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sábado, dezembro 22, 2012

terça-feira, dezembro 18, 2012

Tudo bem

O puto charila já está a melhorar. Eu ando KO, mas também hei de ir ao lugar. Bjs a todos.

domingo, dezembro 16, 2012

E vamos para o último dia de tratamento

O Rodrigo está melhor, mas pouco. A única coisa que mesmo assim acalmou foi a tosse, ok, também não tem febre. Mas continua tão congestionado Jesus. Amanha já é o quinto dia de tratamento, o último, e se não melhorar terei de regressar ao médico. Ó sina minha.

quinta-feira, dezembro 13, 2012

Ó tempo passa depressa

Tenho o Rodrigo muito doente. Tosse e ranho, como nunca esteve. Ontem, estava a ter um dia cão quando me ligaram da escola a dizerem que ele não estava bem. Eu estava de mãos e pés atados no trabalho e lá me safaram mais uma vez os meus pais. A meio da tarde tiveram de levá-lo às urgências porque já estava com dificuldades em respirar. A noite foi de santo António, hoje não fui trabalhar e a ver vamos o que me reserva esta noite. Já está medicado, mas respirar não tem sido tarefa fácil para ele. Depois tem febre, depois vomita, não tem fome, não gosta dos remédios, o ranho cai-lhe em pinga... tadinho, está a passar mesmo um mau bocado. Neste momento só consegui mesmo que ficasse a dormir no sofá, mas tenho tanto medo que ele caia para o chão... Ó baby, tu melhora, para voltares aos teus dias de glória.

terça-feira, dezembro 11, 2012

No circo

Já levámos o Rodrigo ao circo. Aguentou-se até ao início da segunda parte. Nada mau, hein? O que lhe ficou má memória: os leões, as luzes, o carrossel. Dia 20 segue-se outra sessão, mas visto que já não existirá o factor novidade, aponto para que se aguente até ao meio da primeira parte. Ah, esqueci-me de contar que o motivo da saída foi ele querer, porque queria, brincar junto ao fosso que há por baixo das bancadas do circo e insistir para que não o agarrássemos.

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Desafios

Ainda estou a adaptar-me ao novo trabalho e não tem sido fácil passar aqui no burgo.
Ora pois então vamos cá ver. Para além de eu ter uma conjuntivite em cada uma das vistas (tão bom, não é?), tudo está bem. O Rodrigo diz cada vez mais palavras e já percebeu que pode usá-las para passar informação. Mas a gritaria continua, em especial com os meus pais, tadinhos, que chegam ao fim do dia com a cabeça em água. Os miúdos são mesmo do caraças. O Rodrigo leva a tarde a moer-lhes a cabeça para andar a mexer nos estores. Comigo, nem se chega aos ditos. Às vezes lá se lembra que eles existem e olha para mim como que a perguntar se pode mexer. Eu digo-lhe que não e ele acata. Com os avós é berreiro de meia noite, atira-se para o chão, esperneia, bate... E leva a dele avante. Mas sempre aos gritos. Tenho de pensar em qualquer coisa para colocar nos estores de forma a que ele não possa fazê-los correr. Mas não me ocorre nada que não seja muito parvo e que não impeça que mexamos neles quando for preciso.
Entretanto, haverá festa de Natal na escola e lá veio o pedido da ordem. Desta vez é preciso que o Rodrigo leve uma camisola azul marinho. Que raio. Azul marinho! Nem sei o que é azul marinho. Depois do dinheiro para as fotografias, da venda das rifas e dos bens de primeira necessidade para os pobrezinhos, lá chega um pedido da escola que vai arrumar comigo. Como é que vou ter tempo para até amanhã à noite andar a palmilhar lojas em busca da camisola perdida? Como? Olhem, não sei o que se vai passar, mas não me chame eu Anette se p miúdo não vai para a escola quarta-feira com uma camisola azul marinho. Não será turquesa, nem azul céu, nem azul petróleo, será... azul marinho, seja lá o que isso for.

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Fase má

O Rodrigo anda aos berros e bate. Anda nisto há quatro dias e fá-lo sem razão aparente, o que nos deixa preocupados. Já experimentámos falar com ele calmamente, ignorar, tentar distraí-lo, pô-lo de castigo... e nada. Os episódios são desesperantes. Faz isto com familiares muito próximos, com quem tem muita confiança, e com crianças. Grita sem ser contrariado e a médica, um dia antes disto começar, tinha precisamente perguntado se ele gritava sem razão aparente. Ao que dissemos que não na altura. Xiça, vínhamos todos contentinhos com o resultado da última avaliação, ora tomem lá que é para não andarem com esse sorrisinho parvo.
Enfim, agora é esperar mais uns dias para ver se a coisa acalma, não vá ser apenas uma irritação grandinha por andar constipado e a Actifed.
De qualquer modo quero deixar bem claro a todos os vizinhos do prédio: não, não queimamos o nosso filho com ferros em brasa; não, não criámos um monstro que faz tudo o que lhe apetece.

quinta-feira, novembro 29, 2012

Tinha de ser

Ranho, tosse, espirros. O meu filho vai bem jeitoso para a consulta de otorrino. Ora bolas!

segunda-feira, novembro 26, 2012

Contra factos

Já aqui vos tinha falado das queixas da educadora por o Rodrigo "andar a bater nos meninos". Ela tem-me dito para não me preocupar, que é típico da idade, que é ele a crescer e por aí fora. Mas não tenho andado descansada.
Também reconheço que o meu filho tem um temperamento complicado, em particular com algumas crianças que querem brincar com alguma coisa que ele está a manusear. (Recorde-se que ele toma risperidona para controlar a sua agressividade). Mas ando preocupada. No fundo, não quero que ele seja uma bestinha que corra tudo ao estalo e ao murro para conseguir o que quer.
Mas hoje, ai hoje, fez-se alguma luz na minha cabecita. Esta manhã levei o Rodrigo à sala como faço todos os dias. Normalmente, deixo-o com a educadora, que está sempre à porta para lhe dar a mão e cada um segue a sua vida. Hoje a educadora não estava lá, faltou. Então fui recebida ainda no corredor pelos amiguinhos da sala do meu filho. E querem que vos diga? Não sei como sobrevivi para vos contar esta história. Em segundos investiram sobre mim e o Rodrigo (reviver esse momento, com eles a correrem na nossa direcção em slow motion é assustador). Em segundos deixei de vê-lo, fiquei em pânico, cá em cima, a ver o que se passava lá em baixo nas minhas pernas. Pensei: pronto, engoliram-me o puto. Mas não. Por um buraquinho entre dez cabeças consegui ver o meu pequenino. Foi abraçado, beijado, inquirido em altos berros ao ouvido, tenho ideia de ter visto uma das crianças a fazer-lhe um garrote por trás... e neste frenesim em redor do "peluche" que tinha chegado ainda ouvi uma pirralha de cinco anos a perguntar-lhe se ele queria colinho. Opá, não estou a exagerar na descrição, pois atentem ao que uma auxiliar que veio em nosso socorro disse: "meninos, deixem o Rodrigo respirar!" Não estava maluca. Eu compreendo que as crianças adoram bebezões, eu sei que mais não fizeram do que, à maneira delas, lhe darem as boas-vindas com manifestações evidentes de carinho. Prefiro assim do que se nenhum deles sequer reagisse à chegada do Rodrigo, mas nem oito, nem oitenta. Este "peluche", lá está, respira, sente dores quando o apertam, não gosta quando o chocalham, reage quando lhe fazem garrotes no pescoço ou o enchem de beijos sem parar. O Rodrigo, para já, não sabe defender-se disto e a maneira que encontra é dando um chega para lá. É uma situação que me preocupa, que não aprovo, mas hoje percebi que as reações dele não têm sido gratuitas. O puto sofre.

sábado, novembro 24, 2012

Está a acontecer

Os sinais de autismo foram praticamente embora! Foi esta a conclusão da avaliação hoje feita ao Rodrigo e nem vale a pena dizer-vos como me sinto. A seguir este caminho e não havendo regressões, o meu filho sairá do espectro. Disse assim a médica, tal e qual. Ou seja, as terapias têm surtido efeito e neste momento poderemos estar perante uma criança que terá tratamento apenas para perturbação da linguagem. De qualquer modo, faremos ainda a despistagem de um síndrome (que sinceramente não decorei o nome) através de uma análise genética a ele, a mim e ao pai.
Conclusão: pais e mães de meninos com diagnósticos semelhantes: Há esperança, consegue-se, é possível, não desistam, invistam, procurem, investiguem, improvisem, sigam. Sem querer estar a deitar foguetes antes da festa, este foi certamente o melhor presente antecipado de Natal. É que mesmo que o Rodrigo não saia do espectro, ver como ele melhorou em tão pouco tempo e perceber as suas enormes competências dar-me-á maior tranquilidade. Estamos a conseguir, está a acontecer.

quinta-feira, novembro 22, 2012

Nova avaliação

Amanhã é dia de avaliação ao Rodrigo. No fundo, vamos tentar perceber em que competências ele está mais atrasado. Ao contrário de outras vezes não estou muito nervosa. Sei que vai estar abaixo da linha média em alguns aspectos, mas sinto que estamos perante avanços fundamentais, nomeadamente ao nível da linguagem. Os resultados desta avaliação só me serão transmitidos dia 30, mas amanhã terei logo a noção dos níveis mais fracos. Hoje deitei-o mesmo muito cedo para estar bem esperto na hora da consulta e cooperar naquilo que lhe pedirem.

Não podem ver nada

A Imaginarium roeu-se de inveja de eu sugerir as ideias da Toys 'R' Us por menos de 20 euros e toca de me fazer chegar as propostas deles também por menos de 20 euros. Ora aqui está:

quarta-feira, novembro 21, 2012

Porque já está na hora...

... Muitas e fantásticas sugestões da Toys 'R' Us. Tudo a menos de vinte euros.

Aqui: http://www.toysrus.pt/shop/index.jsp?categoryId=5457521&ab=HT:S:Navidad_2012

terça-feira, novembro 20, 2012

Esta manhã

O Rodrigo de pijama pronto para ir para a escola. O Zé, habituado à minha cabeça de vento, com tom sério: "tens a certeza que é hoje, não tens?"
E era.

segunda-feira, novembro 19, 2012

O dia do pijama

Juro que quando li na diagonal o panfleto que vinha na mochila do Rodrigo a dizer que amanhã os miúdos até aos seis anos devem ir de pijama para escola pensei que era no sentido figurado. Mas hoje estive a ler com mais atenção e é mesmo assim. Um dia solidário em que as crianças devem ir de pijama para a escola. São dez da noite e não tenho unzinho que mereça sair à rua e ser visto. De modos que já seguiu telefonema SOS. Zé ainda anda na rua a trabalhar e ficou de passar na Primark ainda hoje para comprar um.
Medo!

domingo, novembro 18, 2012

Dia mundial da prematuridade

Uma data à qual não consigo ficar indiferente. Aos pais que passam por isso, muita coragem e paciência.

Para quem precisa de uma forcinha, ora aqui fica o texto que publiquei na revista Pais & Filhos sobre parte do meu percurso com o Rodrigo. Tudo é possível.

http://www.paisefilhos.pt/index.php/component/content/article/39/3288

sexta-feira, novembro 16, 2012

Xiiii, problemas

A educadora do Rodrigo viu-se hoje obrigada a repreendê-lo por ter batido noutros meninos. Horrível, não é?
Não sei pormenores, apenas sei que quando os avós chegaram à escola uma das "vítimas" estava a chorar. Como todas as crianças da sala dele são mais crescidas e fazem dele gato sapato, como se fosse um peluche ( apertam-no muito e estão sempre a tentar pegá-lo ao colo e a quererem dar-lhe beijinhos), a minha mãe acha que ele está a começar finalmente a defender-se e a reagir a esses "mimos" abrutalhados. Seja ou não verdade, coloca-se agora a questão: como é que se diz a uma criança que não fala que tudo se resolve com o diálogo e não com a violência?
Mais um desafio daqueles.

quinta-feira, novembro 15, 2012

E agora?

