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segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Mijar no duche

Mijar no duche é bom. É uma daquelas coisas que toda a gente faz mas ninguém admite.
Quando éramos crianças tínhamos desculpa, mas há muito que esse prazer nos foi negado. No Verão íamos acampar com as melhores amigas, mas, por mais confiança que houvesse, as mais das vezes o ralo estava entupido e nem nos atrevíamos a tentar. Com o par romântico muito menos, correndo o risco de este deixar de ser o par romântico; já não basta as luzes do wc serem normalmente de um branco pornográfico que expõe a celulite e os pêlos encravados, para agora irmos cometer esse sacrilégio!
Resta-nos fazê-lo às escondidas. Sim porque no duche existem outros prazeres além da higiene, as fêmeas aumentam a pressão e a temperatura em certas áeras do corpo e os machos já perderam a conta a tantos azulejos. Mas o que é bom mesmo é mijar no duche, esse prazer oculto.

Os tapetes de Platão

Existiu na Grécia Antiga uma corrente filosófica denominada a escola dos cínicos, cujos seguidores desprezavam toda a espécie de convenção social. Levavam uma vida errante, sem tecto e sem higiene, tendo por hábito troçar de tudo e atormentar os transeuntes com as suas censuras.
Foram contemporâneos de Platão, que, sendo um homem extremamente rico, não se coibia de ostentar a sua fortuna. Oferecia lautos banquetes a hordas de convidados, onde aproveitava para exibir as suas riquezas.
Um dia Antístenes, o chefe dos cínicos, e também ele um discípulo de Sócrates, decidiu aparecer numa destas festas sem ser convidado. Estava nu, imundo dos cabelos às unhas, e numa atitude provocatória começou a arrastar os pés pelos magnificentes persas que davam as boas vindas aos convivas, proferindo a seguinte frase:
- Estou a limpar os meus pés à vaidade de Platão.
Ao que Platão retorquiu:
- Não, tu estás é a limpar a tua vaidade aos meus tapetes.

O que o tempo faz

No começo:

- Opá ele é tão querido, a sério. Vê lá tu que sempre que me vê pergunta como foi o meu dia. Preocupa-se com as minhas coisas, entendes?

- Bem, não tem nada a ver com o outro, que não me ligava nenhuma. Telefona-me montes de vezes, nem que seja para mandar um beijinho e não se deita sem antes me mandar uma mensagem. É um fofo.

- Nem tenho de cozinhar nem nada. Ele adora estar na cozinha e faz mesmo questão que eu descanse enquanto ele prepara as iguarias. Não é o máximo?!

- Adoro estar com ele quando vou ter com as minhas amigas. Não se vira só para mim, sabes? Fala também com elas, e não está ali só a fazer sala. É super divertido.

- É o homem da minha vida. Quero passar o resto dos meus dias ao lado dele.


Depois:

- Fogo! A sério, não há paciência. Logo que me vê: “Então como é que foi o teu dia?» Assim com aquele tom irritante de estar a querer sacar nabos da púcara, sabes? Metediço...


- Help! Alguém me arranja um daqueles telemóveis que vibram? É que já não aguento com o meu namorado sempre a ligar. O mais tortuoso é quando já estou deitada a descansar, já a começar com o primeiro sonho da noite e “piiiiii, piiiiii”. Mensagem. Toca a contar carneiros outra vez.

- Passei na farmácia para comprar pastilhas Rennie. Já não aguento os temperos que ele teima em usar em tudo o que cozinha. Sabe tudo ao mesmo. O pior é que nem sequer me deixa entrar na cozinha, faz questão de ser sempre ele a cozinhar. Ai...

- Já me irrita quando vamos beber café com as minhas amigas. Não me liga puto e diverte-se é a mandar charme para cima delas. No outro dia fui para casa porque estava cansada e não é que ele foi com a Bárbara ao Lux?! Opá, assim não!

