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quarta-feira, julho 29, 2009

Já sou mãe!

Mais valia ter estado calada. Pus-me a queixar disto e daquilo e toma lá. Mas vamos ao início. O post anterior foi escrito a dia 19. Dia 20, desde o final da tarde e durante toda a noite, tive umas dores do género moinhas menstruais abaixo do umbigo. No dia seguinte, a 21, e já a estranhar as tais dorzinhas não passarem, decidi ligar à minha médica. “Deve ser alguma alteração ao nível do colo do útero. Venha cá ao hospital porque temos de vigiar isso”. “Hum… pronto, mas doutora, as dores não têm regularidade e não são assim muito fortes. Eu estou em Mafra, acha mesmo que é melhor ir, é isso?”. E foi isso.
Os meus pais chegaram a minha casa para me darem o habitual almoço e lá lhes disse que tinha sido aconselhada a ir, mais uma vez, às urgências. Tomei banho, almocei peixe frito com arroz de tomate e lá fomos para mais uma trivial viagem para as urgências, a menos stressante das tantas que já tínhamos feito com perdas de líquido e de sangue pelo meio.
Já com o médico, deitei-me na marquesa para o exame ginecológico. Meteu-me o chamado bico de pato e ficou com cara de parvo a olhar lá para dentro. Perguntei-lhe o que se passava, para não me esconder nada. “Não se assuste, mas eu estou a ver aqui um pé”. Isso mesmo, um dos bebés, o que tinha pouco líquido, estava com pressa de sair e decidiu dar o ar da sua graça às 27 semanas com um pé a espreitar no meu colo. Perplexo, o médico pediu-me de imediato autorização para chamar uns colegas para ver aquilo e tirar uma fotografia ao “fenómeno” com o telemóvel. Deitada, eu mal conseguia pensar no que estava a acontecer e o meu coração pulava que nem louco ao aperceber-me que tinha chegado a hora. E a hora era definitivamente cedo demais. Eu devia estar com uma cara que o médico sentiu-se na necessidade de explicar: “Esteja descansada que não vou apanhar a cara”. Eu queria lá saber da foto, eu já só pensava que ia ser mãe naquele momento e que quando voltasse a cruzar-me com os meus pais na sala de urgências era para lhes dizer que iam ser avós.
As lágrimas escorriam-me pela cara, mas pararam na sala de partos, tal era o estado de pânico em que eu estava. Levada pela minha hipocondrice, entrei por ali dentro a dizer que tinha isto, e aquilo, ah e cuidado também que sofro disto e (a melhor) almocei peixe frito com arroz de tomate, isto não me pára a digestão?
Em trinta minutos e já com a epidural dada dava-se início à cesariana. Primeiro saiu o Tomás, o que tinha pouco líquido, com pouco mais de um quilo, depois saiu o Rodrigo, com um quilo e cem gramas. Uns ratitos lindos que ainda tive a oportunidade de espreitar quando nasceram, mas que foram logo levados para serem preparados para as incubadoras. Passadas oito horas, e enfrentando várias dificuldades respiratórias e deformações físicas, o Tomás acabou por não resistir. Passo à frente os sentimentos e as emoções que ainda agora em mim vivem e o que eu em maridão passámos a tratar de coisas tão opostas como certidões de nascimento, e de óbito, subsídios de nascimento, e funerais.
Ficou o Rodrigo. Um bebé lindo que está a reagir muito bem à vida e para o qual cada dia que passa é uma vitória. Em apenas oito dias, já respira sozinho, já faz cocó, está a ganhar peso e a única coisa que está por ultrapassar é aprender a comer sozinho. Médicos dizem que está para muito breve.
Custa muito estar em casa sem ele, mas todos os dias o Rodrigo recebe a visita dos papás no hospital, bem como boas doses de leite, que retiro de três em três horas com uma bomba. Sem estar à espera, a minha vida mudou. Sou mãe e agora só penso no dia em que o Rodrigo vai poder vir para casa. E sem dar conta, lá continuo eu a riscar os dias no calendário.

