Estimados ouvintes, cá estamos nós, em directo, quase quase a despedirmo-nos de 2005. Agradecemos aos 4 grandes queridos que enviaram os seus textos de Natal.
Prometemos continuar alegremente em 2006.
Fim de emissão.
... 5... 4... 3....
Espaço sobre tudo e mais alguma coisa, que isto de ter cantinhos muito específicozinhos sobre coisinhas pode ser, vá, esquisito
Visitas
sexta-feira, dezembro 30, 2005
segunda-feira, dezembro 26, 2005
« URGENTEMENTE
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
»
Eugénio de Andrade
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
»
Eugénio de Andrade
sábado, dezembro 24, 2005
Passatempo que tal
Às portas do final do nosso já bem sucedido passatempo de Natal, segue a contribuição do blogger Jubi (Jubi or not Jubi e Pontapé de Canto) onde se pode desde já antever um mãos largas à boa maneira americana. Aqui fica a sua mensagem, salpicada de sátira social.
Natal.
Ora aí está a época do ano que me transmite paz interior.
Porque será?
Porque não o ano todo?
Quero assim o ano todo!!!
O coração abre-se. (Só para alguns, porque no fundo, continuamos a 'não ir muito à bola' com aqueles que desprezamos durante todo o ano.)
Apetece-me oferecer, oferecer, dar, oferecer...mas para cumprir todos osmeus desejos doativos, eram necessários alguns trocos do Ti Belmiro de Azevedo. Para os cumprir na totalidade, é claro.
Mas ele que fique com os trocos, que eu cá me arranjo. Aposto que o meu Peru é mais 'inchado' que o dele.
Perdoem-me aqueles a quem eu queria dar alguma coisa e que o 'budget' já não permite.
Bem, também não lhes vou dar conta das minhas intenções, portanto, nunca saberão da minha missão falhada. Talvez para o ano.
Gosto de ver as pessoas a gastar sem estarem preocupadas. O Natal é isso mesmo, depois pensa-se nisso.
Um FELIZ NATAL para todos!!!!
Beijos para as 'Girls' e Abraços para os 'Boys'.
By Jubi
Natal.
Ora aí está a época do ano que me transmite paz interior.
Porque será?
Porque não o ano todo?
Quero assim o ano todo!!!
O coração abre-se. (Só para alguns, porque no fundo, continuamos a 'não ir muito à bola' com aqueles que desprezamos durante todo o ano.)
Apetece-me oferecer, oferecer, dar, oferecer...mas para cumprir todos osmeus desejos doativos, eram necessários alguns trocos do Ti Belmiro de Azevedo. Para os cumprir na totalidade, é claro.
Mas ele que fique com os trocos, que eu cá me arranjo. Aposto que o meu Peru é mais 'inchado' que o dele.
Perdoem-me aqueles a quem eu queria dar alguma coisa e que o 'budget' já não permite.
Bem, também não lhes vou dar conta das minhas intenções, portanto, nunca saberão da minha missão falhada. Talvez para o ano.
Gosto de ver as pessoas a gastar sem estarem preocupadas. O Natal é isso mesmo, depois pensa-se nisso.
Um FELIZ NATAL para todos!!!!
Beijos para as 'Girls' e Abraços para os 'Boys'.
By Jubi
quarta-feira, dezembro 21, 2005
Passatempo que tal
Hoje publicamos o contributo do blogger Paperspace que não deixa o arrepio por mãos alheias. Num discurso que não faz rodeios à crueldade quotidiana desta quadra, aqui fica então uma mensagem que nos deixa a todos a pensar um bocadinho.
O Natal...
Faltam cinco dias para o Natal.
Paz, amor, amizade, harmonia, solidariedade, que bom que é o Natal.
Somos todos amigos e é nesta época que se ajudam os mais desfavorecidos (o que deveria acontecer quanto menos esperamos e a qq época do ano).
O Natal é bonito, as ruas estão iluminadas, nas ruas ouve-se música.
Mas depois um pensamento se sobrepõe a este bonito cenário, e esquece-se tudo o que há de bom no Natal. Faltam cinco dias para o Natal, e ainda nao comprei nada.
Os dias que correm e a sociedade que nos rodeia roubou de nós o verdadeiro significado desse dia que é o Natal. Nao se esqueçam do presépio, porque ainda é das poucas coisas que contempla o espírito natalício.
Nao se deixem levar por insignificâncias e que o Vosso Natal, seja repleto de Alegria e Paz sinceramente é o que eu desejo...
um Bom e Glorioso ano de 2006.
beijos & abraços
by PaperSpace
O Natal...
Faltam cinco dias para o Natal.
Paz, amor, amizade, harmonia, solidariedade, que bom que é o Natal.
Somos todos amigos e é nesta época que se ajudam os mais desfavorecidos (o que deveria acontecer quanto menos esperamos e a qq época do ano).
O Natal é bonito, as ruas estão iluminadas, nas ruas ouve-se música.
Mas depois um pensamento se sobrepõe a este bonito cenário, e esquece-se tudo o que há de bom no Natal. Faltam cinco dias para o Natal, e ainda nao comprei nada.
Os dias que correm e a sociedade que nos rodeia roubou de nós o verdadeiro significado desse dia que é o Natal. Nao se esqueçam do presépio, porque ainda é das poucas coisas que contempla o espírito natalício.
Nao se deixem levar por insignificâncias e que o Vosso Natal, seja repleto de Alegria e Paz sinceramente é o que eu desejo...
um Bom e Glorioso ano de 2006.
beijos & abraços
by PaperSpace
terça-feira, dezembro 20, 2005
Passatempo que tal
Mais uma mensagem natalícia verdadeiramente arrepiante. Desta feita, pela mão talentosa de QZ (Venteca) que assim nos brinda com os seus diminutivozinhos engraçados. Ora cá vai...
Natal... que tal!
Olá o meu nome é QZ e eu gosto muito do Natal porque o Natal tem bacalhau…eu gosto muito de bacalhau!
O Natal é uma época muito linda porque aparecem mais pobrezinhos nas ruas e toda a gente quer ajudar, eu gosto muito de pobrezinhos porque eles só existem no Natal.
Eu gosto muito do Pai Natal porque ele costuma parar todo ano num tasco ali perto da Picheleira e depois aparece no Colombo com as criancinhas ao colo, a manda um grande hálito a peixe e a renas muito podres.
Eu gosto muito das criancinhas que ajudam o Pai Natal a fazer os brinquedinhos, chamam-se anões…zinhos indianos e chineses e ajudam muito o pai Natal porque são os anões…zinhos que fabricam os brinquedos muito baratinhos a 1€ que se vendem nas lojas de tudo a 1€ espalhadas por esse mundo afora...
Obrigado anões...zinhos indianos e chineses!
Eu gosto muito da Santa casa da misericórdia, porque a santa casinha da misericórdiazinha ajuda os desfavorecidos e gasta milhares de contos todos os meses em publicidade ao euro milhões, eu gosto muito do euro milhões porque o estado tem guardados nos seus cofres mais de 100milhões de euros para ajudar criancinhas quando elas crescerem lá pró Natal de Agosto de 2078
Eu gosto muito do Natal porque gosto muito do Natal, e no Natal é sempre Natal!
by, QZ
Natal... que tal!
Olá o meu nome é QZ e eu gosto muito do Natal porque o Natal tem bacalhau…eu gosto muito de bacalhau!
O Natal é uma época muito linda porque aparecem mais pobrezinhos nas ruas e toda a gente quer ajudar, eu gosto muito de pobrezinhos porque eles só existem no Natal.
Eu gosto muito do Pai Natal porque ele costuma parar todo ano num tasco ali perto da Picheleira e depois aparece no Colombo com as criancinhas ao colo, a manda um grande hálito a peixe e a renas muito podres.
Eu gosto muito das criancinhas que ajudam o Pai Natal a fazer os brinquedinhos, chamam-se anões…zinhos indianos e chineses e ajudam muito o pai Natal porque são os anões…zinhos que fabricam os brinquedos muito baratinhos a 1€ que se vendem nas lojas de tudo a 1€ espalhadas por esse mundo afora...
Obrigado anões...zinhos indianos e chineses!
Eu gosto muito da Santa casa da misericórdia, porque a santa casinha da misericórdiazinha ajuda os desfavorecidos e gasta milhares de contos todos os meses em publicidade ao euro milhões, eu gosto muito do euro milhões porque o estado tem guardados nos seus cofres mais de 100milhões de euros para ajudar criancinhas quando elas crescerem lá pró Natal de Agosto de 2078
Eu gosto muito do Natal porque gosto muito do Natal, e no Natal é sempre Natal!
by, QZ
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Passatempo que tal - o melhor presente deste Natal
Tal como prometido, damos início a este passatempo bem maluco e de arrepiar com a publicação do texto natalício com que o blogger Sergonov (Venteca) nos quis brindar.
Natal versus prendas
1 aos 4 anos
Montes de prendas fixes mas infelizmente não entendemos nada, para não falar do susto de ver o Tio vestido de vermelho com barbas de algodão.
4 aos 13
Maravilha, só brinquedos, tirando a Tia que insiste em oferecer as meias brancas com as raquetes cruzadas.
14 aos 20
Roupa só roupa!?Tia obrigado, estava mesmo a necessitar de meias novas.
Envelopes, onde estão os envelopes?
20 aos 30
Apelo desesperado para que as prendas sejam envelopes.Obrigado Tia não era necessário (as meias passaram a ser pretas mas agora também recebo uns boxers )
30 aos 40
Dar prendas aos sobrinhos que não entendem nada, vestir de vermelho com barbas de algodão...
