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sábado, abril 30, 2005

Pátio do sol

É já na próxima sexta, 6 de Maio, que inaugura a cafetaria / bar "Pátio do Sol". O nome é apropriado à localização; quando se entra nos jardins da Fábrica da Pólvora em Barcarena, segue-se em frente e uma vez ultrapassado o túnel para o pátio, surge do lado esquerdo. A esplanada vai oferecer dias de sol maravilhosos com visitas ocasionais dos repuxos. A primeira exposição revela telas de Vanessa Caeiro. As noites de fim de semana aguardam-se animadas com o bar a fechar mais tarde. Preços acessíveis e comidinhas boas para picar. Dentro do balcão a simpatia dos dois proprietários: o Daniel Belbute e o Pedro Quintais, o DJ residente. Todos ao Pátio ver como é para contar como é que foi!

sexta-feira, abril 29, 2005

Blog writer's block

Às vezes nem tico nem teco, nem morto e já esgotado, o bloqueio acontece.
Às vezes, à falta de um grito se espanta um rebanho.

segunda-feira, abril 25, 2005

Isto tudo a propósito da Revolução

Os órgãos de informação são totalmente controlados pelo poder político e outros lobbies. Liberaliza-se o comércio de combustíveis para bem da concorrência e o que assistimos é que de cada vez que vamos à bomba pagamos mais pelo litro. Existe cada vez mais oferta de produtos, mas a maior parte são importados e os que são nossos são produzidos por dois ou três grandes grupos que tudo controlam. Já podemos entregar as nossas declarações de IRS pela Internet, mas cada vez nos limitam mais aquilo que podemos descontar. Fomentamos a livre escolha da opção à vida e o Vaticano elege Ratzinger como papa. Dizem-nos que Portugal precisa cada vez mais de crianças, mas as que existem ficam desprotegidas ao sabor de interesses maiores (Casa Pia). Gritam-nos para usarmos com orgulho um cravo ao peito, mas para o comprarmos numa qualquer florista de rua, ficamos sem dinheiro para comprar três carcaças.
Têm a certeza que o 25 de Abril já aconteceu? Belisquem-me.

sábado, abril 23, 2005

O mendigo no quadro

Os outros quadros eram todos de paisagens. Todos tinham molduras bem trabalhadas. O único com o elemento humano era o quadro do mendigo, emoldurado a creme sujo com fios de talha acobreada. O mendigo ocupava toda a altura da tela, um velho triste de barba cinzenta e chapéu de aba, gabardine e botas rotas. Chovia míudinho e todo o passeio brilhava de humidade, o mendigo segurava um jornal, tendo o rafeiro às manchas por companhia. O quadro sobreviveu a várias mudanças de casa e agora não sei onde pára. O mendigo desceu do quadro, atravessou o passeio, depois a estrada e levou com um eléctrico, como o Gaudí. Procuraram-lhe a identidade nos bolsos; encontraram uma beata, alfinetes, dois cotos de vela, os cordões das botas, uma folha de jornal rasgada, três nozes e um canivete.

quarta-feira, abril 20, 2005

O 403º passageiro

Tu que abriste mesmo agora esta página és o nosso quadringentésimo terceiro visitante. Verifica sff do lado esquerdo do ecrã. Se és o/a tal, conta-nos quem és, como nos concursos da televisão: nome, idade, localidade, profissão. E também como na canção: a paz, o pão, habitação, saúde, educação.
Este título foi difícil, ó 403; entre quatrocentagésimo e quadracentésimo, o amigo Google lá deu a resposta à busca quatrocentos ordinal.

Probabilidades e estatística:
Coisas que tal tem uma média de 21 visitantes por dia, que se demoram uma média de 4'59''. Hoje estiveram 19, na semana passada 149. Obrigadinhas.

