido". Levou a mal. Mas é verdade, também preciso de tempo para mim, com o comando na mão, refeições à minha hora e sem programas familiares definidos. E claro, tudo isto sabe assim tão bem porque sei que ao final do dia tenho outra vez marido e filho. Aliás, a minha parte preferida do dia é mesmo a de ir buscar o Rodrigo á creche. Não tem nada a ver com ir pôr. Vou sempre sorrateiramente para conseguir espreitá-lo a brincar e não há a correria da manhã. Uma delícia. Pelo meio, muitas passeatas, umas sestas, uns valentes almoços à beira-mar na companhia das melhores amigas e papeladas em atraso tratadas. Pena que já estejam a chegar ao fim.

Escrevo isto depois de ter estado uma hora a embalar o Rodrigo. agora está lá o Zé, mas sinto que ainda vou ter de lá ir acabar o serviço. As minhas costas é que já não querem nada com o meu filho e acho que acabei de tomar uma decisão. Amanhã darei início à saga de tentar com que ele adormeça sozinho na cama. Tem mesmo de ser, que a minha coluna está a dar as últimas e ainda tenho mais filhos para pôr neste mundo. Agora só falta "conferenciar" com o Zé, para ver o que ele acha (ah ah).

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

O meu plano carnavalesco

Amanhã o Rodrigo "tem" de ir mascarado. Problema: Das duas vezes que lhe vesti a fatiota verde de grilo, gafanhoto, palhacinho ou o que quer que aquilo seja que foi baratinho e não é obrigado a mais, chorou e quis tirar a parte de cima. Com as calças tudo tranquilo, com a jaqueta é que a coisa azeda, tudo por causa de três pequenos e inocentes pom pons coloridos que tem na aba da casaquinha. Enfim, ele lá saberá o que o aborrece.

De modos que estou assim a meios que ansiosa e como sou muito enrgética estou mesmo a ver que amanhã pela manhã, mal o acorde, o pirralho vai sentir que algo estará para acontecer. Vou tentar mudar a fralda da manhã a assobiar, para disfarçar.

Eu e o Zé estivemos a conferenciar (que é o mesmo que dizer que cheguei ao pé dele como uma solução e ele disse que sim, que achava bem, como diria também caso eu estivesse a propor a coisa mais absurda) e então vou fazer o seguinte. A parte de cima da roupa é sempre vestida com ele ainda sentado na cadeira do pequeno-almoço, então (ai que nervos), vou vestir-lhe a jaqueta e o casaco de ir para a rua ao mesmo tempo. Ele não vai ver o raio da casaca, porque vai estar enfiada por dentro do casaco. Só vai ver a linda figurinha em que vai, sem perceber patavinas por quê, quando estiver na escolinha. E pronto! ~

(silêncio)

Ok, eu sei que não é brilhante, mas todas nós temos os nossos momentos de más mães. Este provavelmente é um desses, mas eu quero que o Rodrigo vá para a escola mascarado como os outros meninos e sem estar a chorar. Se na creche, quando lhe tirar o casaco, vir que ele está zangado, muito bem (já teve os seus cinco minutos de folia carnavalesca) tiro-lhe a casaca e visto-o normalmente, que vou apetrechada com uma muda para esse efeito.

A ver vamos. Todo este plano está mal é para a foto, mas no meu íntimo há a esperança de que ele não embirre com a máscara e que se mantenha com ela vestida até eu voltar para casa do trabalho. "Sonhador, sonhador, mas ao menos a sonhaaaar... lá rá lá"

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Cadê esta menina?



Como já referi aqui algumas vezes tenho um problema com a cebola. Não posso senti-la, o que é um drama tendo em conta que qualquer coisinha que se faça fica bem com "um refogadinho". A solução que encontrei há muitos anos para não ter de andar sempre a passar cebola é fazer quase tudo com sopa de tomate instantânea. Carnes à bolonhesa, frango com massa, chili, arroz de tomate... tudo é feito com a bela sopa. Junto um pouco de pó à água e siga em frente com tudo para dentro do tacho. E a minha vida corria fluida e feliz desta maneira, até há uns meses para cá. Pois esta sopa desapareceu por completo das prateleiras dos supermercados, pelo menos dos da minha terra. Não a encontro em lado algum e cá em casa as opções de refeições estão mesmo muito limitadas. O que será que aconteceu a esta menina? Será que já só eu andava a comprá-la? Será que descobriram um componente maluco que fazia mal às pessoas? (isso por acaso explicava muita coisa que se passa diariamente no meu organismo). Será que estão a melhorá-la para um sabor ainda mais delicioso? Epá, a Knorr que nem pense em matá-la, que eu morro também, de tristeza.

Já arranjei um fato de Carnaval para o Rodrigo, mas como custou 4,90 euros não vos sei bem dizer que máscara é. É indefinida, a vida de pobre. Quando experimentei a parte de cima, o puto desatou-me num berreiro enorme. Olha se que tinha gasto os 25 euros de uns bichos que amei na Prenatal? Não existem arrependimentos na vida de pobre. E fazemos a festa e somos felizes.

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Carnaval

Xiiii, o recado chegou hoje no caderninho da creche. No Carnaval o Rodrigo pode ir mascarado. Claro que vai! Os meus pais sempre me mascararam e era sempre uma festa.
Agora, de que é que se mascara um pirralho de dois anos? Já tive a puxar pela cabeça a ver se em casa teria alguma fatiota que pudesse adaptar, mas nada. Também não vou dar trinta euros por uma máscara. Solução? Amanhã vou correr aí uns chineses para ver se me inspiro, mas assim à partida acho que quero um bicho.

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Voltando à vaca fria

Hoje o Rodrigo foi avaliado pela terapeuta ocupacional e correu tudo muito bem. Ainda andou quinze minutos encaracolado no meu colo sem dar muitas confianças à terapeuta, mas caramba, ela era tão boa (adorei) que não tardou muito para o Rodrigo começar a interagir com ela e a sorrir-lhe com pequenas brincadeiras. Foram passos pequeninos mas que me deixaram verdadeiramente feliz. Agora, é esperar que a vaga que existe seja para ele. Estou confiante que sim. Caso isso aconteça, passarei a ir com ele uma vez por semana à terapia. Caso isso não aconteça, bom, logo se vê. Um problema de cada vez senão não ganho para tapar os brancos, que já são aos molhos.

Pequena adenda (só eu): Mal entramos na sala da terapia, vejo que a técnica se descalça. Comecei a olhar para o ambiente esterilizado próprio de uma sala onde é suposto as crianças brincarem no chão, reparei nos colchões que cobriam metade da sala... e pronto, não havia volta a dar, o recado estava dado. Descalcei-me. Problema? Hoje vesti umas calças pretas e uma camisola cinzenta (eu sei, boring, mas não estava virada para grandes avarias) e as meias, meus amigos e amigas... as meias, oh meu Deus, as meias eram...tcham tcham tcham... de um azul turquesa que até ofuscava. Opá, as minhas amigas mais chegadas sabem que as minhas meias, quando não se vêem, são mesmo escolhidas ao acaso e nunca condizem. Até gozam comigo. Confesso que ali fiquei um pouco atrapalhada, mas também vos digo: mais vale meias à palhaço do que sujas, velhas ou rotas no dedão, é ou não é?

E pronto, agora é esperar que o telefone toque com good news, que é para isso que cá andamos.

É verdade, terceira opinião marcada para Março. Unidade da Primeira Infância da Estefânea, com Pedro Caldeira, o supra sumo dos assuntos do autismo. Até dá medo.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Ironias

Não há maior do que esta.

"Caroline Lovell teve uma paragem cardíaca enquanto dava à luz a filha, Zahra, em casa, em Melbourne, na Austrália. A morte reacendeu o debate sobre os partos naturais em casa.

A australiana defensora dos partos em casa, Caroline Lovell, morreu ao dar à luz a filha. Tinha 36 anos e morreu devido a complicações cardíacas que surgiram durante o parto em casa, da sua segunda filha.

