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sábado, setembro 15, 2012

Uma fracção de segundo

Estava a ficar frio para mais um mergulho no mar como o Rodrigo me pedia. Para evitar outra ida à água, avisei-o de que iríamos começar a arrumar as coisas para irmos para casa, tarefa que ele adora e acompanha atentamente aguardando ansioso pela altura de arrumar o chapéu de sol (uma das suas actuais obsessões, chapéus abertos e fechados). Antes de conseguir pôr o guarda sol dentro do saco, ainda o abri e fechei duas vezes, para alegria dele. Não fosse isso e minutos antes já estaríamos a caminho de casa. Depois, bem, depois seguiu-se a lenta caminhada para o carro, com rituais que ele em apenas dois dias de ida à praia definiu muito bem. Pede-me colo sempre nos mesmos sítios do percurso, calça os chinelos sempre no mesmo degrau, repete gestos, brincadeiras e chegamos ao carro. Paro numa bomba para comprar cigarros. Não fosse isso e minutos antes já estaríamos a caminho de casa. Prosseguimos, com ele atento à janela a apontar para os sítios de sempre: o moinho que roda, os portões das garagens abertos, os fechados, as luzes que estão apagadas, as que estão acesas... e pumba, mesmo à chegada a casa, levo com um maluco esgroviado pela esquerda, que não respeitou sinais e veio chocar contra nós (Rodrigo assustou-se com o embate mas nem chorou e ninguém se magoou). E desde então não consigo deixar de pensar naquele segundo e da forma como o meu percurso e o daquele casal se encaixaram matematicamente para naquela fracção se dar o embate numa estrada quase fantasma, sem movimento. Felizmente foi só chapa.

2 comentários:

Sexinho disse...

Respira; já passou!

Sun disse...

Esse anjo da guarda anda aí... mas que susto!