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quinta-feira, novembro 29, 2012

Tinha de ser

Ranho, tosse, espirros. O meu filho vai bem jeitoso para a consulta de otorrino. Ora bolas!

segunda-feira, novembro 26, 2012

Contra factos

Já aqui vos tinha falado das queixas da educadora por o Rodrigo "andar a bater nos meninos". Ela tem-me dito para não me preocupar, que é típico da idade, que é ele a crescer e por aí fora. Mas não tenho andado descansada.
Também reconheço que o meu filho tem um temperamento complicado, em particular com algumas crianças que querem brincar com alguma coisa que ele está a manusear. (Recorde-se que ele toma risperidona para controlar a sua agressividade). Mas ando preocupada. No fundo, não quero que ele seja uma bestinha que corra tudo ao estalo e ao murro para conseguir o que quer.
Mas hoje, ai hoje, fez-se alguma luz na minha cabecita. Esta manhã levei o Rodrigo à sala como faço todos os dias. Normalmente, deixo-o com a educadora, que está sempre à porta para lhe dar a mão e cada um segue a sua vida. Hoje a educadora não estava lá, faltou. Então fui recebida ainda no corredor pelos amiguinhos da sala do meu filho. E querem que vos diga? Não sei como sobrevivi para vos contar esta história. Em segundos investiram sobre mim e o Rodrigo (reviver esse momento, com eles a correrem na nossa direcção em slow motion é assustador). Em segundos deixei de vê-lo, fiquei em pânico, cá em cima, a ver o que se passava lá em baixo nas minhas pernas. Pensei: pronto, engoliram-me o puto. Mas não. Por um buraquinho entre dez cabeças consegui ver o meu pequenino. Foi abraçado, beijado, inquirido em altos berros ao ouvido, tenho ideia de ter visto uma das crianças a fazer-lhe um garrote por trás... e neste frenesim em redor do "peluche" que tinha chegado ainda ouvi uma pirralha de cinco anos a perguntar-lhe se ele queria colinho. Opá, não estou a exagerar na descrição, pois atentem ao que uma auxiliar que veio em nosso socorro disse: "meninos, deixem o Rodrigo respirar!" Não estava maluca. Eu compreendo que as crianças adoram bebezões, eu sei que mais não fizeram do que, à maneira delas, lhe darem as boas-vindas com manifestações evidentes de carinho. Prefiro assim do que se nenhum deles sequer reagisse à chegada do Rodrigo, mas nem oito, nem oitenta. Este "peluche", lá está, respira, sente dores quando o apertam, não gosta quando o chocalham, reage quando lhe fazem garrotes no pescoço ou o enchem de beijos sem parar. O Rodrigo, para já, não sabe defender-se disto e a maneira que encontra é dando um chega para lá. É uma situação que me preocupa, que não aprovo, mas hoje percebi que as reações dele não têm sido gratuitas. O puto sofre.

sábado, novembro 24, 2012

Está a acontecer

Os sinais de autismo foram praticamente embora! Foi esta a conclusão da avaliação hoje feita ao Rodrigo e nem vale a pena dizer-vos como me sinto. A seguir este caminho e não havendo regressões, o meu filho sairá do espectro. Disse assim a médica, tal e qual. Ou seja, as terapias têm surtido efeito e neste momento poderemos estar perante uma criança que terá tratamento apenas para perturbação da linguagem. De qualquer modo, faremos ainda a despistagem de um síndrome (que sinceramente não decorei o nome) através de uma análise genética a ele, a mim e ao pai.
Conclusão: pais e mães de meninos com diagnósticos semelhantes: Há esperança, consegue-se, é possível, não desistam, invistam, procurem, investiguem, improvisem, sigam. Sem querer estar a deitar foguetes antes da festa, este foi certamente o melhor presente antecipado de Natal. É que mesmo que o Rodrigo não saia do espectro, ver como ele melhorou em tão pouco tempo e perceber as suas enormes competências dar-me-á maior tranquilidade. Estamos a conseguir, está a acontecer.

quinta-feira, novembro 22, 2012

Nova avaliação

Amanhã é dia de avaliação ao Rodrigo. No fundo, vamos tentar perceber em que competências ele está mais atrasado. Ao contrário de outras vezes não estou muito nervosa. Sei que vai estar abaixo da linha média em alguns aspectos, mas sinto que estamos perante avanços fundamentais, nomeadamente ao nível da linguagem. Os resultados desta avaliação só me serão transmitidos dia 30, mas amanhã terei logo a noção dos níveis mais fracos. Hoje deitei-o mesmo muito cedo para estar bem esperto na hora da consulta e cooperar naquilo que lhe pedirem.