Ainda foi conduzida a um hospital, mas já nada foi possível fazer por Caroline Lovell, activista que lutou pela liberdade das mulheres para escolherem o local do nascimento dos filhos."

Jornal de Notícias

É ou não é a maior das ironias? Sempre admirei as mulheres que eram capazes de se aventurarem nesta experiência sem rede, porque pessoas como eu, que à primeira tontura pensam que estão a ter um AVC, ter um parto natural em casa é sinal de coragem.
Eu seria incapaz. Aliás, mesmo quando estive grávida, a ideia do parto natural, com epidural e em meio hospitalar assustava-me imenso. Como já devem ter lido neste blogue, acabei por fazer cesariana por razões de força maior, mas enquanto a hora não chegava, pensava que se conseguisse ultrapassar um parto natural, conseguiria tudo na vida.

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Os meus livros

Tenho saudades de te ler.
Tenho saudades de te levar na mala, desse lá por onde desse, porque sempre tive o condão de as usar a abarrotar, pesadas, até não caber lá dentro um isqueiro sequer. Mas tu lá ias sempre, com um dos lados a espreitar a rua que era quase sempre feita de um caminho estreito ladeado de redes esburacadas.
Tenho saudades de te ler e se não estou errada não o faço desde as manhãs nebulosas a cheirarem a biblioteca em que te pousava no meu colo na carruagem baforenta em que todos os dias um homem entrava a cheirar a after shave misturado com o último Gigante que fumara antes de entrar no comboio. E então pousava-te no meu colo e entrava nesse teu mundinho de coisinhas, em que cada palavra tem o seu sentidozinho, em frases alinhadas, sem erros nem gralhas.
Mas também fingi muitas vezes. Qual é a mulher que não finge? De olhos postos em ti, fingi muitas vezes que andava ali a entender o que me escrevias, mas os meus olhos estavam apenas postos em ti, como se olha para uma fatia de tarte por detrás de uma vidraça sem lhe tocarmos. Os meus olhos muitas vezes iam parar aos ouvidos e deixava-te ali no teu mundinho de coisinhas para me entreter com as conversas mundanas que duas velhas velhinhas iam a ter no banco da frente. Falavam tão rápido quanto o Cacém, a Amadora e o apeadeiro de Sete Rios varriam as janelas sujas. Eu perdia-me por ali e só voltava a ler-te quando bem me apetecesse. Não mandavas em mim. Ah, mas quando voltava a ler-te. Que delícia, quando voltava a ti. A abrires-me novas portas, a romanceares a minha vida agitada... e a dares-me sono. Não me leves a mal, mas era verdade. Mutas vezes deste-me sono e dava por mim a comer-te as linhas e os ponto e vírgulas e tudo o que me pusesses à frente com as tuas coisinhas. A precocidade do dia e o embalo dos carris faziam-me adormecer pelo caminho, com o cotovelo a magoar-se naquelas janels que não foram feitas para dormirtar e com a mão encostada ao queixo. Fiel companheiro, lá te fazias cair do meu colo às páginas tantas, como que a salvar-me de uma frequência falhada ou de mais uma falta à primeira cadeira da manhã. E quase sempre era tarde demais. Lembras-te? Lá iamos depois num corropio, tu a tentares agarrar-te por baixo do meu braço, amarrotado mas nunca esquecido, e eu a tentar arrastar o meu rabo e aquela mala, ui, sempre tão pesadas e a abarrotar. O caminho inverso já se fazia sem magia, era antes um sobressalto onde a única missão era estabilizar o ritmo cardíaco e as emoções de mais um dia começar no sentido contrário. Tu ainda esquecido na minha axila, enquanto guardo o passe no único recanto ainda livre da minha mala.
E já só nos voltávamos a reencontrar ao final do dia, com o bafo saturado, a fazermos as pazes. Eu a pedir-te desculpa, a prometer-te que velha alguma me iria roubar de ti pela manhã. Mas caramba, aquelas velhas velhinhas eram mesmo boas.
Tenho saudades de te ler.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Que serão!

É quase meia-noite e o Zé ainda tenta adormecer o Rodrigo. Esta noite a coisa não correu bem. O baby cortou-se num dedo e sangrou muito. Como se nada fosse, andou a fugir-me pela casa com aquele pequenito dedo "sanguinário" a encher-me todos os cantos da casa de sangue. Eu a tentar desesperadamente conter-lhe o sangue, a correr atrás dele com toalhetes e a limpar tudo o que via à frente. O Zé chegou em boa hora, mas coitado, que belo cenário encontrou! Fui à rua a correr comprar pensos (como é que nunca me tinha ocorrido que poderia dar jeito numa casa com crianças), e a muito custo pus-lhe no dedo. Aí, sim, ele chorou. Fez uma birra enorme com direito a soluçoes e tudo. Olhava para o dedo, olhava para mim. Ainda adormeceu uns dez minutos, mas das quatro vezes que tentei pô-lo na cama acordou. Isto foi mais ao menos às dez. Faltam dez minutos para a meia-noite e nada... Isto está bonito.

Os sapatos novos



Comprei para o Rodrigo e a-do-ro. Amanhã já vai para a escola com eles.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Mas afinal em que ficamos?

Isto a propósito da equipa médica do Hospital de Santa Maria ter indicado no relatório médico do Rodrigo que deveria iniciar de imediato sessões de terapia da fala pelo menos duas vezes por semana. Agora, o Grupo de Intervenção Local de Mafra, que já está a avaliar o Rodrigo, diz que essa terapia é contraproducente e não aconselhada antes dos três anos. Mas então senhores doutores, em que ficamos?

E pronto, lá vou eu procurar uma terceira opinião.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Estão a ver aquelas "rubricas" que há muito nos blogues de moda, em que as autoras põem fotos do que trazem vestido? Epá hoje estou nessa. Topem-me aí a cena.



Pantufas: Loja da Mena, Cacém
Pijama: Vestaki, Fernão Ferro
Botija de água quente: Polux

segunda-feira, janeiro 16, 2012

A minha mãe

Como vos tinha contado, hoje era dia da psicóloga do Rodrigo vir cá a casa para uma primeira entrevista. Não pus a casa num brinco, mas tentei que estivesse tudo mais ao menos apresentável. Foi já à ida para o trabalho que me lembrei de um cesto de roupa para passar que tinha deixado no quarto do baby. Liguei à minha mãe que estava em minha casa a tomar conta do piqueno.
-Mãe, faz-me um favor, põe o cesto de roupa no meu quarto que a psicóloga vai aí à noite e não quero que aquilo esteja lá.

... já quase ao final do dia.

- Filha, já pus o cesto no teu quarto. Aproveitei também e levantei a roupa que estava no estendal no meio da cozinha porque já estava mais do que seca. Ah, e limpei-te o chão da sala e do hall que já tinha muito pó... eu sei que a empregada vem cá amanhã, mas assim está melhor. Este pó é capaz de fazer ainda pior ao ranho do menino. E na cozinha também varri o chão. Tu não varres o chão? Lá em minha casa varro todos os dias o chão da cozinha. Olha filha, não leves a mal, mas aproveitei e tirei a toalha às riscas da mesa de refeições, aliás a ideia é que quando se acaba de comer se levante a loiça e também a toalha. Não fiz mal, pois não? É que a toalha estava posta há mais de uma semana. Ana?...

- Sim mãe...

- Fiz-te uma canjinha, mas não é como a que tu fazes, esta está muito boa.

sábado, janeiro 14, 2012

Ai pá...

... desculpem os meus longos períodos de ausência. Que vergonha não conseguir organizar-me para poder partilhar convosco as coisas da minha vidinha.

Bom, a verdade é que isto tem andado para aqui muito confuso. Começando pelo facto do Rodrigo ter tido uma escarlatina e de uma médica imbecil lhe ter receitado o antibiótico errado. É o que dá a malta andar a desenrascar-se em centros de saúde e não ir ao pediatra ou a umas urgências da CUF. Enfim, está outra vez com escarlatina, mas agora - quero crer - com a terapêutica adequada. O pior é mesmo o ranho e a tosse que ele tem tido nos últimos dois dias. Hoje inovei e espetei no chão do quarto um tuperware com cebola cortada aos gomos. Diz que é uma mezinha muito antiga e que resulta. E não me importo que amanhã o miúdo acorde a cheirar a refogado, desde que passe uma noite mais tranquila.