E como diz um amigo nosso, boas festas e um glorioso ano 2006
Abraços Sergonov
;)
Natal versus prendas
1 aos 4 anos
Montes de prendas fixes mas infelizmente não entendemos nada, para não falar do susto de ver o Tio vestido de vermelho com barbas de algodão.
4 aos 13
Maravilha, só brinquedos, tirando a Tia que insiste em oferecer as meias brancas com as raquetes cruzadas.
14 aos 20
Roupa só roupa!?Tia obrigado, estava mesmo a necessitar de meias novas.
Envelopes, onde estão os envelopes?
20 aos 30
Apelo desesperado para que as prendas sejam envelopes.Obrigado Tia não era necessário (as meias passaram a ser pretas mas agora também recebo uns boxers )
30 aos 40
Dar prendas aos sobrinhos que não entendem nada, vestir de vermelho com barbas de algodão...
E como diz um amigo nosso, boas festas e um glorioso ano 2006
Abraços Sergonov
;)
sexta-feira, dezembro 16, 2005
A Blasfémia dos 3 F's + 1
Antes eram as trevas, depois o Estado Novo criou os 3 F's. E agora, se Fátima já não é e o Fado muito pouco, o Futebol é cada vez mais, Foda-se!
Passatempo que tal - O melhor presente deste Natal
O texto abaixo foi escrito para o Ventoinha há uns tempos, por eu ter sido a leitora nº 5353. Gostei tanto de participar no passatempo que agora até já escrevo lá um provérbio todas as sextas feiras. Por isso o Coisas que tal decide também lançar o seu próprio concurso, e ficamos então a aguardar um texto de TODOS os ouvintes sobre a temática do Natal. Com ou sem presépios, pinheirinhos e bacalhau... o que quiserem. Prometemos publicar TODOS os textos. Enviem sff para: coisasquetal@gmail.com
Post à borla
Este é o meu post para o arejado mundo Ventoinha. Deverá ser ser assim um post amplo como o céu. E optimista também, nada próprio de invernos nem de mares fundos. Pode muito bem não ter ponta por onde se lhe pegue, ser hostil, pode falar do tempo, da juventude... Escrever um post para este ventoso blog pode ser uma grande responsabilidade. E pode também tentar ser uma história que começa assim:
É o final de uma tarde muito quente de Agosto. No escritório, Carlos espreita o relógio: falta uma hora para terminar o expediente. Está sozinho. Os patrões nem lá puseram os pés hoje; imagina-os refastelados numa qualquer espreguiçadeira na sombra de um pinhal. Os reposteiros estão corridos mas mesmo assim o calor penetra pelas paredes tornando mais saturada a atmosfera. A campainha do telefone trina, Carlos atende: Escritório de Advogados Bento, Filho & Associados Limitada boa tarde, mas do outro lado desligam de imediato. Serão os patrões a confirmar a sua presença?, e abana a cabeça não acreditando. Agora é a campainha da porta soando por sua vez. É o amigo Ventoinha. Traz como de costume os cabelos ao ar num reboliço, mesmo num dia como hoje em que não corre uma aragem.
- Acaba lá com isso e vem tomar um café ao Chiado. Quero passar ao Grandela e ver de um presente para uma tia minha...
E pisca-lhe o olho, divertido. Carlos garante que não pode sair já. Mas que ele faça horas, que terá o maior prazer em o acompanhar ao Chiado.
- Tu és muito amedrontado. Então tu crês que os teus patrões te andariam a espiar? Que disparate pegado! Eu sim, ando a ser seguido... mas anda daí à Brasileira que já te conto tudo.
Passam primeiro nos Armazéns do Grandela. Ventoinha vê luvas, chapéus, sombrinhas, meias finas mas nada lhe agrada, a tudo torce o nariz contrariado.
- Gostava de dar algo com mais chique à minha tia. Ela é muito moderna.
E pisca-lhe mais uma vez o olho, com uma gargalhada. Seguem então para a Brasileira a tomar o café. E o Ventoinha começa a soprar a sua história:
- Vês tu aquele indivíduo, à esquina da Bertrand, a espreitar para aqui? (Não olhes agora.) Já não o via há algum tempo e hoje... zás, lá o topei de novo. Tirou a gabardina e rapou o bigode, deve ser do calor.
E realmente lá está um fulano de ar suspeito que os olha. Imagina logo o Ventoinha muito mais metido na política do que parece; é certo que conversam em sussurro muitas vezes contra o regime, mas daí à conspiração vai um longo passo. Pensa que lhe apanharam folhetos, livros ou o apanharam em alguma reunião suspeita, está visto é que o apanharam!
- Tu estás a pensar que é um pide, não é meu pobre Carlos? Mas é alguém acima deles. Eu inventei uma coisa que se chama blog. É um diário do futuro. Tu bates palavras numa máquina de escrever que não faz barulho e, no minuto seguinte, qualquer pessoa no mundo lê na televisão tudo o que escreveste. E isto é uma máquina muito perigosa, claro está! Por isso é que eles andam atrás de mim...
Carlos fica desorientado com a revelação. Pensa que o querido amigo Ventoinha endoidou de vez. Mas ainda lhe pergunta que tipo de coisas escreve nesse ‘bloque’...
- Coisas, pá ! Coisas que tal.
É o final de uma tarde muito quente de Agosto. No escritório, Carlos espreita o relógio: falta uma hora para terminar o expediente. Está sozinho. Os patrões nem lá puseram os pés hoje; imagina-os refastelados numa qualquer espreguiçadeira na sombra de um pinhal. Os reposteiros estão corridos mas mesmo assim o calor penetra pelas paredes tornando mais saturada a atmosfera. A campainha do telefone trina, Carlos atende: Escritório de Advogados Bento, Filho & Associados Limitada boa tarde, mas do outro lado desligam de imediato. Serão os patrões a confirmar a sua presença?, e abana a cabeça não acreditando. Agora é a campainha da porta soando por sua vez. É o amigo Ventoinha. Traz como de costume os cabelos ao ar num reboliço, mesmo num dia como hoje em que não corre uma aragem.
- Acaba lá com isso e vem tomar um café ao Chiado. Quero passar ao Grandela e ver de um presente para uma tia minha...
E pisca-lhe o olho, divertido. Carlos garante que não pode sair já. Mas que ele faça horas, que terá o maior prazer em o acompanhar ao Chiado.
- Tu és muito amedrontado. Então tu crês que os teus patrões te andariam a espiar? Que disparate pegado! Eu sim, ando a ser seguido... mas anda daí à Brasileira que já te conto tudo.
Passam primeiro nos Armazéns do Grandela. Ventoinha vê luvas, chapéus, sombrinhas, meias finas mas nada lhe agrada, a tudo torce o nariz contrariado.
- Gostava de dar algo com mais chique à minha tia. Ela é muito moderna.
E pisca-lhe mais uma vez o olho, com uma gargalhada. Seguem então para a Brasileira a tomar o café. E o Ventoinha começa a soprar a sua história:
- Vês tu aquele indivíduo, à esquina da Bertrand, a espreitar para aqui? (Não olhes agora.) Já não o via há algum tempo e hoje... zás, lá o topei de novo. Tirou a gabardina e rapou o bigode, deve ser do calor.
E realmente lá está um fulano de ar suspeito que os olha. Imagina logo o Ventoinha muito mais metido na política do que parece; é certo que conversam em sussurro muitas vezes contra o regime, mas daí à conspiração vai um longo passo. Pensa que lhe apanharam folhetos, livros ou o apanharam em alguma reunião suspeita, está visto é que o apanharam!
- Tu estás a pensar que é um pide, não é meu pobre Carlos? Mas é alguém acima deles. Eu inventei uma coisa que se chama blog. É um diário do futuro. Tu bates palavras numa máquina de escrever que não faz barulho e, no minuto seguinte, qualquer pessoa no mundo lê na televisão tudo o que escreveste. E isto é uma máquina muito perigosa, claro está! Por isso é que eles andam atrás de mim...
Carlos fica desorientado com a revelação. Pensa que o querido amigo Ventoinha endoidou de vez. Mas ainda lhe pergunta que tipo de coisas escreve nesse ‘bloque’...
- Coisas, pá ! Coisas que tal.
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Corte de cabelo
Pronto, foi hoje. Passei-me e fui cortar o cabelo curto. Um corte completamente radical. Bati o record de vezes por tarde em que uma pessoa se olha ao espelho. Tento justificar-me: ele cresce rápido e vou fazer um montão de cortes giros e blá blá, e depois posso mudar de cara e de estilo, usar écharpes com fartura e comprar brincos novos. Ou seja, ainda não decidi se gosto de me ver ou não, mas esta parte só as leitoras vão perceber... a relação muito particular com a fase pós-ida-ao-cabeleireiro "fazer uma coisa diferente".
Este quase parece um Batista da minha família...
«(...) Battista não se perturbou por tão pouco:
- Você sabe, Molteni, que, ouvindo-o falar, creio rever-me a mim próprio quando tinha a sua idade?
- Ah, sim? - balbuciei desconcertado.
- Sim... eu era muito pobre - prosseguiu Battista servindo-se de mais vinho - e também eu tinha, como você diz, ideiais... Quais eram esses ideais? Não saberei dizê-lo agora, e até nem o saberia nessa altura... mas tinha-os... talvez não tivesse este ou aquele ideal, mas o ideal com I grande... (...) O ideal, quando não se sabe precisamente o que se quer, é melhor esquecê-lo, pô-lo de parte... e só depois, quando se põe pé em terreno sólido, é preciso recordá-lo... a primeira nota de mil que se ganha, eis o ideal... (...)
