- Zé do Pipo desatarraxa o doce aroma da rolha e contagia-se pelo sabor a efluir do garrafão enorme. Não consegue lembrar-se da receita de bacalhau que inventou, mas espera que Baltazar Cardoso, o amigo ébrio folião do momento, dela se recorde no meio das memórias daquela vez em que foi mordido pela cascavel, história que já contou mil vezes.
- Aos fins das tardes, Dom Hipopótamo bocejava de cada vez que pensava em todas as coisas inúteis que havia para fazer. Ficava invadido pelo tédio até terminar o expediente do problema de pensar e ia tranquilamente ressonar para casa.
- O marco do correio nunca chegou a receber as ardentes cartas de amor que Firmino Miguel todas as noites murmurava para o papel. Mil cartas tantas vezes imaginadas, à procura do verbo certo...; escrevia por necessidade, não por inspiração. As palavras saíam-lhe em prata, ricas de gritos mudos sorrisos e nunca chegariam ao ouvido de Filomena.
- Fui plantada como as outras por um bando de crianças ruidosas da escola C+S do Pendão. Estes miúdos agora não estudam os nomes dos rios nem sabem de botânica, de modo que nem sei a que espécie arbórea pertenço. Daqui a um ano, no próximo Dia da Árvore, hão-de andar novamente noutros centímetros de concelhia, a posar para as fotos do Jornal da Região.
- Naquela filial suburbana do gigante Finantropus, os funcionários esperam todas as manhãs a comezinha energia despendida em pequenas coisas úteis, o poder amealhar as pequenas metas de fácil realização. Mas o que realmente lhes faz esfregar as mãos de contentes é verem entrar a Dona Esperança, prestes a fazer mais um depósito a prazo sem desconfiar que o capital é de risco.
- Eu sou um guardador de rebanhos e os meus pensamentos são todos sensações. O resto já leram; de meu nome Alberto Caeiro não descendo nem por sombras do Pessoa, e se acordo nas manhãs de corpo deitado realista não é por ser pessimista, mas por Ter este espaço vazio no lugar do coração e saber chorar sem lágrimas.
- Na mesma época em que começou a aprender a dançar, sentiu essa redoma sobre si, como uma insónia a respirar por cima da noite. Madalena aguardou que a arte retirasse esse feitiço egoísta que houvera lançado sobre si para poder bailar ao contrário dos ponteiros do relógio.
- Pedro Predestinado quis ser também um poeta quando descobriu que todas as palavras que se escreveram cabem num raio de sol. E calculou que dez minutos de meditação valessem mais que dois minutos de conversa. Cheio de imagens muitas criou uma vontade solitária à espera de uma musa. E concluiu que a espera é uma palavra sem fim em qualquer boca e que a maior parte das palavras demoram a dizer. Por isso deixou-se de lérias e foi à tasca do Manel mastigar um licor Beirão.
- E o amor respondeu-lhe: « Ficarias espantado com o que a distância pode fazer-me...». «Porquê? Não tens as pernas compridas, amor?», retorquiu-lhe. Porém o segredo é não fazer mais perguntas ao amor, é deixar que ele responda se souber e lhe aprouver.
- Senhores e Senhoras, Meninos e meninas, acerquem-se ao terreno da fogueira das vaidades!! Por apenas uns soldos vejam arder os autênticos paus de dois bicos, cintos de castidade com chaves triplas e emoções de tectos falsos. É obrigatória a visita das tendas onde poderão pôr um olho no burro e outro no cigano, dar uma no cravo e outra na ferradura... e ainda assistir ao nosso mágico a distrair atenções com lenços de várias cores e a dizer «nada na manga».
- Quem ri por último é um prato que se serve frio.
Espaço sobre tudo e mais alguma coisa, que isto de ter cantinhos muito específicozinhos sobre coisinhas pode ser, vá, esquisito
Visitas
sábado, maio 28, 2005
segunda-feira, maio 23, 2005
Uma leonina a dar os parabéns a lampiões só podia dar isto...
Eu sou do Sporting, mas garanto que não tenho mau perder. A sério! Parabéns a todos os benfiquistas. Principalmente para os milhares que foram festejar o título para o Marquês de Pombal. Aquilo é que era alegria! Mas só um aparte, quando o Sporting foi campeão os festejos foram feitos no Marquês por causa de uma coisa que está lá e que se chama leão. Ok? Símbolo do clube leonino. Os benfiquistas têm de arranjar uma águia aí num sítio qualquer para não andarem a fazer figurinhas junto a um símbolo que nada lhes diz. A verdade é que a festa aí correu tão bem, que ainda não era meia-noite e a rotunda já estava às moscas.