E com toda esta história, confirmei que sou mesmo uma mariquinhas do caraças. Sofri horrores com as dores da cesariana e chorei em desespero enquanto as colegas de quarto faziam mortais encarpados com os bebés equilibrados na cabeça e os analgésicos esquecidos em cima da mesa. E eu em lágrimas, a rastejar aos pés das enfermeiras para me encherem as veias de morfina e me porem a dormir. Uma fraquinha, portanto.

domingo, julho 19, 2009

Porque só damos importância às coisas quando não podemos tê-las: coisas que quero fazer quando deixar o repouso

Ir comer caracóis a uma esplanada que eu cá sei na Ericeira;
Ir comer uma mariscada a Ribamar;
Ir comer... (estou a brincar, já chega de comidas), ir com a família à Praia Fluvial de Freixo de Espada a Cinta e a uma que é não sei quê do Mato, em Abrantes;
Dar um mergulho no mar e apanhar conquilhas na maré baixa, de preferência na Ilha de Tavira;
Comprar coisas para o quarto dos babys, que estou a zeros (ui, vai ser bonito);
Arranjar a arrecadação;
Comprar um móvel de exterior para pôr as vassouras e as esfregonas que andam à solta ao pé do churrasco;
Pintar o cabelo;
Arranjar os pés;
Aproveitar um voucher que tenho para depilação definitiva;
Conduzir à maluca sem destino (saudades do volante);
Cozinhar como se não houvesse amanhã, tenho tido tantas ideias para receitas novas.

sábado, julho 18, 2009

Que dia é hoje?

Um dia igual aos outros. Zzzzzzzz.

sexta-feira, julho 17, 2009

Ui

Vamos lá ver no que dá esta brincadeira das bolachas Maria e dos Cornetos de morango. Hoje fiz a análise do açúcar e tenho medo, muito medo dos resultados, porque sei que não me tenho portado muito bem.

Para fazer o exame saí de casa e confesso que já não consigo estar muito tempo em pé ou a andar. Deve ser de estar há um mês deitada. Os ossos da bacia dóem e os putos charilas carregam-me muito a bexiga quando estou na vertical.

E pronto, já estou outra vez deitadinha, neste meu quarto catita que não me tem defraudado nestes dias de repouso. Quem também não vai certamente defraudar e que quer distância do repouso é a minha querida Boop, que após uma paragem regressa ao blog para contar as suas histórias.

E para terminar, notícias ainda melhores: babys fazem hoje as 27 semanas! Iupiii.

quinta-feira, julho 16, 2009

Gosto!

Para quem não conhece, este rapaz chama-se João Manzarra e tem sido aposta recente da SIC como apresentador. Começou por entrar no casting para o Curto Circuito, ganhou, e em pouco tempo pôs a um canto caras já conhecidas da estação.
O rapaz tem muita piada, sem ser ridículo ou inconveniente. Gosto! Tem pinta, faz-me rir e aquele sentido de humor que nos faz soltar a gargalhada no silêncio do quarto.

quarta-feira, julho 15, 2009

Os meus dias de há três semanas para cá

07.00 - Despertar para comer quatro bolachas Maria. Volto a dormir;
09.00 - Marido traz pequeno-almoço à cama, inclui sempre iogurte e pão. Volto a adormecer até às 11.30 e não torno a dormir mais durante todo o dia;
12.00- Levanto-me pela primeira vez da cama para ir tomar banho e volto a deitar-me;
13.00 - Pais ou marido entram em casa com almoço feito e chamam-me à mesa quando está tudo pronto. Como, lavo os dentes e deito-me na cama. Antes de irem às suas vidas, deixam-me ao lado da cama um saco térmico com o lanche e tudo o que preciso para esse dia, como revistas, água, remédios, telemóveis, computador...;
17.00 - Sento-me na beira da cama e lancho. Inclui sempre um iogurte e uma sandes. Volto a deitar-me;
18.30 - Como algumas bolachas Maria;
20.00 - Marido ou pais dão-me o jantar e volto a deitar-me;
22.30 - Marido traz-me à cama um chá, que bebo com algumas bolachas Maria;
24.00 - Por esta hora, já estou mais para lá do que para cá e acabo por adormecer.