Isto de ser mãe de primeira viagem tem destas coisas. Hoje fui pagar a mensalidade de dezembro da escola do Rodrigo (completamente fora da data limite porque me esqueci) e reparei que o valor era bem mais baixo. Questionei a "promoção" e veio então a bomba: as férias de Natal. Férias?! Mas quais férias?! Eu não marquei férias! Pois não, mas a escola é pública, remember? Ali a partir do dia 19 não há nada para ninguém. Ó meu Deus que os meus ricos paizinhos vão ficar de molho na consoada a descansar as pernas, costas e cabeça de estarem tantas horas com o piolhito!
Tratei imediatamente de me informar sobre actividades na escola, mas fui logo desaconselhada por quem o segue. O Rodrigo é muito pequenino, aquilo é tudo ao molho e muita fé... Não faça isso, disseram-me. Mas ainda não desisti. Talvez encontre noutro lado uma ocupação divertida para aqueles dias, estava a pensar numa coisa tipo uma quinta pedagógica, ou música, ou assim outro ATL divertido para a idade dele e em conta. Aceitam-se sugestões na zona oeste. Como é que vocês, mães deste mundo, fazem nessa altura?

segunda-feira, novembro 12, 2012

Pais vs. Sogros

Coisas que os meus pais fazem com o Rodrigo que me tiram do sério:

- nada (eh, eh).

Coisas que os meus sogros fazem com o Rodrigo que me tiram do sério:

- quando começam a perguntar-lhe "onde está o cão?" quando não há cão por perto. Fica o miúdo a olhar para todos os lados à procura de uma cena que não está lá;

- quando lhe explicam que "o papá não está em casa porque está a ganhar tostões para o menino" enquanto lhe ensinam a fazer o gesto de dinheirinho com os dedos;

- quando lhe dizem "olha que estragas as calcinhas" quando ele anda a brincar no chão;

- quando me omitem birras para parecer que correu tudo muito bem quando estiveram a tomar conta dele;

- quando me desaparecem com ele para o ir mostrar às vizinhas;

- quando lhe passam o telefone para a mão a dizer "fala aqui com a tia felisberta" e andam para ali a maçá-lo.

- quando o "obrigam" a fazer as gracinhas de enfiada quando chega uma visita.

Devo salientar que apesar disto tudo, os meus sogros são umas pessoas muito queridas e disponíveis. Nada disto é feito com maldade e o Rodrigo gosta imenso deles.

segunda-feira, novembro 05, 2012

Novo exame de consciência

Isto de ter um filho especial, no meu caso com um diagnóstico de perturbação no espectro do autismo, faz-me muitas vezes desfrutar dele de uma forma muito ingrata.
Porquê? Porque passo os dias a desejar que o tempo passe rápido para ver que ele está a melhorar, a evoluir. O facto de ter nascido prematuro de vinte e sete semanas também não ajuda. Na verdade, desejei que o tempo andasse rápido desde o minuto em que ele nasceu. Primeiro para o ver a respirar sozinho, depois para ganhar peso, depois para o levar para casa, and so on, so on.
Se for a ver bem, ando nesta corrida contra o tempo desde sempre. Continuou quando quis que ele andasse como os outros meninos, que fizesse o que todos fazem. Hoje quero que o tempo passe para ele desatar a falar. E quando olho para trás descubro que passei estes três anos não tanto a desfrutar do que ele é, e de como ele é, mas a ansiar pelo que ele seria. Esta é uma luta difícil de contrariar e que me deixa triste, amargurada, com saudades de fases pelas quais ele passou e que parece nem sequer ter vivido.
Lembro-me de uma vez uma das técnicas que o segue me dizer que eu estava mais preocupada em que ele agarrasse bem num livro, do que em deixá-lo divertir-se com as cores, as texturas ou os bonecos que via nele, pouco importando nesse caso como estava a sua motricidade fina.
Mas que fazer? Que fazer quando só quero que ele seja igual aos outros meninos? Esqueço-me é que este tipo de problema não acaba. Ajo como se estivesse à espera que ele chegue onde os da idade dele estão. E que um dia possa dizer "pronto, ele já está bom. Vamos lá então curtir esta cena de ser mãe". No fundo, acho que ainda não aceitei a especificidade dele. Tenho andado sempre a querer que o Rodrigo seja outra coisa que não é. Perceber o que ando a fazer é doloroso. É ingrato. Mas cair na realidade, como aconteceu agora, traz-me novas missões. Estarei atenta, vigilante, dar-lhe-ei todas as ferramentas para que consiga ser mais feliz e autónomo. Mas farei tudo para tirar mais partido deste meu bebé de três anos que, por ser diferente, não merece ser obrigado a entrar nesta corrida, cuja fita da meta teimo sempre em avançar sem nunca se conseguir (nem ele nem eu) saborear o verdadeiro sabor da vitória.

Ufa, que isto andava aqui entalado há tanto tempo.

domingo, novembro 04, 2012

Como as notas de mil

Tenho falhado como as notas de mil (como eu adoro esta expressão e como se percebe quão antiga é se nos lembrarmos que estamos a falar de cinco euros).
Bom, este intróito (também adoro esta) para dizer que apesar da minha longa ausência tudo corre sobre rodas com o Rodrigo. Mantém-se sociável e a comunicar cada vez melhor. Continua com comportamentos obsessivos mas não se atira para o chão se o levarmos para outras brincadeiras. As preocupações do momento são: que apanhe o quanto antes os outros meninos, pois não percebe o mundo como uma criança da sua idade; que largue as fraldas, já não as posso ver à frente e a própria roupa para três anos já não tem cortes bons para aquele enchumaço; que coma sozinho, porque sim caramba.
E é isto. Amanhã falarei sobre uma das coisas mais ingratas de ter um filho com perturbação do espectro do autismo. Boa semana para todos.

segunda-feira, outubro 29, 2012

As manias dele mudam com ele

Quando o Rodrigo começou com a obsessão dos números imaginei o meu futuro com isso. Caramba, quem com dois anos não conseguia dar um passo sem parar numa matrícula ou nos preços todos afixados nos supermercados, teria de ser distraído à séria no dia em que, por exemplo, casasse, para dizer o "sim" antes de se perder pelos números dos salmos.
Mas já percebi. Estas manias são intensas, provocam desequilíbrios e distúrbios, mas vão mudando. Senão vejamos: começou nas letras, passou para os números, depois para as portas, de seguida luzes acesas e luzes apagadas. Agora, embora não diga que não a uma boa porta aberta ou a uma aliciante luz apagada, está na onda de tudo o que sobe e desce. A ver: estores, telas chinesas e cintos de segurança. Só me pergunto o que virá a seguir e se as manias algum dia terão fim. Será?

sábado, outubro 27, 2012

Pesos na consciência

Os meus pais estão velhotes e cansados. E são eles que vão buscar o Rodrigo à escola para ficarem com ele das três e meia até eu ou o Zé chegarmos do trabalho. Acontece que com este meu novo emprego chego quase todos os dias mais tarde a casa, sendo que em pelo menos dois meto a chave à porta só lá para a meia-noite, uma da manhã. Quando o Zé também se atrasa, lá ficam os meus pais ate às tantas. E isso parte-me o coração. Sei que tratam dele de forma irrepreensível, mas fico com um peso na consciência enorme porque sei o quanto ficam cansados. Um dia destes ganhei coragem e disse à minha mãe que estava a pensar arranjar uma ama para ficar nesses dias com o Rodrigo. Se fosse uma pessoa em quem tivesse confiança ficava mais aliviada. Mas não, nem pensar, que disparate tão grande. A verdade é que para o ano quero que o Rodrigo fique mais tempo na escola, e aí já não serão tantas horas a dar cabo da cabeça e do corpito dos avós, mas enquanto não chega essa altura, as minhas noitadas de trabalho não têm sido nada fáceis. É uma angústia, Jesus, um peso...

quinta-feira, outubro 25, 2012

Despistagem

Vamos lá então partir para uma nova despistagem em relação ao Rodrigo, desta feita sugerida pela terapeuta da fala que o acompanha desde o fim do verão. Basicamente ela quer ter a certeza de que ele ouve e respira bem.
A verdade é que o meu filho nunca foi a um otorrinolaringologista e acedi logo em tratar disso.
Quanto à audição, juraria a pés juntos que não deverá ter qualquer problema. Ouve tudo e mais alguma coisa, o que interessa e o que não interessa. Já na parte respiratória, confesso que tenho as minhas dúvidas. De facto, como a terapeuta também já deu conta, o Rodrigo mantém o padrão de ter sempre, ou muitas vezes, a boca aberta, não respirando pelo nariz. Pode tratar-se apenas de renite, adenóides grandes ou apenas mau feitio, mas convém saber ao certo o que se passa porque poderá estar a influenciar esta questão da fala, criando-lhe dificuldades acrescidas. Agora, só espero que os exames tenham bons resultados e que não sejam dolorosos. Por favor, que não andem com tubos e coisas esquisitas ouvidos ou boca adentro. Caso contrário, não garanto que não salte do chinelo em pleno consultório enquanto ofendo o médico com o indicador em riste e com um palavrão do género: "Ó seu... ó seu... grandessíssimo otorrinolaringologista!"

terça-feira, outubro 23, 2012

Ainda não acredito...

... que o Rodrigo está mesmo a falar. Mas é assim, não é? Procura repetir algumas palavras que lhe dizemos, espontaneamente vai dizendo as que ele já sabe melhor (ainda poucas) e todos os dias aprende uma ou duas novas. É isto, não é? Daqui às frases é um instante, certo? Até começar a dizer "mamã gosto muito de ti" é um ápice, não é assim? É. E eu não podia estar mais feliz com este seu novo salto.

segunda-feira, outubro 22, 2012

Actividades extra-curriculares

Após alguma ponderação, e porque na escola pública o Rodrigo não tem tantas actividades como tinha na privada, eu e o Zé estamos decididos em inscrevê-lo na natação. Será aos sábados, se falarmos com o professor um de nós pode entrar com ele na água, e far-lhe-á um bem desgraçado. Para além de ser saudável, gostava que tivesse um corpito jeitoso, sem pança nem maminhas descaídas. Tentar não custa, certo? E ele vai adorar. Ok, também adoraria cavalos ou música, mas para já a piscina parece-nos o mais prático e indicado.

sexta-feira, outubro 19, 2012

Conclusão do dia

Tenho um filho meigo e charmoso!

quinta-feira, outubro 18, 2012

Good news

E aos três anos e três meses

O Rodrigo está MESMO a começar a falar. Cada dia uma palavrinha pequena nova. Assim, sem lhe pedirmos. Com má dicção, mas está a FALAR e a gostar. Time to celebrate!

segunda-feira, outubro 15, 2012

Bela prenda me saí

Fogo, tenho a sensação que passei o dia todo a arrumar e a limpar e vou deitar-me com a casa num caos. Rosário, volta, que me fazes tanta falta pro meu lar andar um brinquinho.
Boa semana a todos

sábado, outubro 13, 2012

Pouco a pouco...

