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segunda-feira, novembro 26, 2012

Contra factos

Já aqui vos tinha falado das queixas da educadora por o Rodrigo "andar a bater nos meninos". Ela tem-me dito para não me preocupar, que é típico da idade, que é ele a crescer e por aí fora. Mas não tenho andado descansada.
Também reconheço que o meu filho tem um temperamento complicado, em particular com algumas crianças que querem brincar com alguma coisa que ele está a manusear. (Recorde-se que ele toma risperidona para controlar a sua agressividade). Mas ando preocupada. No fundo, não quero que ele seja uma bestinha que corra tudo ao estalo e ao murro para conseguir o que quer.
Mas hoje, ai hoje, fez-se alguma luz na minha cabecita. Esta manhã levei o Rodrigo à sala como faço todos os dias. Normalmente, deixo-o com a educadora, que está sempre à porta para lhe dar a mão e cada um segue a sua vida. Hoje a educadora não estava lá, faltou. Então fui recebida ainda no corredor pelos amiguinhos da sala do meu filho. E querem que vos diga? Não sei como sobrevivi para vos contar esta história. Em segundos investiram sobre mim e o Rodrigo (reviver esse momento, com eles a correrem na nossa direcção em slow motion é assustador). Em segundos deixei de vê-lo, fiquei em pânico, cá em cima, a ver o que se passava lá em baixo nas minhas pernas. Pensei: pronto, engoliram-me o puto. Mas não. Por um buraquinho entre dez cabeças consegui ver o meu pequenino. Foi abraçado, beijado, inquirido em altos berros ao ouvido, tenho ideia de ter visto uma das crianças a fazer-lhe um garrote por trás... e neste frenesim em redor do "peluche" que tinha chegado ainda ouvi uma pirralha de cinco anos a perguntar-lhe se ele queria colinho. Opá, não estou a exagerar na descrição, pois atentem ao que uma auxiliar que veio em nosso socorro disse: "meninos, deixem o Rodrigo respirar!" Não estava maluca. Eu compreendo que as crianças adoram bebezões, eu sei que mais não fizeram do que, à maneira delas, lhe darem as boas-vindas com manifestações evidentes de carinho. Prefiro assim do que se nenhum deles sequer reagisse à chegada do Rodrigo, mas nem oito, nem oitenta. Este "peluche", lá está, respira, sente dores quando o apertam, não gosta quando o chocalham, reage quando lhe fazem garrotes no pescoço ou o enchem de beijos sem parar. O Rodrigo, para já, não sabe defender-se disto e a maneira que encontra é dando um chega para lá. É uma situação que me preocupa, que não aprovo, mas hoje percebi que as reações dele não têm sido gratuitas. O puto sofre.

3 comentários:

gralha disse...

Já não é a primeira vez que, lendo um post teu, fico mais tranquila por ainda poder ter os meus numa creche/JI privados (IPSS). Apesar de tudo, a separação por idades é importante. Mas espero que o Rodrigo aproveite todos esses mimos, ainda que às vezes sejam tão... expansivos :)

Anette disse...

Sim gralha. Tem o lado bom e o mau.

Catarina Roque disse...

Sinceramente, acho que devia falar com a educadora do Rodrigo sobre a situação. Evidenciar que se sente feliz por o sentir tão bem recebido, mas que como o Rodrigo tem dificuldades de expressão os outros deviam dar-lhe o devido espaço.
A maioria das educadoras, do público ou privado, trata os seus meninos como filhos - sendo que muitas delas passam mais horas com os miúdos acordados que os próprios pais. Por isso, acredite que ela vai fazer por ele o melhor e que antes de dar por isso, tem o problema resolvido.