Bom, mas a verdade é que estou hoje a escrever para dar os parabéns a todos os benfiquistas. Principalmente aos magotes que ontem à noite encheram a Segunda Circular, com cachecóis, buzinadelas, e cantorias bem mais engraçadas que as papoilas saltitantes (já cansava). Mas era escusada tanta batidela. Ó lampiões, é assim tão difícil apertar a buzina e conduzir ao mesmo tempo sem bater no carro da frente?
Bom, mas isso também não interessa. Na Luz é que a festa estava mesmo bonita. Sete horas, sem tirar nem pôr. Sete horas à espera da chegada dos jogadores enquanto uns tipos que ninguém conhece iam cantando algumas coisas em palco. Uma verdadeira euforia tendo em conta a quantidade de pessoas que já dormia nos assentos. O mesmo palco que passadas todas aquelas horas recebeu, um por um, os craques da bola. E mais uma vez os benfiquistas estiveram de parabéns ao invadirem fanaticamente o campo e obrigando à corrida desenfreada de toda a equipa do Benfica em direcção ao túnel de acesso aos balneários. Confesso que nunca tinha visto uma fuga tão louca dos próprios adeptos do clube. E mais uma sugestão: em vez de terem atirado t-shirt’s e outras coisas sem importância do autocarro panorâmico que ia dando cabo de toda a sinalização da cidade, os jogadores deviam ter atirado aos adeptos trompetes, amplificadores e harmónicas. Pois estes parece que, na altura da invasão de campo, para além de terem satisfeito a vontade de estrangular Nuno Gomes, Ricardo Rocha e Trapattoni (vá-se lá saber porquê) decidiram ainda roubar instrumentos e aparelhagens que estavam junto ao palco. E animação que é animação não passa sem umas boas lambadas e pontapés entre adeptos do mesmo clube.
Assim é que é! E assim é que foi!
Parabéns ao Benfica que, sinceramente, não merece mais de metade daqueles que se dizem simpatizantes do clube.
Bom, mas a verdade é que estou hoje a escrever para dar os parabéns a todos os benfiquistas. Principalmente aos magotes que ontem à noite encheram a Segunda Circular, com cachecóis, buzinadelas, e cantorias bem mais engraçadas que as papoilas saltitantes (já cansava). Mas era escusada tanta batidela. Ó lampiões, é assim tão difícil apertar a buzina e conduzir ao mesmo tempo sem bater no carro da frente?
Bom, mas isso também não interessa. Na Luz é que a festa estava mesmo bonita. Sete horas, sem tirar nem pôr. Sete horas à espera da chegada dos jogadores enquanto uns tipos que ninguém conhece iam cantando algumas coisas em palco. Uma verdadeira euforia tendo em conta a quantidade de pessoas que já dormia nos assentos. O mesmo palco que passadas todas aquelas horas recebeu, um por um, os craques da bola. E mais uma vez os benfiquistas estiveram de parabéns ao invadirem fanaticamente o campo e obrigando à corrida desenfreada de toda a equipa do Benfica em direcção ao túnel de acesso aos balneários. Confesso que nunca tinha visto uma fuga tão louca dos próprios adeptos do clube. E mais uma sugestão: em vez de terem atirado t-shirt’s e outras coisas sem importância do autocarro panorâmico que ia dando cabo de toda a sinalização da cidade, os jogadores deviam ter atirado aos adeptos trompetes, amplificadores e harmónicas. Pois estes parece que, na altura da invasão de campo, para além de terem satisfeito a vontade de estrangular Nuno Gomes, Ricardo Rocha e Trapattoni (vá-se lá saber porquê) decidiram ainda roubar instrumentos e aparelhagens que estavam junto ao palco. E animação que é animação não passa sem umas boas lambadas e pontapés entre adeptos do mesmo clube.
Assim é que é! E assim é que foi!
Parabéns ao Benfica que, sinceramente, não merece mais de metade daqueles que se dizem simpatizantes do clube.
sexta-feira, maio 20, 2005
Na vida, como no futebol, umas vezes ganha-se outras perde-se
Sei que o título acima escolhido fala duma verdade mais que evidente... mas não é à toa que este blog se chama "coisas que tal" (o nome em si foi muito bem imaginado pela Ana e agradou-me a escolha por não pretender significar nada).
E neste tal e coisas de ir deixando escapar o verbo, nos apercebemos átomos. A vida é muito rápida. Ainda ontem entrávamos para a escola primária, ontem nos apercebíamos que tínhamos mais jeito para o desenho que para o desporto, ou mais vontade de números que de letras, ontem depois descobríamos que afinal não sabíamos muito bem para o que tínhamos jeito... ontem nos interrogávamos sobre o que é afinal essa coisa de se ter jeito para coisas que tal. A vida é muito rápida. Estamos sempre a perder e a ganhar. Em espiral ascendente; pelo menos é nisto que cremos.