As horas na cama são passadas a ler, a ver televisão e aqui no computador. Felizmente, entretenho-me sozinha com alguma facilidade.

Esta noite vou trocar as camisas de dormir e os pijamas por um vestidinho de grávida, pois o meu pai faz anos e o bolo é apagado na minha casa. Se Maomé não pode ir à montanha...

terça-feira, julho 14, 2009

segunda-feira, julho 13, 2009

Slogans que tal (PSD)

"Nunca baixamos os braços"

porque passamos a campanha aos abraços,
quer dizer não são bem abraços, é mais um encostar ao de leve acompanhado de duas pancadinhas repetidas e amistosas no ombro, para salvaguardar a devida distância.

Slogans que tal (PS)

"Juntos conseguimos"

Alto lá! A moça que aparece no cartaz, ao lado do Sócrates, pareço eu com mais uns quilos, mas não. Não emprestei direitos de imagem ao PS. E ela se calhar também não.

Prova superada

O repouso absoluto está a dar frutos. A ecografia de hoje mostrou dois putos fabulosos, a darem pontapés na cabeça um do outro e a crescerem como gente grande. Com 26 semanas, um deles já atingiu um quilo, o mais piqueno está com 900 gramas. Uns matulões, portanto. Mais feliz fiquei quando a médica disse que, para já, tudo bem com os pulmões do baby com menos líquido. Líquido esse que, apesar de ainda ser pouco, aumentou um tiquinho.

E pronto. Há lá coisa melhor do que irmos vendo o nosso esforço recompensado? DEpois de alguns minutos com o vento a tocar-me a pele, já estou de novo na toca. Mas feliz. Tão feliz.

Amanhã, segue a minha barriga.

Adenda: Varejeiras extintas.

sexta-feira, julho 10, 2009

Arghhhh

Ui, c'a nojo. Tenho a cozinha invadida por moscas varejeiras. Há dois dias que elas aparecem não se sabe bem de onde e se fazem passear alegremente pelos vidros. Juro que sou muito asseadinha, a casa é novinha em folha, não há alimentos podres pelo chão, nada disso. Fogo, de onde é que as danadinhas apareceram? E eu que não posso andar ali em pé a arrastar máquinas para lhes deitar veneno. Já incumbi marido e pai para vestirem os fatos de exterminadores e acabarem com a brincadeira. "Se for preciso desmancha-se a cozinha toda". Exagerada? Epá, é que à semelhança das baratas, estas gajas gordas com brilhos esverdeados são do mais nojentinho que para aí anda.

quinta-feira, julho 09, 2009

Como é que se fecha a torneira?

Eu bem que tento manter o espírito positivo, mas a quantidade de líquido amniótico que tenho perdido nos últimos dois dias tem sido tanto que sinceramente estranho o bebé ainda não ter dado o alarme.
E a ecografia ainda tão longe.
Acho que amanhã, que tenho consulta (iupi, vou sair de casa, sentir o sol e o vento na pele e ver pessoas e pôr sapatos), vou fazer um choradinho à médica para conseguir que ela me mande para o piso das ecografias, para ficar mais descansada. Um bocadinho mais descansada. E por mais que tente estar alegre, a minha expressão muda de cada vez que sinto a torneira a abrir sem nada poder fazer. Entretanto, estou desejosa que o dia de amanhã chegue ao fim, faço as 26 semanas. E vai mais uma.

quarta-feira, julho 08, 2009

Fica para o ano

O telefone tem tocado várias vezes desde que me encontro nestas férias prolongadas na horizontal. Convidam-me para aniversários, casamentos, jantaradas e cineminhas e eu lá declino, explicando que não posso estar nessas andanças, que estou de repouso e por aí fora.
Mas o telefonema desta manhã custou muito. Ai o que me custou, caramba, ter de recusar um convite para ir cantar o fado num espaço onde já cantei por diversas vezes e que adoro. Já tinha comentado com maridão que nunca mais tinha cantado em público e que tinha imensas saudades. E o telefonema tão ansiado aconteceu. Enfim, é daquelas coisas. É óbvio que não trocava os meus babys por nada deste Mundo, mas que fico a remoer, ai isso fico. E olhem, vou cantando aqui no quarto, a pensar que tudo vai correr bem e que para o ano lá vou estar, a cantarolar... "Zangueeeei-me com o meu amoooooor...".