- (...) Quer saber o segredo do sucesso, Molteni?...
- Pôr-se na fila da vida, como diante da bilheteira, na estação... chega sempre o nosso momento se se tem paciência e não se muda de fila... Chega sempre a nossa vez, pois que o empregado da bilheteira dá a cada um o seu bilhete... a cada um segundo os seus méritos, bem entendido... aos que devem e podem ir longe, quem sabe?, um bilhete para a Austrália... aos outros, menos ambiciosos, um bilhete para uma viagem mais curta, Capri, por exemplo. »
Alberto Moravia in O Desprezo
- Você sabe, Molteni, que, ouvindo-o falar, creio rever-me a mim próprio quando tinha a sua idade?
- Ah, sim? - balbuciei desconcertado.
- Sim... eu era muito pobre - prosseguiu Battista servindo-se de mais vinho - e também eu tinha, como você diz, ideiais... Quais eram esses ideais? Não saberei dizê-lo agora, e até nem o saberia nessa altura... mas tinha-os... talvez não tivesse este ou aquele ideal, mas o ideal com I grande... (...) O ideal, quando não se sabe precisamente o que se quer, é melhor esquecê-lo, pô-lo de parte... e só depois, quando se põe pé em terreno sólido, é preciso recordá-lo... a primeira nota de mil que se ganha, eis o ideal... (...)
- (...) Quer saber o segredo do sucesso, Molteni?...
- Pôr-se na fila da vida, como diante da bilheteira, na estação... chega sempre o nosso momento se se tem paciência e não se muda de fila... Chega sempre a nossa vez, pois que o empregado da bilheteira dá a cada um o seu bilhete... a cada um segundo os seus méritos, bem entendido... aos que devem e podem ir longe, quem sabe?, um bilhete para a Austrália... aos outros, menos ambiciosos, um bilhete para uma viagem mais curta, Capri, por exemplo. »
Alberto Moravia in O Desprezo
Tudo me acontece
Quando eu pensava que não havia nada pior do que jogar basquet com aqueles calções brancos bastante ridículos, aconteceu algo absolutamente inimaginável. Tudo aconteceu no passado sábado durante o jogo com uma das equipas mais fracas do campeonato.
Eu estava absolutamente radiante: já me estava a borrifar para os calções, tinha sido chamada para o cinco inicial, o jogo era em casa e elas defendiam à zona, uma benção para os meus lançamentos de meia distância. Enfim... os primeiros sete minutos foram meus, ainda marquei dois pontos... altura em que fui substutuída e me sentei no banco a descansar.
Passados poucos segundos começo com uma comichão nos pés de me atirar ao chão. Não me atirei, mas descalcei-me e cocei, cocei. Em pouco tempo eu já não via jogo, já não via nada e só me coçava tipo macaco.
Não sabia o que me estava a acontecer, mas tinha a sensação que tudo aquilo ia passar. Mas não passou! Juntamente com a comichão, comecei a sentir-me a inchar...a inchar. Fiquei transformada num verdadeiro monstro, cheia de comichões, e... imagine-se, enfiada naqueles calções ridículos.
Não pude aguentar mais tempo ali no pavilhão, pois o inchaço começava a travar-me a respiração, e lá tive de sair de charola para as urgências de Mafra.
Tive a soro, levei três doses de curtizona, e passada uma hora, eu já tinha voltado ao meu formato normal.
Uma verdadeira dor de cabeça para quem, até hoje, não faz puto ideia do que me terá provocado a alergia que me fez abandonar aquele grande jogo a dez minutos de este ter iniciado. Ainda disse ao treinador que se calhar a alergia era dos calções,daquele nylon e tal, mas não deu resultado...
A mim tudo me acontece... vejam lá que até faço prémios no euromilhões.
Eu estava absolutamente radiante: já me estava a borrifar para os calções, tinha sido chamada para o cinco inicial, o jogo era em casa e elas defendiam à zona, uma benção para os meus lançamentos de meia distância. Enfim... os primeiros sete minutos foram meus, ainda marquei dois pontos... altura em que fui substutuída e me sentei no banco a descansar.
Passados poucos segundos começo com uma comichão nos pés de me atirar ao chão. Não me atirei, mas descalcei-me e cocei, cocei. Em pouco tempo eu já não via jogo, já não via nada e só me coçava tipo macaco.
Não sabia o que me estava a acontecer, mas tinha a sensação que tudo aquilo ia passar. Mas não passou! Juntamente com a comichão, comecei a sentir-me a inchar...a inchar. Fiquei transformada num verdadeiro monstro, cheia de comichões, e... imagine-se, enfiada naqueles calções ridículos.
Não pude aguentar mais tempo ali no pavilhão, pois o inchaço começava a travar-me a respiração, e lá tive de sair de charola para as urgências de Mafra.
Tive a soro, levei três doses de curtizona, e passada uma hora, eu já tinha voltado ao meu formato normal.
Uma verdadeira dor de cabeça para quem, até hoje, não faz puto ideia do que me terá provocado a alergia que me fez abandonar aquele grande jogo a dez minutos de este ter iniciado. Ainda disse ao treinador que se calhar a alergia era dos calções,daquele nylon e tal, mas não deu resultado...
A mim tudo me acontece... vejam lá que até faço prémios no euromilhões.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
Voltei à idade dos porquês
Porque é que quando o sexo acaba eles teimam em perguntar se gostámos?
Por falar em sexo:
Porque é que o Robbie Williams nunca aparece lá por casa?
Por falar em expectativas:
Porque é que achamos sempre que alguém como o Robbie Williams nos ia ligar alguma?
Por falar nisto:
Porque é que não acordamos logo todas produzidas?
Por falar em produção:
Porque é que achamos que isso nos torna realmente mais bonitas?
Por falar em realmente:
Porque é que a loiça se suja e se tem de lavar a seguir?
Por falar em sujo:
Porque é que fazemos cocó?
Por falar na merda:
Porque é que eles teimam em olhar para o rabo das outras mesmo nas nossas fuças?
Por falar em fuças:
Porque é que ninguém diz ao Armando Gama que aquele corte de cabelo já não se usa?
Por falar em modas:
Porque é que não dizem o mesmo ao Roberto Carlos?
E porque me apetece:
Porque é que as mamas abanam tanto quando corremos?
Por falar em sexo:
Porque é que o Robbie Williams nunca aparece lá por casa?
Por falar em expectativas:
Porque é que achamos sempre que alguém como o Robbie Williams nos ia ligar alguma?
Por falar nisto:
Porque é que não acordamos logo todas produzidas?
Por falar em produção:
Porque é que achamos que isso nos torna realmente mais bonitas?
Por falar em realmente:
Porque é que a loiça se suja e se tem de lavar a seguir?
Por falar em sujo:
Porque é que fazemos cocó?
Por falar na merda:
Porque é que eles teimam em olhar para o rabo das outras mesmo nas nossas fuças?
Por falar em fuças:
Porque é que ninguém diz ao Armando Gama que aquele corte de cabelo já não se usa?
Por falar em modas:
Porque é que não dizem o mesmo ao Roberto Carlos?
E porque me apetece:
Porque é que as mamas abanam tanto quando corremos?
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Então cá vai...
Sobre a minha grande estreia no regresso à competição desportiva posso começar pelas más notícias, para ficar o assunto já despachado: eu sabia que devia ter experimentado o equipamento antes do jogo (aqueles calções não lembram a ninguém); quanto às boas notícias: as miúdas do Algés não chegaram aos cem pontos!!
Resultado final: Algés - 99; Malveira - 35. Por acaso não tenho a certeza se ficámos com 35 ou 37 pontos, mas como devem calcular nem me vou esforçar para confirmar estes dados.
O resultado foi o que foi, mas a minha estreia nem foi má. Quer dizer... pronto, falhei dois lances livres depois de arrancar uma falta, falhei um lance de meia distância, um em contra-ataque debaixo do cesto e fiz dois maus passes... mas não foram seguidos. Ok, marquei dois pontos e, apesar de ter o meu namorado a postos na bancada, aguentei-me bem à bronca e não foi preciso respiração boca a boca. Se bem que logo ao início do jogo estava a ver o caso mal parado. É que no aquecimento para o grande derby eu já pingava por todos os lados. Devia ser nervos. E era eu sempre a limpar a cara e a disfarçar a coisa, para logo uma das engraçadinhas da equipa anunciar bem alto "epá Oliveira, já estás a pingar!! Tás bem?" Arghh... estas miúdas não sabem estar caladas.
Enfim, para minha surpresa acabei por jogar dois períodos completos. Nada mau.
Acima de tudo diverti-me imenso, matei saudades dos porradões que levamos debaixo do cesto e dos larilas dos árbitros de calcinhas apertadas. Já agora uma pergunta: Porque é que os árbitros de basquet têm sempre aquele ar tão pouco masculino de quem gosta de uns valentes afundanços por detrás??
by, Ana Jordan
Resultado final: Algés - 99; Malveira - 35. Por acaso não tenho a certeza se ficámos com 35 ou 37 pontos, mas como devem calcular nem me vou esforçar para confirmar estes dados.