O Rodrigo começa a imitar cada vez mais palavras. E a cada uma nova que diz, há uma grande celebração. Ele próprio já percebeu a felicidade que nos dá quando o faz, então já se junta aos festejos connosco.
No meio desta nova fase começo a aperceber-me que o problema da linguagem no caso dele não tem tanto a ver com o facto de não falar porque não quer, mas mais porque não consegue mesmo. Tenho lido que nos casos de autismo existe este atraso na fala porque os putos não sentem sequer necessidade de se exprimirem, de comunicarem. Pois o Rodrigo quer muito falar, mas não consegue. Está sempre a esforçar-se por fazer determinados sons e aquilo não lhe sai mesmo. Parece que não sabe o que fazer com a boca e a língua para consegui-lo. Diz muito bem palavras que metam o "m", "a", "p", "i", "c"... e depois, por muito que tente, é um desastre com o "j", "l", "t" ou o "é". A verdade é que, mesmo sem falar, o Rodrigo tem uma comunicação absolutamente espectacular e fico pasmada com as formas que encontra para se fazer entender.
A irritação e a frustração diminuíram drasticamente. Acredito que esteja relacionado com a toma da risperidona, mas também com o facto de perceber muito melhor o que lhe dizemos. Nessa área, acho que já lá vai o mau tempo e até arriscaria dizer que já me safei a um dos meus maiores temores: a monumental birra no meio do supermercado, com mães de miúdas com laços na cabeça e sem ranho a olharem com ar reprovador e eu a ter de arrastá-lo pelo chão ao longo do corredor dos frescos à procura de um buraco onde me esconder e de um caixote de lixo para o deitar fora.

quinta-feira, outubro 11, 2012

Balanço da primeira semana de trabalho

Sinto-me viva;
Os dias ficaram muito pequeninos para tudo o que preciso e quero fazer, o que faz com que ande a dormir seis horas (é muito pouco para mim, a minha zona de conforto são as oito horas);
Isto faz com que ande estoirada;
Já percebi que pelo menos dois dias por semana vou chegar a casa com o Rodrigo já a dormir, ossos do ofício;
Estou com o ego em forma porque, por simpatia ou não, resmas de gente que não me via há mais de um mês me disse que estou mais magra;
Os fins de semana ganham magia;
O roupeiro fica atingido por aquele vírus que parece fazer desaparecer roupa e todas as manhãs acontece o drama do "ai ai ai que não tenho nada para vestir;
Triste com o regresso à cantina da empresa, cujas refeições me angustiam a alma e me deprimem as papilas gustativas.
E tem lá alguma graça andar com as papilas deprimidas?

segunda-feira, outubro 08, 2012

Organização precisa-se

Agora que já comecei a trabalhar e que o Rodrigo já trinca coisas (ou seja, acabou-se aquela coisa de lhe enfiar com uma sopa de carne ou peixe feita pela minha mãe), tenho mesmo de me organizar para o miúdo comer pratinhos bons, variados e a horas decentes. Agora, por exemplo, já passa das onze e ainda ando de volta dos tachos para amanhã quando chegar a casa ser só aquecer. Mas não sei se terei tempo para fazer isto todos os dias e estava cá a pensar que se calhar faço é logo três ou quatro pratos diferentes e vou congelando. Será assim muito mau? É que não dá para ele comer do nosso jantar porque tanto eu como o Zé não estamos juntos à hora de jantar e raramente comemos de garfo e faca. Esta seria uma maneira mais pratica de fazer a coisa, não?

domingo, outubro 07, 2012

Já está

E pronto. Acabaram-se as férias. Amanhã regresso ao trabalho, com um novo desafio. A ver se não me esqueço de entrar com o pé direito, que tão cedo não quero passar pela experiência de estar à beira do desemprego. Irra!

sexta-feira, outubro 05, 2012

quinta-feira, outubro 04, 2012

Obrigada

Obrigada a todos pelas dicas. De facto, estamos de acordo. A sesta nesta idade é fundamental. Para a semana irei expor o meu caso à direcção da escola. A educadora entretanto sugeriu colocar umas almofadas num canto da sala para ver se ele se queria deitar, autorizei que o fizesse mas sinceramente não estou a ver o Rodrigo a adormecer rodeado de meninos a brincar na sala. Vamos ver que resposta obtenho.

quarta-feira, outubro 03, 2012

A culpa é do cocó

Estou com um problema que parece não ter solução. Passo a expor.
Na escola (pública) onde o Rodrigo anda não há cá sesta para ninguém. Os putos de quatro e cinco anos aguentam bem este andamento, o meu - o único de três anos na sala - anda derreado que dá dó. E não sei o que fazer ó mães, educadoras e gente com ideias que me lê. O problema? Um cocó que ele faz sempre ali por volta das sete da manhã e que faz com que acorde e não durma mais, desconfortável que fica até eu lhe mudar a fralda. Dormir a seguir mais uma horita (que dava) está quieto, porque na cabecita dele já é tempo é para brincar. Pois então, acorda às sete e meia, às nove está na escola e como é de calcular ali a seguir ao almoço fica cheio de sono. Eu vou buscá-lo às três e meia com ele já cheio de fome a pedir lanche. E essa é a prioridade. Chegar a casa e não chegar, comer e não comer, se o ponho a fazer a sesta, acaba por fazê-lo já pelas quatro e meia. Estão a acompanhar? Mesmo que o deixe dormir uma hora (menos é um crime e acorda super mal disposto), faz com que acorde às cinco e meia. Ou seja, nesse dia nunca adormece antes das onze, onze e meia da noite. Ora, com o cocó das sete da manhã, lá vai ele ainda com mais sono para a escola. Mesmo que o bendito cocozito só dê o ar da sua graça às oito (hora normal para o despertar), dormiu pouquíssimo. Nos últimos dias tenho optado por não pô-lo a dormir à tarde. Anda bem comigo durante a tarde, janta às oito e às oito e meia está na cama. Porque se deitou cedo, acorda às sete (com ou sem presente) e lá fica outra vez a cair de sono na escola a seguir ao almoço. Hoje a educadora até lhe tirou a febre por vê-lo tão paradito.
Para ajudar à festa, encontrei uma amiga minha aqui do concelho que optou por manter a filha dela na rede privada por ali fazerem sesta. O meu coração ainda se apertou mais. Opá, mas esta escola é mesmo boa para ele, nomeadamente em termos de apoio para as suas necessidades relacionadas com a perturbação no espectro do autismo. Também já pensei em mudar-lhe os cocós. Haverá maneira deste "despertador" tocar a outra hora?

Por que é que eu devia levar um menos na caderneta

A escola está a pedir-me há mais de um mês que leve material escolar bem definido por eles, devidamente identificado e decorado pelos pais e pela criança. Pois há um mês de férias, ainda está tudo por fazer.

Porque sou despassarada. A educadora, que já se apercebeu disso quando há dias me perguntou se tinha visto os recados dela e eu não o tinha feito porque não abri o caderno dos recados, alertou-me hoje: "mãe, não se esqueça de trazer as sapatilhas para as aulas se ginástica que vão começar". Eu pronta: "sim, já as comprei (uh, uh, já as comprei) trago-as na quarta". Silêncio. Ela: "amanhã". Pois, estava a ir tão bem e não associei que a tal quarta é amanhã.

Por andar à nora quanto ao calendário (isto de estar em casa é tramado) dei também conta tarde de mais que não faço puto ideia do fato de treino do Rodrigo. Com sorte até pode estar limpo e passado, mas desconfio que já esteja muito curto. Com ele a dormir desde as oito e meia da noite (é verdade, conto-vos amanhã como isto é possível) só poderei procurar amanhã de manhã. Em último caso, faço como fiz uma vez. Vai de pijama, daqueles bem catitas que passa bem por fato de treino. Quer dizer, passa mais ou menos, mas eu diria que só os olhares mais atentos vêem as diferenças.

Porque me esqueço sempre de levar uma muda de roupa para ficar na escola.

Porque num dia de sol o Rodrigo não levou chapéu.

Vergooooooooonha.



segunda-feira, outubro 01, 2012

terça-feira, setembro 25, 2012

Hoje estou como o tempo

Xiiiii. Estou com uma neura que não se aguenta. Acordei deprê e ainda não passou. Como tenho um filho que adivinha, hoje ficou a chorar na escola. Pela primeira vez desde que começou, ficou a chorar. E lá saí triste também. Sabia que ele ia ficar bem, mas nunca é fácil deixarmo-los em lágrimas. Já em casa, em vez de ir arrumar cenas ou dormir, como é costume, achei que era boa ideia ver as júlias pinheiros e as cristinas ferreiras desta vida. E estava-se mesmo a adivinhar o resultado: choradeira pegada com os irmãos que se encontraram e com a casa remodelada da menina de quatro anos. Como se não bastasse o dia de merda, a terapeuta da fala faltou na primeira sessão com o Rodrigo. Irra, o miúdo precisa tanto deste empurrão e não há maneira da coisa começar. Fiquei mesmo triste quando fui buscá-lo à escola e a educadora me deu conta da falta. O dia só ganhou mesmo uma corzinha com a mensagem da minha amiga N. a dizer-me que já me comprou a bendita capa azul escura para a escola do Digo. Menos uma.

Finalmente

O Rodrigo elegeu o seu objecto de conforto, o seu melhor amigo, o companheiro de todas as horas. Um esquilo. Entre as dezenas de peluches que foi recebendo, eis que do nada, de um dia para o outro, se afeiçoou a ele e agora são inseparáveis. Melhor. É com ele que o meu filho faz aquelas brincadeiras imaginadas que a médica há tanto tem vindo a pedir. Dá-lhe comida, muda-lhe a fralda, lava-lhe os dentes, dá-lhe abraços e beijinhos e até o põe a ver televisão. Um show. E assim, de repente, passei a ter um filho e meio. Que bom.

segunda-feira, setembro 24, 2012

Em busca da capa perdida

As coisas mais simples são muitas vezes as que nos fazem mais dores de cabeça. Preciso de uma capa destas em plástico, A5, tipo envelope, em azul escuro, para a escola do Rodrigo. Problema: o raio da capa não existe! Ok, existe, que os outros meninos já a têm, mas, ou eu me atrasei (para variar) e já esgotou, ou isto faz tudo parte de um plano muito maluco para ver se eu tiro dali o Rodrigo, abrindo vaga a quatro crianças.
Propósitos à parte, a verdade é que até já sonho com o raio da capa, já conheço todas as papelarias da zona oeste e durante as passeatas de carro dou por mim a puxar o travão de mão porque avistei uma onde ainda não fui. Nos sítios onde o raio da capa existe, não há da cor que eu quero. Já experimentei comprar outro modelo A5 para ver se pegava, mas a educadora não foi na conversa e pacientemente mostrou-me novamente como a capa era. E andamos nisto. Estou mesmo a ver que tenho de ir à cidade para comprar a dita. A questão é que eu tinha tantas outras coisas mais interessantes para fazer nas minhas férias do que andar à caça de material escolar em vias de extinção e muito exclusivo.

sábado, setembro 22, 2012

As duas faces da moeda

Depois de quatro horas seguidinhas a transpirar que nem uma maluca para limpar a casa (a minha mãe veio cá ontem e ia jurar que mal entrou pela porta lhe vi a tensão a baixar de desgosto como que a pensar "eu não criei este monstro javardão"), seguiu-se almoço maravilha com duas manas de coração que me devolveram energias e me retemperaram a "ialma", como diria o meu sogro. Tanto, que estava capaz de limpar um bairro inteiro. Vá, uma assoalhadazita.

quinta-feira, setembro 20, 2012

Forças, não fraquezas

A propósito do facto das técnicas que lidam com o Rodrigo apontarem para síndrome de Asperger, uma amiga (obrigada EP) aconselhou-me a leitura de uma entrevista que ela mesma fez para a revista Pais & Filhos ao maior especialista mundial da coisa. Deixarei aqui o link para quem estiver interessado poder lê-la na íntegra. Imperdível. De qualquer modo não resisto em publicar aqui um quadro que encerra o artigo de forma brilhante. E reza assim:

"FORÇAS, NÃO FRAQUEZAS

E se a definição do Síndrome de Asperger fosse feita através das capacidades e talentos dos seus indivíduos, ao invés das suas fragilidades? É isso mesmo que Tony Attwood propõe, numa lista de critérios de descoberta dos ‘aspies’:

• relações pessoais caracterizadas por uma perfeita lealdade;

• independência de preconceitos sexistas ou geracionais;

• discurso isento de falsidades ou conceitos politicamente correctos;

• capacidade de seguir as próprias ideias ou perspectivas, apesar das provas em contrário;

• consideração por pormenores e detalhes que aparentam pouco interesse para a maioria;

• capacidade de aceitar argumentação sem ideias pré-concebidas;

• interesse nas verdadeiras contribuições para a conversa, sem perder tempo com superficialidades ou trivialidades;

• conversação sem objectivos pouco claros ou manipulação;

• perspectivas originais, e por vezes únicas, na resolução de problemas;

• memória excepcional para dados ignorados por todos os outros indivíduos;

• clareza de valores e poder de decisão inalterado por factores políticos e financeiros;

• sensibilidade apurada para experiências e estímulos sensoriais;

• maiores hipóteses de prosseguir carreiras académicas e/ou científicas."

