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sexta-feira, setembro 30, 2005

Os vampiros

No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas

São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei

Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada

Zeca Afonso

10 comentários:

último! disse...

Realmente esta musica de intervenção começa outra vez a fazer sentido!!!

Boa Gui
;)

Rui Borges disse...

Sem dúvida sergonov...

Adiantemos o ciclo das estações...

'Ergue-te ó Sol de Verão / Somos nós os teus cantores /
Da matinal canção / Ouvem-se já os rumores /
Ouvem-se já os clamores / Ouvem-se já os tambores'

QZ disse...

Bonito Gui!

Um grande senhor do aintifascismo...o Trovador da liberdade...descança em paz Zeca!

Anónimo disse...

Um grande abraço para o Zeca. Que tanta falta nos faz.

QZ disse...

porra desculpa lá ó zeca...leia-se "antifascismo" e "descansa"...

Anónimo disse...

publiquem
"Epigrafe para a arte de furtar"
Zeca Afonso também cantou outro grande português: Jorge de Sena !!

petisquem destes quatro versos:

"Roubam-me a voz
quando me calo
ou o silêncio
mesmo se falo"

Rui Borges disse...

Jorge de sena era um incapaz.
Desculpa Odiana...
Sena, Um cobarde.
Foragido da Pátria quando ela mais dele necesitava.
Como agora.
Todos são poucos.
Detesto-o.
Com a barriga cheia todos podem tecer a teia da crítica, aguardando que as incautas moscas do desassossego se aproximem.
Detesto-o.
E ponto.

Rui Borges disse...

Peço desculpa pelo tom do meu último comentário.
Não seria um incapaz decerto.
E eu estava do avesso quando escrevi, decerto.
Uma boa semana para todos.

Leididi disse...

Grande Zeca, sim senhora!Não há por aí outro com o mesmo espírito e talento, não?É que vinha mesmo a calhar!

Anónimo disse...

"Como pode um homem carregado de filhos e sem fortuna alguma ser poeta neste tempo de filhos só da puta ou só de putas sem filhos?"
Jorge de Sena,40 anos de Servidão Edições 70,15/6/1964.
Lobo, como pode o "lamento de um pai de familia" ser escrito por um cobarde? Fiquei perplexa e sem perceber se o teu segundo comentário ao menos anula o primeiro, que é suficientemente baixo para não ser de tua autoria.
Tão cedo não seguirei os teus avessos passos. Tinha-te em melhor conta.