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quinta-feira, abril 27, 2006

Auto-crítica

Eu reclamo que a cultura é cara mas numa noite de festança sou capaz de fumar um bilhete de cinema, jantar um livro novo, beber uma entrada para o teatro e ainda apanhar táxis que não me deixam à porta de museus.

quarta-feira, abril 26, 2006

Um presente ao final do dia!

Acordei com a mesma fome do costume, mas pão do que gosto para as torradas... nem vê-lo. Um dia longo de trabalho com o chá de cidreira ainda às voltas no estômago misturado com o fumo de um cigarro mal dormido. Pela manhã uma entrevista bem vestida, um almoço descalço e uma tarde inteira sem relógio para poder dizer que já estava na hora de ir para casa. Um carro a pedir-me gasóleo e eu sem paciência para lhe satisfazer o desejo porque o meu era maior nessa altura. Estender-me. Estender-me a comer uma omoleta sem salsa enquanto os olhos se fechavam às espera que no dia seguinte aparecesse na cozinha aquele pão que tanto gosto de esturricar pela manhã.
E eis que ainda o sol espreitava por causa dos movimentos da Terra quando num cantinho do meu jardim, entre umas heras que não se cansam de crescer todos os dias, descobri dois ninhos feitos de pormenores. Um de melro, outro de outro pássaro qualquer. O maior com quatro ovinhos, o outro com pelo menos dois. Lá estão, milagrosamente a enfeitar o meu dia feito de coisas tão pequenas e tão feias.
Não é bonito, termos dois ninhos escondidos no nosso jardim?

Testamento

Você que só ganha pra juntar
O que é que há, diz pra mim o que é que há
Você vai ver um dia em que fria você vai entrar
Por cima uma laje, em baixo a escuridão
É fogo, irmão, é fogo, irmão

(Pois é, amigo
como se dizia antigamente
o buraco é mais em baixo
e você, com todo o seu baú, vai ficar por lá
na mais total solidão
pensando à beça que não levou nada do que juntou
só o seu terno de cerimônia!
Que fossa, hein?, meu chapa, que fossa...)

Você que não pára pra pensar
Que o tempo é curto e não pára de passar
Você vai ver um dia que remorso, como é bom parar
Ver o sol se pôr ou ver o sol raiar
E desligar, e desligar

(Você, que esperança,
bolsa, títulos, capital de giro, public relations, e tome gravata!
protocolos, comenda, caviar, champanhe, e tome gravata!
o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito, e tome gravata!
E lá, um belo dia, o enfarte
ou pior ainda, o psiquiatra!)

Você que só faz usufruir
E tem mulher pra usar ou pra exibir
Você vai ver um dia em que toca você foi bulir
A mulher foi feita pro amor e pro perdão
Cai nessa, não, cai nessa, não

(Você, por exemplo, que está aí com a boneca do seu lado,
linda e chiquérrima,
crente que é o amo e senhor do material
e é aí que o distinto está muitíssimo enganado.
No mais das vezes ela anda longe,
perdida num mundo lírico e confuso,
cheio de canções, aventura e magia,
e você nem sequer toca sua alma.
É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas...)

Você que não gosta de gostar
Pra não sofrer, não sorrir e não chorar
Você vai ver um dia em que fria você vai entrar
Por cima uma laje, em baixo a escuridão,
É fogo, irmão, é fogo, irmão

...
Toquinho e Vinícius de Moraes

terça-feira, abril 25, 2006

Pensaste que eu me ficava, não?

E vem-nos à frase uma memória batida...

Hoje é o segundo dia do resto da tua vida.

segunda-feira, abril 24, 2006

Desgarrada

E vem-nos à batida uma frase da vida...

Hoje é o primeiro dia do resto da tua memória.

E vem-nos à memória uma frase batida...

Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

domingo, abril 23, 2006

No meio dos velhos

Estou metida num hotel de ingleses, holandeses e alemães que em comum têm o facto de serem velhos. Mas as coisas aqui na Madeira não se ficam por aqui. É que quando digo velhos quero dizer mesmo velhos, dos que usam bengalas, andam em cadeiras de rodas ou estão todos paralisados de um lado do corpo. Há dois dias que lhes tenho dado nos corredores uns 2bons dias" sinceros porque não tenho a certeza de no dia seguinte ainda estarão vivos.
Mas que raio de promoção se anda a fazer a esta ilha para vir cá parar tudo em final de vida? Estou a imaginar qualquer coisa como "tenha uma nova esperança, não vá para o Paraíso sem antes ter a certeza de que mesmo chéché é uma pessoa feliz. Venha ver ao vivo, na Madeira, Alberto João Jardim e perceberá que qualquer que seja o seu estado de caquetice sempre está melhor que ele!" Só pode!

sexta-feira, abril 21, 2006

Pedido de ajuda



Então não é que me mandaram três dias para a Madeira e que até já cá estou e que esta é a vista que tenho do hotel? Então mas isto faz-se, manda-se uma pessoa para a Madeira durante três dias para fazer festas e mais festas e outras festas? Que chatice, pá! Ainda por cima estão 23 graus e a vista do meu quarto é esta que estão a ver. Não se faz, pois não? Um hotel de cinco estrelas!! Está mal, muito mal. E só de pensar que ainda vou ter de estar aqui mais dois dias inteirinhos e que depois ainda ganho duas folgs até me dá vontade de esganar alguém. Bom... agora peço desculpa, vou-me deixar de queixas porque já estão à minha espera para uma daquelas espetadas horrorosas que são cozinhadas em pau de loureiro. Pior do que isto só mesmo ter de me cruzar com a equipa do Benfica que já está instalada no hotel aqui ao lado para domingo jogar com o Nacional.

Como se diz por cá:Vuivua a Muadeira!!

quarta-feira, abril 19, 2006

E depois da Páscoa

Nestes últimos dias comi tanto chocolate que estou prestes a comer-me a mim mesma.

Custou... mas foi!

Finalmente aprendi a pôr links. Para já têm novos blogs para visitar na barra do lado esquerdo mas daqui até colocar links dentro de posts é um pulinho... Afinal a coisa que tal nem é assim tão difícil, acho que era mais uma teimosia minha. Tenho sérias dificuldades com a linguagem informática, mas também com a bancária e automobilística. Costumo dizer que não sei o que é uma taxa de juro nem uma cilindrada, e nem quero saber. A mudança é resistente mas o vaso ruim pode quebrar e o burro velho pode aprender línguas... até porque daqui a uns meses vou comprar um carro e fazer um empréstimo para uma casa e não quero passar vexames em segunda mão.

.....
Já agora aproveito para dizer que o glob "Tosta Mista na chapa" é a contra informação do "Pátio do Sol" e foi criado há apenas 3 dias. Apareçam!

Medo do medo



Uma imagem vale mais que mil medos. Os meus medos são inconfessáveis.

terça-feira, abril 18, 2006

O jogo dos pânicos

O cabecilha do Para Não Estar Calado lançou-me o repto de publicar aqui os meus cinco maiores pânicos mas não vou poder entrar neste jogo. Rebenta a bolha! E posso explicar, é que para quem tem a doença de pânico, como é o meu caso, falar de medos é um assunto sem fim e melindroso. No fundo é como perguntar a um cego se gosta mais de dormir com a luz acesa ou com a luz apagada.

Mas como o Coisas que Tal não diz não a uma brincadeira, passo a vez à companheira e amiga Gui. Força aí amiga!
«
Quando as serpentes regatearem o direito a colear
e o sol fizer greve para ganhar o salário mínimo –
quando os espinhos olharem as suas rosas alarmados
e os arco-íris estiverem seguros contra a velhice

quando um tordo não puder cantar nenhuma lua nova
se todas as corujas não tiverem aprovado a sua voz
e qualquer onda assinar sobre a linha ponteada
senão um oceano é obrigado a fechar

quando o carvalho pedir licença à bétula
para criar uma bolota - os vales acusarem as suas
montanhas de terem altitude - e março
denunciar abril por sabotagem

então acreditaremos nessa incrível
humanidade inanimal (e não antes)
»
E. E. Cummings
(1894 – 1962)

segunda-feira, abril 17, 2006

Pilhas Do Caminhar. E duram, e duram...

«
Quando o PC faz log off, se desligam as televisões e se fecham as páginas de um periódico, Deus tem todo o share do mundo.
»

Bela frase esta, a do Lobo. Para lerem o texto todo caminhem até lá.