O resultado foi o que foi, mas a minha estreia nem foi má. Quer dizer... pronto, falhei dois lances livres depois de arrancar uma falta, falhei um lance de meia distância, um em contra-ataque debaixo do cesto e fiz dois maus passes... mas não foram seguidos. Ok, marquei dois pontos e, apesar de ter o meu namorado a postos na bancada, aguentei-me bem à bronca e não foi preciso respiração boca a boca. Se bem que logo ao início do jogo estava a ver o caso mal parado. É que no aquecimento para o grande derby eu já pingava por todos os lados. Devia ser nervos. E era eu sempre a limpar a cara e a disfarçar a coisa, para logo uma das engraçadinhas da equipa anunciar bem alto "epá Oliveira, já estás a pingar!! Tás bem?" Arghh... estas miúdas não sabem estar caladas.
Enfim, para minha surpresa acabei por jogar dois períodos completos. Nada mau.
Acima de tudo diverti-me imenso, matei saudades dos porradões que levamos debaixo do cesto e dos larilas dos árbitros de calcinhas apertadas. Já agora uma pergunta: Porque é que os árbitros de basquet têm sempre aquele ar tão pouco masculino de quem gosta de uns valentes afundanços por detrás??
by, Ana Jordan
sábado, dezembro 03, 2005
Amanhã é o grande dia...
Não vale a pena arranjar desculpas parvas à última hora porque o que está feito está feito. Ai que nervos.
Não, não vou casar. Amanhã regresso aos campos de basquet dê lá por onde der. Já não posso fugir. A esta hora, a federação já deve ter aceite os meus papéis de revalidação e, por isso, estarei apta a jogar.
Azar dos azares vou estrear-me (após esta pausa que deverá ter uns dez anos) com a equipa que vai à frente no campeonato. Enfim... nada a fazer!
Entretanto, vou aqui pensando nas bolas que vou perder com duas matulonas à minha frente a gritarem histericamente "FECHOUUUUU", e com uma enorme quantidade de bolas a voarem completamente tortas para o cesto. E os apoiantes da equipa que represento, que vão assistir aos jogos das miúdas desde que estas eram mesmo umas miúdas, a abanarem a cabeça lá nas bancadas e a sussurrarem "tsss...mas donde é que esta apareceu e porque é que não está no banco?".
Ai, que nervos! Isto para não falar da minha 'óptima' condição física. É assim, para terem uma ideia, espero bem aguentar pelo menos dois minutos a correr, sem me deixar cair no chão a pedir respiração boca a boca.
Mas se as minhas preocupações ficassem só por aqui... Tenho medo de torcer o pé (os meus tendões já não são o que eram), de ser abafada debaixo do cesto por uma gorda feia e toda transpirada, enganar-me no lado para o qual estou a atacar, fazer dois maus passes seguidos, fazer passos, falhar um cesto sozinha em contrataque debaixo do cesto (uhh, este acho que é o pior) e ainda me preocupa o facto de amanhã ir jogar sem experimentar o equipamento. E se os calções são daqueles muito curtinhos a parecer o João Pinto (aquele do Porto) há uns anos atrás?! E se a camisola me está apertada nas mamas e me faz parecer um terramoto quando for a fazer sprints, com tudo a abanar?
Ai que nervos! Nunca mais chega amanhã. Wish me luck!!
Não, não vou casar. Amanhã regresso aos campos de basquet dê lá por onde der. Já não posso fugir. A esta hora, a federação já deve ter aceite os meus papéis de revalidação e, por isso, estarei apta a jogar.
Azar dos azares vou estrear-me (após esta pausa que deverá ter uns dez anos) com a equipa que vai à frente no campeonato. Enfim... nada a fazer!
Entretanto, vou aqui pensando nas bolas que vou perder com duas matulonas à minha frente a gritarem histericamente "FECHOUUUUU", e com uma enorme quantidade de bolas a voarem completamente tortas para o cesto. E os apoiantes da equipa que represento, que vão assistir aos jogos das miúdas desde que estas eram mesmo umas miúdas, a abanarem a cabeça lá nas bancadas e a sussurrarem "tsss...mas donde é que esta apareceu e porque é que não está no banco?".
Ai, que nervos! Isto para não falar da minha 'óptima' condição física. É assim, para terem uma ideia, espero bem aguentar pelo menos dois minutos a correr, sem me deixar cair no chão a pedir respiração boca a boca.
Mas se as minhas preocupações ficassem só por aqui... Tenho medo de torcer o pé (os meus tendões já não são o que eram), de ser abafada debaixo do cesto por uma gorda feia e toda transpirada, enganar-me no lado para o qual estou a atacar, fazer dois maus passes seguidos, fazer passos, falhar um cesto sozinha em contrataque debaixo do cesto (uhh, este acho que é o pior) e ainda me preocupa o facto de amanhã ir jogar sem experimentar o equipamento. E se os calções são daqueles muito curtinhos a parecer o João Pinto (aquele do Porto) há uns anos atrás?! E se a camisola me está apertada nas mamas e me faz parecer um terramoto quando for a fazer sprints, com tudo a abanar?
Ai que nervos! Nunca mais chega amanhã. Wish me luck!!
terça-feira, novembro 29, 2005
Piadinha homófona ouvida hoje à hora do almoço
- Alguém tem visto o Antão?
- Epá vi esse gajo há pouco tempo...
- E então?
- Epá vi esse gajo há pouco tempo...
- E então?
quinta-feira, novembro 24, 2005
Crónica de uma compradora de carros pensados por homens
Um dia destes acordei e em vez de pensar para mim "vou tomar o pequeno-almoço", pensei: "vou comprar um carro".
Aliás, esta é uma das melhores decisões para uma pessoa desempregada, porque temos todo o tempo do mundo para fazer uma boa escolha.
A aventura tem sido deliciosa, principalmente por ter aprendido que os carros têm diferentes cavalos, diferentes cilindradas e que até existe um sistema multijet.
A minha alma anda parva com este mundo automóvel, mas mais parva fica com a conjugação de cores que alguém se lembra de fazer nos carros. Arghh!
Também... não cabe na cabeça de ninguém pôr homens a escolher décors para estofos e pintura automóvel. O resultado só podia ser esse que se vê por aí. Uma vergonha!! Nem um pendant sabem fazer...
Com isto tudo acabam por perder é boas compradoras. Sim, porque nós mulheres queremos lá saber se aquilo anda a não sei quanto e se tosse sozinho. Para nós é importantíssimo não nos sentirmos enfiadas numa casita que mais parece tirada de um filme sobre o Chapitô.
Ponham os homens lá a tratar das mecânicas e deixem as ladies tratar do resto.
Podem não acreditar, eu até tenho vergonha de dizer, mas acabei de comprar um carro bordeaux com estofos amarelos. Uma lindeza, hã (?) seus chicos espertos!!
Aliás, esta é uma das melhores decisões para uma pessoa desempregada, porque temos todo o tempo do mundo para fazer uma boa escolha.
A aventura tem sido deliciosa, principalmente por ter aprendido que os carros têm diferentes cavalos, diferentes cilindradas e que até existe um sistema multijet.
A minha alma anda parva com este mundo automóvel, mas mais parva fica com a conjugação de cores que alguém se lembra de fazer nos carros. Arghh!
Também... não cabe na cabeça de ninguém pôr homens a escolher décors para estofos e pintura automóvel. O resultado só podia ser esse que se vê por aí. Uma vergonha!! Nem um pendant sabem fazer...
Com isto tudo acabam por perder é boas compradoras. Sim, porque nós mulheres queremos lá saber se aquilo anda a não sei quanto e se tosse sozinho. Para nós é importantíssimo não nos sentirmos enfiadas numa casita que mais parece tirada de um filme sobre o Chapitô.
Ponham os homens lá a tratar das mecânicas e deixem as ladies tratar do resto.
Podem não acreditar, eu até tenho vergonha de dizer, mas acabei de comprar um carro bordeaux com estofos amarelos. Uma lindeza, hã (?) seus chicos espertos!!
quarta-feira, novembro 23, 2005
«
Varanda da minha infância
Cidade feliz
De teus ócios merecidos
Chegou o fim amargo
Do meu último olhar
Vejo enfim as calmas areias quentes
Os fetos das fontes que o tempo secou
O fundo poço que sou e é velho e é triste
Nada muda o destino deste parado barco
O mar dorme em paz e sossego
A terra mostra ao sol os seios preguiçosos
As mulheres espreitam arrepiadas às janelas
Do caminho sobem ao céu súbitas nuvens de poeira
Tudo é divino à luz dourada dourado
Só eu sou levado de mim e me perco
»
António Dacosta (1914-1990)
A Cal dos Muros
Varanda da minha infância
Cidade feliz
De teus ócios merecidos
Chegou o fim amargo
Do meu último olhar
Vejo enfim as calmas areias quentes
Os fetos das fontes que o tempo secou
O fundo poço que sou e é velho e é triste
Nada muda o destino deste parado barco
O mar dorme em paz e sossego
A terra mostra ao sol os seios preguiçosos
As mulheres espreitam arrepiadas às janelas
Do caminho sobem ao céu súbitas nuvens de poeira
Tudo é divino à luz dourada dourado
Só eu sou levado de mim e me perco
»
António Dacosta (1914-1990)
A Cal dos Muros
O Inverno é um inferno
Chegada à noite, o que me apetece é estar a pastar no sofá enrolada numa manta. Se saio de casa, só mesmo com a promessa de uma quantidade apreciável de copos num sítio quentinho é que não faço marcha atrás imediatamente. Se eu fosse amiga do Inverno mandava-o ir arder para as chamas do inferno.
quinta-feira, novembro 17, 2005
9 meses de blog
O Coisas que tal faz nove meses. Quase que podemos considerar isto como um género de (re)nascimento em que, após 9 meses de vida intra-uterina, sai cá para fora. Por isso em vez de dizer o que me é habitual - que é agradecer-vos caros ouvintes - vou dedicar este post à minha amiga Ana que, a bem da verdade, foi quem fecundou a ideia, sendo eu talvez a irmã mais velha. Muitos parabéns 'miga, que bom é ler-te digo eu!!