Continuo a gostar do verde. Na vitória, como na derrota... e não percebo nada de futebol.
E neste tal e coisas de ir deixando escapar o verbo, nos apercebemos átomos. A vida é muito rápida. Ainda ontem entrávamos para a escola primária, ontem nos apercebíamos que tínhamos mais jeito para o desenho que para o desporto, ou mais vontade de números que de letras, ontem depois descobríamos que afinal não sabíamos muito bem para o que tínhamos jeito... ontem nos interrogávamos sobre o que é afinal essa coisa de se ter jeito para coisas que tal. A vida é muito rápida. Estamos sempre a perder e a ganhar. Em espiral ascendente; pelo menos é nisto que cremos.
Continuo a gostar do verde. Na vitória, como na derrota... e não percebo nada de futebol.
sábado, maio 14, 2005
O factor sorte
A sorte é como o raio: nunca sabe onde vai cair
A sorte bate uma vez à porta de uma pessoa
A sorte é para quem a tem, toca a quem toca
A sorte varia: hoje a favor, amanhã contraria
Sorte nasce cada manhã e já está velha ao meio-dia
.....
Concorri ao programa de televisão "Um Contra Todos". Para os que conhecem as regras do jogo: estou sentada na cadeira alta prestes a responder à 5ª pergunta e ainda tenho os trunfos todos. E o que vai acontecer será apenas uma questão de sorte!... Aproveitei o aparecer na televisão para elogiar o António Lobo Antunes - só por isso valeu a pena; e ainda posso ganhar aguns Euros, além da boa disposição.
A sorte bate uma vez à porta de uma pessoa
A sorte é para quem a tem, toca a quem toca
A sorte varia: hoje a favor, amanhã contraria
Sorte nasce cada manhã e já está velha ao meio-dia
.....
Concorri ao programa de televisão "Um Contra Todos". Para os que conhecem as regras do jogo: estou sentada na cadeira alta prestes a responder à 5ª pergunta e ainda tenho os trunfos todos. E o que vai acontecer será apenas uma questão de sorte!... Aproveitei o aparecer na televisão para elogiar o António Lobo Antunes - só por isso valeu a pena; e ainda posso ganhar aguns Euros, além da boa disposição.
terça-feira, maio 10, 2005
O amor alimenta
O amor é rico em vitaminas. Contém todos os elementos químicos da tabela periódica que se agrupam em infinitas combinações porque nunca se repete. Está presente em todos os grupos da roda dos alimentos; é fértil em proteínas e hidratos de carbono que fornecem a energia para ser consumido a qualquer momento.
O amor pode ser comido cru, e, a ser cozinhado, que o seja em lume brando para se poder saborear lentamente na planura dos momentos. O amor, quando puro, come-se à mão, sem talheres de prata já que não é carente de artifícios, não precisa de banda sonora nem de ser iluminado por velas. Para catalizador da "amorase" basta um olhar profundo que acelere o crescendo do desejo para ser ingerido sem moderação.
Com a digestão do amor surge depois o medo da intimidade... mas esse receio, como tudo o que se digere, terá a sua porta de saída, ao passo que o amor já decomposto seguirá nas veias a caminho do coração.
O amor pode ser comido cru, e, a ser cozinhado, que o seja em lume brando para se poder saborear lentamente na planura dos momentos. O amor, quando puro, come-se à mão, sem talheres de prata já que não é carente de artifícios, não precisa de banda sonora nem de ser iluminado por velas. Para catalizador da "amorase" basta um olhar profundo que acelere o crescendo do desejo para ser ingerido sem moderação.
Com a digestão do amor surge depois o medo da intimidade... mas esse receio, como tudo o que se digere, terá a sua porta de saída, ao passo que o amor já decomposto seguirá nas veias a caminho do coração.
sexta-feira, maio 06, 2005
Como contar uma boa história num só parágrafo
«(...)
Depois vinha a história de sempre. Ele encostava-se na cadeira de couro gasto, semicerrava os olhos já de si miúdos e começava a falar do avô, esse homem que lhe assegurara que há um destino nas viagens, que nos devemos permitir ao luxo da aventura enquanto a juventude vinga. «É que depois, quando a velhice começa a chegar ao coração, e isso não é quando fazemos 60 anos, não é... é quando sentimos a necessidade de nos instalarmos, aí já não vale a pena fazermo-nos à estrada». Nessa altura, começou a falar ao Pai dos aviões e ele ria-se, dizia que se o Senhor nos quisesse acima das nuvens tinha aproveitado a costela de Adão para fazer mais pássaros em vez de abençoar o mundo com a presença feminina.