Mais em http://www.paisefilhos.pt/index.php/actualidade/noticias/1503-lprecisamos-de-pessoas-com-aspergerr

quarta-feira, setembro 19, 2012

A escola pública

Nem queria acreditar quando perguntei quanto iria pagar pelo jardim de infância. Um euro e tal por causa do almoço. Ou seja, passo de trezentos euros para vinte e tal por mês, o que é maravilhoso para o orçamento familiar.
Ok, ali não tem música, nem ginástica como no particular, o prolongamento paga-se à parte (mas não preciso) e o material escolar é todo por nossa conta. Mas caramba, a diferença é grande. E sabe tão bem.

sábado, setembro 15, 2012

Uma fracção de segundo

Estava a ficar frio para mais um mergulho no mar como o Rodrigo me pedia. Para evitar outra ida à água, avisei-o de que iríamos começar a arrumar as coisas para irmos para casa, tarefa que ele adora e acompanha atentamente aguardando ansioso pela altura de arrumar o chapéu de sol (uma das suas actuais obsessões, chapéus abertos e fechados). Antes de conseguir pôr o guarda sol dentro do saco, ainda o abri e fechei duas vezes, para alegria dele. Não fosse isso e minutos antes já estaríamos a caminho de casa. Depois, bem, depois seguiu-se a lenta caminhada para o carro, com rituais que ele em apenas dois dias de ida à praia definiu muito bem. Pede-me colo sempre nos mesmos sítios do percurso, calça os chinelos sempre no mesmo degrau, repete gestos, brincadeiras e chegamos ao carro. Paro numa bomba para comprar cigarros. Não fosse isso e minutos antes já estaríamos a caminho de casa. Prosseguimos, com ele atento à janela a apontar para os sítios de sempre: o moinho que roda, os portões das garagens abertos, os fechados, as luzes que estão apagadas, as que estão acesas... e pumba, mesmo à chegada a casa, levo com um maluco esgroviado pela esquerda, que não respeitou sinais e veio chocar contra nós (Rodrigo assustou-se com o embate mas nem chorou e ninguém se magoou). E desde então não consigo deixar de pensar naquele segundo e da forma como o meu percurso e o daquele casal se encaixaram matematicamente para naquela fracção se dar o embate numa estrada quase fantasma, sem movimento. Felizmente foi só chapa.

Pause

Ando para aqui ainda atarantada e sem palavras para o que a educadora do Rodrigo (que trabalhou sete anos no ensino especial) me disse hoje ao fim de uma manhã com ele. "Eu acho que o seu filho não tem nada de autismo". Eu sei que o diagnóstico não está fechado, mas caramba, se não é PEA é o quê?

sexta-feira, setembro 14, 2012

É oficial

Tenho o bronzeado mais ridículo de toda a história. Estou morena de meio da barriga para cima, em baixo pareço uma lula. Assim como assim acho que preferia mesmo aquele bronze com marca de t-shirt, mas com tudo a correr bem na escola e eu com emprego não se pode ter tudo, certo? Esta "ridicularidade" da minha vida acontece porque fazendo praia com o Rodrigo as minhas exposições ao sol resumem-se a: sentada na água com ela pela barriga; sentada na areia com o Rodrigo alapado ao meu colo. O resultado está à vista, é ridículo mas ao mesmo tempo divertido.

Assim não vale

O Rodrigo portou-se bem no primeiro dia de escola, mas com batota. Passo a explicar. O dia de hoje (que a esta hora já é ontem) era apenas destinado aos meninos que se estreavam no estabelecimento. Ora, na sala dele, o meu filho é o único aluno novo e por isso estava sozinho. Fiquei lá com ele cerca de uma hora e viemos embora. Apesar de não ter sido para valer, reagiu muito bem à educadora (que eu e o Zé amámos), olhando-a nos olhos, cumprimentando-a com um beijinho e puxando-a uma ou duas vezes pela mão para brincar. Amanhã (ok, hoje) será à séria, com os coleguinhas todos e eu a ter de largá-lo. Mesmo assim, só irá de manhã, pois eu, com as barracadas do costume, não imaginei que fosse preciso ir à câmara para o pequeno ter direito a almoço. Pus a cruz na altura da matrícula e segui para bingo. Resultado: vou ter de ser eu a dar-lhe almoço. Ó cabeça esvoaçada a minha que pareço tratar tudo pela rama.

Escusado será dizer que entrei na escola de óculos escuros e lavada em lágrimas (tudo sem ele perceber, claro). Ah, e a roupa dele estava um espectáculo!

quinta-feira, setembro 13, 2012

E quem diz que eu durmo?

Irra, que estou mesmo igual à minha querida mãezinha. Estou aqui num reboliço para tentar adormecer mas as preocupações com o primeiro dia do Rodrigo na escola nova hoje não me deixam pregar olho.
O meu principal receio, de caras, é ter de me vir embora com ele num pranto. E logo aqui lembrei-me que tenho de avisar a educadora que quando ele se enerva fica todo às manchas, para ela não se assustar. Além disso, há uma semana começou a bater na própria cabeça quando está zangado ou quando é contrariado.
Mas há mais. Ele tem andado com as tais babas de aparecimento e desaparecimento súbito. Se forem muitas é preciso enfiá-lo numa banheira com água fresca para passar. Mas o miúdo não fala, ou seja, é preciso estar atento à coçadeira e ir levantando camisolas e baixando calças para ver os estragos. Estão mesmo a ver a educadora a fazer isso, não é? Estão mesmo a ver que há banheiras nas escolas, certo? Depois, está desarranjado dos intestinos. Entusiasmei-me com esta coisa de ele já aceitar trincar coisas novas e toca de lhe espetar com umas bolachas de chocolate que, pelos vistos, não são as mais indicadas para a idade dele. Que vergonha, no primeiro contacto com a educadora corro o risco de ficar conhecida como "a mãe do miúdo com diarreia e babas que podem ser contagiosas, que a gente nunca sabe".
Estava também para aqui a pensar em mil e uma outras coisas que tenho vergonha de partilhar... e a verdade é que a parvoíce tem limites. Vá, vou contar uma delas: ando aqui também às voltas com o que lhe vou vestir. Eu sei que é ridículo, haverá até dias para a frente em que irá com umas calças por passar ou uma camisola já curta nas mangas, mas continuo a achar que a primeira impressão é importante.
De maneiras que é isto (e muito mais). E agora vou chorar um bocadinho ali a um canto e esbofetear-me a seguir para ver se durmo mais levezinha.
Bom regresso às aulas para os vossos meninos!

terça-feira, setembro 11, 2012

A Gui

Satisfazendo a curiosidade óbvia de muitos dos que visitam este cantinho vou contar-vos a história da Gui, a co-autora deste blogue.
Corria o ano de 2005 quando decidi criar este espaço. Ao fim de algum tempo (ó meu deus, como sou má com datas) convidei a minha grande amiga de infância Gui para partilhá-lo comigo. E ela aceitou. Como gosto de a ler! Aliás, basta irem ao arquivo e encontram coisas lindíssimas que ela postava. Mas nem sempre a vontade de escrever impera, nem sempre as nossas cabeças estão para aí viradas, nem sempre existe vontade de partilhar. E a Gui passou um pouco por todas estas fases. Progressivamente (só não me perguntam quando), foi deixando de postar, e inadvertidamente eu fui açambarcando-o sem dó nem piedade. Quando há três anos engravidei e me enfiaram numa cama em repouso, foi o descalabro. Fiz deste blogue o meu tira teimas, o meu confessionário, o meu amante. E a Gui, que sempre achou que dois é bom, três é demais, desapareceu deste espaço que já estava transformado num pregnancy blog descarado. Aconteceu assim. E apesar da Gui não escrever aqui há muito tempo fica e ficará para sempre como sua co-autora. Quem sabe um dia ela não vos faz uma surpresa e vos presenteia com a sua forma tão poética e literária de ver este mundo?
Eu gostava. Beijinhos Gui, és a miúda do meu coração e tens o sorriso mais lindo.

sábado, setembro 08, 2012

Do empreendedorismo e afins

Sempre admirei quem se lança às coisas com convicção, fazendo de pequenas ideias negócios brilhantes. Como já aqui dei conta sou uma gaja de ideias mas muito fraquinha e borra botas quando chega a hora de pô-las em prática. Raramente arrisco um milímetro e só dou um punzinho quando tenho a certeza de que é seguro. Isso enerva-me. Gostava de ser mais corajosa, ter mais ambição e arriscar mais.
E isto tudo ocorreu-me a propósito da minha amiga Pipoca, que começando o blogue A Pipoca Mais Doce como uma brincadeira faz dele hoje a sua vida. Quer se goste ou não, é um percurso brilhante e admiro-a por isso. Acho que nunca lhe disse. Acabou agora de lançar mais um livro, (Estilo, disse ela, pela Matéria-Prima) e já está em segundo lugar no top de vendas, só ultrapassada pelas 50 Sombras de Grey. É ou não é fantástico? Faz aquilo que gosta e faz uns bons dinheirinhos. E mais. Gere o tempo dela, que é coisa valiosa nos dias que correm. Que isto de estar enfiada o dia inteiro num escritório a aproveitar as horas de almoço para ir ao banco, à depilação ou ao Pingo Doce é tortura. Neste campo, a minha admiração também para a Cocó na Fralda, que trabalha por conta própria, tem um blogue fabulástico e lançou igualmente um livro. Beijinhos muito grandes a estas duas queridas que tenho o privilégio de conhecer e que, cada uma a seu modo, me vão inspirando (links para os blogues de ambas na coluna à direita)

Good news

De hoje a precisamente um mês começo um novo trabalho. As vossas boas energias deram com toda a certeza um empurrão. Felizmente nem tive de entregar papeladas do subsídio de desemprego, alguém mais uma vez olhou por mim e safou-me desta. Agora, é desfrutar deste mês de puro descanso e acompanhar a cem por cento a entrada do Rodrigo na nova escola. É já dia 13!

quinta-feira, setembro 06, 2012

Uma ideia

Sou uma gaja de ideais, às vezes parvas ok, mas tenho-as aos molhos, sempre a brotarem. E lá vai disto. Então não era de alguém já ter inventado um estendalzinho para a praia para mães que têm miúdos que vão trinta vezes à água? Hoje dei por mim com três calções a secarem na parte de cima do chapéu de sol. Para além de não secarem nada, volta não volta estão no meio do chão, cheios de areia. O Rodrigo está sempre a ir à água e quando vem para a areia dispo-lhe sempre os calções molhados para ele não ficar com frio. Ainda vou intercalando com umas fraldas de água, mas também não são baratas e então corto-me um bocado. Para que tudo corresse maravilhosamente bem teria de levar para o areal um stock de dez fatiotas de ir ao banho. Ou isso, ou inventarem um estendalzinho para a praia com uma ventoinha incorporada ou um efeito de estufa qualquer para que tudo secasse num instantinho. Ó mães de três, quatro e cinco, como é que fazem? É uma mala de viagem só para fatos de banho? A partir de que idade é que a temperatura do corpo não baixa tanto, mesmo com os calções molhados? Ok, sou uma gaja de ideias e milhentas dúvidas.