quarta-feira, novembro 16, 2005
Era uma vez
Era uma vez um país desproporcionado; a riqueza concentrava-se só pelo litoral, e falar em riqueza era só uma maneira de dizer. Era tão desproporcionado que para as eleições presidenciais concorriam quatro candidatos de esquerda e apenas um de direita. Era tão lógico quem sairia vencedor... mas algumas pessoas insistiam em colocar poemas em posts como que a fazer campanha por um deles. Era bastante lógico para elas que o poeta ganhasse pela palavra. Era, aliás, uma injustiça a dividir por quatro. Era uma vez a lógica da desproporção: os passos maiores que as pernas desse país, os subsídios comunitários desaparecidos, muitas pessoas para poucos empregos, muitas contas para pouca moeda. Era uma vez um país onde haviam estádios gigantes sem vida em cidades sem orçamento para Capital da Cultura. Era uma vez um final que me parece pouco feliz.
terça-feira, novembro 15, 2005
+ Manuel Alegre (dedicado ao leitor 5000)
Coisa amar
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te logamente como doi
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te logamente como doi
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
A Poesia do Dia (para abrir o debate político)
As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
segunda-feira, novembro 14, 2005
Um bom momento de televisão
Um dos melhores momentos televisivos dos últimos tempos: os 'tintins' e a 'bengala' do Luís Boa Morte (jogador da selecção nacional) aos saltinhos e em slow motion. Alguém viu? Demais!!
Foi no jogo deste fim-de-semana contra a Croácia, transmitido pela RTP, na altura em que um adversário puxa os calções do nosso neguinho para impedi-lo de avançar com o esférico (uau! Tou lá!), deixando o 'material' do Boa Morte nitidamente desprotegido. O realizador fez questão de repetir as imagens, saliente-se, em câmara lenta. Foi qualquer coisa de muito bom, assim a atirar para o excepcional.
Foi no jogo deste fim-de-semana contra a Croácia, transmitido pela RTP, na altura em que um adversário puxa os calções do nosso neguinho para impedi-lo de avançar com o esférico (uau! Tou lá!), deixando o 'material' do Boa Morte nitidamente desprotegido. O realizador fez questão de repetir as imagens, saliente-se, em câmara lenta. Foi qualquer coisa de muito bom, assim a atirar para o excepcional.
sábado, novembro 12, 2005
«Quando ainda sou a vida» - ou A Poesia Prometida
Cerca-me a vida, como naqueles anos
já perdidos, com o mesmo esplendor
de um mundo eterno. A rosa esfaqueada
do mar, as luzes derrubadas
dos hortos, o fragor das pombas
no ar, a vida ao meu redor,
quando ainda sou a vida.
Com o mesmo esplendor, e olhos envelhecidos,
e um amor fatigado.
Qual será a esperança? Viver mais,
e amar, enquanto se esgota o coração.
um mundo fiel embora perecível.
Amar o sonho destruído da vida
e, embora não possa ser, não maldizer
aquele antigo engano do eterno.
E consola-se o peito, porque sabe
que o mundo pode ser uma bela verdade.
Francisco Brines
Ensaio de uma Despedida
já perdidos, com o mesmo esplendor
de um mundo eterno. A rosa esfaqueada
do mar, as luzes derrubadas
dos hortos, o fragor das pombas
no ar, a vida ao meu redor,
quando ainda sou a vida.
Com o mesmo esplendor, e olhos envelhecidos,
e um amor fatigado.
Qual será a esperança? Viver mais,
e amar, enquanto se esgota o coração.
um mundo fiel embora perecível.
Amar o sonho destruído da vida
e, embora não possa ser, não maldizer
aquele antigo engano do eterno.
E consola-se o peito, porque sabe
que o mundo pode ser uma bela verdade.
Francisco Brines
Ensaio de uma Despedida
Uma Poesia por dia nem sabe o bem que lhe fazia
Confesso. Tenho tido nenhuma vontade de escrever. Quando lá sai, acontece a martelo... e no fim é como cão por vinha vindimada. "Tenho a minha vida em stand by e não encontro o comando". Mas se na realidade nem sempre acontece a mudança que se deseja, resolvi dar corda aos sapatos e abrir a rolha do champagne à chegada de mais posts. É uma realidade paralela a ver se dá novo fôlego à outra. "Reset, Ctrl+Atl+Delete, Refresh", o que lhe queiram chamar. Para os dias sem ideias, haverá reciclagem de posts antigos... e começa a nova rubrica da Poesia do Dia. O que é preciso é não esmorecer, haja paciência para me ler. Coisas que tal de um dedo de blog escrito a quatro mãos.
sexta-feira, novembro 11, 2005
Há finais que não são felizes
Ah, como eu gostava assim de ter umas pernas todas jeitosas, muito altas, e uma voz daquelas tipo Simone de Oliveira para ir falar com o Felipe Lá Féria e fazer uma coisa em grande no palco, e deixar as pessoas todas arrepiadinhas e jantar sempre ali ao pé do Politeama para depois entrar em cena e ter lá sempre os meus pais na primeira fila a baterem-me palmas e a dizerem-me que eu sou a maior e no fim chegar ao camarim e ter à minha espera margaridas numa jarra da Habitat e então seguir para casa e ligar a uma das bailarinas do elenco que se tornou na minha melhor amiga e cortarmos na casaca de um dos protagonistas que se cospe todo a representar e cheira muito mal da boca e então entrar em casa e fazer um chá, e o chá a cair-me tão mal, e a vomitar-me, e a ir-me... completamente fora do prazo.
quarta-feira, novembro 09, 2005
sexta-feira, novembro 04, 2005
Relato de futebol muito muito longo como faz de conta aqueles a sério
A RDP África que estava ainda agora transmitindo alegremente uma kizombinha ondulante, interrompe-me tristemente o balançar ao passar à faixa seguinte de nome: relato de futebol. É o Sporting que está a jogar. E estou aqui a ouvindo há uns minutos. É a minha primeira vez desta coisa que tal. Será uma primeira daquelas que ao princípio custa um bocadinho mas nunca mais se esquece como se faz? ( falo de andar de bicicleta...)
« GOOOOOLLLooOOO DO SEPORTING !!
É um golo espectacular do coisa-que-tal-soares!
Aos sete minutos um golo do Sporting... »
São as palavras dos comentadores do relato falando também para África, para Timor, talvez para o Brasil. E o meu telefone de casa apita, é uma senhora que se enganou no número, e eu digo-lhe não faz mal, tenha uma boa noite. Eu sou do Sporting. O que não quer dizer nada, como confirmarão os que sabem os meus conhecimentos futebolísticos. Mas sou do Sporting - desde os 6 anos – e... pronto, estou contente com o resultado no marcador. No entanto tenho pena do União de Leiria, tem assim um nome tão bonito a fazer lembrar o povo unido.
« 20 minutos da primeira parte
Sporting um, marca o Beto, União de Leiria, zero »
Beto? Ah, ouvi mal.... e isto tem mais de uma primeira parte? (ehheeh, brincadeirinha). Vou dar uma voltinha plas minhas eternas arrumações e buscar mais uma Tagus ao frigorífico. Eu sei, eu sei... mas estava em promoção no supermercado. O árbitro anula um golo do União de Leiria. Ouvem-se os assobios do público no estádio de Alvalade. Os comentadores se pudessem também assobiavam, estão exaltados e dizem o Ricardo estava sentado dentro da baliza, e o árbitro auxiliar como não viu, e dizem falta de classe. Tenho ainda mais pena do União de Leiria. Perdoem-me os amigos sportinguistas, a GranMarta, o QZ e o Gimbras. Até o Jorge Coroado está a dar um livre ao Leiria, em jeito de arrependimento. Mas o Ricardo agarra. Tenho mais que fazer do que estar presa a um relato de futebol, mas apetece-me estar aqui suspensa destes ênfases de vozes na rádio. Lembro-me do meu avô sofrendo pelo Benfica, agarrado ao pequeno aparelho a pilhas e nós, eu a minha irmã, a protestarmos, e ele enfim a condescender agarrando o tronco cortado em que nos partia pacientemente os pinhões.
« GOOOOOLLLooOOO DO SEPORTING !!
Rogério encheu o pé!
Este lance deve estar contaminado com a gripe das aves.»
A piada calculo para o outro guarda-redes. SEPORTING !! Intervalo. A Tagus até tem gás. Segunda Parte.
« GOOOOOLLLooOOO DO LEIEIEIRIIIIIA !!
João Paulo teve tempo para tudo!... »
Livres e movimentos defensivos, cortes providenciais dizem eles e não sei quê e mais cortes, e o Sporting a jogar a meia distância. O tal da gripe das aves chama-se Fernando. Bola batida para o meio campo. Cabeceamento fora de jogo, cruzamento ao poste e não sei quê. E um golo fora de jogo. E outra vez o Coroado posto em causa ou não, os comentadores não têm tempo, já vêm outros livres. É um entra e sai de jogadores, os que treinaram substituem os que suaram. Final do jogo 2-1. Sou do Sporting - desde os 6 anos – e... pronto, estou contente com o resultado no marcador.
« Uma pequena fracção de segundo é suficiente para a morte do artista.»
« GOOOOOLLLooOOO DO SEPORTING !!
É um golo espectacular do coisa-que-tal-soares!
