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domingo, janeiro 24, 2010

A ver se ainda me lembro

Depois de ter estado seis meses em permanente convívio com o bebé, não vai ser fácil voltar a lidar com gente adulta. Ora vamos lá rever a matéria.
Diz-se "bom dia" sem ser em voz de falsete e sem estarmos a abanar a cabeça para cima e para baixo enquanto arregalamos os olhos. Não devemos ficar deprimidos porque, ao contrário dos bebés, é raro vir de lá um sorriso.
Quando chega a hora de comer não há lágrimas. Há antes um restolhar de rabos nas cadeiras, computadores a desligarem-se, telefonemas para as mães e namorados para fazerem o balanço da manhã. Há gente a sair de fininho para evitar companhias indesejadas à refeição e há quem convide meio mundo para fazer daquela meia-hora uma grande rambóia a terminar com licores beirão ao balcão. Aliás, durante a tarde, alguns bolsam para as secretárias.
Quando apanhamos com gente resmungona e mal disposta não somos obrigados a ver se têm xixi ou cocó. E se alguém tiver vontade de andar a brincar connosco podemos virar costas sem remorsos. Não temos de tirar cólicas a ninguém e, apesar de muitos o fazerem, não fica bem fazer colinho no local de trabalho. Ah, a chucha está igualmente proibida neste mundo de adultos onde quase toda a gente se esforça para andar à mama.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Acabou-se

E pronto. Chegou ao fim a minha licença de maternidade. Aliás, até me apetece dizer: "e prontos", que é bem mais forte. O trabalho começa já na segunda-feira (ui) e hoje, claro está, foi dia de lágrimas. Já há alguns dias que elas andam a espreitar. Uma aqui, outra acolá. Mas hoje pareço mais uma Maria Madalena e o soalho da minha sala está húmido.
O Rodrigo fica bem entregue. Eu sei disso. Mas hoje de cada vez que olhava para ele lá se me enchiam os olhos de lágrimas. Das saudades que vou sentir, acho. Sei que está bem entregue, mas cá no fundo o que eu penso é que eu é que sei tomar conta dele melhor do que ninguém. Na minha cabeça as coisas são assim. Eu sei ler o choro dele, as expressões, os movimentos das mãos. Sei quando não quer comer mais, quando tem cocó ou foram só puns. Sei quando lhe apetece brincar, quando quer relaxar e quando quer fazer colinho. Eu é que sei. A verdade é essa. E dá-me pena que vá passar pelos mal-entendidos próprios de quem não sabe falar. Como quando veio cá para casa e eu ainda não o conhecia. Mas a vida é mesmo assim e não podia ficar eternamente em casa à espera da idade em que ja soubesse andar com as chaves de casa sem as perder.
De maneiras que é assim. E prontos. Agora com licença que vou ali choramingar mais um bocadito e já venho.

terça-feira, janeiro 19, 2010

Coisas de tintol

Fui notificada para ser ouvida no posto da GNR de Sintra por causa de um artigo que escrevi. Não sabia onde era e entrei numa churrasqueira da vila, onde perguntei para o ar.
- Alguém me sabe dizer onde é a GNR?
Saltaram três ou quatro a dizerem que sim, na segunda à esquerda, na rotunda em frente, blá blá, quando fui interrompida por um cota rosado que estava encostado em desiquilíbrio ao balcão com um copo de tinto à frente. Voz arrastada:
- Então mas tem mesmo que lá ir? Oiça, liga-se para lá e eles que venham cá.
Mais nada. Obrigadinhos.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Ou muito me engano

Ou o meu pequenote Rodrigo anda aqui a ler o blogue. Ontem foi um dia cheio de vitórias. O segredo? Eu não estar nem por perto. Os meus pais deram-lhe a papa sem o rapaz sequer pestanejar. O pai deu-lhe o biberão à noite e foi tudinho. Todas estas operações foram feitas comigo noutra divisão da casa, a fazer figas, a rezar, a espreitar de mansinho sem respirar e a esconder as minhas mamocas.

Obrigada a todos pelas dicas.

