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terça-feira, janeiro 31, 2006

Gajo por um dia

Não chega a ser um daqueles desejos tipo génio da lâmpada, mas gostava de experimentar ser gajo por um dia. Nada de "Senhora Dona Lade" em versão macho... não desejo colar nenhum bigode e ir tomar conta do churrasco com a camisa aberta até à barriga; não me imagino com os amigalhaços a falar da bola enquanto coço a tomatada e atiro piropos às miúdas a palitar os dentes. Não, não me interesso nada por esse lado psicológico-latino-típico... o que eu queria mesmo era experimentar a parte biológica da questão, ou seja ter uma pila. Gostava de ser gajo por um dia para poder mijar em arco do alto de uma arriba, ou contra uma árvore, conhecer a sensação que é ter uma erecção, tocar à campainha e entrar pela porta em vez de a abrir. E depois voltar ao território feminino à meia-noite, antes de me transformar numa abóbora, e acordar... sequinha.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Alergia II - O regresso

Antes de mais peço desculpa por mais esta interrupção bloguística mas a verdade é que o jet set anda completamente louco e não tem dado descanso.

Obrigada Gui por manteres a chama acesa. Mas vamos lá a isso.

Suspendi o basquet. Durante o treino da última quinta-feira comecei outra vez com a reacção alérgica que já vos tinha contado e que tinha ocorrido durante um jogo em casa há cerca de um mês.
Como não posso desatar a inchar que nem uma louca e a levar doses de curtizona no rabo e na corrente sanguínea através de injecções dadas por enfermeiros que eu mal conheço, decidi suspender a actividade até as técnicas da medicina responderem à questão: Afinal ao que é que eu sou alérgica?

Estou triste. Acreditem ou não chorei baba e ranho quando vinha do hospital para casa mas a minha mãe ia a consolar-me com mensagens curtas e irritantes como: "Isso, descarrega que faz-te bem"; ou "depois inscreves-te na ginástica". Enfim, como podem ver o sentimento down já passou e já falo disto com uma certa naturalidade.

É que no fim de contas e depois de fazer (precisamente) umas contas cheguei a uma conclusão. Em 19 jogos, a minha equipa da Malveira conseguiu ganhar dois. O primeiro foi aquele em que apenas consegui jogar sete minutos e depois me deu a alergia;o segundo foi no fim-de-semana passado, jogo ao qual eu também não compareci por estar ainda combalida pelos efeitos da alergia.

Dispensam-se leituras aos factos aqui relatados e são proibidas piadas do género "a tua equipa só ganha quando tu não jogas".

Um abraço fraterno daqueles com espuma a lembrar os cantos da boca do nosso novo Presidente da República (Biéc)


Observação: (ainda sobre a alergia) O único factor comum nos dois dias em que comecei a inchar reside numas meias de basquet da Reebok que a esta altura já estão no lixo. Os meus pais acham que não é das meias. A minha vida é feita de histórias absurdas e a sorte é que eu gosto dela assim.

Cervejaria

. Da pressão do barril partiram os navegadores a largar âncora a leste, a passear o destino pelo Índico.
. Lisboa é uma mulher de sete curvas e outras tantas colinas. E dança.
. Dizem desta cidade que é egoísta como aranha tecendo teia à volta de um pires de tremoços.
. Querer viver vida apaixonada, abrindo portas e cortinas, criando laços.
. Dos cabelos espigados das searas, vai nascer a Primavera lá longe.

terça-feira, janeiro 24, 2006

These are (a lot of) my favourite things

moinhos de vento
castelos nas nuvens
castelos na areia
o cheiro dos livros velhos
o cheiro dos livros novos
paredes pintadas de fresco
fotografias de portas
flores nos parapeitos
caniçais à beira de falésias
praias desertas
gaivotas em terra
as folhas das árvores no Outono
fins de tarde no Verão
o cheiro da terra molhada
o cheiro das maças maduras
campanários de igrejas
instrumentos de sopro
águas-furtadas
lareiras a arder
lençóis quentes
canetas de aparo
postais de todas as cores e feitios
a palavra Fim num livro
a palavra Amor na vida
olhos a brilhar
o sorriso da minha sobrinha
mil sorrisos
coisas entre parêntesis
coisas que tal