Com tudo isto, perdi hoje um lanche maravilhoso para comemorar os sete meses de gravidez da minha amiga e mana T. Mas é mesmo assim, mãe sofre.

E trabalhadora também. Que ninguém aguenta a onda de despedimentos que vai para aquela minha empresa. Dá dó andar pelos corredores. E, os que como eu ficam, nem sabem bem o que dizer aos que vão. Isto não está fácil e, na verdade, vejo muita gente a não dar valor ao que tem.

Bom domingo aos meus queridos leitores.

Segunda-feira recebo em minha casa a psicóloga que vai liderar a terapia ao Rodrigo na escola. Vai precisar de um terapeuta da fala duas vezes por semana, uma terapeuta ocupacional, uma psicóloga e terapeuta de psicomotricidade. Entretanto, quarta-feira inicia as sessões de musicoterapia. Vamos ver como tudo corre, mas para já está bem encaminhado e a resposta do Grupo de Intervenção Precoce aqui da zona até foi bem rápida. Embora o diagnóstico ainda não esteja fechado por ele ser muito pequeno, a equipa conclui que se trata de facto de uma perturbação no espectro do autismo, mas muito leve, com as principais dificuldades a residirem na área da linguagem e na área social.

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Bom ano



O meu foi bom. Em casa. Tranquilo. Com Rodrigo a dormir e a melhorar de uma escarlatina. Sim, apanhou a bicheza na creche. Começou com borbulhinhas por todo o corpo e muita rabujice. Ao fim de três dias percebi que aquilo não era uma borbulhage qualquer e muito menos mau feitio e fui com ele ao médico. Não houve dúvidas: escarlatina! Mas enfim, já está bom e hoje até já foi à escola.

Como vos dizia, a passagem de ano foi muito calminha, mas muito boa. Jantar à altura, um brinde valioso e as tradições todas a serem seguidas (cuecas azuis oferecidas e por estrear, nota na mão, e a comer as passas ao som das doze badaladas em cima de uma cadeira).

A todos vocês desejo-vos um ano muito feliz.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Um bom presente

E pronto. Hoje chegou a boa notícia. Tudo pronto no grupo de Intervenção Precoce de Mafra para que o Rodrigo tenha terapeutas a ir à escola. Ufa, menos uma!

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Há tanto tempo que não vinha aqui. Ó meu Deus. Mas por aqui tem havido muita agitação.

Antes de mais, o Rodrigo:

Bom, em Janeiro recebo o relatório da equipa médica com o grau de perturbação do espectro do autismo que o Rodrigo tem. Nessa altura começará com sessões de Musicoterapia no Hospital de Santa Maria. Vamos aproveitar o facto de ele adorar música para o estimularmos em algumas áreas. Esse mesmo relatório definirá ainda a frequência das sessões de terapia ocupacional e terapia da fala que ele precisará.

Entretanto, e enquanto o relatório não chega, ando já a ver o que é preciso para pedir ao Estado esses técnicos de modo a que se desloquem também à escola. Não me apetecia nada que o Rodrigo andasse de um lado para o outro em consultas aqui e ali e sempre a faltar à creche. Para além de que seria melhor do que estar a pagar pelo privado. Já percebi que não é fácil, mas estou ainda em demarches. A ver vamos.

Na escola, ele te estado óptimo e em casa já começa a fazer novas vocalizações. Dá-me ideia que está a querer falar novamente, visto que recomeçou a apontar para os livros e a olhar para a minha boca muito atento enquanto digo as palavras. Tudo estaria bem não se desse o caso de estar a demorar uma hora e meia para adormecer. Ao colo, embalado, eu em pé, com os meus braços numa posição muito específica, uma posição que me arruína as costas, que me deixa com os braços dormentes ao fim de vinte minutos, e que se não for assim o raio do miúdo não me adormece. Quando finalmente o ponho na cama (a sessão tem início às 21h30 e acaba às 23 horas) já estou pronta para ir para a cama. Estafada.

Comigo, tudo a andar. Apesar da crise, lá consegui que um i phone muito lindo descansasse por baixo da árvore há cerca de duas semanitas e agora só me preocupam mesmo os presentes de Natal que ainda estão por comprar. E quais são eles? Os meus, eh eh. Os meus sogros preferem que seja eu a escolher e são esses que me faltam. Tirando isso, tenho é milhentos embrulhos para fazer.

Se não vier cá antes um Feliz Natal para todos os que gostam de vir aqui ao burgo e a seguir chego já com um post das minhas resoluções para 2012.

terça-feira, novembro 22, 2011

Ora bolas

E pronto. Decisão familiar tomada e comunicada a todos: "este Natal só há presentes para os pequeninos."

Tudo bem. Tudo bem. Mas pelo sim pelo não vou de sapatos rasos. Assim como assim tenho um mísero 1,62 m de altura.

terça-feira, novembro 15, 2011

Pro Natal








Eu sei que nem uma só destas coisinhas vou receber, mas fica a vontade expressa:

quinta-feira, novembro 10, 2011

O diagnóstico

Desculpem a demora em regressar aqui ao burgo, mas tenho estado tão dedicada às teclas da minha vida que me esqueci destas do computador. A minha otite ainda cá anda, embora o ouvido vá começando a dar sinais de vida. Basicamente, vivo aquela sensação de quando se vai no avião, com o ouvido a entupir e a desentupir conforme vai alterando a altitude.

Mas venho aqui para vos pôr a par de outras conversas, que esta minha otite na verdade são peanuts. Os médicos confirmaram que o Rodrigo tem um problema no espectro do autismo. Uma coisa moderada, mas que vai necessitar de intervenção. Já vos tinha relatado aqui algumas diferenças que notava nele, mas não sabia se eram resultado da prematuridade. Afinal, são três meses de atraso. Mas não, a equipa de pediatras do desenvolvimento do Santa Maria não tem mais dúvidas. Para este diagnóstico baseia-se no facto de ter deixado de falar e em alguns comportamentos repetitivos que ele tem, como pôr a rodopiar objectos e fazer razias a paredes, muros e mesas. Enfim, cá em casa estamos convencidos ou autoconvencemo-nos de que não é uma doença-drama, ou seja, como uma boa terapia, o Rodrigo conseguirá ter uma vida normal.

Agora a minha preocupação é mesmo a parte da fala. Começa a terapia da fala em Janeiro e espero mesmo que dê resultado. Eu sei que há miúdos que só falam aos quatro anos, mas no caso do Rodrigo o problema é que ele já chegou a dizer seis palavras e agora... nada. Até mamã deixou de dizer. Boas energias. Toda a gente. Vamo lá.

terça-feira, outubro 25, 2011

Muita saúdinha, essa é que é essa

Estou de molho. Fui apanhada pela primeira vez por uma otite e de tão má que é torna-se difícil dizer que estou simplesmente com uma otite. Pois essa menina merece sim ser tratada abaixo de cão, espezinhada e humilhada em praça pública. Pois então, esta otite filha da puta (e é pouco) anda a moer-me o juízo desde sábado, dia em que apareceu sorrateiramente, a fazer-se passar por coisa passageira, por um pequeno mal estar. E do nada, sem avisar, transformou-se num monstro a querer engolir-me toda a moleirinha. Xiça, que a danadinha provoca umas dores insuportáveis, daquelas de chorar e de perder o tino. Um horror. Agora ando para aqui já sem dores (valeram-me os soros e as injecções nas urgências, que bom é viver no campo e chegar ao centro nde saúde e não haver ninguém), mas ando para aqui com o ouvido todo entupido, a viver esta vida pela metade, porque estar surda de um lado é horroroso. Mas agora a questão coloca-se minhas caras e caros amigos que já tiveram otites: Quando é que isto vai desentupir? Quando, ó meu Deus?
E é nestas alturas de efermidade que damos valor àquela coisa que as velhas fofas nos dizem tantas e tantas vezes: muita saúdinha menina. Essa é que é essa, que eu assim, como estou, não valho nada e só atrapalho.

