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segunda-feira, outubro 29, 2012

As manias dele mudam com ele

Quando o Rodrigo começou com a obsessão dos números imaginei o meu futuro com isso. Caramba, quem com dois anos não conseguia dar um passo sem parar numa matrícula ou nos preços todos afixados nos supermercados, teria de ser distraído à séria no dia em que, por exemplo, casasse, para dizer o "sim" antes de se perder pelos números dos salmos.
Mas já percebi. Estas manias são intensas, provocam desequilíbrios e distúrbios, mas vão mudando. Senão vejamos: começou nas letras, passou para os números, depois para as portas, de seguida luzes acesas e luzes apagadas. Agora, embora não diga que não a uma boa porta aberta ou a uma aliciante luz apagada, está na onda de tudo o que sobe e desce. A ver: estores, telas chinesas e cintos de segurança. Só me pergunto o que virá a seguir e se as manias algum dia terão fim. Será?

sábado, outubro 27, 2012

Pesos na consciência

Os meus pais estão velhotes e cansados. E são eles que vão buscar o Rodrigo à escola para ficarem com ele das três e meia até eu ou o Zé chegarmos do trabalho. Acontece que com este meu novo emprego chego quase todos os dias mais tarde a casa, sendo que em pelo menos dois meto a chave à porta só lá para a meia-noite, uma da manhã. Quando o Zé também se atrasa, lá ficam os meus pais ate às tantas. E isso parte-me o coração. Sei que tratam dele de forma irrepreensível, mas fico com um peso na consciência enorme porque sei o quanto ficam cansados. Um dia destes ganhei coragem e disse à minha mãe que estava a pensar arranjar uma ama para ficar nesses dias com o Rodrigo. Se fosse uma pessoa em quem tivesse confiança ficava mais aliviada. Mas não, nem pensar, que disparate tão grande. A verdade é que para o ano quero que o Rodrigo fique mais tempo na escola, e aí já não serão tantas horas a dar cabo da cabeça e do corpito dos avós, mas enquanto não chega essa altura, as minhas noitadas de trabalho não têm sido nada fáceis. É uma angústia, Jesus, um peso...

quinta-feira, outubro 25, 2012

Despistagem

Vamos lá então partir para uma nova despistagem em relação ao Rodrigo, desta feita sugerida pela terapeuta da fala que o acompanha desde o fim do verão. Basicamente ela quer ter a certeza de que ele ouve e respira bem.
A verdade é que o meu filho nunca foi a um otorrinolaringologista e acedi logo em tratar disso.
Quanto à audição, juraria a pés juntos que não deverá ter qualquer problema. Ouve tudo e mais alguma coisa, o que interessa e o que não interessa. Já na parte respiratória, confesso que tenho as minhas dúvidas. De facto, como a terapeuta também já deu conta, o Rodrigo mantém o padrão de ter sempre, ou muitas vezes, a boca aberta, não respirando pelo nariz. Pode tratar-se apenas de renite, adenóides grandes ou apenas mau feitio, mas convém saber ao certo o que se passa porque poderá estar a influenciar esta questão da fala, criando-lhe dificuldades acrescidas. Agora, só espero que os exames tenham bons resultados e que não sejam dolorosos. Por favor, que não andem com tubos e coisas esquisitas ouvidos ou boca adentro. Caso contrário, não garanto que não salte do chinelo em pleno consultório enquanto ofendo o médico com o indicador em riste e com um palavrão do género: "Ó seu... ó seu... grandessíssimo otorrinolaringologista!"

terça-feira, outubro 23, 2012

Ainda não acredito...

... que o Rodrigo está mesmo a falar. Mas é assim, não é? Procura repetir algumas palavras que lhe dizemos, espontaneamente vai dizendo as que ele já sabe melhor (ainda poucas) e todos os dias aprende uma ou duas novas. É isto, não é? Daqui às frases é um instante, certo? Até começar a dizer "mamã gosto muito de ti" é um ápice, não é assim? É. E eu não podia estar mais feliz com este seu novo salto.

segunda-feira, outubro 22, 2012

Actividades extra-curriculares

Após alguma ponderação, e porque na escola pública o Rodrigo não tem tantas actividades como tinha na privada, eu e o Zé estamos decididos em inscrevê-lo na natação. Será aos sábados, se falarmos com o professor um de nós pode entrar com ele na água, e far-lhe-á um bem desgraçado. Para além de ser saudável, gostava que tivesse um corpito jeitoso, sem pança nem maminhas descaídas. Tentar não custa, certo? E ele vai adorar. Ok, também adoraria cavalos ou música, mas para já a piscina parece-nos o mais prático e indicado.