(...)»
Patrícia Reis in Cruz das Almas
Para quem tem o teu coração... Obrigada por este livro. E por tudo.
Depois vinha a história de sempre. Ele encostava-se na cadeira de couro gasto, semicerrava os olhos já de si miúdos e começava a falar do avô, esse homem que lhe assegurara que há um destino nas viagens, que nos devemos permitir ao luxo da aventura enquanto a juventude vinga. «É que depois, quando a velhice começa a chegar ao coração, e isso não é quando fazemos 60 anos, não é... é quando sentimos a necessidade de nos instalarmos, aí já não vale a pena fazermo-nos à estrada». Nessa altura, começou a falar ao Pai dos aviões e ele ria-se, dizia que se o Senhor nos quisesse acima das nuvens tinha aproveitado a costela de Adão para fazer mais pássaros em vez de abençoar o mundo com a presença feminina.
(...)»
Patrícia Reis in Cruz das Almas
Para quem tem o teu coração... Obrigada por este livro. E por tudo.
terça-feira, maio 03, 2005
Parabéns Anette !!
A minha amiga Ana faz hoje 28 anos.
A minha amiga Ana é como o vinho do Porto, quanto mais velha mais apurada e cada vez mais gira.
A minha amiga Ana é um espectáculo de boa disposição e é responsável por algumas das gargalhadas mais escancaradas da minha vida.
A minha amiga Ana escreve tão bem e com tal facilidade que eu até me babo toda.
A minha amiga Ana convidou-me para escrever neste blog e eu aceitei, embora a medo.
A minha amiga Ana gosta de malabarismo e canta o fado na perfeição.
A minha amiga Ana adora o Jubi e o sentimento é correspondido.
A minha amiga Ana tem qualidades extraordinárias e defeitos medianos, num mix em tudo agradável.
A minha amiga Ana é uma pessoa especial e por mais parágrafos que escreva nunca conseguirei transmitir o que sinto.
Por isso quero desejar os parabéns à minha amiga Ana, também em nome de todos vós.
Amiga Ana, isto foi escrito à pressa mas com sentimento, afinal não podia deixar passar em branco!... Tem um grande dia!!
A minha amiga Ana é como o vinho do Porto, quanto mais velha mais apurada e cada vez mais gira.
A minha amiga Ana é um espectáculo de boa disposição e é responsável por algumas das gargalhadas mais escancaradas da minha vida.
A minha amiga Ana escreve tão bem e com tal facilidade que eu até me babo toda.
A minha amiga Ana convidou-me para escrever neste blog e eu aceitei, embora a medo.
A minha amiga Ana gosta de malabarismo e canta o fado na perfeição.
A minha amiga Ana adora o Jubi e o sentimento é correspondido.
A minha amiga Ana tem qualidades extraordinárias e defeitos medianos, num mix em tudo agradável.
A minha amiga Ana é uma pessoa especial e por mais parágrafos que escreva nunca conseguirei transmitir o que sinto.
Por isso quero desejar os parabéns à minha amiga Ana, também em nome de todos vós.
Amiga Ana, isto foi escrito à pressa mas com sentimento, afinal não podia deixar passar em branco!... Tem um grande dia!!
sábado, abril 30, 2005
Pátio do sol
É já na próxima sexta, 6 de Maio, que inaugura a cafetaria / bar "Pátio do Sol". O nome é apropriado à localização; quando se entra nos jardins da Fábrica da Pólvora em Barcarena, segue-se em frente e uma vez ultrapassado o túnel para o pátio, surge do lado esquerdo. A esplanada vai oferecer dias de sol maravilhosos com visitas ocasionais dos repuxos. A primeira exposição revela telas de Vanessa Caeiro. As noites de fim de semana aguardam-se animadas com o bar a fechar mais tarde. Preços acessíveis e comidinhas boas para picar. Dentro do balcão a simpatia dos dois proprietários: o Daniel Belbute e o Pedro Quintais, o DJ residente. Todos ao Pátio ver como é para contar como é que foi!
sexta-feira, abril 29, 2005
Blog writer's block
Às vezes nem tico nem teco, nem morto e já esgotado, o bloqueio acontece.
Às vezes, à falta de um grito se espanta um rebanho.