sexta-feira, outubro 21, 2011

E já aí está a nova coleção da Primark para os nossos meninos ficarem lindos



Cardigan 11Eur
Calcas de Ganga 7Eur
Tenis Botins 9Eur



Conjunto de Bebe 15Eur



Conjunto de Bebe 15Eur



Parka 21Eur
Cardigan Padrao Jacquard
16Eur
Calcas de Ganga 12Eur
Tenis 9Eur



Gorro 2Eur
Parka 11Eur
Camisola Riscas 4Eur
Calcas 8Eur
Botas com Velcro 12Eur

terça-feira, outubro 18, 2011

New look


Ontem lá fui aos meus queridos amigos do cabeleireiro Tony and Guy. Já não aguentava o cabelo enorme e sem corte. Tanto que o mais habitual era andar com ele sempre em rabo de cavalo, como quem vai fazer a corrida matinal. O Licínio, um fofo, lá me tratou de dar um novo ar e optou por me fazer "a franja" da estação. Diz ele que é um must have desta temporada e que não tarda nada todas as gajas a vão querer. Basicamente é uma franja que abre ao meio e que é cortada metade a metade e não por inteiro. Pois aqui a gaja já tem e já fez amizade com a dita. O meu filho (dois anos) é que nem por isso. Ontem, quando o fui buscar à escola, desatou num choro e passou o resto do dia a olhar para a minha testa e a fazer beicinho como quem diz: "Que merda é esta? O que é que fizeste à minha mãe? E se és mesmo tu, desde quando fazes essas mudanças de visual sem me consultares?". Enfim, hoje já me aceitou melhor. E pronto, estou de franja. É muito parecida com esta da Penélope e só não digo que é igual porque a sacana da miúda é gira que se farta e a dela parece melhor.

domingo, outubro 16, 2011

Crónica do João Quadros (Jornal de Negócios)

‎40 Medidas que vão ser adoptadas graças ao Passos Coelho

1. Por cada neto que nascer vão ter de morrer 2 avós
2. Comércio tradicional vai pagar IVA de XXIII %
3. Trabalho escravo regressa mas apenas com contratos a prazo
... 4. O eléctrico 28 vai fazer a ligação Alfama - Sines - Salamanca em bitola alfacinha
5. Governo vai aumentar a segunda-feira para 48 horas
6. Subsídio de Natal vai ser um par de meias
7. Horas extraordinárias vão ser pagas com desenhos do filho do ministro das Finanças
8. Metro do Porto vai voltar a ser uma piada
9. O IVA do vinho depende do que se aguenta
10. Bancos vão poder servir mini-pratos ao balcão
11. Diferença horária para os Açores vai aumentar 15%
12. Quebra de produção com feriados santos vai ser compensada com trabalho forçado de padres
13. Casais com mais de 3 filhos vão ter de abater 1
14. Taxas moderadoras podem ser pagas com sexo
15. Reformas antecipadas congeladas até Manoel Oliveira parar de filmar
16. TSU de empresas de empresários supersticiosos cai 13%, se eles quiserem, eles é que sabem…
17. Juízes perdem subsídio de renda e vão passar a ir dormir a nossa casa
18. Pensionistas do Estado com pensões inferiores a 485 euros vão poder trocar consultas por órgãos
19. TSU de empresas com gestores com hipermetropia vai descer 0,0000000000000001 pontos
20. IVA dos restaurantes pode ser levado para casa
21. Portuguesas com um sexto sentido vão ter que desistir de um dos outros
22. Vão haver portagens à saída das maternidades
23. São proibidos ajuntamentos de mais de 3 pessoas junto das caixas multibanco
24. IVA da Coca-Cola aumenta se agitarem as embalagens
25. Desempregados vão formar empresa de logótipos humanos para eventos em estádios
26. Vai haver portagens à entrada do tribunal de Oeiras
27. Madeira vai ser alugada para experiências nucleares
28. EPAL vai cobrar taxa nos sonhos húmidos
29. Pelo princípio do utilizador-pagador, pessoas com três rins vão pagar mais taxa de esgoto
30. RTP fica só a dar música sacra até à Páscoa
31. Portugueses nascidos a 29 de Fevereiro vão deixar de ter documentos
32. TSU das empresas de pesca vai descer assim (fazer gesto do tamanho que quiser com as mãos)
33. TAP vai fazer a ligação por terra Sines-Entroncamento
34. Militares vão substituir bombeiros nos seus deveres conjugais
35. Reformados que ultrapassam a esperança média de vida proibidos de andar na rua
36. TSU das empresas de Duarte Lima vai descer sete palmos
37. As SCUT vão poder ser percorridas a pé por metade do preço
38. Castrados vão perder o abono de família
39. Escolas passam a distribuir rações de combate ou em alternativa refeições da TAP
40. A força vai passar a ser igual a metade da massa vezes a aceleração

quarta-feira, outubro 12, 2011

What a night!

Aiiiiii, que mãe sofre. Estou a dormir em pé, depois do menino Rodrigo ter despertado perto da uma da manhã com uma valente birra e de só ter voltado a adormecer já para lá das três. Como se isso não bastasse, exigiu que o embalasse sempre em pé e rejeitou trocas de colos com o pai. E lá fiquei eu. No fim, já me doíam os braços, as pernas, as costas (sim, mais concretamente a zona dos rins como acontece às pessoas mais velhas), os meus olhos já fechavam e devo ter cantado cem vezes a mesma música.
E eu a pensar que ontem ia ter noite santa porque na creche tinha dormido apenas vinte minutos em vez das habituais duas horas. Tá bem tá. Ah, e esta é outra, há dois dias que não dorme a sesta na escola e eu tenho para mim que estas perturbações no sono têm a ver com o período de adaptação. Que os bebés também têm sentimentos e também ficam com os nervos em franja, capazes de não pregar olho.

segunda-feira, outubro 10, 2011

Hoje fui de marmita


Pois é. Ao fim de seis anos voltei a levar almoço para o trabalho. Num tupperware, aliás, em dois: um tinha esparguete, o outro carne picada. Até agora, andei no registo de todos os dias ter de procurar um restaurante onde conseguisse ouvir a minha respiração para além do barulho ruidoso dos talheres e das vozes grossas e agudas de companheiros de labuta em alegre convívio. Ou isso, ou descer até ao subsolo da minha empresa, onde uma cantina nos serve o que bem lhe apetece por quase quatro euros. Enfim, depois de algum tempo de luta, lá conseguimos (sim, nós pobres trabalhadores que também temos de comer qualquer coisinha porque ficamos com dores na barriga) convencer a administração a disponibilizar-nos um espaço para podermos comer o que trazemos de casa. E foi aí que me decidi. Porque comer na secretária onde já estou todas as horas não era razoável para mim, voltei então finalmente à marmita com esta solução à minha medida. E hoje lá fui. Toda lampeira. Direita ao microondas e toca disto. Ai que me soube tão bem. Ai que a minha comida é tão boa e tão mais barata e que agora um novo mundo se abre para mim.

terça-feira, outubro 04, 2011

Já fui praxada

Irra. Não demorou muito até o Rodrigo ficar doente. Uma semana e meia na escola bastaram para me aparecer em casa cheio de ranho. Daí até à tosse foi mais outra semana. Depois veio a febre, a ida às urgências, o antibiótico, as noites mal dormidas, as birras constantes, a rejeição da comida, do banho, dos remédios, do termómetro, ó meu deus, tudo bem, já percebi. A praxe da entrada no colégio já começou! Só espero que o miúdo não passe o Inverno todo assim, que eu não sei se o meu coração aguenta.
Enfim, ele que já estava a habituar-se mais ao ambiente da escolinha, sem passar os dias inteiros a chorar (até já andava no chão e tudo - sim, na primeira semana estava tão deprimido que não andava)... tungas, vai de ir para casa em convalescença e toca aquela cabecita pequenina de se esquecer de tudo e termos de voltar ao mesmo na quinta-feira.
Ah, e outra coisa, isto dos antibióticos demorarem 72 horas (!!!) a fazer efeito é da Idade da Pedra, não é? Xiça, tenho lá em casa uns recipientes da Casa que cozem ovos no microondas em 20 segundos e ainda ninguém inventou um remédio mais célere?
Bom, passada a tormenta da última semana, Rodrigo recupera agora dos olhos cabisbaixos de quem sofreu muito com as febres, e do tom de pele amarelado de quem andou a passar uns maus bocados sem se alimentar como deveria. Hoje já não tem febre.

segunda-feira, setembro 26, 2011

Que fim-de-semana

Irra! Anda tudo constipado lá por casa e sábado bati com o carro num daqueles pilaretes de cimento. Não o vi. Que fim-de-semanazinho de caca. Não fosse o almoço carinhoso de mamãe seguido de festinha maravilha das filhas da minha amiga M. na Estrela e tinha sido mesmo para esquecer.