Aos sete minutos um golo do Sporting... »
São as palavras dos comentadores do relato falando também para África, para Timor, talvez para o Brasil. E o meu telefone de casa apita, é uma senhora que se enganou no número, e eu digo-lhe não faz mal, tenha uma boa noite. Eu sou do Sporting. O que não quer dizer nada, como confirmarão os que sabem os meus conhecimentos futebolísticos. Mas sou do Sporting - desde os 6 anos – e... pronto, estou contente com o resultado no marcador. No entanto tenho pena do União de Leiria, tem assim um nome tão bonito a fazer lembrar o povo unido.
« 20 minutos da primeira parte
Sporting um, marca o Beto, União de Leiria, zero »
Beto? Ah, ouvi mal.... e isto tem mais de uma primeira parte? (ehheeh, brincadeirinha). Vou dar uma voltinha plas minhas eternas arrumações e buscar mais uma Tagus ao frigorífico. Eu sei, eu sei... mas estava em promoção no supermercado. O árbitro anula um golo do União de Leiria. Ouvem-se os assobios do público no estádio de Alvalade. Os comentadores se pudessem também assobiavam, estão exaltados e dizem o Ricardo estava sentado dentro da baliza, e o árbitro auxiliar como não viu, e dizem falta de classe. Tenho ainda mais pena do União de Leiria. Perdoem-me os amigos sportinguistas, a GranMarta, o QZ e o Gimbras. Até o Jorge Coroado está a dar um livre ao Leiria, em jeito de arrependimento. Mas o Ricardo agarra. Tenho mais que fazer do que estar presa a um relato de futebol, mas apetece-me estar aqui suspensa destes ênfases de vozes na rádio. Lembro-me do meu avô sofrendo pelo Benfica, agarrado ao pequeno aparelho a pilhas e nós, eu a minha irmã, a protestarmos, e ele enfim a condescender agarrando o tronco cortado em que nos partia pacientemente os pinhões.
« GOOOOOLLLooOOO DO SEPORTING !!
Rogério encheu o pé!
Este lance deve estar contaminado com a gripe das aves.»
A piada calculo para o outro guarda-redes. SEPORTING !! Intervalo. A Tagus até tem gás. Segunda Parte.
« GOOOOOLLLooOOO DO LEIEIEIRIIIIIA !!
João Paulo teve tempo para tudo!... »
Livres e movimentos defensivos, cortes providenciais dizem eles e não sei quê e mais cortes, e o Sporting a jogar a meia distância. O tal da gripe das aves chama-se Fernando. Bola batida para o meio campo. Cabeceamento fora de jogo, cruzamento ao poste e não sei quê. E um golo fora de jogo. E outra vez o Coroado posto em causa ou não, os comentadores não têm tempo, já vêm outros livres. É um entra e sai de jogadores, os que treinaram substituem os que suaram. Final do jogo 2-1. Sou do Sporting - desde os 6 anos – e... pronto, estou contente com o resultado no marcador.
« Uma pequena fracção de segundo é suficiente para a morte do artista.»
A forma como as pessoas nos olham pode ser absolutamente irritante.
Começo logo por uma das que eu acho do pior que é aquela assim...estão a falar não é?... mas não nos olham nos olhos. Passam a conversa toda a olhar-nos para a testa e a salivar por acharem que estão a dizer coisas muito importantes. Estão a ver o género?!
Mas há outras modalidades: aqueles que estão a falar connosco e repetidamente vão fechando os olhos, mas deixando inexplicavelmente as pálpebras cerradas cerca de vinte segundos. Estão a falar connosco, mas parece que vão dormitando de vez em vez assumindo um ar religioso de cortar os pulsos. Irritante também, não?
Bom, há uma outra espécie, que não fica atrás destas. São aquelas pessoas que nos olham para a boca. Nós a falarmos e elas sem despegar a vista da nossa boca. Nós a pormos a mão, a palitarmos disfarçadamente os dentes, não vá qualquer resto de comida estar a chamar a atenção, e nada!!
Graças a Deus que não vemos nada pelo olho de trás, é que se pela frente é como é, nem quero imaginar o que se passa nas nossas costas...safa!!
Observação: um abraço sincero a todos os estrábicos. Este post nada tem a ver com eles.
Começo logo por uma das que eu acho do pior que é aquela assim...estão a falar não é?... mas não nos olham nos olhos. Passam a conversa toda a olhar-nos para a testa e a salivar por acharem que estão a dizer coisas muito importantes. Estão a ver o género?!
Mas há outras modalidades: aqueles que estão a falar connosco e repetidamente vão fechando os olhos, mas deixando inexplicavelmente as pálpebras cerradas cerca de vinte segundos. Estão a falar connosco, mas parece que vão dormitando de vez em vez assumindo um ar religioso de cortar os pulsos. Irritante também, não?
Bom, há uma outra espécie, que não fica atrás destas. São aquelas pessoas que nos olham para a boca. Nós a falarmos e elas sem despegar a vista da nossa boca. Nós a pormos a mão, a palitarmos disfarçadamente os dentes, não vá qualquer resto de comida estar a chamar a atenção, e nada!!
Graças a Deus que não vemos nada pelo olho de trás, é que se pela frente é como é, nem quero imaginar o que se passa nas nossas costas...safa!!
Observação: um abraço sincero a todos os estrábicos. Este post nada tem a ver com eles.
quinta-feira, novembro 03, 2005
Tenho mau deitar
Aos 28 anos vou admiti-lo. Tenho mau deitar.
Há pessoas que têm mau acordar, eu tenho mau deitar. Não sei o que acontece no interior do meu organismo (gases não são porque tomo aerom), mas o certo é que passadas ali cerca de duas horas depois do jantar começo a ficar com uma azia e com uma telha que até assusta.
Sei lá, podia-me transformar em abóbora ou começar a fazer flic flacs encarpados à rectaguarda... mas não... fico ali numa angústia e numa irritação que só eu aguento. Normalmente levam por tabela aqueles que estão ao pé de mim, vulgo mãe, mãe, mãe.
Não sei se o meu inconsciente me quer avisar de que mais um dia está a chegar ao fim, se são as pilhas que começam a ficar fracas... não sei. A verdade é que é o momento mais insuportável do meu dia. No Natal então a birra chega tão ao auge que não me lembro de um ano em que não acabasse a noite de consoada a chorar que nem Maria Madalena agarrada às almofadas. E eu que adoro o Natal.
Quase todas as noites são assim e depois de manhã é... como é que eu hei-de dizer... de manhã é um ar que se lhe deu. Aqui a menina acorda bem disposta, cheia de fome, a cantarolar, lindíssima (sim, porque eu já acordo assim), enfim... parece que tudo não passou de um qualquer engano.
Ele há lá cada uma. Então a noite fez-me algum mal para eu estar aqui sempre de birra com ela?? Ora essa!
Há pessoas que têm mau acordar, eu tenho mau deitar. Não sei o que acontece no interior do meu organismo (gases não são porque tomo aerom), mas o certo é que passadas ali cerca de duas horas depois do jantar começo a ficar com uma azia e com uma telha que até assusta.
Sei lá, podia-me transformar em abóbora ou começar a fazer flic flacs encarpados à rectaguarda... mas não... fico ali numa angústia e numa irritação que só eu aguento. Normalmente levam por tabela aqueles que estão ao pé de mim, vulgo mãe, mãe, mãe.
Não sei se o meu inconsciente me quer avisar de que mais um dia está a chegar ao fim, se são as pilhas que começam a ficar fracas... não sei. A verdade é que é o momento mais insuportável do meu dia. No Natal então a birra chega tão ao auge que não me lembro de um ano em que não acabasse a noite de consoada a chorar que nem Maria Madalena agarrada às almofadas. E eu que adoro o Natal.
Quase todas as noites são assim e depois de manhã é... como é que eu hei-de dizer... de manhã é um ar que se lhe deu. Aqui a menina acorda bem disposta, cheia de fome, a cantarolar, lindíssima (sim, porque eu já acordo assim), enfim... parece que tudo não passou de um qualquer engano.
Ele há lá cada uma. Então a noite fez-me algum mal para eu estar aqui sempre de birra com ela?? Ora essa!
segunda-feira, outubro 31, 2005
E cá vai então a novidade
Bom, antes de mais, peço desculpa pela demora no anúncio que vos prometi fazer "amanhã" (dia 26 de Outubro). É certo, passaram uns dias, mas caramba... quem não gosta de agudizar assim um bocadito a curiosidade?
Muito bem, feito este prólogo à moda da Póvoa de Cima (fica sempre bem falar nas nossas origens), passo a contar a novidade: passados cerca de oito anos regressei ao basquetebol. Sim, os mais próximos sabem bem que, apesar da minha pequena estatura, a menina até encesta bem e até marca alguns pontos e então decidi (porque não?) voltar a pôr à prova os meus dotes com a bola.
Pronto, certamente os que esperavam bebés e outras coisas como novidade sentir-se-ão um pouco decepcionados, mas, acreditem, esta é uma grande novidade. Para mim é! E a vida de desempregada pode ser muito amarga sob o ponto de vista profissional, mas, por outro lado, oferece-nos estes docinhos que dizem respeito ao plano pessoal. Coisas que temos muita vontade de fazer, mas que se desvanecem porque o tempo nunca chega para nada.
Apesar de há cerca de duas semanas (altura em que comecei a treinar) me doerem todos os músculos, incluindo os das orelhas, é um prazer enorme poder voltar a lançar aquela bola linda para aquele cesto tão nosso amiguinho.
