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segunda-feira, fevereiro 27, 2012

sábado, fevereiro 25, 2012

Da teoria à prática

Não consegui cumprir com o que tinha pensado. Ontem, na hora de ir para a cama, o Rodrigo enroscou-se no meu colo enquanto o levava para o quarto e não consegui estragar-lhe o prazer do mimo. Arrependi-me logo, pois ao fim de quarenta minutos de embalo ele ainda andava de olhos abertos e eu já aflita das minhas costas e dos braços e de tudo. Para além de que às tantas o meu repertório de músicas de embalar começa a dar de si. Adormeceu ao fim de uma hora e quinze minutos.
Hoje ainda o pus na cama dele, mas ficou lá segundos, levantou-se nas grades e levantou os braços a chorar a pedir-me colo e eu não consegui virar costas. Mas vá lá, como hoje não fez sesta, adormeceu em cinco minutos. (Tããããõ boooom).
Isto não está a correr nada bem. Tenho de ler muita coisa antes e mentalizar-me, mas mentalizar-me mesmo, porque sinto que ainda estou muito longe de ter força emocional para o deixar lá naquele choro seguido. Epá, mas tem de ser.

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Férias

Antes de avançar, dizer que truque da máscara por baixo do casaco resultou. Não houve birras e na creche não refilou. Teve um dia fantástico e até a bandolete com antenas me deixou pôr. Estes putos surpreendem-nos.

Bom, entretanto tenho estado esta semana de férias. E que bem me têm sabido. Zé ficou todo chocado quando no domingo à noite, no sofá, suspirei de contente: "ai vão-me saber tão bem estes dias sem filho e sem marido". Levou a mal. Mas é verdade, também preciso de tempo para mim, com o comando na mão, refeições à minha hora e sem programas familiares definidos. E claro, tudo isto sabe assim tão bem porque sei que ao final do dia tenho outra vez marido e filho. Aliás, a minha parte preferida do dia é mesmo a de ir buscar o Rodrigo á creche. Não tem nada a ver com ir pôr. Vou sempre sorrateiramente para conseguir espreitá-lo a brincar e não há a correria da manhã. Uma delícia. Pelo meio, muitas passeatas, umas sestas, uns valentes almoços à beira-mar na companhia das melhores amigas e papeladas em atraso tratadas. Pena que já estejam a chegar ao fim.

Escrevo isto depois de ter estado uma hora a embalar o Rodrigo. agora está lá o Zé, mas sinto que ainda vou ter de lá ir acabar o serviço. As minhas costas é que já não querem nada com o meu filho e acho que acabei de tomar uma decisão. Amanhã darei início à saga de tentar com que ele adormeça sozinho na cama. Tem mesmo de ser, que a minha coluna está a dar as últimas e ainda tenho mais filhos para pôr neste mundo. Agora só falta "conferenciar" com o Zé, para ver o que ele acha (ah ah).

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

O meu plano carnavalesco

Amanhã o Rodrigo "tem" de ir mascarado. Problema: Das duas vezes que lhe vesti a fatiota verde de grilo, gafanhoto, palhacinho ou o que quer que aquilo seja que foi baratinho e não é obrigado a mais, chorou e quis tirar a parte de cima. Com as calças tudo tranquilo, com a jaqueta é que a coisa azeda, tudo por causa de três pequenos e inocentes pom pons coloridos que tem na aba da casaquinha. Enfim, ele lá saberá o que o aborrece.

De modos que estou assim a meios que ansiosa e como sou muito enrgética estou mesmo a ver que amanhã pela manhã, mal o acorde, o pirralho vai sentir que algo estará para acontecer. Vou tentar mudar a fralda da manhã a assobiar, para disfarçar.

Eu e o Zé estivemos a conferenciar (que é o mesmo que dizer que cheguei ao pé dele como uma solução e ele disse que sim, que achava bem, como diria também caso eu estivesse a propor a coisa mais absurda) e então vou fazer o seguinte. A parte de cima da roupa é sempre vestida com ele ainda sentado na cadeira do pequeno-almoço, então (ai que nervos), vou vestir-lhe a jaqueta e o casaco de ir para a rua ao mesmo tempo. Ele não vai ver o raio da casaca, porque vai estar enfiada por dentro do casaco. Só vai ver a linda figurinha em que vai, sem perceber patavinas por quê, quando estiver na escolinha. E pronto! ~

(silêncio)

Ok, eu sei que não é brilhante, mas todas nós temos os nossos momentos de más mães. Este provavelmente é um desses, mas eu quero que o Rodrigo vá para a escola mascarado como os outros meninos e sem estar a chorar. Se na creche, quando lhe tirar o casaco, vir que ele está zangado, muito bem (já teve os seus cinco minutos de folia carnavalesca) tiro-lhe a casaca e visto-o normalmente, que vou apetrechada com uma muda para esse efeito.