- Tudo bem que é giro e “trabalhador”, mas vou ter que passar o resto dos meus dias ao lado dele?

sábado, fevereiro 26, 2005

A gente vai continuar

«
Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
o que lá vai já deu o que tinha dar
quem ganhou, ganhou e usou-se disso
quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
e enquanto alguns fazem figura
outros sucumbem à batota
chega aonde tu quiseres
mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
a gente vai continuar
enquanto houver estrada para andar
enquanto houver ventos e mar
a gente não vai parar
enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
o sistema é antigo e não poupa ninguém
somos todos escravos do que precisamos
reduz as necessidades se queres passar bem
que a dependência é uma besta
que dá cabo do desejo
e a liberdade é uma maluca
que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
a gente vai continuar...
»

Nós te agradecemos, Ó grande Jorge Palma!, porque houvestes criado este hino.

Aventuras desortográficas

Dár errus ortugráficoz às vezes sabe tao beim. É qe se formus a ver beim, as ideias conceguem sair na mezma, e toda a jente perssebe. Até axo qe era uma boa ideia cada um de nós comessar a ter a sua propria forma de ezcrita. Cada um de noz com os ceus errus em particular, ezpessíficus, únicuz. Porqe não? Algém pur acasu ficou cem persseber exte testo?

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

O olho do cu

Um dia os governantes daquele país decidiram aplicar uma série de reformas linguísticas. Instigados por uma bafienta e eclesiástica instituição, através executivos incumbidos da missão de fazer desaparecer determinados conceitos, os ditos governantes fizeram adoptar várias regras. De entre essas surgiu uma insólita situação.
É esta a história que vos vou contar. A rara norma passou pela abolição da palavra cu. Mas não apenas a palavra em si, mas também todas as outras onde tivesse lugar. Passados uns meses, com a ajuda de uma higiénica campanha de marketing, toda a população passou a falar assim:

Onde se dizia - Passou a dizer-se
desculpa- perdão, estou consternado
curso- estou na licenciatura de tal, sou diplomado em xpto
(o uso da palavra urso ficou comprometido dada a óbvia associação de ideias)
culpado - no tribunal passou a chamar-se réu de facto, o que levou a que a palavra inocente fosse substituída por desréu, expressões entusiasticamente absorvidas pala comunicação social
curtir - como sempre quis dizer várias coisas, não foi difícil entrarem na oralidade frases como: o som estava o máximo, diverti-me bué; ou eu e ele estivemos a dar uns beijinhos.

E por acaso vocês imaginam que expressão terá substituído "o olho do cu"?



P.S - Oferece-se uma garrafa de tinto para a melhor frase.
E ainda uma imperial a quem descobrir quantas vezes a palavra cu está representada no texto.

E agora algo completamente diferente

Esta é a verdadeira.

Segundo um estudo europeu hoje publicado em Londres, a exposição ao fumo de uma pessoa que esteja quatro horas numa discoteca é como conviver com um fumador durante um mês.

Seguem-se as dissertações.

Segundo um ensaio holandês, a observação de uma performance de sexo ao vivo na noite de Amesterdão é como fornicar com o parceiro durante dois meses sem sequer lhe pôr a vista em cima.

Segundo um pensamento tailandês, se uma esteticista estiver quatro horas seguidas a fazer depilações, fica ela própria sem pêlos durante um mês ou mais (dados ainda por confirmar).

Segundo uma tertúlia checa, a exposição a posts parvos em blogs ainda mais parvos durante quatro horas é como passar um mês no Hospital Júlio de Matos com a enfermeira a trocar a medicação todos os santos dias.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Já deu molho

Só hoje, por causa da notícia da presença de uma substância cancerígena em frascos de molho inglês, tive a noção da quantidade de gente que não faz puto ideia do que é e para que serve. Eu sei que sou particularmente suspeita por ser especial adepta das lides culinárias, mas caramba. O molho inglês é...como é que hei-de dizer... o molho inglês é, ao lado da pimenta em grão e do alho, um dos temperos mais importantes na cozinha. E não me perguntem em que receitas se utiliza porque é assim: o molho inglês entra em tudo o que se cozinha. Tudo. Umas gotinhas e está bom. E porquê? Porque se se puser muito a comida fica toda com um travo amargo, se se puser pouco (que é o que se deve fazer) nem se dá por ele. E por isso é que se pode pôr em todas as invenções culinárias. Estar lá ou não estar é a mesma coisa.


PS: Custou mas foi. Três dias depois do Governo português ter conhecimento que a substância cancerígena estava à venda no mercado nacional decidiu finalmente divulgar aos consumidores as marcas do molho inglês que a contêm. A saber: molhos inglês das marcas "Makro" e "Ferbar". Ah pois é!