Às vezes, à falta de um grito se espanta um rebanho.
segunda-feira, abril 25, 2005
Isto tudo a propósito da Revolução
Os órgãos de informação são totalmente controlados pelo poder político e outros lobbies. Liberaliza-se o comércio de combustíveis para bem da concorrência e o que assistimos é que de cada vez que vamos à bomba pagamos mais pelo litro. Existe cada vez mais oferta de produtos, mas a maior parte são importados e os que são nossos são produzidos por dois ou três grandes grupos que tudo controlam. Já podemos entregar as nossas declarações de IRS pela Internet, mas cada vez nos limitam mais aquilo que podemos descontar. Fomentamos a livre escolha da opção à vida e o Vaticano elege Ratzinger como papa. Dizem-nos que Portugal precisa cada vez mais de crianças, mas as que existem ficam desprotegidas ao sabor de interesses maiores (Casa Pia). Gritam-nos para usarmos com orgulho um cravo ao peito, mas para o comprarmos numa qualquer florista de rua, ficamos sem dinheiro para comprar três carcaças.
Têm a certeza que o 25 de Abril já aconteceu? Belisquem-me.
Têm a certeza que o 25 de Abril já aconteceu? Belisquem-me.
sábado, abril 23, 2005
O mendigo no quadro
Os outros quadros eram todos de paisagens. Todos tinham molduras bem trabalhadas. O único com o elemento humano era o quadro do mendigo, emoldurado a creme sujo com fios de talha acobreada. O mendigo ocupava toda a altura da tela, um velho triste de barba cinzenta e chapéu de aba, gabardine e botas rotas. Chovia míudinho e todo o passeio brilhava de humidade, o mendigo segurava um jornal, tendo o rafeiro às manchas por companhia. O quadro sobreviveu a várias mudanças de casa e agora não sei onde pára. O mendigo desceu do quadro, atravessou o passeio, depois a estrada e levou com um eléctrico, como o Gaudí. Procuraram-lhe a identidade nos bolsos; encontraram uma beata, alfinetes, dois cotos de vela, os cordões das botas, uma folha de jornal rasgada, três nozes e um canivete.
quarta-feira, abril 20, 2005
O 403º passageiro
Tu que abriste mesmo agora esta página és o nosso quadringentésimo terceiro visitante. Verifica sff do lado esquerdo do ecrã. Se és o/a tal, conta-nos quem és, como nos concursos da televisão: nome, idade, localidade, profissão. E também como na canção: a paz, o pão, habitação, saúde, educação.
Este título foi difícil, ó 403; entre quatrocentagésimo e quadracentésimo, o amigo Google lá deu a resposta à busca quatrocentos ordinal.
Probabilidades e estatística:
Coisas que tal tem uma média de 21 visitantes por dia, que se demoram uma média de 4'59''. Hoje estiveram 19, na semana passada 149. Obrigadinhas.
Este título foi difícil, ó 403; entre quatrocentagésimo e quadracentésimo, o amigo Google lá deu a resposta à busca quatrocentos ordinal.
Probabilidades e estatística:
Coisas que tal tem uma média de 21 visitantes por dia, que se demoram uma média de 4'59''. Hoje estiveram 19, na semana passada 149. Obrigadinhas.
terça-feira, abril 19, 2005
Mamas para que vos quero
Mais um argumento para a fogueira do machismo reinante em pleno século XXI:
Acontece que nos filmes e séries em geral, e nos publicitários em particular, o corpo da mulher é mostrado em larga escala.
Quando aparece a bolinha vermelha no ecrã a prometer um filme erótico, já sabemos que vamos ver pernas, braços, nádegas.... de mulher... e, claro, mamas com fartura! E até nos instantes finais, o gemido de prazer se solta da boca da fêmea, enquanto somos presenteadas com o costado do par em questão. (presume-se que gostou muito muito, a atitude certa a ter num macho que se preze).
No último anúncio do Mégane, carro que já de si tem uma traseira proeminente, aparecem imensos cus a rebolar alegremente. De homem apenas um, a pedalar em cima de um selim com uns daqueles calções de lycra pretos, extremamente sexy.
Será que estas bem pagas e brilhantes mentes pensam que o corpo do homem não vende? Ou será que para conseguir um lugar de director criativo é preciso ser homem e nunca pensar na prespectiva feminina?
Exigimos rabiosques bem torneados em ecrãs e outdoors. E sem calções de lycra, por favor!
Acontece que nos filmes e séries em geral, e nos publicitários em particular, o corpo da mulher é mostrado em larga escala.
Quando aparece a bolinha vermelha no ecrã a prometer um filme erótico, já sabemos que vamos ver pernas, braços, nádegas.... de mulher... e, claro, mamas com fartura! E até nos instantes finais, o gemido de prazer se solta da boca da fêmea, enquanto somos presenteadas com o costado do par em questão. (presume-se que gostou muito muito, a atitude certa a ter num macho que se preze).