A ver vamos. Todo este plano está mal é para a foto, mas no meu íntimo há a esperança de que ele não embirre com a máscara e que se mantenha com ela vestida até eu voltar para casa do trabalho. "Sonhador, sonhador, mas ao menos a sonhaaaar... lá rá lá"

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Cadê esta menina?



Como já referi aqui algumas vezes tenho um problema com a cebola. Não posso senti-la, o que é um drama tendo em conta que qualquer coisinha que se faça fica bem com "um refogadinho". A solução que encontrei há muitos anos para não ter de andar sempre a passar cebola é fazer quase tudo com sopa de tomate instantânea. Carnes à bolonhesa, frango com massa, chili, arroz de tomate... tudo é feito com a bela sopa. Junto um pouco de pó à água e siga em frente com tudo para dentro do tacho. E a minha vida corria fluida e feliz desta maneira, até há uns meses para cá. Pois esta sopa desapareceu por completo das prateleiras dos supermercados, pelo menos dos da minha terra. Não a encontro em lado algum e cá em casa as opções de refeições estão mesmo muito limitadas. O que será que aconteceu a esta menina? Será que já só eu andava a comprá-la? Será que descobriram um componente maluco que fazia mal às pessoas? (isso por acaso explicava muita coisa que se passa diariamente no meu organismo). Será que estão a melhorá-la para um sabor ainda mais delicioso? Epá, a Knorr que nem pense em matá-la, que eu morro também, de tristeza.

Já arranjei um fato de Carnaval para o Rodrigo, mas como custou 4,90 euros não vos sei bem dizer que máscara é. É indefinida, a vida de pobre. Quando experimentei a parte de cima, o puto desatou-me num berreiro enorme. Olha se que tinha gasto os 25 euros de uns bichos que amei na Prenatal? Não existem arrependimentos na vida de pobre. E fazemos a festa e somos felizes.

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Carnaval

Xiiii, o recado chegou hoje no caderninho da creche. No Carnaval o Rodrigo pode ir mascarado. Claro que vai! Os meus pais sempre me mascararam e era sempre uma festa.
Agora, de que é que se mascara um pirralho de dois anos? Já tive a puxar pela cabeça a ver se em casa teria alguma fatiota que pudesse adaptar, mas nada. Também não vou dar trinta euros por uma máscara. Solução? Amanhã vou correr aí uns chineses para ver se me inspiro, mas assim à partida acho que quero um bicho.

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Voltando à vaca fria

Hoje o Rodrigo foi avaliado pela terapeuta ocupacional e correu tudo muito bem. Ainda andou quinze minutos encaracolado no meu colo sem dar muitas confianças à terapeuta, mas caramba, ela era tão boa (adorei) que não tardou muito para o Rodrigo começar a interagir com ela e a sorrir-lhe com pequenas brincadeiras. Foram passos pequeninos mas que me deixaram verdadeiramente feliz. Agora, é esperar que a vaga que existe seja para ele. Estou confiante que sim. Caso isso aconteça, passarei a ir com ele uma vez por semana à terapia. Caso isso não aconteça, bom, logo se vê. Um problema de cada vez senão não ganho para tapar os brancos, que já são aos molhos.

Pequena adenda (só eu): Mal entramos na sala da terapia, vejo que a técnica se descalça. Comecei a olhar para o ambiente esterilizado próprio de uma sala onde é suposto as crianças brincarem no chão, reparei nos colchões que cobriam metade da sala... e pronto, não havia volta a dar, o recado estava dado. Descalcei-me. Problema? Hoje vesti umas calças pretas e uma camisola cinzenta (eu sei, boring, mas não estava virada para grandes avarias) e as meias, meus amigos e amigas... as meias, oh meu Deus, as meias eram...tcham tcham tcham... de um azul turquesa que até ofuscava. Opá, as minhas amigas mais chegadas sabem que as minhas meias, quando não se vêem, são mesmo escolhidas ao acaso e nunca condizem. Até gozam comigo. Confesso que ali fiquei um pouco atrapalhada, mas também vos digo: mais vale meias à palhaço do que sujas, velhas ou rotas no dedão, é ou não é?

E pronto, agora é esperar que o telefone toque com good news, que é para isso que cá andamos.