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Margarida Triste sem Manuel Alegre

Ontem à tarde, ao pôr uma cruz no boletim de voto, ainda me sobrava uma réstia de esperança, um sopro da vontade de mudança. O povo é soberano, não é o que dizem?; só não tem vocação para reinar... mas isso são outros quinhentos, mais outros tantos abstencionistas.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Coisas que tal segundo Fernando Pessoa

« (...)
Não tomando nada a sério, nem considerando que nos fosse dada, por certa, outra realidade que não as nossas sensações, nelas nos abrigamos, e a elas exploramos como a grandes países desconhecidos. E, se nos empregamos assiduamente, não só na contemplação estética mas também na expressão dos seus modos e resultados, é que a prosa ou o verso que escrevemos, destituídos de vontade de querer convencer o alheio entendimento ou mover a alheia vontade, é apenas como o falar alto de quem lê, feito para dar plena objectividade ao prazer subjectivo da leitura.
Sabemos bem que toda a obra tem que ser imperfeita, e que a menos segura das nossas contemplações será a daquilo que escrevemos. Mas imperfeito é tudo, nem há poente tão belo que o não pudesse ser mais, ou brisa leve que nos dê sono que não pudesse dar-nos um sono mais calmo ainda. E assim, contempladores iguais das montanhas e das estátuas, gozando os dias como os livros, sonhando tudo, sobretudo, para o converter na nossa íntima substância, faremos também descrições e análises, que, uma vez feitas, passarão a ser coisas alheias, que podemos gozar como se viessem na tarde.
(...) »
Fernando Pessoa in O Livro do Desassossego

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Bom dia alegria!

« A gente só sabe que encontra a pessoa certa depois de encontrarmos as que são certas para os outros. »
Mia Couto

terça-feira, janeiro 17, 2006

« Vamos à Lua. Isso não é muito longe. O homem tem maior distância a cobrir para chegar ao mais íntimo de si próprio. »
Anais Nin

sábado, janeiro 14, 2006

Santos da casa

São Jorge era o dono de um castelo em Lisboa. A cada visitante cobrava 3 Euros pela maravilha de se poder espreitar a cidade da muralha. Cobrava 3 Euros fosse a nacional ou a turista, pois esse São Jorge era moderno de contas mas não consta que percebesse de bilhetes de identidade.

Época de saldos

Leiam, meninos, que é barato!
Terminou a saga d’ A Cidade Egoísta, e precisa-se ilustrador para as personagens do velho, da jovem e do empregado. Foi uma história comentada p’lo Paperspace ... e ouvi dizer que o gajo faz uns desenhos catitas... Foi um história incompreendida, como me disse o Cláudio do Ventoinha, mas que me deu prazer escrever e repetir até à exaustão. O Ventoinha também tem crónicas em saldo, as minhas às sextas-feiras - os Provérbios Provados, às segundas a Pipoca e às quartas a Leididi... essas grandes queridas.

O Coisas que tal prepara-se assim para o início da nova estação, com as novidades da Ana na imprensa cor-de-rosa (já "anteleio" posts hilariantes) e a mega-festa do primeiro aniversário, o "Carnaval que tal" !
... é a tua deixa, miga...

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Já não estou desempregada

No dia da entrevista de trabalho não tive tempo de ir à pedicure, mas vá lá... não tive de mostrar os pés.

Bom, a verdade é que a coisa correu bem e que a partir de amanhã faço parte da "Nova Gente". Dito de outra maneira, o jet set que se ponha a pau porque agora é que as broncas vão rebentar.