No último anúncio do Mégane, carro que já de si tem uma traseira proeminente, aparecem imensos cus a rebolar alegremente. De homem apenas um, a pedalar em cima de um selim com uns daqueles calções de lycra pretos, extremamente sexy.
Será que estas bem pagas e brilhantes mentes pensam que o corpo do homem não vende? Ou será que para conseguir um lugar de director criativo é preciso ser homem e nunca pensar na prespectiva feminina?
Exigimos rabiosques bem torneados em ecrãs e outdoors. E sem calções de lycra, por favor!
sábado, abril 16, 2005
Romance e pornografia
Um estudo de ontem veio dizer que os homens continuam a ser mais adeptos da pornografia e as mulheres do romance. Estou a começar a ficar farta destes clichés que nos põem a nós, mulheres, como umas coitadinhas que ainda acreditamos em príncipes encantados em cima de um cavalo branco, e colocam os homens num patamar que na verdade é muito mais realista. Porque afinal o que todos todos nós procuramos é prazer...e se for porco ainda melhor. Eu continuo a achar que o grande problema destes estudos é não me perguntarem nada a mim e às minhas amigas.
Podia estar aqui horas a falar sobre isto, mas tenho de ir...parece-me que vi passar um cavalo branco lá em baixo.
Podia estar aqui horas a falar sobre isto, mas tenho de ir...parece-me que vi passar um cavalo branco lá em baixo.
sexta-feira, abril 15, 2005
Mudemos de assunto
«Andas aí a partir corações
como quem parte um baralho de cartas
cartas de amor
escrevi-te eu tantas
às tantas, aos poucos
eu fui percebendo
às tantas eu lá fui tacteando
às cegas eu lá fui conseguindo
às cegas eu lá fui abrindo os olhos
E nos teus olhos como espelhos partidos
quis inventar uma outra narrativa
até que um ai me chegou aos ouvidos
e era só eu a vogar à deriva
e um animal sempre foge do fogo
e mal eu gritei: fogo!
mal eu gritei: água!
que morro de sede
achei-me encostado à parede
gritando: Livrai-me da sede!
e o mar inteiro entrou na minha casa
E nos teus olhos inundados do mar
eu naveguei contra minha vontade
mas deixa lá, que este barco a viajar
há-de chegar à gare da sua cidade
e ao desembarque a terra será mais firme
há quem afirme
há quem assegure
que é depois da vida
que à gente encontra a paz prometida
por mim marquei-lhe encontro na vida
marquei-lhe encontro ao fim da tempestade
Da tempestade, o que se teve em comum
é aquilo que nos separa depois
e os barcos passam a ser um e um
onde uma vez quiseram quase ser dois
e a tempestade deixa o mar encrespado
por isso cuidado
mesmo muito cuidado
que é frágil o pano
que enfuna as velas do desengano
que nos empurra em novo oceano
frágil e resistente ao mesmo tempo
Mas isto é um canto
e não um lamento
já disse o que sinto
agora façamos o ponto
e mudemos de assunto
sim?»
Sérgio Godinho
--------------
Foi assim que o Sérgio acabou ontem o espectáculo "Troca por Troca". Um gran finale num concerto completamente inesperado. Muito bom. Não desvendo o alinhamento pois estará ainda dias 15,21,22,23,28,29 e 30 no Jardim de Inverno do teatro São Luiz sempre às 23:30. Com dois "gauleses" na banda: o Zé Vilão e o Nuno Rafael. Recomendável a fãs e não fãs.
como quem parte um baralho de cartas
cartas de amor
escrevi-te eu tantas
às tantas, aos poucos
eu fui percebendo
às tantas eu lá fui tacteando
às cegas eu lá fui conseguindo
às cegas eu lá fui abrindo os olhos
E nos teus olhos como espelhos partidos
quis inventar uma outra narrativa
até que um ai me chegou aos ouvidos
e era só eu a vogar à deriva
e um animal sempre foge do fogo
e mal eu gritei: fogo!
mal eu gritei: água!
que morro de sede
achei-me encostado à parede
gritando: Livrai-me da sede!
e o mar inteiro entrou na minha casa
E nos teus olhos inundados do mar
eu naveguei contra minha vontade
mas deixa lá, que este barco a viajar
há-de chegar à gare da sua cidade
e ao desembarque a terra será mais firme
há quem afirme
há quem assegure
que é depois da vida
que à gente encontra a paz prometida
por mim marquei-lhe encontro na vida
marquei-lhe encontro ao fim da tempestade
Da tempestade, o que se teve em comum
é aquilo que nos separa depois
e os barcos passam a ser um e um
onde uma vez quiseram quase ser dois
e a tempestade deixa o mar encrespado
por isso cuidado
mesmo muito cuidado
que é frágil o pano
que enfuna as velas do desengano
que nos empurra em novo oceano
frágil e resistente ao mesmo tempo
Mas isto é um canto
e não um lamento
já disse o que sinto
agora façamos o ponto
e mudemos de assunto
sim?»