That is the question

Segundo a minha chefe, a maioria das pessoas tem-se em elevada conta, ou seja pensam que têm uma personalidade especialmente complexa, que se vestem bem e que têm sentido de humor. Ao que o meu chefe acrescentou: e julgam que escrevem bem.

Será que com isto quereriam dizer que me visto mal??

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Estreia pós-parto

Cá estou. Não quero a populaça a enregelar e as rosas brancas a murchar. A verdade é que me faltaram los cojones. Ou seja escrevi dois textos insípidos sobre as eleições que foram fora. Talvez o erro estivesse no papel e na caneta.
Como me ofereceram no aniversário recente um livro de provérbios que ando a mastigar, escrevo directamente no teclado acerca das eleições: Depois que a cobra morde é que a gente se pega com São Bento. Ou como diz o meu pai: Tudo isto é muito bonito, mas a ver vamos...

As ovelhas e os provérbios

O que se segue não são palavras minhas. São da Gui, membro deste blog, num comentário que fez a um dos meus primeiros textos. Republico-os aqui, para que não se percam. Ditos proverbiais.


Nada que não tenham lido antes sobre as ovelhas. Ou tudo o que pensaram jamais vir a ler sobre as ovelhas.

- A ruim ovelha deita a perder o rebanho.
- A ovelha procura a sua parelha.
- A ovelha mansa mama a sua mama e mais a alheia.
- A ovelha pior do bando é a primeira que espirra.
- A ovelha que não tem dono come-a o lobo.
- Ano de abelhas, ano de ovelhas.
- Antão era pastor guardava ovelhas e tinha um cão sem orelhas.
- Basta uma ovelha ranhosa para dar cabo do rebanho.
- Cada mal com um igual e cada ovelha com sua parelha.
- Carneiro, filho de ovelha, não erra quem o seu semelha.
- Coitados dos cordeiros quando os lobos querem ter razão.
- Corre a vaquinha quanto corre a cordeirinha.
- De manhã em manhã perde o cordeiro a lã.


PS: Em breve, a Gui começará a contribuir com os seus pensamentos e ideias neste blog. Estamos todos ansiosos pela sua chegada e até já há quem diga que do lado de lá dos portões deste reino a populaça já a aguarda em euforia, com rosas brancas na mão.

domingo, fevereiro 20, 2005

Fui votar

É sempre bom ir votar. Nem que seja para sentirmos de novo o cheiro da pequena salinha onde andámos na primária. É por estas e por outras que fico contente por às vezes ser tão descuidada em tratar de burocracias. Já há mais de um ano que vivo longe da minha terra de criação, mas como mudar as moradas dá um trabalhão medonho, mantenho a possibilidade de lá voltar de vez em quando. Neste caso, foi para votar...na minha antiga escolinha.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Vivo num vale

Vivo num vale sem monte onde todos os dias empanco com ovelhas sem pastor. O meu pai sempre me disse que elas são telecomandadas e a verdade é que começo a acreditar nisso. É que as bichas andam para ali sozinhas, em busca do tal monte que não existe, e quando chega determinada hora arrancam em rebanho umas atrás das outras para dentro da cerca. E pronto. Pastor, nem vê-lo. No outro dia, a cena repete-se, e repete-se, e repete-se. É mesmo assim.
Mas vivo num vale sem monte onde os carros não passam, onde ninguém passa. Estou para ali a descansar, a viver, a aproveitar. Estou para ali metida no vale das ovelhas sem pastor. Onde na rua só existe um único número: o número 1. Porque só existe uma única casa: a minha. Onde para ir ao café é preciso agarrar um volante de uma qualquer coisa com rodas.
É o mundo que me espera sempre no final do dia. No final do dia que passo por inteiro na cidade das multidões, dos carros, dos números mil e tais, dos cafés em cada esquina. Na cidade dos vales que têm sete colinas só para eles. É este o mundo de onde saio sempre ao final do dia com esperança de chegar ao meu vale sem monte ainda a tempo de perceber se realmente as ovelhas que por lá andam sempre são telecomandadas.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

A estreia

Espero que seja o início de uma longa viagem cheia de coisas boas.