terça-feira, abril 19, 2005

Mamas para que vos quero

Mais um argumento para a fogueira do machismo reinante em pleno século XXI:
Acontece que nos filmes e séries em geral, e nos publicitários em particular, o corpo da mulher é mostrado em larga escala.
Quando aparece a bolinha vermelha no ecrã a prometer um filme erótico, já sabemos que vamos ver pernas, braços, nádegas.... de mulher... e, claro, mamas com fartura! E até nos instantes finais, o gemido de prazer se solta da boca da fêmea, enquanto somos presenteadas com o costado do par em questão. (presume-se que gostou muito muito, a atitude certa a ter num macho que se preze).
No último anúncio do Mégane, carro que já de si tem uma traseira proeminente, aparecem imensos cus a rebolar alegremente. De homem apenas um, a pedalar em cima de um selim com uns daqueles calções de lycra pretos, extremamente sexy.
Será que estas bem pagas e brilhantes mentes pensam que o corpo do homem não vende? Ou será que para conseguir um lugar de director criativo é preciso ser homem e nunca pensar na prespectiva feminina?
Exigimos rabiosques bem torneados em ecrãs e outdoors. E sem calções de lycra, por favor!

sábado, abril 16, 2005

Romance e pornografia

Um estudo de ontem veio dizer que os homens continuam a ser mais adeptos da pornografia e as mulheres do romance. Estou a começar a ficar farta destes clichés que nos põem a nós, mulheres, como umas coitadinhas que ainda acreditamos em príncipes encantados em cima de um cavalo branco, e colocam os homens num patamar que na verdade é muito mais realista. Porque afinal o que todos todos nós procuramos é prazer...e se for porco ainda melhor. Eu continuo a achar que o grande problema destes estudos é não me perguntarem nada a mim e às minhas amigas.
Podia estar aqui horas a falar sobre isto, mas tenho de ir...parece-me que vi passar um cavalo branco lá em baixo.

sexta-feira, abril 15, 2005

Mudemos de assunto

«Andas aí a partir corações
como quem parte um baralho de cartas
cartas de amor
escrevi-te eu tantas
às tantas, aos poucos
eu fui percebendo
às tantas eu lá fui tacteando
às cegas eu lá fui conseguindo
às cegas eu lá fui abrindo os olhos

E nos teus olhos como espelhos partidos
quis inventar uma outra narrativa
até que um ai me chegou aos ouvidos
e era só eu a vogar à deriva
e um animal sempre foge do fogo
e mal eu gritei: fogo!
mal eu gritei: água!
que morro de sede
achei-me encostado à parede
gritando: Livrai-me da sede!
e o mar inteiro entrou na minha casa

E nos teus olhos inundados do mar
eu naveguei contra minha vontade
mas deixa lá, que este barco a viajar
há-de chegar à gare da sua cidade
e ao desembarque a terra será mais firme
há quem afirme
há quem assegure
que é depois da vida
que à gente encontra a paz prometida
por mim marquei-lhe encontro na vida
marquei-lhe encontro ao fim da tempestade

Da tempestade, o que se teve em comum
é aquilo que nos separa depois
e os barcos passam a ser um e um
onde uma vez quiseram quase ser dois
e a tempestade deixa o mar encrespado
por isso cuidado
mesmo muito cuidado
que é frágil o pano
que enfuna as velas do desengano
que nos empurra em novo oceano
frágil e resistente ao mesmo tempo

Mas isto é um canto
e não um lamento
já disse o que sinto
agora façamos o ponto
e mudemos de assunto
sim?»
Sérgio Godinho
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Foi assim que o Sérgio acabou ontem o espectáculo "Troca por Troca". Um gran finale num concerto completamente inesperado. Muito bom. Não desvendo o alinhamento pois estará ainda dias 15,21,22,23,28,29 e 30 no Jardim de Inverno do teatro São Luiz sempre às 23:30. Com dois "gauleses" na banda: o Zé Vilão e o Nuno Rafael. Recomendável a fãs e não fãs.