É verdade, terceira opinião marcada para Março. Unidade da Primeira Infância da Estefânea, com Pedro Caldeira, o supra sumo dos assuntos do autismo. Até dá medo.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Ironias

Não há maior do que esta.

"Caroline Lovell teve uma paragem cardíaca enquanto dava à luz a filha, Zahra, em casa, em Melbourne, na Austrália. A morte reacendeu o debate sobre os partos naturais em casa.

A australiana defensora dos partos em casa, Caroline Lovell, morreu ao dar à luz a filha. Tinha 36 anos e morreu devido a complicações cardíacas que surgiram durante o parto em casa, da sua segunda filha.

Ainda foi conduzida a um hospital, mas já nada foi possível fazer por Caroline Lovell, activista que lutou pela liberdade das mulheres para escolherem o local do nascimento dos filhos."

Jornal de Notícias

É ou não é a maior das ironias? Sempre admirei as mulheres que eram capazes de se aventurarem nesta experiência sem rede, porque pessoas como eu, que à primeira tontura pensam que estão a ter um AVC, ter um parto natural em casa é sinal de coragem.
Eu seria incapaz. Aliás, mesmo quando estive grávida, a ideia do parto natural, com epidural e em meio hospitalar assustava-me imenso. Como já devem ter lido neste blogue, acabei por fazer cesariana por razões de força maior, mas enquanto a hora não chegava, pensava que se conseguisse ultrapassar um parto natural, conseguiria tudo na vida.

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Os meus livros

Tenho saudades de te ler.
Tenho saudades de te levar na mala, desse lá por onde desse, porque sempre tive o condão de as usar a abarrotar, pesadas, até não caber lá dentro um isqueiro sequer. Mas tu lá ias sempre, com um dos lados a espreitar a rua que era quase sempre feita de um caminho estreito ladeado de redes esburacadas.
Tenho saudades de te ler e se não estou errada não o faço desde as manhãs nebulosas a cheirarem a biblioteca em que te pousava no meu colo na carruagem baforenta em que todos os dias um homem entrava a cheirar a after shave misturado com o último Gigante que fumara antes de entrar no comboio. E então pousava-te no meu colo e entrava nesse teu mundinho de coisinhas, em que cada palavra tem o seu sentidozinho, em frases alinhadas, sem erros nem gralhas.
Mas também fingi muitas vezes. Qual é a mulher que não finge? De olhos postos em ti, fingi muitas vezes que andava ali a entender o que me escrevias, mas os meus olhos estavam apenas postos em ti, como se olha para uma fatia de tarte por detrás de uma vidraça sem lhe tocarmos. Os meus olhos muitas vezes iam parar aos ouvidos e deixava-te ali no teu mundinho de coisinhas para me entreter com as conversas mundanas que duas velhas velhinhas iam a ter no banco da frente. Falavam tão rápido quanto o Cacém, a Amadora e o apeadeiro de Sete Rios varriam as janelas sujas. Eu perdia-me por ali e só voltava a ler-te quando bem me apetecesse. Não mandavas em mim. Ah, mas quando voltava a ler-te. Que delícia, quando voltava a ti. A abrires-me novas portas, a romanceares a minha vida agitada... e a dares-me sono. Não me leves a mal, mas era verdade. Mutas vezes deste-me sono e dava por mim a comer-te as linhas e os ponto e vírgulas e tudo o que me pusesses à frente com as tuas coisinhas. A precocidade do dia e o embalo dos carris faziam-me adormecer pelo caminho, com o cotovelo a magoar-se naquelas janels que não foram feitas para dormirtar e com a mão encostada ao queixo. Fiel companheiro, lá te fazias cair do meu colo às páginas tantas, como que a salvar-me de uma frequência falhada ou de mais uma falta à primeira cadeira da manhã. E quase sempre era tarde demais. Lembras-te? Lá iamos depois num corropio, tu a tentares agarrar-te por baixo do meu braço, amarrotado mas nunca esquecido, e eu a tentar arrastar o meu rabo e aquela mala, ui, sempre tão pesadas e a abarrotar. O caminho inverso já se fazia sem magia, era antes um sobressalto onde a única missão era estabilizar o ritmo cardíaco e as emoções de mais um dia começar no sentido contrário. Tu ainda esquecido na minha axila, enquanto guardo o passe no único recanto ainda livre da minha mala.
E já só nos voltávamos a reencontrar ao final do dia, com o bafo saturado, a fazermos as pazes. Eu a pedir-te desculpa, a prometer-te que velha alguma me iria roubar de ti pela manhã. Mas caramba, aquelas velhas velhinhas eram mesmo boas.
Tenho saudades de te ler.