terça-feira, julho 07, 2009

Pois pois

No Você na TV (sim, é a minha companhia pela manhã) falava-se sobre as mentiras entre mães e filhas. A Carla Andrino e a sua pequena a dizerem que nunca mentiram uma à outra. Tá bem abelha.

segunda-feira, julho 06, 2009

Os meus cabelos brancos e o meu rabo de macaco

Vinte. Serão seguramente vinte os novos cabelos brancos que cresceram na minha cabeça desde que soube que estou grávida. Eu, que sempre me imaginei vaidosíssima a exibir a minha pança por esse Verão escaldante com modelitos fora de série e enjoos deitados para trás das costas, tenho, na verdade, passado todo o tempo fechada em casa e a exibir as camisas de dormir ao marido e aos pais. Mas isto não são queixas, pois estes meus ricos filhos são mais do que desejados e conseguiria aguentar uma farta cabeleira branca só para que estivessem bem.

Depois de apenas três dias em casa após ter estado internada, voltei a perder sangue. E entre um choro assustado e desesperado, lá fui eu de charola para as urgências, não sem antes preparar uma pequena babagem para o caso de me internarem de novo. Nunca mais me apanham com aquelas camisas de dormir traçadas que nos deixam o rego à mostra, aquelas cuecas descartáveis que nos apanham as maminhas cá em cima e aqueles chinelitos de pano que ensopam tudo o que pisam.

Felizmente, mandaram-me para casa para continuar o repouso. Não é hemorragia. Não há descolamento de placenta. Não tenho dores. O CTG não acusou contracções. Os resultados são negativos para infecções. O que os médicos me dizem é que pode ser alguma coisa ao nível do colo do útero, talvez um dos manos que goste de se esticar um pouco mais em direcção à saída.

Para ajudar à festa - e perdoem-me a crueldade da descrição - o meu rabo está parecido ao de um macaco devido a uma crise hemorroidal que me tem atazanado a vida. Há três dias que não me sento na sanita e a única questão que me assola é para onde raio vão os quilos de comida que vou ingerindo ao longo do dia.

Por último, um pedido ao pessoal que me conhece: pensei muito antes de publicar aqui o meu problema de hemorróidas acompanhado pela comparação ao rabo do macaco. Que esta imagem morra aqui para sempre e que continuem a ver-me como sempre me viram.

sexta-feira, julho 03, 2009

EUREKA

Há uma semana atrás fui à casa-se-banho e tinha sangue nas cuecas. Senti o mundo desabar em cima da cabeça perante a certeza de que estava a perder um dos gémeos. Corri para as urgências e fiquei de imediato internada, com a hemorragia a estancar durante essa noite e com a garantia de que estava tudo bem com os bebés. No entanto, conseguiu confirmar-se que ando a perder líquido amniótico há 13 semanas (!!), apesar de ter ido várias vezes antes às urgências e de me terem garantido que o fluído que eu sentia não era líquido amniótico. Ok, Eureka, agora percebe-se porque razão um dos manos tem pouco líquido.
Nem sei que diga e que vos conte acerca da última semana, em que estive literalmente presa a uma cama de hospital.
Ontem deram-me alta (ufa) e agora é aguentar os babys o máximo de tempo possível, para nascerem sem perigo. Deitada na cama todo o dia, tenho um calendário ao meu lado onde vou riscando os dias que passam para poder respirar um pouco de alívio. Ainda me faltam riscar pelo menos mais cinco semanas. Mas estou muito feliz de já ter ordem para me levantar para poder ir à casa de banho e para comer. Nem vos vou relatar como foi ter de fazer tudo (mesmo tudo) numa cama do Santa Maria e rodeada de mais três mães internadas. Hoje fazemos 25 semanas. Lá fora vai anoitecendo e para mim é mais um dia ganho. Nunca até agora tinha tido tanta noção do tempo. De como ele custa a passar.

Obrigada pelas dicas preciosas de post anterior.