E com isto dos ranhos e das tosses, Rodrigo foi hoje super rabujento para a creche. Aiiiii, que esta coisa da adaptação nunca mais adapta.

segunda-feira, setembro 19, 2011

A creche

(As férias foram óptimas. O Rodrigo divertiu-se imenso nas poças de água e na piscina e eu e o Zé, fazendo turnos ou na altura da sesta, conseguimos descansar e apanhar os nossos maravilhosos banhos de sol)

E pronto. Já tenho o puto charila na creche. Para início de conversa, contar que logo no segundo dia descobri que conseguia ver lá muito ao longe a sala do Rodrigo da minha casa. Então, a parva toca de ir correr todas as lojas dos chineses de Mafra para comprar uns binóculos. Os mais baratos não aproximavam nada e os mais caros eram mesmo muito caros para a parvoíce pegada que estava prestes a fazer. Enfim, nem é bem uma parvoíce. A verdade é que morro de curiosidade por saber o que anda ele a fazer todo o dia na creche, como brinca com os outros meninos, que sons faz, como come, como adormece... Convidavam-me para estar uma manhã inteira ali a vê-lo e eu era a mãe mais feliz do Mundo. Na realidade, acho que não era totalmente descabido arranjarem umas salinhas com vidros foscos onde os pais poderiam permanecer a ver as suas crias na escola, como há nos hospitais durante aquelas cirurgias a que os estudantes assistem. Ah, e no quarto dia fui apanhada a dar voltas à creche de carro para conseguir espreitar para dentro da sala enquanto passava. Não consegui ver o Rodrigo à primeira, não consegui à segunda, e à terceira, fui “apanhada” pela auxiliar Ofélia que me gritou do outro lado da grade com o polegar esticado: “Ele está bem mãe, ele está bem”. Xina pá, que vergonha, só me apetecia esconder num buraco. Isto de estar de férias na semana em que o filho se estreia na creche só dá mesmo merda. E isto de ele chorar todas as manhãs como se o estivesse a deixar no matadouro também dá cabo de nós. Mais, chegar ao final da manhã ou ao final do dia e dar com ele no mesmo pranto é de cortar o coração.
A adaptação está a ser complicada e o Rodrigo, em apenas uma semana de creche, mudou bastante. Mas confio bastante nas técnicas e na instituição para saber que ele vai ficar bem daqui a uns tempos... lá para Janeiro, digo eu. A ver essas mudanças: tornou-se meigo e afectuoso, ou seja, fica tão contente de estar com os pais que dá valor a isso e manifesta-o; está visivelmente mais irritadiço, faz birras por tudo e por nada; as manhãs passaram a ser muito complicadas para ele e acorda logo a fazer beicinho, mal vê a mochila da escola desata num pranto; agora, sai sempre de casa a chorar, com medo do destino ser a creche; está muito mais desconfiado de estranhos e perante eles recusa-se a andar pelo seu próprio pé; se vê, por exemplo, duas pessoas a caminharem na sua direcção, pede-me colo de imediato a pensar que o vão levar; adormece muito rapidamente.

Apesar de ainda ficar muito choroso durante todo o tempo que passa na creche, o Rodrigo come muito bem desde o primeiro dia lá e, imagine-se, adormece sozinho na cama, sem colos. Inacreditável.

terça-feira, agosto 23, 2011

Em modo stressado

A três dias de ir de férias estou quase a dar em doida. Tenho carradas de trabalho para deixar pronto e o tempo parece escorregar-me entre os dedos. Para ajudar, a empregada foi de férias (pois que também tem direito) e tenho quilos de roupa para lavar, estender e depois passar para poder levar para as férias. Pelo meio, tenho de deixar as refeições do Rodrigo prontas para o Zé, que está com ele esta semana em casa, e deixar as refeições do Rodrigo feitas e comprar creme protector para ele e fazer a lista das coisas para a bagagem para não me esquecer de nada absolutamente importante. Enfim... ando numa correria maluca para conseguir fazer tudo isto e ainda fechar uma revista até sexta, escrever 11 mil caracteres de um artigo para outra, desdobrar-me para conseguir fazer ainda três entrevistas que tenho marcadas e aí, sim, partir para o merecido descanso. Depois de já ter visto toda a gente a ir e a voltar e de durante esta semana já ter recebido três press releases com sugestões de Natal, estou doida para me ver de papo para o ar a apanhar banhos de sol enquanto o Rodrigo fica preso com uma trela ao chapéu de sol, para que este meu pensamento seja mesmo uma realidade e não apenas um delírio.

Pessoas mais susceptíveis: a parte da trela e do chapéu de sol é brincadeirinha. Adoro o meu pequerrucho e, obviamente, não descansarei como em anos anteriores, mas não se pode ter tudo e eu já tenho um filho lindo.

quinta-feira, agosto 18, 2011

Adivinhas

E quem é que ontem teve a feliz ideia de encher o miúdo com pão para poder jantar tranquilamente e ver televisão, quem foi? E quem foi que ficou depois com cólicazinhas, quem foi? E quem foi que ficou acordada até às QUATRO das manhã porque o bebé não havia maneira de dormir tadinho? Quem foi? Olha, lembrei-me agora daquela música dos Deolinda, como é que é mesmo?... "Qua parva que eu sou, lá lá lá lá rá lá, que parva que eu sou".

terça-feira, agosto 16, 2011

Ainda sobre barrigas, mais concretamente a minha

E pronto. Não dava para adiar mais. Comprei um fato de banho. Eu bem que tentei continuar com os meus biquínis, mantendo a minha barriguita morena, mas o problema é que a "barriguita" há muito que já não o é. Estou com uma pança bem jeitosa, daquelas que não encaixam cá em diminutivos, e decidi finalmente tapá-la. Assim, comprei um modelito de fato de banho, mas bem catita, que também não quero parecer uma bola de naftalina no meio do areal. E enquanto as férias não chegam (ainda faltam duas semanas) vou acalentando a esperança de que até lá ainda consiga perder... vá, tipo quatro quilos na zona abdominal.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Barrigas de aluguer

Isto das barrigas de aluguer faz-me muita confusão. São cada vez mais os famosos que recorrem a esta prática para terem filhotes e a ideia que me dá é que se vai ali a um supermercado e em vez de se trazer um quilo de batatas traz-se um bebé. É essa a ideia que me dá. E depois há o outro lado. O das tipas que por dinheiro acedem a passar por uma gravidez, por um parto, e depois "toma lá isto que me saiu agora do bucho e passa para cá a guita". Faz confusão, não faz? Ou sou eu que estou armada em parvinha?

sexta-feira, julho 15, 2011

Charada gestacional

Epá, e estas ganas de ter outro filho que não vão embora, hein? E esta certeza de que iria ser tão complicado logisticamente ter um bebé agora, hum? E saber que era espectacular para o desenvolvimento do Rodrigo ter um irmão, xiça? E ter noção de que andaria mais morta que viva mas muito feliz, irra? Razão, coração? Razão, coração?