quinta-feira, abril 14, 2005

Regras de trânsito para peões

Agora que finalmente me inscrevi na carta de condução e sei que vou ter de aprender um monte de regras novas de circulação, tenho pensado bastante no porquê da enorme sinistralidade nas estradas portuguesas. E se eu vou ter que saber as leis na ponta da língua para poder passar no exame de código, assim aconteceu com todos os condutores. O problema português, penso eu, deve-se não ao desconhecimento das regras mas sim ao desrespeito pelo semelhante, à falta de civismo deste povo. Porque as pessoas não cumprem os princípios mais elementares de educação para bem viver em sociedade. Recordo então modelos bem simples e que não são cumpridos muitas vezes no dia-a-dia. A saber:
1) Escarrar no passeio é nojento, da mesma forma que, quando se está "indoors" é desagradável sentir os barulhos da gosma dos outros pronta a explodir.
2) Na rua também se atravessa pela esquerda, assim como nas passadeiras e escadas rolantes, sem entupir a passagem dos outros e sem encontrões nem sacos a bater nas pernas.
3) Poluição sonora é evitável. Nesta categoria incluem-se as pessoas que berram ao telemóvel e as que (des)conversam aos gritos incomodando os outros passageiros (excluem-se as crianças a sair em bando da escola, mas só até ao secundário).
4) Banho é essencial. A lavagem assídua da roupa também. É muito chato ter que levar com o mau odor e a caspa dos outros.
5) Nos transportes quando se abre uma porta primeiro saiem os passageiros que o desejarem e só depois entram os outros que estão estacionados na gare.
6) As unhas dos pés e das mãos cortam-se em casa. Também a maquilhagem se faz na casa de banho assim como a depilação das sobrancelhas. Os macacos deverão permanecer no nariz até estarmos sozinhos.
7) O lixo guarda-se para deitar no próximo caixote. (excepção para as beatas que não se podem guardar no bolso ou na mala, com o risco de se poder comprometer o ponto nº 4).
8) Os transportes públicos não se chamam públicos à toa. O espaço não é todo nosso, senão chamar-se-iam privados.
9) A palavra "outros" aparece em quase todos os pontos. Porque não vivemos sozinhos....

Qual spa, qual carapuça!

Não há melhor exercício para pôr os músculos do corpo todo a mexer que uma boa sessão de sexo. Revitaliza corpo e mente tal como o Red Bull. Além disso, os fluidos sexuais libertam substâncias altamente benéficas para a pele e não existe melhor exfoliante que uma barba rija.
Quais máscaras de argila, banhos de algas, massagens ayurvédicas!... Sexo é bom e recomenda-se.

segunda-feira, abril 11, 2005

Desaparecimento

As ovelhas telecomandadas que andavam sempre ao pé da minha casa desapareceram.
Se alguém tiver alguma pista do seu paradeiro é favor contactar este blog.
Elas são iguais às outras e, por isso, não vos posso ajudar com características particulares que permitam uma identificação mais correcta - género vestiam um fato de treino azul, calçavam havainas, e sofriam de perturbações mentais.
Um dia destes em que esteve mais frio vi um senhora já velhota (uma velha mesmo, deixemo-nos de falsos moralismos, a mulher tava mais com um pé prá cova do que eu com o cabelo liso) que tinha um casaco de lã às costas. Ia jurar que era pura lã, lã virgem, cruelmente retirada de uma das ovelhas desaparecidas. Mas não tinha provas... nada pude fazer. Mas como a mim ninguém me cala virei-me para a velha e disse-lhe: «Não tem vergonha? Vá-se confessar!!».

Verdade, verdadinha, desde esse dia nunca mais fez frio. Das ovelhas...nem sinal. Então já viram lá a minha vida?!

quinta-feira, abril 07, 2005

Em Abril

Abril águas mil ou coadas por um funil.
Abril chuvoso, Maio ventoso e Junho amoroso fazem o ano formoso.
Em Abril vai a velha onde há-de ir e a tua casa vem dormir.
Abril frio e molhado enche o celeiro e farta o gado.
Em Abril dá a velha a filha por pão a quem lha pedir.
Em Abril sai a bicha do covil.
Abril águas mil e em Maio três ou quatro.

Moral da história:
em Abril farta-se de chover mas isso é bom; a velha anda numa azáfama e não tem celeiro nem gado; há que ter cuidado com as bichas senão em Maio já são três ou quatro.

terça-feira, abril 05, 2005

Pequenas manias

Não sei se o mesmo se passa com outras pessoas: eu tenho a mania das listas. Qualquer papel me serve, seja uma folha branca pronta na impressora ou um guardanapo de café. Listas das coisas mais diversas desde tarefas laborais, presentes para oferecer, poupar x para comprar y, listas em que os ítens começam por "arrumar", enfim de tudo um pouco. Escusado será dizer que nunca executo tudo, nem quando vou ao supermercado. Tenho plena consciência de que são tempo perdido, as minhas listas, mas continuo a fazê-las.
Pronto, já confessei uma pequena/grande mania.
Desafio-vos a contar as vossas.

segunda-feira, abril 04, 2005

Os cúmulos da Nicola

Quero conservar a minha primeira gargalhada do dia, como guardei o pacote de açucar que esteve na sua origem.
- Qual é o cúmulo da rebeldia? Morar sozinho e fugir de casa.