Sérgio Godinho
--------------
Foi assim que o Sérgio acabou ontem o espectáculo "Troca por Troca". Um gran finale num concerto completamente inesperado. Muito bom. Não desvendo o alinhamento pois estará ainda dias 15,21,22,23,28,29 e 30 no Jardim de Inverno do teatro São Luiz sempre às 23:30. Com dois "gauleses" na banda: o Zé Vilão e o Nuno Rafael. Recomendável a fãs e não fãs.
quinta-feira, abril 14, 2005
Regras de trânsito para peões
Agora que finalmente me inscrevi na carta de condução e sei que vou ter de aprender um monte de regras novas de circulação, tenho pensado bastante no porquê da enorme sinistralidade nas estradas portuguesas. E se eu vou ter que saber as leis na ponta da língua para poder passar no exame de código, assim aconteceu com todos os condutores. O problema português, penso eu, deve-se não ao desconhecimento das regras mas sim ao desrespeito pelo semelhante, à falta de civismo deste povo. Porque as pessoas não cumprem os princípios mais elementares de educação para bem viver em sociedade. Recordo então modelos bem simples e que não são cumpridos muitas vezes no dia-a-dia. A saber:
1) Escarrar no passeio é nojento, da mesma forma que, quando se está "indoors" é desagradável sentir os barulhos da gosma dos outros pronta a explodir.
2) Na rua também se atravessa pela esquerda, assim como nas passadeiras e escadas rolantes, sem entupir a passagem dos outros e sem encontrões nem sacos a bater nas pernas.
3) Poluição sonora é evitável. Nesta categoria incluem-se as pessoas que berram ao telemóvel e as que (des)conversam aos gritos incomodando os outros passageiros (excluem-se as crianças a sair em bando da escola, mas só até ao secundário).
4) Banho é essencial. A lavagem assídua da roupa também. É muito chato ter que levar com o mau odor e a caspa dos outros.
5) Nos transportes quando se abre uma porta primeiro saiem os passageiros que o desejarem e só depois entram os outros que estão estacionados na gare.
6) As unhas dos pés e das mãos cortam-se em casa. Também a maquilhagem se faz na casa de banho assim como a depilação das sobrancelhas. Os macacos deverão permanecer no nariz até estarmos sozinhos.
7) O lixo guarda-se para deitar no próximo caixote. (excepção para as beatas que não se podem guardar no bolso ou na mala, com o risco de se poder comprometer o ponto nº 4).
8) Os transportes públicos não se chamam públicos à toa. O espaço não é todo nosso, senão chamar-se-iam privados.
9) A palavra "outros" aparece em quase todos os pontos. Porque não vivemos sozinhos....
1) Escarrar no passeio é nojento, da mesma forma que, quando se está "indoors" é desagradável sentir os barulhos da gosma dos outros pronta a explodir.
2) Na rua também se atravessa pela esquerda, assim como nas passadeiras e escadas rolantes, sem entupir a passagem dos outros e sem encontrões nem sacos a bater nas pernas.
3) Poluição sonora é evitável. Nesta categoria incluem-se as pessoas que berram ao telemóvel e as que (des)conversam aos gritos incomodando os outros passageiros (excluem-se as crianças a sair em bando da escola, mas só até ao secundário).
4) Banho é essencial. A lavagem assídua da roupa também. É muito chato ter que levar com o mau odor e a caspa dos outros.
5) Nos transportes quando se abre uma porta primeiro saiem os passageiros que o desejarem e só depois entram os outros que estão estacionados na gare.
6) As unhas dos pés e das mãos cortam-se em casa. Também a maquilhagem se faz na casa de banho assim como a depilação das sobrancelhas. Os macacos deverão permanecer no nariz até estarmos sozinhos.
7) O lixo guarda-se para deitar no próximo caixote. (excepção para as beatas que não se podem guardar no bolso ou na mala, com o risco de se poder comprometer o ponto nº 4).
8) Os transportes públicos não se chamam públicos à toa. O espaço não é todo nosso, senão chamar-se-iam privados.
9) A palavra "outros" aparece em quase todos os pontos. Porque não vivemos sozinhos....
Qual spa, qual carapuça!
