Em todos os jardins hei-he florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.
Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.
Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.
Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens. »
Sophia de Mello Breyner Andresen
1944
1 comentário:
No comments yet, como assim??
Ou será que depois desta grande poetisa apenas resta o silêncio?
Tive de partilhar este soneto convosco, caros ouvintes.
Acontece-me muitas vezes ficar embasbacada perante um enorme talento como o da Sophia e outros. E continuarei em partilha.
Enviar um comentário