Já estou com saudades das senhoras do Centro de Emprego mas acho que vou ultrapassar isso facilmente. Deixo, para já, a vida de desempregada graças ao meu talento profissional. Sim, eu estava aqui bem sossegadita quando o próprio Jacques Rodrigues (nada mais nada menos que o dono da Impala) me liga a dizer que eu que nem pense em ir para jornais de referência nem para televisões, que ele me queria era a mim, que eu era a melhor e que o meu trabalho jornalístico o tinha deixado verdadeiramente espantado. Foi então que acordei e percebi que uma amiga minha me conseguia pôr na revista.

Uma coisa fica desde já prometida. Vão ser os primeiros a saber das fofocas dos famosos. Só para abrir o apetite, já tive a informação de que o José Castelo Branco vai à redacção uma vez por semana. Logo aqui, devo ter pano para mangas.

E pronto, segue mais uma nova etapa da minha vida, desta feita na imprensa cor-de-rosa. Viva a Nova Gente! Fora a Lux! Fora a Caras!

Meu Deus, como isto já está!!

A Cidade Egoísta 12

« DOCAS
Escoa-se o tempo em cristalina areia
dia a dia, por entre os nossos dedos,
arrastando pra longe alguns segredos
diluídos na sombra de uma teia

cada vez mais anónima e alheia
à noite que começa. Tarde ou cedo,
é preciso aceitar, vencer o medo,
olhar a multidão que saboreia

as horas, os minutos, os segundos
à beira deste mar, em esplanadas
onde todos parecem estar assim

desde sempre, à procura de outros mundos
neste pequeno mundo e nos seus nadas,
nesta pequena vida até ao fim.
»
Fernando Pinto do Amaral

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Histórias verídicas cá da minha terra

Aconteceu-me ontem, conta-se em poucas palavras e deixa-nos a pensar.

A Dona Fernanda mora em Mafra, já não vai para nova e farta-se de ganhar dinheiro com o negócio da lenha. É gente boa, é gente da terra. Ontem fui-lhe comprar uns troncos para a fogueira com uma puta de uma alergia que me fez andar a espirrar para cima de tudo o que era sítio e de tudo o que era gente. Bom... eu para ali a espirrar, a espirrar e a conversa começa.
- Menina, isso tá mau...hã?
- Sim, é alergia.
- Eu também tenho disso. Às vezes quando fico assim mais quieta começo a espirrar, a espirrar, é aos dez e aos onze seguidos, até me fica a doer o umbigo.

Fim de história

Questão: A doer o "umbigo"???!!!

terça-feira, janeiro 10, 2006

Não tenho tempo

Ai meu Deus! Amanhã tenho uma entrevista de trabalho. E só me avisam hoje, não há direito!! Vim só mesmo dar aqui um hello porque não tenho tempo para mais. Tenho de ir ao cabeleireiro, à manicure, à pedicure. Tenho de ir ver o que vestir. O mais certo é acabar mesmo numa loja de roupa afogada em camisolas, calças, saias e acessórios. Ai, ai! Se for saia, não era mal pensado ir à depilação. Convém dar também uma lavadela ao carro e aspirá-lo por dentro, não vá ter de dar uma boleia a alguém. Ai... porque é que as primeiras impressões são tão importantes?

domingo, janeiro 08, 2006

Os minutos de silêncio

Quem é que terá inventado o minuto de silêncio? A coisa deve ter sido mais ou menos assim: Fulano tal faleceu. "ÓManel diz aí umas palavritas." "Eu? não sei muito bem o que hei-de dizer. Fernando avança tu, é melhor." "É melhor? Então mas eu conheci-o uma semana antes de morrer!!". "Pronto, pronto, já sei, ninguém diz nada. Está o assunto arrumado".