segunda-feira, julho 11, 2011

O meu fado

Eu canto o fado e gosto de cantar o fado.
Tudo começou na altura da faculdade - um dia conto-vos a história que agora não me apetece. Mas nessa altura de estudante inconsciente (já lá vão mais de dez anos) cantava dia sim, dia não, o que fazia com que não ficasse minimamente nervosa quando encarava o querido públicozinho. Públicozinho que agora me põe a tremer que nem varas verdes, o que afecta a minha actuação. Como canto muito espaçadamente, fico numa ansiedade tal, que tenho a certeza que mesmo no escuro, as pessoas conseguem ver-me as pernas a tremer. A voz não se solta, fico com medo de me esquecer das letras, de desafinar, de não entrar na altura certa, daquele já não ser o tom indicado para mim... Enfim, entro ali numa espiral de incertezas que as últimas vezes que fui cantar foram mesmo sofridas. Do género, o tipo antes de mim ainda a actuar e eu em pânico, já sem ouvir nada, a pensar se seria muito aborrecido dizer ao apresentador que afinal já não queria, que me tinha dado uma dor de barriga ou assim.
Mas como gosto mesmo muito de cantar, pensei que o melhor seria voltar a cantar com regularidade, para ganhar prática e não ficar tão nervosa. Há umas semanas dei com uma noite de fados lá para a minha zona e mal adormeci o Rodrigo arranquei para o restaurante. Como andava por lá sozinha não demorou muito tempo até os outros fadistas perceberem que eu também andava nas lides e na terceira parte chamaram-me. Ai Jesus, os meus nervos eram tais que só tinha vontade de me chicotear: “Epá, mas porque é que eu me meto nestas merdas? Então não estava mais sossegada em casa?”. Bom, lá comecei, pernas a tremer, a voz a sair a custo, fim do primeiro fado e os nervos como no início. Garganta seca, vai um gole de água enquanto ainda batem palmas, e arranco para o segundo. Na segunda estrofe, fico sem voz. Literalmente sem voz. A garganta secou tanto com os nervos, que fiquei ali sem conseguir entoar uma única nota, a tossir, a engasgar-me, os guitarras a prosseguirem, eu a ouvir atrás de mim “não desistas, continua, qualquer um se engana”. Pois, eu não conseguia mesmo, eu não me tinha enganado, tinha ficado afónica. Pedi desculpa aos presentes e fui-me embora, a morrer de vergonha e a jurar a mim mesma que nunca mais voltaria a cantar. Bela ideia a que eu tive, infiltrar-me naquela noite de fados da região saloia para poder ir treinando o meu repertório, e acabei por espalhar-me ao comprido, ganhando agora ainda mais receio da próxima vez que for cantar... se algum dia for.

Ah, entretanto, e porque gosto mesmo, mesmo de cantarolar, já ando é cá com ideias de falar com a Câmara de Mafra para ver se apoia a criação de um grupo de fado local. Uma coisa onde a malta possa cantar, ensaiar, tirar tons, experimentar novas canções, para quando for a sério conseguir estar mais segura.

quarta-feira, julho 06, 2011

Fraquezas

Ontem à noite, merda da grossa.

Jantar foi bife de porco frito com puré de batata, seguido de petit gateau. Como se já não bastasse tanto disparate junto às dez da noite, ainda fui fazer um balde de pipocas com sal para ver o episódio de Donas de Casa Desesperadas gravado segunda-feira. Opá, ó Zé, tu hoje vem jantar a casa porque assim vai tudo pelo cano. Ai vai, vai, que hoje então ando só a pensar em feijão com arroz. Imagina... feijão com arroz, à noite.

sábado, julho 02, 2011

E a brincar já foram cinco quilos embora. Faltam três para ficar como eu quero. Pronto, confesso aqui que perdi cinco quilos enquanto o gajo perdeu 19!!! Sim, ele tem a grande vantagem de gostar muito de legumes e não adorar gelados, crepes, pão, manteiga, arroz, batatas, pipocas e bolos como eu. Tem essa vantagem de facto.

terça-feira, junho 21, 2011

Agenda

. hoje começa o Verão. E agora?
. o Rodrigo faz hoje 23 meses. É começar já a pensar na festa dos dois anos.
. às 14 horas, na RTP 2, Sociedade Civil, o tema é prematuros e parece que vão falar do meu pirralho.

segunda-feira, junho 20, 2011

Na praia

A propósito de no fim-de-semana passado ter ido à praia com o Rodrigo, não haverá no mercado algo parecido com um parque, uma vedação, uma cercazinha, para a praia, não? Algo que deixe a criança fofa a brincar num espaço de areia mais confinado, sem termos de andar quilómetros ININTERRUPTAMENTE ao ponto de já nem sabermos onde tínhamos o chapéu. Não há, não? Sacana do puto não pára um segundo para relaxar. Quais baldes, quais conchinhas, quais carapuça. Põe-se em marcha e aí vai ele.

quinta-feira, junho 16, 2011

A minha odisseia pelas escolas

E pronto, já começou. A minha primeira hipótese, a que queria mesmo, era a escola da Santa Casa da Misericórdia, em Mafra. Escolinha pública, com instalações novas, com mensalidades mais do que acessíveis e “n” boas condições para o pirralho. Mas, como se já não fosse complicado encontrar vaga no público, ainda lhes apareço em Junho. Estão a ver as caras das da secretaria, não é? Bom, estou em lista de espera para 16 vagas e sou o número 154. Motivante, hein? Na entrevista que fiz com a coordenadora pedagógica tentei ao máximo transmitir-lhe o quão importante era o ingresso do Rodrigo, mas não sei se o meu charme vai pegar.
Como alternativa, encontrei a Creche de Mafra, que é semi-pública. A creche funciona para os filhos dos trabalhadores municipais e as sobras podem ser ocupadas com os filhos dos comuns cidadãos como eu. A boa notícia é que há vaga, a má notícia é que só funciona até aos três anos, ou seja, para o ano lá terá o puto de se adaptar a tudo de novo. Nesta creche de Mafra (muito catita e colorida, pareceu-me boa, se houver relatos em contrário, please, digam-me) vou pagar 300 euros por mês, com alimentação incluída, música e ginástica.
Escusado será dizer que há duas noites que não durmo bem só a pensar em coisas que tal que aí vêm. Por exemplo, para fazer a sesta, o Rodrigo até agora só adormece ao colo com alguém a cantar-lhe músicas. Às vezes anda-se nisto mais de vinte minutos. Como é que será na escola? Não vai haver uma educadora de plantão ao meu filho, não é? O miúdo vai-me andar a cair pelol cantos todo roto, a adormecer-me de cansaço às sete da tarde e a acordar às seis porque já dormiu o suficiente?
E a comida? Ele não come sozinho e tudo tem de estar muito bem picado e cortado. A fruta, por exemplo, tem de ser mesmo passada, que quando experimento dar-lhe aos pedaços deita tudo pela boca fora como se lhe estivéssemos a dar cocó.
E há mais, há muitas mais preocupações, daquelas malucas, de mãe. No fundo, sei que tudo vai correr bem e que ele vai acabar por adaptar-se como acontece com toda a gente. Mas enquanto não vejo isso, ando aqui que nem posso. Ai o meu rico menino.

quarta-feira, junho 15, 2011

A consulta de desenvolvimento

É oficial. O Rodrigo TEM de ir para a escola IMEDIATAMENTE.
Esta foi a mensagem da pediatra do desenvolvimento, que diz estar um pouco preocupada com o retrocesso que o baby teve na linguagem, aliado ao facto de manipular os objectos ainda de uma forma muito primária para a idade (23 meses). O Rodrigo já devia empilhar e encaixar coisas e a única coisa que faz é continuar a levar tudo à boca. Por isto, a médica disse que ele deve entrar já na creche, para percebermos se estes atrasos no desenvolvimento são apenas ambientais ou se é outro problema qualquer. E esta parte do outro problema qualquer é que me apoquenta. A pediatra não avançou mais nada explicando que ainda é muito cedo para diagnosticar o que quer que seja. “Vamos pô-lo na escola e depois vê-se”. Entretanto, pediu-me para estar vigilante a actos eventualmente obsessivos, o que me leva a entender que ela pode estar desconfiada de alguma perturbação do desenvolvimento dentro do espectro do autismo. O que ao mesmo tempo me deixa tranquila, não sei explicar, mas acho mesmo que o Rodrigo não tem nada.
Enfim... uma coisa é certa: já começou a correria pelas escolas de Mafra. E depois de Setembro o puto tem dois meses para começar a falar, que é quando tenho nova consulta de desenvolvimento marcada. Mas nada de pressões, nada de pressões.