Não podem ver nada

A Imaginarium roeu-se de inveja de eu sugerir as ideias da Toys 'R' Us por menos de 20 euros e toca de me fazer chegar as propostas deles também por menos de 20 euros. Ora aqui está:

quarta-feira, novembro 21, 2012

Porque já está na hora...

... Muitas e fantásticas sugestões da Toys 'R' Us. Tudo a menos de vinte euros.

Aqui: http://www.toysrus.pt/shop/index.jsp?categoryId=5457521&ab=HT:S:Navidad_2012

terça-feira, novembro 20, 2012

Esta manhã

O Rodrigo de pijama pronto para ir para a escola. O Zé, habituado à minha cabeça de vento, com tom sério: "tens a certeza que é hoje, não tens?"
E era.

segunda-feira, novembro 19, 2012

O dia do pijama

Juro que quando li na diagonal o panfleto que vinha na mochila do Rodrigo a dizer que amanhã os miúdos até aos seis anos devem ir de pijama para escola pensei que era no sentido figurado. Mas hoje estive a ler com mais atenção e é mesmo assim. Um dia solidário em que as crianças devem ir de pijama para a escola. São dez da noite e não tenho unzinho que mereça sair à rua e ser visto. De modos que já seguiu telefonema SOS. Zé ainda anda na rua a trabalhar e ficou de passar na Primark ainda hoje para comprar um.
Medo!

domingo, novembro 18, 2012

Dia mundial da prematuridade

Uma data à qual não consigo ficar indiferente. Aos pais que passam por isso, muita coragem e paciência.

Para quem precisa de uma forcinha, ora aqui fica o texto que publiquei na revista Pais & Filhos sobre parte do meu percurso com o Rodrigo. Tudo é possível.

http://www.paisefilhos.pt/index.php/component/content/article/39/3288

sexta-feira, novembro 16, 2012

Xiiii, problemas

A educadora do Rodrigo viu-se hoje obrigada a repreendê-lo por ter batido noutros meninos. Horrível, não é?
Não sei pormenores, apenas sei que quando os avós chegaram à escola uma das "vítimas" estava a chorar. Como todas as crianças da sala dele são mais crescidas e fazem dele gato sapato, como se fosse um peluche ( apertam-no muito e estão sempre a tentar pegá-lo ao colo e a quererem dar-lhe beijinhos), a minha mãe acha que ele está a começar finalmente a defender-se e a reagir a esses "mimos" abrutalhados. Seja ou não verdade, coloca-se agora a questão: como é que se diz a uma criança que não fala que tudo se resolve com o diálogo e não com a violência?
Mais um desafio daqueles.

quinta-feira, novembro 15, 2012

E agora?

Isto de ser mãe de primeira viagem tem destas coisas. Hoje fui pagar a mensalidade de dezembro da escola do Rodrigo (completamente fora da data limite porque me esqueci) e reparei que o valor era bem mais baixo. Questionei a "promoção" e veio então a bomba: as férias de Natal. Férias?! Mas quais férias?! Eu não marquei férias! Pois não, mas a escola é pública, remember? Ali a partir do dia 19 não há nada para ninguém. Ó meu Deus que os meus ricos paizinhos vão ficar de molho na consoada a descansar as pernas, costas e cabeça de estarem tantas horas com o piolhito!
Tratei imediatamente de me informar sobre actividades na escola, mas fui logo desaconselhada por quem o segue. O Rodrigo é muito pequenino, aquilo é tudo ao molho e muita fé... Não faça isso, disseram-me. Mas ainda não desisti. Talvez encontre noutro lado uma ocupação divertida para aqueles dias, estava a pensar numa coisa tipo uma quinta pedagógica, ou música, ou assim outro ATL divertido para a idade dele e em conta. Aceitam-se sugestões na zona oeste. Como é que vocês, mães deste mundo, fazem nessa altura?

segunda-feira, novembro 12, 2012

Pais vs. Sogros

Coisas que os meus pais fazem com o Rodrigo que me tiram do sério:

- nada (eh, eh).