Nunca esperou o Bocage por isto, muito menos pelo dia em que um cafézinho haveria de custar uns antigos 120 escudos.

domingo, abril 03, 2005

... Pero que las hay, las hay ...

Para os que pensam que vida extraterrestre só existe em filmes de ficção científica anos 60, saibam que existe no nosso planeta um radiotelescópio gigante esperando há várias décadas pela prova da existência dos homenzinhos verdes. Fica em Arecibo, Puerto Rico; com cerca de 38.000 painéis dispostos de forma a conseguir uma curvatura esférica, é conhecido pela grande "orelha" do mundo e capta milhões de canais de rádio. Aguarda por uma frequência desconhecida.

Até aqui tudo bem... O que me fascinou foi quando li que existe uma "Declaração de Princípios sobre Actividades Subsequentes à Detecção de Inteligência Extraterrestre" (o nome é magnífico). Foi escrita por uma cambada de cientistas da Academia Internacional de Astronaútica e considera que, quando chegar o ansiado momento, serão organismos internacionais encarregues de dar a resposta terrestre. Os ditos organismos não são especificados...
Imagino num filme surrealista os malucos americanos da Nasa a esfregar as mãos de contentes e a experimentar frases em código filosófico com os marcianos, do género "Penso, logo existo...". Mas também imagino a alegria que vai ser para os radioemissores piratas de todo o mundo, do género tuga da planície a transmitir: "Epá, mas o que é que vocês vêm para cá fazer?, aqui há menos água que em Marte, só os barris de cerveja é que ainda mantêm a pressão..."

sábado, abril 02, 2005

.......

E pronto, cumpriu-se a vontade de Deus em relação ao papa eslavo e primeiro polaco na história do Vaticano. Considerado por muitos como subversivo, foi o único a conseguir pisar as terras de Fidel, onde beijou o solo, como sempre fazia cada vez que chegava aos 129 países que visitou, e conseguiu transmitir ao povo mensagens de liberdade.
Karol Wojtyla morreu. Vou almoçar.

sexta-feira, abril 01, 2005

A luta verdadeiramente cruel entre o meu umbigo e o Papa

Nem o Papa morre nem a gente almoça. É um pensamento infeliz, mas infelizmente ( e passo a redundância) é o que hoje milhares de jornalistas da imprensa escrita espalhados por todo o mundo pensam a todo o momento.
A verdade é cruel, mas se o Papa morrer ainda hoje, que morra a uma hora decente para termos tempo de escrever as notícias que temos previstas para um espaço total de oito páginas a tempo do dito ir para a gráfica e consequentemente para as bancas. Chocados, não?! Mas é a verdade e a hipocrisia é a pior de todas as mentiras.
Dei conta desta frieza que inatamente e no calor da nossa profissão nos engole quando ontem, já passada a hora do jornal ter de seguir para impressão, mas ainda a aguentá-lo para conseguir pôr as últimas notícias vindas do Vaticano, de olhos colados na CNN, soltei um grito do género: “Porra, o homem nunca mais morre!”.
Perdoem-me os católicos e não católicos, o Papa que me perdoe. Aliás, todos os sinistrados por quem já dei um “viva”, que me perdoem.
Quantas vezes, na calmaria dos meses de Agosto em que nada noticioso acontece, damos pulos de alegria na redacção porque um acidente matou seis ou sete pessoas. Naqueles breves instantes a morte de uns significa para nós a noção de dever cumprido, onde o nosso umbiguinho verdadeiramente egoísta nos diz sem cerimónias ao ouvido: “Morreram pessoas, mas tens a abertura de secção safa”.
Hoje, só para que saibam, estamos a fazer dois jornais em paralelo. Se o Papa morrer sai um, se não morrer avança o outro.
E por isso mesmo, estes são sempre dias difíceis, dias em que nos debruçamos a trabalhar sobre uma morte que ainda nem sequer se deu, como se a desejássemos. Como agentes funerários a esfregar as mãos e a tirar já as medidas para fazer um caixão.
Perdoem-me.