quinta-feira, junho 02, 2011

A propósito dos pepinos

(Episódio ridículo da minha vida quando ainda não se falava da bactéria E. Coli)

Há cerca de três semanas fui comprar legumes para fazer uma sopa. Andava naquelas semanas da dieta e decidi comprar curgetes para evitar tanta batata no puré. Lampeira, comprei numa embalagem daquelas já pesadas com dois belos exemplares. Pus os outros legumes e quando começo a cortar as curgetes reparo que têm umas pevides que nunca tinha visto antes. Espreitei a medo a etiqueta da embalagem e deparei-me com "pepinos de agrião". Ups. Tinha acabado de comprar pepinos a pensar que eram curgetes, ainda por cima de agrião, seja lá o que isso for. Que vergonha. Mesmo assim, decidi não sucumbir à batata e avancei com a minha sopa com pepinos. Olhem, nem se notou. Impecável. Saborosa. Pronto, admito, um pouco indigesta. Mas cá estou. Fina.

quarta-feira, junho 01, 2011

Ups!

Tenho de arranjar uma escola para o Rodrigo. Os meus pais já têm muito trabalho a controlar a traquinice dos seus quase dois anos (faz para o mês que vem) e já me pesa na consciência ver que ao fim do dia, quando vou buscá-lo, eles estão derreados, a transpirar, numa espécie de euforia tresloucada.
Se por um lado a pediatra diz que era bom ele estar mais um ano com os avós por causa dos bicharocos todos que se apanham na escola e que no caso dele, por ser prematuro, podem virar bichos mesmo muito maus, por outro tenho a sensação que lhe fazia bem estar com outros miúdos e habituar-se a outras disciplinas. De modo que ando a convencer o pai a pô-lo numa escola para o próximo ano. Acho também que era bom para desenvolver a linguagem. O Rodrigo diz três palavras, já chegou a dizer mais, mas deixou de o fazer. E pronto, acho que vou fazer isso. Procurar uma escola. Snif, snif.

quarta-feira, maio 25, 2011

Vejam só como o puto charila está grande


E sem medo de andar. Aliás, na última semana descobriu que existe uma coisa que é correr. Ui, que não sei se o meu coração aguenta. É com cada tangente... e agora a alta velocidade.

terça-feira, maio 24, 2011

Agora tenho duas pessoas na família a dizerem-me que o Rodrigo é hiperactivo.
Bom, de facto o Rodrigo é muito activo, mas penso que ainda é cedo para fazer um diagnóstico desses. De qualquer forma vou falar disso à médica, uma vez que para o próximo mês ele tem mais uma consulta de desenvolvimento, por ter nascido prematuro.
Do que estive a ler, há sintomas que encaixam, mas outros não. Por exemplo, ele dorme onze a doze horas seguidas durante a noite e é capaz de estar sentado (preso, claro) a ver televisão durante uma a uma hora e meia. Um miúdo hiperactivo não faz isto, acho.

quinta-feira, maio 19, 2011

Como o sucesso de uma dieta é relativo

Uma pessoa está de dieta e perde cinco quilos. Uma pessoa vê outras que lhe dizem: “Bem, estás mais magra!” O nosso coração pula de alegria, de orgulho e queremos ouvir mais. “Achas mesmo?” E as respostas saem como facas afiadas. Uma diz: “Sim, noto imenso nas pernas”. A outra responde: “Sim, tens a cara muito mais estreita”. Irra! Mas quais pernas e quais cara? Eu quero é que me falem da barriga, da barriga. Humpf!

terça-feira, maio 17, 2011

help me again

Preciso de uma grávida que tenha passado o Verão com barriga enorme, pernas inchadas e essas coisas aborrecidas da gestação em tempo de férias. Anyone?

sexta-feira, abril 29, 2011

E fico assim

Acabei de ver o casamento do príncipe e fiquei com vontade de me casar outra vez. E claro, chorei. Mas sou assim com todos os programas. Por exemplo, vejo o Peso Certo e combino que no dia seguinte também vou começar uma dieta para perder assim aos cinco quilos por semana; vejo o Querido Mudei a Casa e combino ir comprar papel de parede e molduras novas para dar uma volta ao hall; vejo a Cate e os oito filhos e combino que também vou ter um rancho de filhos. Resumindo: Sou uma Maria vai com as outras.

terça-feira, abril 26, 2011

A minha dieta

Isto da Páscoa não veio nada a calhar para a minha dieta. Não resisto às amêndoas nem ao folar e com esta brincadeira já ganhei um quilo dos quatro que tinha perdido. E esta barriga que não vai embora, hein? Bom, eu vou chegar lá (preciso de perder mais cinco), mas esta semana também não vai ser fácil. Estou de férias com o pirralho e ando sempre de volta da cozinha.

Rodrigo recomeçou hoje a andar sozinho. Ainda com muito medo, mas a andar sozinho. Estou feliz por isso.

sexta-feira, abril 22, 2011

Ajuda

Há por aí alguma mãe que tenha agora as primeiras férias com um bebé e que não se importe de me responder a umas perguntinhas para um trabalho? Mandem-me mail e eu explico melhor a coisa. Gracias.

terça-feira, abril 19, 2011

Soco no estômago

A minha mãe fez 64 anos. Houve uma festa muito linda com a família toda reunida e a geração mais nova do clã – onde se inclui o meu filho Rodrigo, o mais caçula – a animar as hostes. Às tantas, o meu pai, que é da mesma idade da madrecita (meu Deus, eles são tão certinhos em tudo) diz-me com o ar mais natural do mundo, num momento em que estávamos a sós: “Também eu já só devo cá estar para aí mais cinco anos”. “O quê pai, o que é que estás para aí a dizer?”. “É verdade, a esperança média de vida não é assim tão alta, eu e a tua mãe devemos estar por aqui mais cinco, seis anos”. Foi como um soco no estômago. Eles estão tão bem. Mas a verdade é que sim, daqui a cinco seis anos estão nos 70 e a morte pode chegar. Só de pensar nisso tenho calafrios. Depois penso que o Rodrigo ainda é muito piriri e gostava que eles estivessem ao lado dele por muitos e mais anos. Enfim, mudei de conversa. Mas fiquei a bater mal com aquilo. E hoje, tungas, a mensagem de um grande amigo que ficou sem o pai. E a trovoada ontem à noite. Irra, que uma frase perdida no meio de uma conversa da treta às vezes bate-nos forte. E hoje estou assim. Meio aflita.

segunda-feira, abril 18, 2011

Pronto... é fazer contas à vida que não haverá subsídio de férias para ninguém, não é isso? Ó vida.

quinta-feira, abril 14, 2011

Fim-de-semana para "descansar"