Com sol e ainda sem escola dá nisto (versão melhorada)

segunda-feira, setembro 03, 2012

Adeus VIP

E pronto. Hoje disse adeus à revista VIP e ao meu trabalho dos últimos três anos. E agora? E agora o futuro a mim pertence, a uma distância que vai de um "sim" a um "não". Perdoem-me o enigmatismo, mas tenho um segredo. É tudo por agora.

domingo, setembro 02, 2012

Prova superada

Mais um fim de semana fora, mais uma viagem, mais experiências novas para o Rodrigo. Tirando um ataque enorme das malditas babas ao fim da tarde de sábado, que só passaram com um longo banho de água fria ao baby, tudo correu bem. E como ele adora água.

sexta-feira, agosto 31, 2012

Indecisa

São todas do Ikea e os preços andam ela por ela, bem como o comprimento, tirando a de ferro mais rústica que é extensível até aos dois metros. Uma delas vai dar aconchego ao meu pilas.

quinta-feira, agosto 30, 2012

É desta...

...que eu lhe compro uma cama à crescido. Hoje tenho a minha sogra a dormir no bendito sofá onde o Rodrigo adormece tantas vezes porque a cama de grades tem picos, cheira mal e andam lá bichos maus (adivinho eu pela forma como acorda muitas vezes mal o ponho lá) de modos que teve MESMO de ficar na caminha dele. A única forma que arranjei foi deitá-lo na de grades e ficar de mão dada com ele, toda curvada, com as pernas a tremelicar, o estômago todo prendado na barra e o sangue todo na cabeça. Eh eh, pus-me numa bonita, mas resultou. E agora vou eu deitar-me para ver se a estrutura óssea volta ao lugar. Boa sexta-feira.

Hora do confessionário

Tentamos por tudo ser mães exemplares e não falharmos em nada. A verdade é que o cansaço, os horários malucos do trabalho e as agruras que às vezes nos teimam em bater à porta, fazem com que nem sempre sejamos esse exemplo. A minha consciência pesa-me nestas coisas e estou pronta a mais uma vez levar nas orelhas da médica do Rodrigo. A ver:

Era importante sentarmos-nos todos à mesa nas refeições. Esquece. O Rodrigo come sempre primeiro, comigo ou o pai a darmos-lhe a comida e então depois comemos nós, à base do tabuleiro onde calha e quase nunca ao mesmo tempo;

Devíamos insistir para que comesse sozinho. Também não o faço. A regra tem sido "quanto mais rápido melhor" que há sempre qualquer coisa para fazer a seguir para a qual já estamos super atrasados;

Era importante para o desenvolvimento da fala dele insistirmos mais para pedir as coisas com som. Se for preciso, ir até à birra. Também falho aí. Ele aponta para as bolachas, ainda fico ali a insistir para que me diga o "dá", mas ao primeiro sinal de beicinho passo-lhe o raio da bolacha para a mão;

Devíamos sair mais com ele, pô-lo mais no meio da confusão e pessoas estranhas, mas dou muitas vezes por mim a evitar esses programas com receio de birras ou porque sei que consigo descansar muito mais na minha zona de conforto;

A médica está farta de dizer que ao jantar o Rodrigo deve comer sólidos como faz ao almoço e não apenas sopa de peixe como lhe dou sempre. Trincar coisas é excelente para a fala porque desenvolve músculos da boca.

E assim de repente é isto que me pesa na consciência. Aqui me confesso, correndo o risco de muitos acharem que não presto. Mas presto. Garanto que presto e que rápido, rápido vou melhorar estes aspectos.


quarta-feira, agosto 29, 2012

Regras básicas

Estão a ver aqueles letreiros do "não incomodar" que se põem nas portas dos quartos de hotel quando queremos dormir até tarde e não queremos cá lençóis lavadinhos, nem toalhas nem toucas para o banho novas? Pois devia haver uns do género para pôr à porta de maridos-pais-de-filhos-que-chegam-a-casa-às-tantas. A mensagem podia ser algo como "entrar devagar, em silêncio e enfiar-se no quarto porque a totó da tua mulher-mãe-de-filhos, que também trabalha mas lá arranja maneira de chegar a casa a horas decentes porque tem um filho, chegou cansada, mas já brincou com o pequeno, já lidou com duas birras, deu banho, jantar, brincou outra vez, tomou banho ela, jantou ela, arrumou a cozinha, amoleceu o baby e não vais entrar agora com as tuas brincadeiras malucas e pores-me o miúdo excitado e pronto para começar o dia". Ufa! Ok, tinha de arranjar três portas para este letreiro, mas o aviso era mesmo este.
É uma delícia ver a alegria com que o Rodrigo recebe o pai, mas caramba, como é que o Zé consegue pô-lo a transpirar e completamente louco em apenas cinco minutos mesmo na altura em que já o tinha no ponto para dormir? Porque é que eles, os homens, não lêem uma história, não cantam uma música calma ou outra coisa que não implique atirá-los pelo ar, correrem que nem uns doidos a fazerem razias a tudo o que é perigoso ou outras acrobacias que nos levam sempre a deitar as mãos à cabeça com frases do tipo: "não o vires que ele acabou de comer; vocês vão magoar-se; cuidado com os bracinhos dele; olha aí que a cabeça dele vai bater no tecto"? Deve ser coisa de macho e eu entendo tudo muito bem, mas dá para fazer isso sem ser às onze da noite?
Resultado: uma hora para o pôr a dormir e más expectativas quanto ao estado de espírito do Rodrigo quando o acordar amanhã bem cedo.

segunda-feira, agosto 27, 2012

Fim de semana fora

Pela segunda vez em pouco tempo lá agarrámos nas trouxas a uma sexta para passar fim de semana fora. Desta vez, Alentejo.
Bom, trouxas é como quem diz, que isto de ir com o baby requer outra logística. Sou só eu que acho, ou com filhos fazer a mala para um fim de semana parece que é para quinze dias? Tudo bem que de um fim de semana para o outro já reduzi um terço das coisas, mas a tralha ainda é muita.
Carregados de bagagem ou não, o que interessa é que o fim de semana foi espectacular, principalmente para o Rodrigo, que vibra com experiências novas como qualquer criança. Apesar das manias terem agravado um pouco, esteve impecável com adultos e crianças que não vê muitas vezes e tenta cada vez mais expressar-se com sons e gestos.
A hora de dormir, um dos maiores problemas quando está fora de casa, também correu bem. Vejam só que até consegui que fizesse a sesta sábado e domingo. Maravilha!
Tem estado muito meigo e praticamente não faz birras. As obsessões é que se estenderam dos números (onde continua implacável com ordenações já complexas) para o aberto e fechado e para o sujo e limpo.
Entretanto, eu cá vou andando com a bola para a frente, nesta que é a minha última semana de trabalho. Dia 3 já fico em casa a fazer pela vidinha. Até lá continuo a trabalhar como se não estivesse no despedimento colectivo. Porquê? Porque sou assim e não conseguiria ser de outra maneira.

segunda-feira, agosto 20, 2012

A cuidar de mim

Estava com brancos e mais brancos até dizer não. Finalmente encontrei agora um tempinho para pintar o meu cabelo. E aqui estou eu, a entreter-me durante a meia hora que uma singela tinta demora a tratar-me das arrelias.

sexta-feira, agosto 17, 2012

Ainda ontem estava nos Açores e agora já estou cá

Pois é, já cá estou. E não foi fácil. Não porque não aguentasse as saudades (estive bem), mas porque tive um problema de babysitting ao Rodrigo. Foi horrível perceber que a um determinado momento não tinha ninguém para ficar com ele devido a um imprevisto daqueles que não estamos mesmo a contar. E eu em Ponta Delgada, longe, sem forma de vir a correr para lhe garantir cuidados e atenção. Não sei quantos ataques de pânico tive seguidos, mas foram muitos. Tortuosos. Morri um bocadinho naquela ilha. E ainda por cima a umas longas seis horas até conseguir chegar a casa. Com três telefones em punho lá consegui remediar a coisa e tudo acabou bem para o baby. O trabalho que fui fazer aos Açores correu de forma excelente, acima das minhas expectativas, mas tão depressa não me meto noutra.
Entretanto, percebi que esta coisa da maternidade alterou a minha forma de andar de avião. Foi a primeira vez que o fiz desde que fui mãe, há três anos, e dei por mim com muito medo. Eu, que sempre andei de avião como quem anda de comboio, tive desta vez uma ansiedade de morte, daquelas de ferrar as unhas nos braços da cadeira nas descolagens e aterragens. No início até estava tranquila, até ao momento em que vi a senhora que estava ao meu lado benzer-se. Porra. Por que raio a mulher que estava mesmo ao meu lado se benzeu? Comecei então a lembrar-me que sim, os aviões caem, e lembrei-me logo do Rodrigo. Xiça. Já cá estou, mas com os nervos em franja desta parvoíce toda pegada que aconteceu por ter passado uma noite longe. Ai, minha rica casinha, que não levo jeito para caixeira viajante.

terça-feira, agosto 14, 2012

Algum dia tinha de acontecer

Pela primeira vez em três anos vou viajar e deixar cá o Rodrigo. Como é que vou conseguir? Vou só ali aos Açores, é apenas uma noite e baby fica bem entregue ao pai, com os avós a cinco minutos para o que for preciso. São apenas dois dias, acho que não me vão custar horrores e até me pode fazer bem. Só me enerva a ideia do Zé, em cada muda de fralda, despir o miúdo todo. Com sorte, ao fim de dois dias a fazer isso, talvez se torne mais prático e eu tenha uma bela surpresa no regresso. Ah, e não quero morrer no avião. Até já.