Não há melhor exercício para pôr os músculos do corpo todo a mexer que uma boa sessão de sexo. Revitaliza corpo e mente tal como o Red Bull. Além disso, os fluidos sexuais libertam substâncias altamente benéficas para a pele e não existe melhor exfoliante que uma barba rija.
Quais máscaras de argila, banhos de algas, massagens ayurvédicas!... Sexo é bom e recomenda-se.
Quais máscaras de argila, banhos de algas, massagens ayurvédicas!... Sexo é bom e recomenda-se.
segunda-feira, abril 11, 2005
Desaparecimento
As ovelhas telecomandadas que andavam sempre ao pé da minha casa desapareceram.
Se alguém tiver alguma pista do seu paradeiro é favor contactar este blog.
Elas são iguais às outras e, por isso, não vos posso ajudar com características particulares que permitam uma identificação mais correcta - género vestiam um fato de treino azul, calçavam havainas, e sofriam de perturbações mentais.
Um dia destes em que esteve mais frio vi um senhora já velhota (uma velha mesmo, deixemo-nos de falsos moralismos, a mulher tava mais com um pé prá cova do que eu com o cabelo liso) que tinha um casaco de lã às costas. Ia jurar que era pura lã, lã virgem, cruelmente retirada de uma das ovelhas desaparecidas. Mas não tinha provas... nada pude fazer. Mas como a mim ninguém me cala virei-me para a velha e disse-lhe: «Não tem vergonha? Vá-se confessar!!».
Verdade, verdadinha, desde esse dia nunca mais fez frio. Das ovelhas...nem sinal. Então já viram lá a minha vida?!
Se alguém tiver alguma pista do seu paradeiro é favor contactar este blog.
Elas são iguais às outras e, por isso, não vos posso ajudar com características particulares que permitam uma identificação mais correcta - género vestiam um fato de treino azul, calçavam havainas, e sofriam de perturbações mentais.
Um dia destes em que esteve mais frio vi um senhora já velhota (uma velha mesmo, deixemo-nos de falsos moralismos, a mulher tava mais com um pé prá cova do que eu com o cabelo liso) que tinha um casaco de lã às costas. Ia jurar que era pura lã, lã virgem, cruelmente retirada de uma das ovelhas desaparecidas. Mas não tinha provas... nada pude fazer. Mas como a mim ninguém me cala virei-me para a velha e disse-lhe: «Não tem vergonha? Vá-se confessar!!».
Verdade, verdadinha, desde esse dia nunca mais fez frio. Das ovelhas...nem sinal. Então já viram lá a minha vida?!
quinta-feira, abril 07, 2005
Em Abril
Abril águas mil ou coadas por um funil.
Abril chuvoso, Maio ventoso e Junho amoroso fazem o ano formoso.
Em Abril vai a velha onde há-de ir e a tua casa vem dormir.
Abril frio e molhado enche o celeiro e farta o gado.
Em Abril dá a velha a filha por pão a quem lha pedir.
Em Abril sai a bicha do covil.
Abril águas mil e em Maio três ou quatro.
Moral da história:
em Abril farta-se de chover mas isso é bom; a velha anda numa azáfama e não tem celeiro nem gado; há que ter cuidado com as bichas senão em Maio já são três ou quatro.
Abril chuvoso, Maio ventoso e Junho amoroso fazem o ano formoso.
Em Abril vai a velha onde há-de ir e a tua casa vem dormir.
Abril frio e molhado enche o celeiro e farta o gado.
Em Abril dá a velha a filha por pão a quem lha pedir.
Em Abril sai a bicha do covil.
Abril águas mil e em Maio três ou quatro.
Moral da história:
em Abril farta-se de chover mas isso é bom; a velha anda numa azáfama e não tem celeiro nem gado; há que ter cuidado com as bichas senão em Maio já são três ou quatro.
terça-feira, abril 05, 2005
Pequenas manias
Não sei se o mesmo se passa com outras pessoas: eu tenho a mania das listas. Qualquer papel me serve, seja uma folha branca pronta na impressora ou um guardanapo de café. Listas das coisas mais diversas desde tarefas laborais, presentes para oferecer, poupar x para comprar y, listas em que os ítens começam por "arrumar", enfim de tudo um pouco. Escusado será dizer que nunca executo tudo, nem quando vou ao supermercado. Tenho plena consciência de que são tempo perdido, as minhas listas, mas continuo a fazê-las.
Pronto, já confessei uma pequena/grande mania.
Desafio-vos a contar as vossas.
Pronto, já confessei uma pequena/grande mania.
Desafio-vos a contar as vossas.
Subscrever:
Mensagens (Atom)