Ontem, ao início de mais um jogo de basquet, um dos árbitros (esse grande larilas) anunciou-nos: "Atenção, vamos fazer meio minuto de silêncio". E eu arregalei-lhe logo os olhos com vontade de dizer: "Não faço!". Então não é?! Dizem-nos para ficarmos caladas e nós temos de ficar?? Mas por que carga de água? Quem é que morreu? Nem sei quem é que faleceu, vou pensar em quê?
Vá lá que já não era um minuto de silêncio, pelos vistos agora há a versão do meio minuto. Daqui a alguns anos é que vai ser bom. "Atenção, vamos fazer um segundo de silêncio... muito bem, quem é que vai buscar as jolas?".

Bom, certo certo é que cobardolas como só eu sou lá fiz a porcaria do meio minuto de silêncio em homenagem nem sei a quem. Mas para aí aos vinte segundos não aguentei e em sinal de protesto por estar a ser obrigada a calar-me ainda fiz um 'hrrum hrrum' de garganta.

É que nem eu nem ninguém naquele pavilhão sabia quem é que estava a merecer tal silêncio. Ou seja, aqueles trinta segundos tornam-se na coisa mais absurda que alguém jamais viu. Todos calados, com um ar muito sentido a olhar para o chão, mãos atrás das costas e depois em cada cabecinha, pensamentos diferentes: "Tenho de engraxar estas botas"; "Até me dói o rabo de ontem à noite"; ou, "a seguir a isto tenho de ir comprar uns bifes de perú".

A mim, nestas ocasiões, acontece-me sempre o mesmo."Epá, acho que estou com vontade de fazer chichi". Um pensamento já habitual quando, em pequena, no jogo das escondidas ficava ali tempos e tempos quieta à espera da melhor altura para salvar toda a gente e poder, finalmente, fazer chichi em paz.

sábado, janeiro 07, 2006

À beira do pontão pensava

Na manhã seguinte levantei-me cedo e cheirava a Ano Novo. Caminhei pela praia direta ao pontão, diposta a arrumar ideias, definições, resoluções, como se deve fazer quando um ano começa. Eram tantas as ideias, em luta por um lugar, enquanto à beira do pontão pensava... quis pô-las em fila, ordená-las por prioridade, deixar para o longo prazo as mais idealistas; rebelaram-se as ideias tentando sobrepôr-se entre si, querendo mais relevância, umas reclamando o arauto da mudança. Fiquei a pensar sem saber qual delas coroar, e deixei ficar então à beira do pontão um ponto de interrogação.

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Obra de ficção por encomenda do amigo lobo em 2005. A esta hora eu descansava enrolada num saco-cama térmico como se ainda não fosse 2006. Bom ano www.docaminhar.blogspot.com

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Pensamento de Ano Novo

Leva muito tempo tornarmo-nos jovens.

Pablo Picasso

quinta-feira, janeiro 05, 2006

O primeiro post do ano

Então vamos lá a isso....

O que quero que aconteça em 2006:

- Continuar a acreditar que o Pai Natal foi com os dois coelhinhos ao circo e que o Boca Doce é bom é!
- Que o Armando Gama recebesse um cheque-prenda do Instituto de Embelezamento Capilar.
- Que o José Cid abrisse esse instituto porque ainda não existe.
- Que uma colega minha do basquet tivesse mais tempo para ir à depilação e não se rapasse com a gilette no cubículo onde tomamos banho todas ao mesmo tempo.
- Que as grandes equipas de basquet me deixassem de assediar porque não é essa a carreira que quero seguir.
- Gostava de deixar de anunciar todas as manhãs que começo a fazer dieta amanhã.
- Conseguir dar gargalhadas sem som em determinadas ocasiões, nomeadamente em funerais.
- Ter mais do que quatro canais de televisão.
- Ter rede em casa.
- Ter telefone.
- Continuar com o subsídio de desemprego por tempo indeterminado pelo contributo que até agora já dei ao país.
- E, por último, continuar a tirar macacos do meu nariz no âmbito da minha higiene pessoal diária.
- Ah... esqueci-me de mais um ... que todos os meus puns fossem silenciosos.

Um bom ano para todos e que os vossos desejos se concretizem para logo a seguir arranjarem outros. Seus sôfregos!!