Quero! (gosto de ambos os modelitos)

segunda-feira, agosto 13, 2012

Contra factos

Toda a família do Zé acha que o Rodrigo é igual a ele. Pelo meio da histeria toda de terem a certeza disso, lá alguém se lembra de dizer que o menino tem os meus pés, as minhas mãos e os meus cotovelos. Uau, lá arranjaram maneira de eu também ficar consoladita. E ainda não olharam com atenção para os tornozelos do puto. Aposto que são também iguais aos meus.
Aqui que ninguém nos ouve, confesso que não me melindra dizerem que o baby é igual ao pai (o meu filho é lindo e o Zé também), o que me agasta é acharem que eu fico melindrada com isso e arranjarem partes parvas do corpo para dizerem que também tem coisas minhas. E mais, aqui que ninguém nos ouve, devo dizer-vos que o Rodrigo, do pai, tem apenas os olhos e as orelhas. O resto é todo mãe. Eu acho. Um dia destes ganho coragem e posto aqui fotos dos três para me darem a vossa opinião. Vou tentar pôr umas sem cotovelos, pés e mãos, para não ficar melindrada.

domingo, agosto 12, 2012

De regresso

Que fim de semana de loucos, mas maravilhoso. O Rodrigo esteve pela primeira vez em contacto com bicharada do campo e adorou. Cabras, bois e galinhas ali sempre à mão de semear alegraram-lhe os dias. Esteve espectacular com pessoas estranhas, deu beijinhos a todas, mas permanece muito focado nos números. Não apenas nos algarismos em si. Apesar de não falar, já os sabe fazer com os dedos e então dou com ele a contar com os dedos tudo e mais alguma coisa. Olha para as estrelas e começa a fazer isso, à mesa conta quantas pessoas estão sentadas, se num desenho ou livro aparece alguma imagem repetida também começa logo a dar aos dedos e agora também o faz enquanto adormece, não sei se conta os meus passos. Lá terei de dizer à médica, apesar de não estar muito assustada com isso, a verdade é que a toma da risperidona tinha como objectivo acalmar essas manias e não quero de todo negligenciar estas mudanças.
De resto, tenta dizer cada vez mais coisas, embora não consiga, anda muito mais feliz e percebe cada vez mais o que lhe dizemos. Parece-me que teremos agora de trabalhar mais a sua autonomia, pois faz poucas coisas sozinho. Qualquer dia tem barba e ainda lhe dou comer à boca e o embalo para adormecer! Ah, estivemos muito bem no campo, mas foi de loucos porque foi extremamente cansativo. No fim, e apesar de ter a sensação que regressei sem costas, braços e pernas, valeu a pena o passeio e o Rodrigo ficou a conhecer uma catrefada de primos. Tantos!

quarta-feira, agosto 08, 2012

Isto está bonito

É o que dá não fazer exercício. Ando cheia de dores musculares só de andar com o Rodrigo no mar, vejam bem como ando enferrujada. Têm sido dias maravilhosos. Estava mesmo a precisar disto. Aliás, nem tinha noção do quanto precisava disto. Ainda tenho mais dois dias de praia e depois fim de semana de campo, com porcos, galinhas e a bela da cabidela. O Rodrigo vai adorar a bicharada!

terça-feira, agosto 07, 2012

Conclusão ao fim do segundo dia de férias

Os dias são pequenos para tudo o que quero comer.

segunda-feira, agosto 06, 2012

Férias? Quais férias?

Esta semana não vou trabalhar. Não se pode dizer que esteja de férias, até porque na verdade daqui a três semanas estou no olho da rua, mas sempre dá para sair um pouco da rotina do casa/trabalho. Ó meu deus, que estou eu para aqui a dizer que essa rotina me vai fazer tanta falta? Enfim, isto não sabe de todo a férias, apesar de estar a ir desde sábado à praia. Toalha? Deitada na toalha? Não sei o que isso é. O Rodrigo tem estado impecável, sem birras, feliz, mas sempre a saltitar de um lado para o outro. Eu sei, é normal, mas cansa. Ainda por cima hoje achei que era boa ideia queimar um pouco a barriga e troquei o fato de banho pelo biquini. Resultado: maminhas sempre a espreitar para fora, cueca toda enfiada no rabo, o Rodrigo a achar que era boa ideia puxar os atilhos da parte de baixo, enfim, fosse eu magra e jeitosa e tinham-me enfiado notas no biquini. Agora estou aqui feita papa espraiada no sofá a desmaiar um bocadinho. Amanhã há mais... mas levo fato de banho.

quinta-feira, agosto 02, 2012

Tchan Tchan Tchan... Tchan

Como prometido, como consegui que Rodrigo esquecesse números do microondas (papel e fita cola a tapar o visor. Estou farta de me queimar porque agora aqueço tudo a olho, mas tá-se bem)

terça-feira, julho 31, 2012

Nova missão

Conseguir que o Rodrigo adormeça sem que eu tenha de ter vestido o mesmo casaco. Primeiro: o mesmo precisa de ir para lavar que já tresanda; segundo: com este calor tenho a sensação que estou na sauna e desconfio que o desfalecimento que sinto ao fim de meia hora de embalo não é cansaço, é quebra de tensão; terceiro: será mais uma mania posta de lado. (Já consegui que esquecesse os números do microondas, amanhã mostro-vos como, que já estou deitada e o truque merece foto)

A revelação

O Zé está todo ofendido comigo porque lhe disse que quase de certeza que ele tem qualquer coisa de leve no espectro do autismo que não foi diagnosticado em criança. Isto surgiu depois de eu ter visto estas últimas notícias que dão como certo que o autismo é hereditário. Opá, de facto é inegável que o Zé tem comportamentos obssessivo-compulsivos, rotinas muito bem estipuladas, dificuldade em lidar com tudo o que sai da sua zona de conforto e alguns problemas de interacção social. Andava caladinha a pensar isto só para mim quando a minha sogra me diz o seguinte: "Sabes que o Zé quando era pequenino riscava os livros todos. A professora até falou comigo, preocupada com o comportamento. Quer dizer, ele fazia aquilo porque esteve muito tempo para nascer, foi um parto muito complicado, percebes?". Não, não percebo o que é que uma coisa tem a ver com a outra. E nesse momento fez-se luz na minha cabeça, coloquei a última peça do puzzle: o Zé tinha mesmo qualquer coisa relacionada com o autismo. E há dois dias disse-lhe o que achava. Ficou passado, disse-me que não quer mais conversas sobre isso, mas eu acho que ele lá no fundo sabe que eu tenho razão.

segunda-feira, julho 30, 2012

E já ando uma lástima

Não consigo controlar-me. Amanhã é o último dia de escola do Rodrigo. Eu já ando num pranto, assustada com a ideia do que ele vai passar no novo estabelecimento. Eu sei que muitas vezes eles nos surpreendem (e quantas vezes este já me surpreendeu!) mas não consigo esquecer o tempo interminável que o Rodrigo levou para se adaptar este ano à creche. Deixava-o lá a chorar e quando o ia buscar a chorar estava. Andou nisto meses, ao ponto de às tantas nem querer sair de casa ao fim de semana com medo que o fôssemos pôr na creche. Agora que até já entra na sala dele pelo próprio pé, vai começar tudo outra vez. Ainda por cima numa escola enorme. Eu sei que vai ser apenas uma questão de tempo, mas e conseguir acalmar-me? E estas lágrimas parvas que de quando em quando vão caindo? E as saudades que vou ter das educadoras que foram como mães para ele? Xiiii, que isto não está fácil.

sábado, julho 28, 2012

A minha sogra

Só mesmo ela para ter a certeza que os calcanhares do Rodrigo são iguais aos do filho dela. Os calcanhares?

sexta-feira, julho 27, 2012

Bug

Eu que gosto tanto de saber de que parte do Mundo me andam a ler e agora o sitemeter aparece-me a dobrar no blogue e parece ter bloqueado. Humpf! Quer dizer, não ganho o euromilhões e ainda levo com bugs que não consigo resolver neste meu cantinho cibernáutico. Bom, uma coisa boa aconteceu. Andava há dias doida à procura de um fato de banho muito espectacular do Rodrigo e nada. Hoje lembrei-me: Epá, espera lá. A Rosário andou a arrumar roupeiros e lembro-me de ela me ter dito que tinha tirado as coisas que o menino já não vestia para o saco das doações. Pois a Rosário entendeu que o meu filho já não usava aquele fato de banho giríssimo da Imaginarium, que custa os olhos da cara, e que até dá para pôr umas boias para não se afundar em mares mais revoltos. E lá estava ele, liiiindo de morrer. Ora vejam:

quarta-feira, julho 25, 2012

Balanço da risperidona

Ao fim de cerca de uma semana a fazer medicação notam-se algumas diferenças no comportamento do Rodrigo. As obsessões estão mais calmas (não desapareceram, mas varia mais de brincadeiras e de interesses) e a irritabilidade e os níveis de frustração estão bem mais pacíficos, tanto que não tem tido acessos de raiva nem birras descontroladas. Coincidência ou não, deu o tal pulo na fala de que dei conta no anterior post. Para adormecer também está melhor, embora o faça ainda tarde para a idade dele (23 h). Hoje, por exemplo, não consegui pô-lo na cama nem por nada. Adormeceu como habitualmente no meu colo e mal o pousava na cama dele acordava. Está a dormir no sofá. Tadinho, tão pequenino, tão longe ainda das discussões conjugais, e já dorme no sofá.

terça-feira, julho 24, 2012

E comecemos pelas novidades boas

O Rodrigo está a dizer cada vez mais coisas, depois dos sons de quase todos os animais e do "mamã" e "papá" que não se cansa de repetir enquanto aponta para nós, saiu-lhe um "pau" para pedir pão e "U-i-u" para dizer Rodrigo. Um show e uma evolução maravilhosa que me está a compensar nesta fase menos boa que atravesso a nível profissional. Entretanto, a festa...
Pois que correu muito bem e foi muito linda. Os convidados estavam convocados para as quatro da tarde, mas como se tratava de um piquenique e como tinha medo de depois não ter mesa de merendas livre, saí de casa logo pela hora de almoço com a toalha, um pacote de Ice Tea e alguns brinquedos estragados e fui ao parque montar o estenderete falso numa das mesas desocupadas. O piquenique também se poderia fazer na relva, mas não estava a ver os meus sogros e os meus pais sentados no chão, por isso dei uma de batoteira, como aquelas pessoas nos aldeamentos de férias que põem o despertador às seis da manhã para irem sorrateiramente pôr as toalhas a reservar as melhores espreguiçadeiras da piscina comum. Enfim, dei uma de espertalhona e fiz isso. Depois foi à grande, com tudo o que um belo de um piquenique tem direito, como croquetes, rissóis, frango assado e bolinhos. Os miúdos fartaram-se de correr e o Rodrigo esteve impecável, a afastar-se dos pais tranquilamente pela mão de primos que só tinha visto uma vez ou duas, muito independente e bem comportado. O momento alto, o do bolo, é que podia ter sido mais perfeito. Eu, que levei os últimos meses a ensinar o Rodrigo a soprar a vela, com êxito, não me ocorreu que fazendo a festa ao ar livre muito dificilmente haveria chama para apagar. Pois é, o vento não deixou, mas o miúdo soprou na mesma que o Rodrigo já mostrou que não é cá menino para virar costas às dificuldades. E assim festejou os três anos de idade. (Aos que ainda não me acompanhavam na altura do nascimento, procurem no arquivo do blog o meu texto sobre esse lindo e ao mesmo tempo triste momento - penso que está em Agosto de 2009).

segunda-feira, julho 23, 2012

Amanhã há mais

Estou estafada. Negociações na empresa para a minha saída já arrancaram e ainda estou a recuperar do dia de anos do Rodrigo, festa foi no sábado. Correu tudo bem. Amanhã conto tudo, que hoje não posso com os dedos. E há uma novidade boa!

Uma boa semana para todos.

domingo, julho 22, 2012

quinta-feira, julho 19, 2012

De quem se fala

Como se nada fosse

Amanhã lá irei fechar mais uma edição da revista para ir para as bancas como se nada fosse, como se não estivesse com um pé na rua à espera que a burocracia me dê ordem de soltura e me obrigue a enfrentar um novo percurso. Ó vida que consegues ser tão boa e tão punitiva ao mesmo tempo.

quarta-feira, julho 18, 2012

Eu bem que queria descentralizar...