Bom, fica então a novidade, faço parte da equipa de séniores de uma equipa destes lados de Mafra, a jogar no campeonato nacional da II divisão. E como ainda vamos na segunda jornada, não vale a pena dizer em que posição é que estamos.
Beijos e abraços de uma basquetebolista que ainda vai dar que falar... Ticha Penicheiro, tu põe-te a pau melher.
PS: Eu sei que se estão também a borrifar para isto, mas aproveito para dizer que, desde que estou em casa, já fui ao dentista DUAS vezes. Hã?! Até estou com uma pose nova, um sorriso lindo, enfim...xau.
Muito bem, feito este prólogo à moda da Póvoa de Cima (fica sempre bem falar nas nossas origens), passo a contar a novidade: passados cerca de oito anos regressei ao basquetebol. Sim, os mais próximos sabem bem que, apesar da minha pequena estatura, a menina até encesta bem e até marca alguns pontos e então decidi (porque não?) voltar a pôr à prova os meus dotes com a bola.
Pronto, certamente os que esperavam bebés e outras coisas como novidade sentir-se-ão um pouco decepcionados, mas, acreditem, esta é uma grande novidade. Para mim é! E a vida de desempregada pode ser muito amarga sob o ponto de vista profissional, mas, por outro lado, oferece-nos estes docinhos que dizem respeito ao plano pessoal. Coisas que temos muita vontade de fazer, mas que se desvanecem porque o tempo nunca chega para nada.
Apesar de há cerca de duas semanas (altura em que comecei a treinar) me doerem todos os músculos, incluindo os das orelhas, é um prazer enorme poder voltar a lançar aquela bola linda para aquele cesto tão nosso amiguinho.
Bom, fica então a novidade, faço parte da equipa de séniores de uma equipa destes lados de Mafra, a jogar no campeonato nacional da II divisão. E como ainda vamos na segunda jornada, não vale a pena dizer em que posição é que estamos.
Beijos e abraços de uma basquetebolista que ainda vai dar que falar... Ticha Penicheiro, tu põe-te a pau melher.
PS: Eu sei que se estão também a borrifar para isto, mas aproveito para dizer que, desde que estou em casa, já fui ao dentista DUAS vezes. Hã?! Até estou com uma pose nova, um sorriso lindo, enfim...xau.
terça-feira, outubro 25, 2005
Publicidade gratuita
Há quem goste de dar pontapés no ar, há quem goste de beber pontapés na c*na, há quem goste de tentar pontapés de sorte, há quem esteja sempre a dar pontapés na porta e...há também quem ame pontapés de canto. Para os amantes do chamado desporto rei, para quem realmente respira futebol, não percam uma visita diária ao novo blog Pontapé de Canto.
Até já, volto amanhã com uma novidade!! Huuuuu....
Até já, volto amanhã com uma novidade!! Huuuuu....
segunda-feira, outubro 24, 2005
Cântico Negro (para começar bem esta semana)
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
Sei que não vou por aí.
José Régio
quarta-feira, outubro 19, 2005
Provérbios de um mau dia
Dia nenhum sem bem algum
Dia perdido nunca é preenchido
Dias passados, fogueiras mortas, quem as recorda, revolve cinzas
Dias há em que as gentes não olham para as pessoas, senão para os lugares donde as vêem (séc. XVII)
Dias melhores hão-de vir
Dia perdido nunca é preenchido
Dias passados, fogueiras mortas, quem as recorda, revolve cinzas
Dias há em que as gentes não olham para as pessoas, senão para os lugares donde as vêem (séc. XVII)
Dias melhores hão-de vir
sexta-feira, outubro 14, 2005
Post(e)s
Nunca mais pedi desculpa a um poste
Este é um outdoor do InstitutÓptico. Para todos os que como eu são míopes que nem uma porta.
Nunca mais pedi desculpa a um post
Tenho cá o meu orgulho. E posso muito bem ter ideias míopes que nem uma porta. Não importa.
Este é um outdoor do InstitutÓptico. Para todos os que como eu são míopes que nem uma porta.
Nunca mais pedi desculpa a um post
Tenho cá o meu orgulho. E posso muito bem ter ideias míopes que nem uma porta. Não importa.
Ufa... isto assim é canja!
As autoridades sanitárias vieram hoje esclarecer que a Gripe das Aves não afectará os nossos hábitos alimentares, uma vez que o vírus não se propaga se o frango for cozinhado.
Dahh!! Quer dizer, andava eu aqui numa angústia porque o bicho já andava na Roménia e na Turquia e só agora me vêm explicar que os riscos afectam quem lida de perto com os animais vivos. Não se faz! Opá, não se faz.
Dahh!! Quer dizer, andava eu aqui numa angústia porque o bicho já andava na Roménia e na Turquia e só agora me vêm explicar que os riscos afectam quem lida de perto com os animais vivos. Não se faz! Opá, não se faz.
terça-feira, outubro 11, 2005
(Prometi a mim mesma que não dedicava nenhum post a isto mas...)
Portugal ficou tão mal com estas eleições autárquicas que nem o furacão "Vince" quis passar por cá!!
sexta-feira, outubro 07, 2005
Lisboa é uma gaja boa
Dizem de Paris que é a Cidade-Luz. Perdoem-me a traição, mas é Lisboa. Lisboa tem aquela Luz branca, que, de tão branca, quase que cega, quase inebria. É bela a Luz do Terreiro do Paço, apesar das obras. É bela ao fim do Bairro Alto, a tropeçar pelo elevador da Bica até ao Tejo. É tão branca vista do castelo, e é branca à sombra do miradouro da Graça. Lisboa é uma mulher de sete curvas e outras tantas colinas. E dança. Mesmo de noite Lisboa tem Luz, e isso nada tem que ver com a escassez de candeeiros. Lisboa é aquele vinho quente nocturno que se toma imaginando o chorar da guitarra lá ao longe. É todo aquele trânsito sem rumo, aqueles lábios sem beijos. Lisboa é tudo isso... e disto nada.
Porquê?
Os asiáticos têm a gripe das aves, os angolanos levam com o vírus de Marburg... aos portugueses tinha de calhar o João Kléber. Porquê?
terça-feira, outubro 04, 2005
Já lá vai um ano
Está agora a fazer um ano desde que estive em Cabo Verde. Como tenho muitas saudades, partilho com todos esta imagem que, acima de tudo, me traz à memória duas coisas: a primeira, que o céu de Cabo Verde é o mais bonito que alguma vez vi; segundo, que o gajo na foto era tão chato, tão chato, que nem vos passa pela cabeça...nha sarna.
Abraços à companheira de viagem Marocas.
segunda-feira, outubro 03, 2005
sexta-feira, setembro 30, 2005
Os vampiros
No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Zeca Afonso
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Zeca Afonso
quinta-feira, setembro 29, 2005
Eclipse
Na próxima segunda-feira de manhã vamos assistir ao primeiro eclipse solar do século. Em ocasiões de Lua Nova, e se os centros do Sol, da Terra e da Lua estiverem alinhados, existem eclipses cujas características dependem da distância entre a Terra e a Lua. Neste caso é um eclipse anular, de anel de Sol à volta da Lua; e apenas nas regiões do Norte do País se vê na totalidade. Começa às 08:35 e termina às 11:20, mas a parte mais interessante é por volta das 09:55.
quarta-feira, setembro 28, 2005
E então?!!
Pelo que se ouve dizer por aí, os arguidos Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres e Valentim Loureiro, são mesmo capazes de merecer a confiança da maioria dos eleitores e ganharem as respectivas câmaras.
Eu ainda não acredito que isso possa de facto acontecer, mas se assim for eu juro que mando um balázio nos cornos de quem vier com aquela conversa de que os políticos são uns corruptos e que a Justiça é cega e que não pune os que merecem, blá, blá, blá... Também, se eu matar alguém o que é que me pode acontecer?! Ou passo umas belas férias no Brasil, ou ganho aí uma autarquia! E então?!
A verdade é que no meio desta mega-hipocrisia-político-judicial ainda há uma coisa que nos anima: afinal, o próximo Presidente da República sempre pode ser o Soares, o Cavaco, o Alegre e,... quem sabe, até mesmo o Jerónimo.
Arghhhh. Ai meu Deus!!
Eu ainda não acredito que isso possa de facto acontecer, mas se assim for eu juro que mando um balázio nos cornos de quem vier com aquela conversa de que os políticos são uns corruptos e que a Justiça é cega e que não pune os que merecem, blá, blá, blá... Também, se eu matar alguém o que é que me pode acontecer?! Ou passo umas belas férias no Brasil, ou ganho aí uma autarquia! E então?!
A verdade é que no meio desta mega-hipocrisia-político-judicial ainda há uma coisa que nos anima: afinal, o próximo Presidente da República sempre pode ser o Soares, o Cavaco, o Alegre e,... quem sabe, até mesmo o Jerónimo.
Arghhhh. Ai meu Deus!!
segunda-feira, setembro 26, 2005
1,71 metros de altura e olhos verdes!!!!
Tenho um metro e setenta e um de altura, cabelos longos bem negros e uns olhos verdes enormes e bem sublinhados pelas sobrancelhas. Sessenta centímetros de cintura, cento e um de peito e oitenta e seis de anca. Tenho um carro maravilhoso que não vos sei dizer a marca e agora vou ter de ir embora, senão perco o avião para as ilhas gregas.
Observação: É isto que mais me fascina nas novas tecnologias. Uma boa peta (excepto os 101 de peito) à distância de um teclado.