Abril dez mil

O Coisas que tal acaba de ultrapassar a bonita barreira dos dez mil visitantes. É um momento emocionante para as escribas da casa.
Grazie a tutti amici, continuem a aparecer que nós prometemos continuar a escrever.

quarta-feira, abril 12, 2006

Tinha a tampa aberta

O meu carro novo, aquele bordeaux e de estofos amarelos, não tem qualquer espécie de tranca no tampão da gasolina.
Quem me chamou a atenção para o facto foi o meu pai, preocupado por a qualquer hora e em qualquer sítio poderem roubar-me combustível. Enfim... Eu devo confessar que não acredito que alguém vá ali chupar o gasóleo e verdade, verdadinha, é um consolo não ter de andar com chaves e chavinhas para abrir uma tampa parvinha e irritante. Chego à bomba rodo a tampa, puxo, e deixo-a pendurada até abastecer. Limpinho!
Bom, isto para contar que ontem fui ao Colombo, estacionei no subterrâneo e quando voltava para casa um outro condutor ultrapassou-me e avisou-me que levava a tampa do combustível aberta.
Confesso que ao início ainda pensei que fosse um piropo, mas "tem a tampa do combustível aberta" pareceu-me uma boca demasiado rebuscada para um engate. Lá parei... e não é que tinha mesmo a tampa aberta e pendurada ainda a baloiçar de um lado para o outro? Não me roubaram gasóleo. Acreditem ou não tratou-se mesmo de uma manobra de diversão de uns parvos ou de umas parvas quaisquer que não sabiam o que fazer e então decidiram ir para o estacionamento do Colombo abrir tampas de gasóleos!!
Até já estou a imaginar... um deles a fazer a brincadeira e a esfregar as mãos de contente enquanto diz para o outro "nós somos muita malucos! Isto é que vai ser aqui uma pândega quando o condutor descobrir que leva a tampa do depósito aberta".
No dia seguinte qual é a malandrice? Colar pastilhas elásticas nos pneus? Mexer ligeiramente nos espelhos retrovisores? Não... já sei, levantar os limpa pára-brisas. Essa é demais.
Uau!

terça-feira, abril 11, 2006

Boato que tal

Oferece-se carta de recomendação a quem apresentar uma emoção verdadeira

Aconteceu em Campo de Ourique

Um dia destes, no Jardim da Parada, que fica no belo bairro de Campo de Ourique, andava um senhor a passear os dois cães que tratava por "você". Às tantas, um dos bichos chega-se mais a um grupo simpático de galinhas que andava ali pelo jardim a meter-se com os gansos e com os patos e salta logo de lá um senhor bairrista, ainda com as cartas na mão, a dizer ao dono dos cães: "Oiça, veja lá se prende o seu animal porque estas galinhas são da Junta!".

Assim é que é, a defesa do património de todos... mesmo que se tratem de galinhas e mesmo que o suposto violador desse património público seja um tipo metido a novo rico que trata duas bolas de pelo por "você".

Obrigada Torcato pelos seus bonitos relatos de um morador acérrimo do bairro de Campo de Ourique, que agora também é dos cabeças polacas.

segunda-feira, abril 03, 2006

Pés

Hoje esteve calor! Mas esteve daquele calor estúpido que em vez de alegrar, irrita.
Mulheres, vocês certamente me entendem. É que não dá ainda para andar de sandálias, mas uma pessoa morre com ténis ou botas nos pés... Um suplício! Alguém que ponha a cassete para a frente, por favor.

domingo, abril 02, 2006

Calendário

. O ano é masculino e o mês e também o dia. O Tempo é apenas um homem condicionado à semana. A mulher tem segundas-feiras de mau humor e sextas-feiras de paixão, além dos Domingos, esse território desconhecido...
. Tudo se transforma e é cíclico na Natureza. Os mares, os ventos, os equinócios, os movimentos de translação e as fases da lua. A Terra sua as suas hormonas: testosterona, a predominante, e estrogénio e progesterona à vez.
. A Lua nasce antes de o Sol se pôr. Treze luas mágicas por cada doze sóis intensos fazem um ano das nossas vidas.