Sempre disse que quando tivesse um filho não quereria ser eu a fazer tudo e que iria delegar metade das tarefas ao pai. A verdade é que dou por mim a centralizar a maioria das rotinas relacionadas com o Rodrigo e sinto-me bem com isso. Como é que eu hei de dizer isto sem chocar o público masculino? Hum... O Zé é muito prestável, atencioso e gosta de ajudar, mas caramba, os homens são muito lentos e não pensam muito para a frente. Todos os minutos são importantes e se não se é prático... está-se a perder uma vida inteira. Ou seja, acabo eu por mudar fraldas, dar banho, comida e adormecer, porque faço tudo isso de olhos fechados, ganhando tempo precioso. Posso dar alguns exemplos:
- para mudar a fralda ao Rodrigo o Zé tira-lhe os sapatos, as meias, as calças, tudo! Gasta metade de um pacote de toalhetes por causa de um inofensivo cocó e demora horas nesta operação, com o miúdo, que já não é muito cooperativo, a passar-se por estar a perder tanto tempo de brincadeira.
- se para mudar a fralda o pai faz isto, podem imaginar no banho. Mas aqui nem é apenas o tempo que demora, mas também o facto de enfiar o miúdo na banheira sem deixar nada preparado. Ora eu, que supostamente estava no meu período de relax, tenho de andar ali tipo moça de recados a ouvir: "trazes-me a toalha? Sabes do par desta meia? Em que gaveta arrumas os pijamas?". Argh!
- para dar de comer vai buscar sempre uma colher muito grande que nem cabe na boca do Rodrigo, ou muito pequena que está para ali a dar comida durante três horas, e a cada colherada agarra no guardanapo para lhe limpar a boca.
- quase na hora de deitar o Zé entende que aquela é a melhor altura para estimular o miúdo com risadas e brincadeiras histéricas e é rara a noite em que a polícia, eu, não tem de dizer "opá ó Zé pára com isso, estás a excitá-lo, quero ver se ele fica molinho". Depois lá vou eu embalá-lo, porque mais uma vez acho que o faço mais rápido.

Sou horrível não sou? Epá, mas há coisas que prefiro ser eu a fazer por ser mesmo mais rápida. O Zé acaba por ajudar-me em outras coisas e não é por mudar menos fraldas ou dar menos banhos que gostam mais ou menos um do outro. Eu sei, eu é que me lixo não é? Mas não quero saber, quando preciso também vou à minha vida e lá ficam os dois, com o Zé a fazer tudo à maneira dele, mas sem me enervar, porque não estou lá. Verdade seja dita, nesses dias o miúdo deita-se às tantas porque não há quem recorde ao pai que antes de dormir as brincadeiras devem ser brandas, mas tem sempre o rabinho imaculado, a fralda direitinha, a boca a reluzir, o risco ao lado irrepreensível e as unhas dos pés cortadas.

terça-feira, julho 17, 2012

A minha loja favorita é online

Quem tem miúdos sabe o ritmo alucinante a que eles crescem. Compramos uma t-shirt mais à justa e no fim da estação já parecem o José Malhoa ou o Abrunhosa, com aquelas camisolas muito agarradinhas ao corpo, em mau. As calças passam a corsários e os sapatos encarquilham-lhes os dedos. Há roupas lindas para as crianças, mas algumas custam os olhos da cara e verdade seja dita custa um bocadinho dar trinta euros por uma peça que só servirá para três meses. Por outro lado, os miúdos sujam-se por dar cá aquela palha e convém ter o roupeiro minimamente apetrechado. Bom, isto para dizer que um dos meus sítios de eleição para vestir o Rodrigo é no site da Vertbaudet. Adoro! A roupa tem qualidade, é divertida (o que nem sempre é fácil nas colecções para rapaz) e é barata. Volta não volta faço as minhas encomendas e aproveito sempre os saldos e as promoções.
Estes são a próxima aquisição. São ou não são um mimo por apenas sete euros? Ah pois são.

segunda-feira, julho 16, 2012

A festa dos três anos

Antes de arrancar para o que me traz aqui hoje, devo contar-vos que as duas fraldas resultaram, mas as dicas deixadas são muito boas. Vou tentar o resguardo da cama e a fralda tamanho acima, neste caso o cinco, ele está com doze quilos.

Entretanto mal tenho tido tempo para pensar na festa de aniversário do Rodrigo, que faz três anos (xiça, já) no próximo sábado. A questão é que está muita gente fora, de férias, e não vai ser uma party de arromba, mas vai ser feliz. A ideia é fazer um piquenique num dos parques do concelho. É ar livre, os putos não nos partem a casa toda e é mais barato. O único inconveniente que antevejo é não conseguir falar muito com os convidados, porque estarei atrás do Rodrigo a caminhar de um lado para o outro do parque nos locais mais out, como valas, cercas, e caixotes de lixo. Eh eh, tadinho, desde que ele se divirta! Três anos são obra, por isso, venha de lá a festa, mesmo com poucos amiguinhos.

domingo, julho 15, 2012

Coincidência?

A minha mãe já me tinha dito que o Rodrigo fica sempre doente ao domingo. É verdade, é sempre ao domingo. Hoje lá está com febre outra vez, as babas, o ranho. E depois o Zé lembrou-se de uma coisa. O Rodrigo fica sempre doente no dia em que de manhã o vamos buscar à cama e está todo mijado, colchão, pijama, tudo. É que ao sábado ele nunca faz a sesta e por causa disso adormece a horas normais. Ao contrário dos dias de creche, em que só adormece por volta das onze porque dorme sempre à tarde, ao sábado está na cama às vezes ainda não são nove. Nestes dias, a fralda, pelos vistos, não aguenta tantas horas e o puto acorda todo molhado, com o xixi a sair fora. Mas não tem jeito acordá-lo a meio da noite para a muda, pois não? Hoje adormeceu cedo outra vez e optei por pôr-lhe duas fraldas, a ver se assim contenho o fluxo. A febre é que ninguém lha tira e está-me cá a parecer que o Rodrigo ainda vai precisar de mim durante a noite. Vou é tentar adormecer já, não vá passar a noite em branco. Amanhã digo-vos se a dupla fralda resulta.

sexta-feira, julho 13, 2012

Adeus Rosário

A minha empregada não morreu, graças a deus está de perfeita saúde e com a mesma inconveniência de sempre. Eu é que tive de dispensá-la. Parecendo que não, e nesta situação de quase desemprego que atravesso, cento e poucos euros todos os meses fazem a diferença.
Mas a diferença não é só a do dinheiro. Ó meu deus, que a senhora só não vem há uma semana e a minha casa está um caos. Na cozinha a coisa ainda se vai orientando, mas e a roupa senhores, a roupa?? O Zé ontem perguntava-me se eu queria que ele pusesse uma máquina a fazer e eu dei por mim a soltar um enorme NÃO aos berros, como se ele me estivesse a perguntar se eu queria levar com facas no meio da tola. A verdade é que a ideia de aumentar ainda mais a roupa que está para passar a ferro deixa-me assim, histérica. Hoje já tive alguma dificuldade em encontrar roupa lavada para o miúdo, lá encontrei umas calças, tadinho, um pouco quentes para a estação é certo, mas lindas e lavadas e passadas.
A casa tem pó, a casa de banho precisa de ser limpa e de toalhas novas, as camas precisam de ser feitas de lavado... Ai Rosário que me faz tanta falta. Ai Rodrigo querido que és muito lindo, mas isto de te deitares às onze da noite rebenta comigo. Ai que vou ter de dormir rápido rápido que amanhã acorda-se cedo e há uma revista para fechar e pôr nas bancas para que a empresa tenha dinheirinho para me pagar a indemnização.

quarta-feira, julho 11, 2012

Mais uma decisão a tomar

Antes de mais, dizer que ainda não se sentem os efeitos do remédio no Rodrigo, mas hoje também foi apenas a segunda noite, penso que o efeito não se sentirá assim do dia para a noite.

Entretanto, hoje eu e o Zé tivemos de tomar mais uma decisão que pode ser fundamental para o futuro do nosso filho. Isto porque nos ligaram do agrupamento de escolas aqui do concelho a dizerem que o Rodrigo tem vaga numa escola que pusemos como terceira opção, por ser daquelas muito grandes. Mas explicaram-nos que é ali que funciona a unidade de apoio ao ensino especial, sendo mais fácil acompanhá-lo. Por outro lado, é um estabelecimento que tem já o primeiro ciclo, ou seja, evitamos que daqui a uns anos o miúdo passe outra vez pelo processo se adaptação a uma outra escola, com tudo o que as mudanças implicam para quem tem PEA.
As nossas primeiras opções recaíram sobre unidades mais pequenas, mais familiares, para que estivesse garantido um maior e melhor apoio. Mas a coordenadora diz-me que nesta escola grande o jardim de infância está separado e que o Rodrigo é factor redutor de turma, ou seja, a sala onde ele ficar não poderá ter mais de vinte crianças. Assim sendo, e obrigados a tomar uma decisão, optámos por aceitar a proposta, até porque os tempos não estão para brincadeiras e ter esta vaga na rede pública com todos os apoios garantidos é uma dádiva. Espero ter feito a escolha certa e espero atinar com a educadora dele, que estou desejosa de conhecer.
Futura senhora que vais cuidar do meu filho, tu livra-te de seres daquelas que já não pode ver criancinhas à frente, que está mais preocupada com as unhas do que em brincar com os putos, ou que é educadora de infância porque sim, ouviste? Tu livra-te.

terça-feira, julho 10, 2012

Uma ajuda do tamanho de uma colher de café

A poucos dias de completar três anos, o Rodrigo começou a ser medicado para o autismo. Um novo dado que me deixou muito assustada, mas que se for para ele ficar melhor e mais feliz, que se lixe o meu estado de pânico.
Na última semana o meu filho tem intensificado as suas obsessões (números e letras) e como resultado aumentaram também os seus níveis de frustração, ansiedade e irritabilidade. As birras, como já aqui vos relatei, estavam assustadoras e agredia-nos (também a ele mesmo) sem dó nem piedade, descontrolando-se numa questão de segundos.
Hoje, na consulta de desenvolvimento do hospital de Santa Maria, lá veio a solução: risperidona. Um antipsicótico recentemente aprovado para o tratamento de sintomas do autismo e que o Rodrigo começou hoje a tomar. O objectivo é essencialmente acalmar as obsessões e a agressividade. Para já, estamos com uma dose mínima (0,25ml) e só estamos a dar-lhe à noite. Durante esta semana teremos de ver como ele reage e rezar para que a dose não tenha de ser aumentada. Em aberto fica ainda a hipótese de vir a tomar também de manhã, mas isso apenas acontecerá se mais para a frente se verificar o agravamento das obsessões, ao ponto de ele não se interessar por mais nada. A verdade é que apesar dos números e das letras ocuparem grande parte das brincadeiras do Rodrigo, ele brinca com outras coisas e diverte-se.
Entretanto já andei mergulhada na net para saber mais sobre este medicamento e há estudos e relatos muito positivos. Entristece-me a ideia de ele ficar dependente de um remédio para estar mais feliz, agrada-me a ideia de ele estar mais feliz. Ponto. E neste caso os meios justificam o fim. Ele precisa de ajuda. E esta noite já lhe comecei a dar... uma ajuda que tem nome de espirro e o tamanho de uma colher de café.

segunda-feira, julho 09, 2012

A festa da escola

Foi a primeira. A festa de final do ano da creche do Rodrigo. Fui eu, o Zé, os avos todos e só não foram os tios que não podiam. Em punho máquina de filmar, a fotográfica e ainda iPhone para completar. As máquinas despachei-as todas para a família, para ficar livre para o que se ia passar. Tempo ameno, tudo preparado ao ar livre para a entrada dos miúdos, eu toda risonha em pulgas para que tudo começasse. E começou. Arrancou a música do eu sou um pinguim, e mal avistei os miúdos do berçário desatei num pranto que se manteve fluido até ao fim. Acho mesmo que ganhei o prémio da mãe mais chorona, com o grande pico da parvoíce pegada a atingir o auge quando vi o Rodrigo a encabeçar a fila da sua sala vestido de golfinho. Xiça, foi mesmo emocionante e ele portou-se tão bem. Juntou-se ainda a algumas coreografias dos amiguinhos e esteve sempre feliz. Quando a festa terminou, eu de nariz vermelho mas já composta, dou de caras com a educadora do Rodrigo... e começou tudo outra vez. Mais uma rodada de lágrimas e fungos com ela a desmanchar-se também. De maneiras que foi isto. Para o ano nova escola, ai ai.

domingo, julho 08, 2012

Resulta

Não sei se é só Melamil, mas Rodrigo tem adormecido que nem um anjo. Hoje então esteve fantástico, também durante o dia, sem birras de maior. E que bom é vê-lo feliz.