sexta-feira, outubro 19, 2012

Conclusão do dia

Tenho um filho meigo e charmoso!

quinta-feira, outubro 18, 2012

Good news

E aos três anos e três meses

O Rodrigo está MESMO a começar a falar. Cada dia uma palavrinha pequena nova. Assim, sem lhe pedirmos. Com má dicção, mas está a FALAR e a gostar. Time to celebrate!

segunda-feira, outubro 15, 2012

Bela prenda me saí

Fogo, tenho a sensação que passei o dia todo a arrumar e a limpar e vou deitar-me com a casa num caos. Rosário, volta, que me fazes tanta falta pro meu lar andar um brinquinho.
Boa semana a todos

sábado, outubro 13, 2012

Pouco a pouco...

O Rodrigo começa a imitar cada vez mais palavras. E a cada uma nova que diz, há uma grande celebração. Ele próprio já percebeu a felicidade que nos dá quando o faz, então já se junta aos festejos connosco.
No meio desta nova fase começo a aperceber-me que o problema da linguagem no caso dele não tem tanto a ver com o facto de não falar porque não quer, mas mais porque não consegue mesmo. Tenho lido que nos casos de autismo existe este atraso na fala porque os putos não sentem sequer necessidade de se exprimirem, de comunicarem. Pois o Rodrigo quer muito falar, mas não consegue. Está sempre a esforçar-se por fazer determinados sons e aquilo não lhe sai mesmo. Parece que não sabe o que fazer com a boca e a língua para consegui-lo. Diz muito bem palavras que metam o "m", "a", "p", "i", "c"... e depois, por muito que tente, é um desastre com o "j", "l", "t" ou o "é". A verdade é que, mesmo sem falar, o Rodrigo tem uma comunicação absolutamente espectacular e fico pasmada com as formas que encontra para se fazer entender.
A irritação e a frustração diminuíram drasticamente. Acredito que esteja relacionado com a toma da risperidona, mas também com o facto de perceber muito melhor o que lhe dizemos. Nessa área, acho que já lá vai o mau tempo e até arriscaria dizer que já me safei a um dos meus maiores temores: a monumental birra no meio do supermercado, com mães de miúdas com laços na cabeça e sem ranho a olharem com ar reprovador e eu a ter de arrastá-lo pelo chão ao longo do corredor dos frescos à procura de um buraco onde me esconder e de um caixote de lixo para o deitar fora.

quinta-feira, outubro 11, 2012

Balanço da primeira semana de trabalho

Sinto-me viva;
Os dias ficaram muito pequeninos para tudo o que preciso e quero fazer, o que faz com que ande a dormir seis horas (é muito pouco para mim, a minha zona de conforto são as oito horas);
Isto faz com que ande estoirada;
Já percebi que pelo menos dois dias por semana vou chegar a casa com o Rodrigo já a dormir, ossos do ofício;
Estou com o ego em forma porque, por simpatia ou não, resmas de gente que não me via há mais de um mês me disse que estou mais magra;
Os fins de semana ganham magia;
O roupeiro fica atingido por aquele vírus que parece fazer desaparecer roupa e todas as manhãs acontece o drama do "ai ai ai que não tenho nada para vestir;
Triste com o regresso à cantina da empresa, cujas refeições me angustiam a alma e me deprimem as papilas gustativas.
E tem lá alguma graça andar com as papilas deprimidas?

segunda-feira, outubro 08, 2012

Organização precisa-se

Agora que já comecei a trabalhar e que o Rodrigo já trinca coisas (ou seja, acabou-se aquela coisa de lhe enfiar com uma sopa de carne ou peixe feita pela minha mãe), tenho mesmo de me organizar para o miúdo comer pratinhos bons, variados e a horas decentes. Agora, por exemplo, já passa das onze e ainda ando de volta dos tachos para amanhã quando chegar a casa ser só aquecer. Mas não sei se terei tempo para fazer isto todos os dias e estava cá a pensar que se calhar faço é logo três ou quatro pratos diferentes e vou congelando. Será assim muito mau? É que não dá para ele comer do nosso jantar porque tanto eu como o Zé não estamos juntos à hora de jantar e raramente comemos de garfo e faca. Esta seria uma maneira mais pratica de fazer a coisa, não?

domingo, outubro 07, 2012

Já está

E pronto. Acabaram-se as férias. Amanhã regresso ao trabalho, com um novo desafio. A ver se não me esqueço de entrar com o pé direito, que tão cedo não quero passar pela experiência de estar à beira do desemprego. Irra!