Coisas que os meus sogros fazem com o Rodrigo que me tiram do sério:

- quando começam a perguntar-lhe "onde está o cão?" quando não há cão por perto. Fica o miúdo a olhar para todos os lados à procura de uma cena que não está lá;

- quando lhe explicam que "o papá não está em casa porque está a ganhar tostões para o menino" enquanto lhe ensinam a fazer o gesto de dinheirinho com os dedos;

- quando lhe dizem "olha que estragas as calcinhas" quando ele anda a brincar no chão;

- quando me omitem birras para parecer que correu tudo muito bem quando estiveram a tomar conta dele;

- quando me desaparecem com ele para o ir mostrar às vizinhas;

- quando lhe passam o telefone para a mão a dizer "fala aqui com a tia felisberta" e andam para ali a maçá-lo.

- quando o "obrigam" a fazer as gracinhas de enfiada quando chega uma visita.

Devo salientar que apesar disto tudo, os meus sogros são umas pessoas muito queridas e disponíveis. Nada disto é feito com maldade e o Rodrigo gosta imenso deles.

segunda-feira, novembro 05, 2012

Novo exame de consciência

Isto de ter um filho especial, no meu caso com um diagnóstico de perturbação no espectro do autismo, faz-me muitas vezes desfrutar dele de uma forma muito ingrata.
Porquê? Porque passo os dias a desejar que o tempo passe rápido para ver que ele está a melhorar, a evoluir. O facto de ter nascido prematuro de vinte e sete semanas também não ajuda. Na verdade, desejei que o tempo andasse rápido desde o minuto em que ele nasceu. Primeiro para o ver a respirar sozinho, depois para ganhar peso, depois para o levar para casa, and so on, so on.
Se for a ver bem, ando nesta corrida contra o tempo desde sempre. Continuou quando quis que ele andasse como os outros meninos, que fizesse o que todos fazem. Hoje quero que o tempo passe para ele desatar a falar. E quando olho para trás descubro que passei estes três anos não tanto a desfrutar do que ele é, e de como ele é, mas a ansiar pelo que ele seria. Esta é uma luta difícil de contrariar e que me deixa triste, amargurada, com saudades de fases pelas quais ele passou e que parece nem sequer ter vivido.
Lembro-me de uma vez uma das técnicas que o segue me dizer que eu estava mais preocupada em que ele agarrasse bem num livro, do que em deixá-lo divertir-se com as cores, as texturas ou os bonecos que via nele, pouco importando nesse caso como estava a sua motricidade fina.
Mas que fazer? Que fazer quando só quero que ele seja igual aos outros meninos? Esqueço-me é que este tipo de problema não acaba. Ajo como se estivesse à espera que ele chegue onde os da idade dele estão. E que um dia possa dizer "pronto, ele já está bom. Vamos lá então curtir esta cena de ser mãe". No fundo, acho que ainda não aceitei a especificidade dele. Tenho andado sempre a querer que o Rodrigo seja outra coisa que não é. Perceber o que ando a fazer é doloroso. É ingrato. Mas cair na realidade, como aconteceu agora, traz-me novas missões. Estarei atenta, vigilante, dar-lhe-ei todas as ferramentas para que consiga ser mais feliz e autónomo. Mas farei tudo para tirar mais partido deste meu bebé de três anos que, por ser diferente, não merece ser obrigado a entrar nesta corrida, cuja fita da meta teimo sempre em avançar sem nunca se conseguir (nem ele nem eu) saborear o verdadeiro sabor da vitória.

Ufa, que isto andava aqui entalado há tanto tempo.

domingo, novembro 04, 2012

Como as notas de mil

Tenho falhado como as notas de mil (como eu adoro esta expressão e como se percebe quão antiga é se nos lembrarmos que estamos a falar de cinco euros).
Bom, este intróito (também adoro esta) para dizer que apesar da minha longa ausência tudo corre sobre rodas com o Rodrigo. Mantém-se sociável e a comunicar cada vez melhor. Continua com comportamentos obsessivos mas não se atira para o chão se o levarmos para outras brincadeiras. As preocupações do momento são: que apanhe o quanto antes os outros meninos, pois não percebe o mundo como uma criança da sua idade; que largue as fraldas, já não as posso ver à frente e a própria roupa para três anos já não tem cortes bons para aquele enchumaço; que coma sozinho, porque sim caramba.
E é isto. Amanhã falarei sobre uma das coisas mais ingratas de ter um filho com perturbação do espectro do autismo. Boa semana para todos.