Amanhã conto como foi festa do fim da creche. Ui, ui.

quinta-feira, julho 05, 2012

Acabei de viver um dos momentos mais angustiantes e assustadores com o Rodrigo. Não consigo parar de chorar e ainda tremo. Na hora de ir dormir, eram cerca das nove e meia, fez uma birra ENORME e ficou descontrolado como nunca o vi. Bateu-me, gritou, lutou literalmente comigo, enquanto eu tentava acalmá-lo, mas sem êxito. Não queria colo, não queria chão, não queria ir para a cama, não queria ficar sozinho e andou nisto perto de meia hora. A atirar-se a tudo o que encontrava à frente, enquanto gritava para todo o bairro ouvir. Só consegui acalmá-lo junto aos números do microondas. A verdade é que está cada vez mais obcecado com números e letras, tanto que a médica já disse que provavelmente teremos de dar-lhe medicação em breve para atenuar estas obsessões. E foi a única forma de parar com o inesperado e monstruoso ataque de nervos. Consegui dar-lhe leite morno para acalmar mais um pouco e perto das onze virei-me para ele com o coração aos pulos com medo de desencadear outra crise e perguntei-lhe estendendo-lhe os braços: "Rodrigo, vamos fazer o oó?" Ele retribuiu-me os braços, aceitou o colo e ainda a caminho do quarto adormeceu. Assim. Adormeceu de cansaço, acho, tal foi a energia que pôs na birra de hoje. Que alívio não ter passado por tudo outra vez. E que nervos eu e o pai ainda temos depois de termos vivenciado isto.
Entretanto, a partir de amanhã vamos começar a dar-lhe umas gotas para adormecer melhor. O remédio é natural, chama-se Melamil e é para dar quatro gotas antes de deitar durante um mês. Vamos ver se resulta. Nunca tinha ouvido falar.
Ah, e escusado será dizer que estou já numa angústia enorme por causa da hora de dormir amanhã. Mas eu sei que os bebés sentem, por isso terei de ter muita calma e segurança.

terça-feira, julho 03, 2012

O diagnóstico

"Não sei". Esta foi a resposta da pediatra (uma querida e em quem confio) face aos sinais que o Rodrigo tem manifestado. A médica diz que de facto o miúdo pode apanhar constipações, viroses e gastroentrites de quinze em quinze dias e que as babas podem ser a forma do corpo dele dizer: "Estou ou vou ficar doente". Ela descartou totalmente as hipóteses de alergia, intolerância a algum alimento ou outra doença associada a estes sintomas. A verdade é que sem medicação, e passados dois dias de febre e algumas babas, o Rodrigo está novamente bem. O conselho dela no final? "Façam muita praia com ele, é a única coisa que vos posso dizer tendo em conta que, à partida, ele possa estar a apanhar tantas doenças por ter as defesas um pouco em baixo". De modo que é isto, praia com ele. Por acaso já tenho saudades de andar ali pelo areal de rabo para o ar, a apanhar escaldões nas costas, e a rezar para que nenhuma das minhas maminhas me salte de fora com tanta descompostura maternal.

domingo, julho 01, 2012

Outra vez...

As babas, a febre... Ainda bem que terça há pediatra. Vou pedir-lhe análises mais pormenorizadas ao Rodrigo, de quinze em quinze dias tenho o miúdo com este quadro clínico.

quarta-feira, junho 27, 2012

Eu bem tento contrariar...

...mas estou tão deprê. Ainda pensei duas vezes se hoje viria postar alguma coisa, tal é a energia negativa, mas caramba, isto também tem de ser para os maus momentos, como nos casamentos. E a verdade é que ninguém tem vidas perfeitas. A minha não é.
Por um lado, saber que estou com um pé fora do emprego, mas ter de continuar a ir, a trabalhar, a dar o litro, a aborrecer-me e a decidir num projecto que sinto que já não é o meu, que já não me pertence, até que a burocracia fique toda tratada. Sei que estou no despedimento colectivo e o raio da carta que me permite avançar com tudo e seguir a minha vida não chega ao correio. E isto aborrece-me, ando enervada.
Por outro lado, é o Rodrigo, que anda super irritável, voltou àquelas coisas de me bater, morder, espernear, atirar-se para o chão, não me deixar mudar-lhe a fralda, dar banho... Enfim, mal acorda começa a fazer birras na cama sem eu perceber o porquê. E isso angustia-me. Quero que ele seja feliz, que ande a rir, e que não ande neste disparate de se enervar até com o meu respirar.
E por isto estou assim em baixo, a tentar animar-me e desejosa que cheguem os melhores dias. Eles vão chegar.

segunda-feira, junho 25, 2012

Dia não

A vida é mesmo complicada. No mês em que o Rodrigo começa a despontar na fala, perco o emprego. Tal e qual. Ao fim de doze anos de carreira, seis naquela casa, estou desempregada.
E agora já posso dizer. Estava como editora da revista VIP. Fui incluída numa lista de despedimento colectivo para redução de custos e hoje comunicaram-me a decisão. Estou triste. Gostava do que fazia, do projecto. Ainda esta semana, foi com muito orgulho que fiz aquela capa, cheia de pica, cheia de motivação. Mas a vida é isto, tal como na moda: one day you're in, one day you're out. E estou out. Agora é fazer o luto e seguir com a bola para a frente, contrariando a crise. É procurar até encontrar. E, como fadista que sou, ter esperança no destino.

domingo, junho 24, 2012

Pergunta de invejosa

Como é que estas gajas dão à luz como eu dei e passado um mês não é nada com elas e nem barriga têm? Vi eu com estes olhos. Como? Eu já fui mãe há quase três anos e ainda estou a recuperar! Não é justo pá.

sexta-feira, junho 22, 2012

O descanso da guerreira

Estão a ver um oito? Estão a ver as minhas costas? São a mesma coisa.
O Rodrigo andou a semana toda a vomitar durante a noite. Como não dava conta de absolutamente nada, continuando descansada nos meus sonhos enquanto o miúdo no quarto ao lado vivia um pesadelo sozinho, decidi que o melhor era mudar-me para o quarto dele. Até aqui tudo muito bem, não se tivesse dado o caso de ter planeado muito mal as coisas. Eu diria antes, não se tivesse dado o caso de não ter planeado nada. Resumindo, a história é a seguinte: no quarto dele há uma cama de grades onde ele habitualmente dorme e um sofá cama. Sei que com tantos vómitos e mau estar o Rodrigo acabou no sofá (que por estar fechado só dava mesmo para ele) e eu fiquei sem sítio para fazer a sentinela. Ainda olhei para a camita de grades, mas passou-me logo a parvoíce. Ele, naquele meio sono, olho aberto, olho fechado, estava preparado para desatar num berreiro e a vomitar se eu ousasse qualquer movimento mais brusco. Então olhem, dormi no chão, assim, à maluca, a recordar os tempos em que tinha 17 anos e ia acampar sem colchão. Com a diferença que agora tenho 35! Uma diferença suficiente para andar aqui com as costas feitas num 8, já que estamos nesta de números. Nas noites seguintes já montei o sofá cama e lá fiquei. Mas não há nada como a nossa caminha. Hoje já estou de regresso a ela, a desfrutar, e as cruzes agradecem.

Bom fim de semana. Sugestão para programa familiar: open day na Tapada de Mafra amanhã. Tudo grátis e muita animação no meio da bicharada. Eu vou!

quinta-feira, junho 21, 2012

Coisas sobre despensas e a falta que elas fazem

(post que surge depois do assunto vir à baila no meu trabalho)

A minha casa não tem despensa. Tem uma sala muito linda, roupeiros enoooormes que a Rosário adora organizar (eh eh), uma varanda com vista larga, churrasqueira, uma cozinha catita, lareira, vizinhas lésbicas que são um mimo porque não fazem barulho, boas áreas... mas não tem despensa. E a falta que ela me faz. Parece que agora virou moda as casas não terem despensa e confesso que quando a comprei não me preocupei muito com isso. Aliás, quando a comprei estava muito naquela fase de me preocupar apenas com o quarto de casal, com a cama, os espelhos no quarto, a roupa de cama... Bem, acho que já se percebeu onde é que eu estava focada. Acontece que actualmente a inexistência dessa divisão me transtorna. As especiarias, massas, arrozes, enlatados e afins estão arrumados nos armários da cozinha, tudo bem, mas a tábua de passar a ferro, o próprio do ferro, os alguidares, as esfregonas, vassouras, os baldes e o aspirador andam por aí ao deus dará, em sítios que não lembram a ninguém, a estragar-me o raio da decoração hippie chic. Tudo porque não tenho a porra de uma despensa para enfiar com tudo lá para dentro. Já experimentei um móvel exterior na varanda, mas as intempéries aqui da zona oeste rebentaram com ele. De modos que ando assim, revoltada, enervada, agastada, com esta coisa de não ter despensa, de não ter o meu cantinho secreto da bagunça. É tábua atrás da porta do quarto, ferro em cima do móvel, a roupa para passar anda sempre à vista, o aspirador vive no roupeiro lado a lado com lençóis e toalhas de casa de banho, e na varanda a minha magnífica e esplendorosa churrasqueira convive contrariada com as esfregonas, o desentupidor e as vassouras. Olha que coisa mais linda! Então mas isto tem algum jeito senhores construtores?

quarta-feira, junho 20, 2012

A minha empregada

A Rosário é indispensável cá em casa. Não há dúvidas quanto a isso e acredito que se ela não existisse a minha vida doméstica seria um caos. Mas como em tudo, tem o seu lado mau. A Rosário, como é que eu hei de dizer isto sem ser injusta? A Rosário é, digamos, espevitada.
Decidiu que tem de arrumar os roupeiros, é de louvar, garanto-vos. Mas é ela quem decide o que já não uso e coloca em sacos e, tchan tchan, leva-os para o lixo. Assim, sem me consultar, sem me ligar, sem me dar cavaco. O Zé um dia destes veio a casa enquanto ela cá estava nessas "limpezas" e deu com um desses sacos prontos para ir para o lixo. Como estava de saída ofereceu-se para o levar. Já na rua espreitou-o e deu com um saco de praia meu, QUE EU USO, mas que a Rosário provavelmente achou que estava fora de moda, e com a protecção para a chuva que se põe no carrinho de bebé! FOGO! O que é que tem ido nos sacos?
Outra. Gosto de fazer puzzles, daqueles com muitas peças, difíceis. Passei um sábado inteiro a fazer um em cima da mesa de jantar e deixei-o ali, a poucas peças de terminar. Pois a Rosário achou que aquilo se faz seguindo uma numeração invisível que tem atrás de cada peça e escangalhou-o todo. Quando cheguei a casa tinha a mesa incrivelmente reluzente e todo o meu trabalho amontoado num cantinho como que a dizer-me "menina Ana, quando acaba de brincar arruma tudo outra vez que isto assim é uma grande bandalheira" FOGO!
Enfim, é uma senhora que é capaz do pior e do melhor. Como o melhor dela me dá um jeito do caraças nesta altura vou continuar a recebê-la com um sorriso como que a implorar-lhe "nunca ache minha senhora que as minhas jóias estão demodé e que as minhas fotografias estão desfocadas. Please."