sexta-feira, outubro 05, 2012

quinta-feira, outubro 04, 2012

Obrigada

Obrigada a todos pelas dicas. De facto, estamos de acordo. A sesta nesta idade é fundamental. Para a semana irei expor o meu caso à direcção da escola. A educadora entretanto sugeriu colocar umas almofadas num canto da sala para ver se ele se queria deitar, autorizei que o fizesse mas sinceramente não estou a ver o Rodrigo a adormecer rodeado de meninos a brincar na sala. Vamos ver que resposta obtenho.

quarta-feira, outubro 03, 2012

A culpa é do cocó

Estou com um problema que parece não ter solução. Passo a expor.
Na escola (pública) onde o Rodrigo anda não há cá sesta para ninguém. Os putos de quatro e cinco anos aguentam bem este andamento, o meu - o único de três anos na sala - anda derreado que dá dó. E não sei o que fazer ó mães, educadoras e gente com ideias que me lê. O problema? Um cocó que ele faz sempre ali por volta das sete da manhã e que faz com que acorde e não durma mais, desconfortável que fica até eu lhe mudar a fralda. Dormir a seguir mais uma horita (que dava) está quieto, porque na cabecita dele já é tempo é para brincar. Pois então, acorda às sete e meia, às nove está na escola e como é de calcular ali a seguir ao almoço fica cheio de sono. Eu vou buscá-lo às três e meia com ele já cheio de fome a pedir lanche. E essa é a prioridade. Chegar a casa e não chegar, comer e não comer, se o ponho a fazer a sesta, acaba por fazê-lo já pelas quatro e meia. Estão a acompanhar? Mesmo que o deixe dormir uma hora (menos é um crime e acorda super mal disposto), faz com que acorde às cinco e meia. Ou seja, nesse dia nunca adormece antes das onze, onze e meia da noite. Ora, com o cocó das sete da manhã, lá vai ele ainda com mais sono para a escola. Mesmo que o bendito cocozito só dê o ar da sua graça às oito (hora normal para o despertar), dormiu pouquíssimo. Nos últimos dias tenho optado por não pô-lo a dormir à tarde. Anda bem comigo durante a tarde, janta às oito e às oito e meia está na cama. Porque se deitou cedo, acorda às sete (com ou sem presente) e lá fica outra vez a cair de sono na escola a seguir ao almoço. Hoje a educadora até lhe tirou a febre por vê-lo tão paradito.
Para ajudar à festa, encontrei uma amiga minha aqui do concelho que optou por manter a filha dela na rede privada por ali fazerem sesta. O meu coração ainda se apertou mais. Opá, mas esta escola é mesmo boa para ele, nomeadamente em termos de apoio para as suas necessidades relacionadas com a perturbação no espectro do autismo. Também já pensei em mudar-lhe os cocós. Haverá maneira deste "despertador" tocar a outra hora?

Por que é que eu devia levar um menos na caderneta

A escola está a pedir-me há mais de um mês que leve material escolar bem definido por eles, devidamente identificado e decorado pelos pais e pela criança. Pois há um mês de férias, ainda está tudo por fazer.

Porque sou despassarada. A educadora, que já se apercebeu disso quando há dias me perguntou se tinha visto os recados dela e eu não o tinha feito porque não abri o caderno dos recados, alertou-me hoje: "mãe, não se esqueça de trazer as sapatilhas para as aulas se ginástica que vão começar". Eu pronta: "sim, já as comprei (uh, uh, já as comprei) trago-as na quarta". Silêncio. Ela: "amanhã". Pois, estava a ir tão bem e não associei que a tal quarta é amanhã.

Por andar à nora quanto ao calendário (isto de estar em casa é tramado) dei também conta tarde de mais que não faço puto ideia do fato de treino do Rodrigo. Com sorte até pode estar limpo e passado, mas desconfio que já esteja muito curto. Com ele a dormir desde as oito e meia da noite (é verdade, conto-vos amanhã como isto é possível) só poderei procurar amanhã de manhã. Em último caso, faço como fiz uma vez. Vai de pijama, daqueles bem catitas que passa bem por fato de treino. Quer dizer, passa mais ou menos, mas eu diria que só os olhares mais atentos vêem as diferenças.

Porque me esqueço sempre de levar uma muda de roupa para ficar na escola.

Porque num dia de sol o Rodrigo não levou chapéu.

Vergooooooooonha.



segunda-feira, outubro 01, 2012