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Em pânico

Falta pouco mais de uma semana para ir trabalhar e o Rodrigo não pega no leite artificial nem por nada. Já experimentei várias tetinas, inclusive as que ele sempre pegou com o meu leite congelado, e não há maneira. Quando está meio a dormir ainda bebe um pouco, mas depois começa a cuspi-lo e com vómitos. Estou em pânico porque não quero que o bebé passe fome. A papa ainda é uma verdadeira luta. Será que tenho de experimentar outra marca de leite? Nos dois primeiros dias bebeu a quantidade toda. Aiiii, heeeeelp, estão perante uma mãe desesperada e cheia de miaúfa. Ajudas, dicas e truques precisam-se.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Agenda a 13 dias de ir trabalhar

- Comprar algumas coisas do Rodrigo a dobrar para levar para casa dos meus pais, que vão ficar com ele;
- Pintar o cabelo e pôr a franja para o lado, que já não a quero para baixo. Ando cheia de vontade de mostrar a testa;
- Fazer a depilação (esta não é por ir trabalhar, é porque sim);
- Comprar mais umas roupas, nem tudo o que está no roupeiro do último Inverno me serve;
- Ter ideias, muitas, uma vez que entro ao serviço numa nova revista e num novo desafio profissional;
- Habituar o Rodrigo a comer papa e a beber leite artificial. As minhas maminhas não vão estar tão presentes;
- Comprar a agenda para ajudar a Associação XS que apoia bebés prematuros para organizar os meus dias (à venda na Fnac, comprem também, é liiinda);
- Aproveitar os últimos cartuchos de papo para o ar a tratar do meu baby que, ai Jesus, é a cara chapadinha do pai.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Iupii

Sem a firmeza de outrora, mas a apenas quatro quilos do que era antes de engravidar. (tinha engordado dez)

domingo, janeiro 10, 2010

A primeira papa

Vómitos. Muitos vómitos. Acho que fiz a papa muito grossa. A pediatra disse-me para não a dar muito líquida porque ele ia cuspir muito e, exageradita como eu sou, acho que dei argamassa ao pirralho. Coitadito. Não deve ser agradável passar do leite escorregadio da maminha para pedaços de cimento a saber a milho e arroz. A colher ficava em pé e não deve ser assim que se quer. Mesmo assim colaborou. Só à oitava colher é que começou a querer vomitar. E depois é a colher, mais propriamente o tamanho. Procurei a mais pequena da farmácia, mas mesmo assim é muito grande. O piqueno tem de abrir muito a boca para ela entrar e quando não quer colaborar é difícil ser eu a fazer esse trabalhinho.
Enfim, vai com calma, não é assim? O sabor acho que está aprovado, falta agora acertar na consistência, na temperatura, na colher. Falta o Rodrigo aprender a pôr a língua para baixo e a engolir a papa, que ainda se atrapalha um pouco. Hoje então não correu mesmo nada bem. Chorou, não queria. Não insisti. Temos tempo. As médicas bem me dizem para não me apoquentar com o choro do bebé, mas que hei-de eu fazer se não consigo ver-lhe as lágrimas e as campainhas da garganta por mais de dois segundos?

Para já uma vitória. O Rodrigo já dorme na cama de grades. Sim, o rapaz ainda dormia na cama dos pais até a pediatra nos arregalar os olhos, deitar fumo pelo nariz, pôr o indicador em riste e ordenar-nos para acabarmos imediatamente com isso. Checked senhora doutora. Cumprimos nesse mesmo dia. Agora segue-se a cama no quarto dele, o colchão insuflável no acampamento de escuteiros e a a cama da namorada. Isto está a ir.

terça-feira, janeiro 05, 2010

Sou mesmo muito parva

Só mesmo uma mãe parva como eu desata numa choradeira de alegria em pleno consultório de pediatria, depois da médica anunciar que está na hora do Rodrigo começar a aventurar-se nas papas. Xiça, mas por que raio fui sair assim tão lamechinha, tão nham nham nham?

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Coração apertado, apertadinho

2010 começa com um nó na garganta: arrancou a contagem decrescente para regressar ao trabalho. Ai que saudades do meu baby e dos nossos programinhas a dois. Para já, uma missão: regularizar os sonos, que isto de andar a adormecer às quatro da manhã e a acordar às duas da tarde não vai resultar.