A ideia até era boa. Ir passar um fim-de-semana ao Algarve para descansar. Tá bem tá. Com o Rodrigo no auge da sua endiabrice (21 meses) e sem a autonomia suficiente para brincar à sua maneira sem se aborrecer, posso dizer que a única altura em que descansei um bocadinho foi na hora e meia que ele dormiu a seguir ao almoço, no domingo.
Para começar, e apesar de me considerar uma pessoa bastante prática, a logística para passar uma noite fora (a 300 quilómetros do conforto do lar, onde tudo já está montado para servir o príncipe) não é fácil. No meio de uma série de coisas essenciais que não podem faltar ao bebé, andei eu toda maltrapilha por terras algarvias, pois fiz a minha mala sem pensar. Do Rodrigo, nem uma falha a apontar!
Na viagem para baixo a grande luta foi tentar com que ele não adormecesse. O puto charila tem uma determinada hora para dormir e quando calha fugir dessa regularidade é bem capaz de me passar a noite toda de olhos bem abertos a querer brincar na escura madrugada. E, sinceramente, nem eu nem o pai estávamos dispostos a passar a única noite fora em claro.
Bom, chegados ao nosso destino, toca de fazer piscina e praia e todas essas coisas que se fazem no Algarve quando o sol aquece. Mas o sol aquecia mesmo e baby fazia de tudo para não permanecer na sombra. Obrigado, fez um berreiro tal, que fomos literalmente expulsos pelos olhares dos casais que se encontravam na piscina a tentar ler, ouvir o mar ali tão perto, ou os passarinhos.
Recambiados dali, e com um Rodrigo nada satisfeito por não poder estar permanentemente com os pés de molho na piscina para os bebés, fomos adiantando as coisas para ir jantar fora. Àparte a quantidade de guardanapos rasgados, paliteiros, bocados de pão, palhinhas, rolhas e outras lixeiras que existem num restaurante para entreter petizes, tudo correu bem e regressámos pela noite ao chalé já com o bebé a dormir.
No domingo experimentámos a praia. Como já contei aqui, o Rodrigo ficou com medo de andar e por isso depende bastante de nós para ir aos sítios que ele bem entende. De maneiras que a nossa praia foi andar de rabo para o ar e costas curvadas a segui-lo para onde ele ia. Brincadeira preferida? Gatinhar ferozmente até à água, sem ter, obviamente, qualquer noção de perigo e voltando a fazer berreiro quando chegava àquela linha por nós imaginada de o voltarmos a pôr mais acima na areia. E tudo começava outra vez. Não sei quantos quilos de areia ele comeu nesse dia, nem quero saber. Pelo meio, mais uma vez, o calor, a árdua tarefa de colocar protector, a muda de fraldas sempre com birra e muita areia colada por todo o corpo, and so on and so on.
Ok, houve mil e uma brincadeiras, mil e um momentos bons, centenas de fotografias pelo meio, mas que esta é uma fase cansativa, isso é. Para terminar em beleza, no dia em que chegámos ao nosso doce lar, o Rodrigo tinha o peito e as costas cheias de pequenas borbulhas vermelhas, penso eu que resultado do calor. Ou isso, ou alergia ao creme protector. Ainda ando a descobrir.

A aproveitar para descansar na semana de trabalho que iniciei no dia seguinte, vou agora pensando nas férias que se avizinham. Ui, quinze dias. Ahhhhhhhh!

segunda-feira, abril 04, 2011

Porque é que tem de haver sempre alguma coisa com a qual nos preocupamos com os nossos filhos?

Agora o Rodrigo (20 meses) deixou de andar sozinho. Já andava tão bem, sempre atrás de mim pela casa pelo seu pé e sem grandes quedas e agora ficou com medo. D esde sexta-feira que só anda se lhe der a mão ou se tiver algo a que se agarrar. Caso contrário, esgueira-se de imediato para o chão para ir a gatinhar. Já experimentei deixá-lo numa zona mais ampla em pé e fica completamente em pânico. Que nos tivéssemos apercebido, não houve qualquer queda aparatosa ou outro susto. E eu fico logo tão preocupada. A ver se não demora muito a passar.

segunda-feira, março 14, 2011

A minha angústia

Antes de mais conversa, desculpem a ausência aqui do burgo. Não tem nada a ver com má vontade, mas sim com falta de tempo. Mesmo. No meu trabalho mal tenho tempo para me coçar e em casa ligar o computador dá uma trabalheira.

Enfim, hoje cá estou. E para vos falar de um caso que vi na televisão e que me deixou angustiada. Eu sei que sou mulher de fáceis angústias, mas este caso marcou-me mesmo. Foi num programa desses de cantilenas em busca de novos talentos. Um dos miúdos que cantava tinha o imrão gémeo na plateia. Ambos têm oito, nove dez anos, por aí, mas vivem separados. Depois do divórcio dos pais, cada um ficou com o seu progenitor. Isto é uma crueldade, não é? Separarem-se os miúdos? Isto é de um egoísmo enorme por parte destes pais, não é? (Eu fico com um menino, tu focas com o outro e ficamos os dois felizes).

Só queria que vissem o abraço que estes dois irmãos deram em palco. Só queria que vissem a minha angústia no sofá a pensar: “Isto não se faz, não há direito. Haveria certamente outras soluções mais difíceis para estes pais, mas certamente mais humanas para estes manos, obrigados a uma separação forçada.

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Meu querido São Valentim

Antes de qualquer outra coisa, dizer que gosto do teu nome. Não do São, entenda-se, mas do Valentim. Adoro.

Então é assim: Eu queria que tu hoje desses uma perninha lá em casa para que consiga comemorar o teu dia como deve de ser. Ou seja, preciso que me deixes na sala um saco de lenha e pinhas para dar um ambiente mais romântico à sala, uma vez que nem eu nem ele vamos ter tempo de fazê-lo. E a verdade é que o radiador não dá o mesmo ambiente.
Depois, bom, depois queria que acalmasses o Rodrigo, que só tem 18 meses, eu sei, mas que dava jeito que hoje ficasse muito tempo a ver desenhos animados sossegado, que não quisesse andar de um lado para o outro da casa, que comesse tudo à primeira e que não cuspisse sopa para cima de mim, como gosta de fazer, para que na noite de namoro não paire no ar o cheiro de sopa de peixe com massa. Queria ainda que ás oito da noite já estivesse deitadinho no seu leito, para eu e ele começarmos os festejos.
De seguida, queria, por favor, que dissesses aos japoneses/chineses lá de Mafra que eu e ele estamos a pensar ir lá buscar sushi e que devem, por isso, fazer muitos califórnias e outras variantes de salmão com frutas, para que não fiquemos lá à espera que façam mais. Será lá pelas seis e meia. Tratas disso?
Bom, não te esqueças daquele presentinho que fiz questão de pedir, e, para terminar, não me dês dores de barriga nem de qualquer outra espécie, que a noite está dedicada à beijoquice e era muito aborrecido se isso acontecesse, pois não passaria da lady na mesa.

Obrigada pela tua atenção,
Anette

PS: A lenha pode ser azinho, há lá acendalhas.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Sobre a minha obsessão por grávidas

Sou obcecada por grávidas. É inexplicável e, que me lembre, manifesta-se desde os meus 23 anos. Desde essa altura que me lembro de ficar absolutamente fascinada com grávidas e de começar eu própria a querer ter um filho. (Só vim a ser mãe aos 32, pelo rumo que a minha vida amorosa levou).
Quando alguém muito próximo me anuncia que está em estado de graça fico fora de mim e entro em delírio. Da última vez, até fiquei fisicamente indisposta quando uma amiga me deu a boa nova. Mas o fenómeno não se dá apenas com pessoas que me estão próximas. Mesmo nos casos de mulheres que não me dizem grande coisa, recebo a novidade e emociono-me. Choro. E elas ficam a olhar para mim, incrédulas, provavelmente a pensar que estou a atravessar por um período depressivo da minha vida. Mas não. Emociono-me de verdade porque acho que é das coisas mais fantásticas da Natureza.
Gosto de ir vendo as barrigas crescer. E se dependesse da minha vontade acompanharia todas as ecografias das minhas amigas. Lá estariam elas na marquesa, os maridos ao lado, e depois eu... numa cadeirinha, toda contente, com as mãos pousadas em cima das pernas. Eu até acho que elas já fogem de mim. Mas não consigo dar conta deste fascínio. E claro está que me vejo a ter quatro, cinco, seis filhos. Depois desço à terra e percebo que não é nada disso que se vai passar. Ainda hoje no carro, sozinha para os meus botões: “Já tenho 33 anos, se não me despachar nem aos três chego”. E entristeço-me, quase a bater no lancil. Entristeço-me porque não posso apressar a minha vida, correndo o risco de tropeçar nela.