Observação: É isto que mais me fascina nas novas tecnologias. Uma boa peta (excepto os 101 de peito) à distância de um teclado.
sábado, setembro 24, 2005
Estrangeiradas
As tatuagens hoje em dia são uma cena muito pró estranho. Cada vez mais se deixam de ver os belos desenhos que se faziam de verdadeiras imagens e hoje em dia está na moda ter uma tatu com letras estrangeiras. Por exemplo, os jogadores da bola têm o nome dos filhos inscritos em chinês ou hebraico ou arábico (aquela cena....). Quantas vezes não vão a andar na rua e vêem pessoal com letras chinesas no braço ou no pescoço.
Se se quiserem rir um pouco experimentem perguntar às pessoas o que é que aquela letra quer dizer. Vários dizem "paz" ou "amor" ou o signo. As letras é que nem todas são iguais.
Há bacanos que pensam que têm "paz" e na verdade têm "pato com laranja". E os nomes dos filhotes???? Teêm MESMO A CERTEZA que é um nome de pessoa???? (Simão, esta é para ti!) Quem vos disse? "Ah foi o bacano que me fez a tatu!"
ABRAM A PESTANA!!!!
Made by Rios
Se se quiserem rir um pouco experimentem perguntar às pessoas o que é que aquela letra quer dizer. Vários dizem "paz" ou "amor" ou o signo. As letras é que nem todas são iguais.
Há bacanos que pensam que têm "paz" e na verdade têm "pato com laranja". E os nomes dos filhotes???? Teêm MESMO A CERTEZA que é um nome de pessoa???? (Simão, esta é para ti!) Quem vos disse? "Ah foi o bacano que me fez a tatu!"
ABRAM A PESTANA!!!!
Made by Rios
sexta-feira, setembro 23, 2005
No dia em que a minha tia fez 57 anos virei-me para ela enquanto nos despedíamos dos últimos goles de champanhe e disse-lhe: "Tenho um blog".
Ficou brutalmente arregalada a olhar para mim como se lhe tivesse dito que era lésbica ou que era suplente na 1ª Companhia e sussurou-me: "Onde é que apanhaste isso?! Ó filha vais é já amanhã àquele médico do teu tio".
A diferença de gerações às vezes chega a ser gritante. Estou agora a lembrar-me dos sobrinhos da Teresinha que foram dar de caras com discos em vinil arumados no sótão e lhe perguntaram: "Ó tia, o que é que são estes cd's grandes?"!!
Hoje, chamava-me a minha mãe para o jantar e eu respondia-lhe que primeiro tinha de ir pôr um "poust" (post). (Há quem diga "póst", o que tem uma certa graça). "Ai esses teus intestinos, filha. Come cereais, come cereais!!".
O meu pai, indignado, lançava-se da sala para lhe explicar: "Tu tens com cada uma, a miúda não te está a dizer que vai à casa-de-banho"... E avançando sobre mim enquanto abanava a cabeça, pousou a mão dele sobre o meu cocoruto a perguntar-me: "Eu tenho aqui. Queres pôr um amarelo ou um cor-de-rosa?". Na mão, dois blocos de post-it's, que à boa maneira portuguesa se pronunciam "póxtites".
Escolhi os amarelos e já nem fui pôr post algum. Tou a fazê-lo agora, no silêncio da madrugada. E se algum deles me aparecer no quarto a perguntar o que estou a fazer, minto e digo que estava a fumar um charrito.
Ficou brutalmente arregalada a olhar para mim como se lhe tivesse dito que era lésbica ou que era suplente na 1ª Companhia e sussurou-me: "Onde é que apanhaste isso?! Ó filha vais é já amanhã àquele médico do teu tio".
A diferença de gerações às vezes chega a ser gritante. Estou agora a lembrar-me dos sobrinhos da Teresinha que foram dar de caras com discos em vinil arumados no sótão e lhe perguntaram: "Ó tia, o que é que são estes cd's grandes?"!!
Hoje, chamava-me a minha mãe para o jantar e eu respondia-lhe que primeiro tinha de ir pôr um "poust" (post). (Há quem diga "póst", o que tem uma certa graça). "Ai esses teus intestinos, filha. Come cereais, come cereais!!".
O meu pai, indignado, lançava-se da sala para lhe explicar: "Tu tens com cada uma, a miúda não te está a dizer que vai à casa-de-banho"... E avançando sobre mim enquanto abanava a cabeça, pousou a mão dele sobre o meu cocoruto a perguntar-me: "Eu tenho aqui. Queres pôr um amarelo ou um cor-de-rosa?". Na mão, dois blocos de post-it's, que à boa maneira portuguesa se pronunciam "póxtites".
Escolhi os amarelos e já nem fui pôr post algum. Tou a fazê-lo agora, no silêncio da madrugada. E se algum deles me aparecer no quarto a perguntar o que estou a fazer, minto e digo que estava a fumar um charrito.
quinta-feira, setembro 22, 2005
Cheiretes
O chulé, o cheiro a queijo e outras coisas que tal que se dizem para explicar o mau odor dos pés, é um problema que afecta não só o Necas mas também muito boa gente por esse mundo fora. Está bem que ninguém cheira bem dos pés no final de uma longa caminhada num dia quente de Verão. Mas existem hábitos de higiene a ter em conta, e são isso mesmo: hábitos (diários, de preferência). Mas o que me traz a este post não é bem o asseio, e sim o facto de existirem verdadeiras investigações científicas que tentam caracterizar os componentes responsáveis pelo dito cheiro fétido. Ora eu ponho-me a imaginar aqueles gajos do alto da sua sabedoria, de bata branquinha e engomada e luvas assépticas, a chafurdarem num mundo de suadas peúgas e sapatos podres. Espero bem que substituam os habituais óculos grandes por uns tapa-narizes do mesmo material. Os tais cientistas são japoneses e americanos (não rir) e elegeram as substâncias mais nauseabundas que se podem cheirar: nas naturais ganha o metilcarptano que é o responsável pela halitose; nas sintéticas a U. S. Government Standard Bathroom Malodor (não rir) cuja composição é secreta. Epá, e os ovos podres? o aroma de merda de alguns WC públicos? de mijo em algumas ruelas de Lisboa? e as ratazanas mortas, essas incompreendidas? o cheiro das bombas de gasolina (esta é minha)?; está mal, deviam ter vindo falar connosco primeiro para a elucidação total de componentes responsáveis por cheiros nojentos. Connosco: as autoras e vós ouvintes, digam de vossa justiça. E em jeito de conclusão, para os Necas que pensam que os seus pés cheiram mal, é mesmo verdade amigos, exalam de facto esse mau odor com o qual perfumam a atmosfera circundante.
sábado, setembro 17, 2005
O Fanecas ou Uma construção de um personagem (tão boa como outra qualquer)
O Fanecas, ou Necas para os amigos, era um gajo porreiro. Tinha lá o seu feitio, convenhamos... muito próprio, mas era o que se pode chamar um grande personagem.
Começava muitas das suas frases por: "Épa, isto pode parecer-te um bocado estranho..." ou "Já sei o que é que vais dizer...", ruminando qualquer coisa do arco da velha pelo meio, e terminando algumas delas com "Olha, são pérolas p’ra porcos, pá" ou "É dar bons vinhos a maus fígados, sabem lá o que é essa merda...".
O estado civil do Fanecas era algo que permanecia um mistério. Casado não era, não existia registo de nenhum acontecimento do género, mas não perdia uma despedida de solteiro. Também não constava que tivesse namorada oficial; claro que os amigos perceberam logo que a Ana Maria era alguém mais especial mas, como não falava nisso, também não lhe perguntavam. Trazia a tiracolo mulheres dos géneros mais diversificados, que iam, e às vezes voltavam, com uma frequência espantosa. Era um predador romântico: chegava a enviar flores e bombons às miúdas giras que apareciam na televisão, na internet, nos bares, esperando uma recompensa mas fingindo não a esperar. Conservava com as mulheres a sua educação da infância: o cuidado no evitar o vernáculo perto da mãe e as caralhadas e risadas que soltava com o pai.
Na política, assumia-se como um gajo do contra. Até nem se importava de levar outra vez com o Mário Soares e o Cavaco Silva, só para poder dizer mal à vontade devidamente fundamentado no passado. Mas não ia votar. Dizia com sarcasmo dos políticos: "É só injustiças de merda, eu não acredito em mentiras pá. ‘Tou-me a cagar p’ra eles todos, são todos uns corruptos. Puta que os pariu mais a recessão..."
O Necas gostava de folhear A BOLA logo pela manhã ainda cheia de tinta. E gostava de ver a bola com os amigos no café, até porque era forreta e nunca ia ao estádio. "Aqui é mais emocionante, um gajo lá não vê nada.", nunca se sabendo se a emoção lhe surgia com as fresquinhas que despejava ou com a visão mais toldada que disparava para o écran. Nas faltas dos jogadores da sua equipa justificava: "Ele ‘tava a ir à bola, a fazer jogo... e o outro gajo atirou-se pr’ó chão, pá! Qual é o árbitro que não vê esta merda?" O Necas levava as mãos à cabeça quando era golo da outra equipa ao passo que sorria tranquila e desdenhosamente quando a sua marcava.
O Necas era um ex-fumador desejoso de reincidir. Andava numa espécie de liberdade condicional pois havia largado há pouco tempo, e o que ele sofria!... Às vezes abanava a mão incomodado, a afastar o fumo do cigarro dos outros. Mas à noite, já com os copos, apetecia-lhe fumar este mundo e o outro. Ficava para ali a salivar qual canino de Pavlov mas como "um gajo é um animal racional" lá controlava os ímpetos, não deixando de fixar exaustivamente o objecto de desejo.
O Necas era funcionário público. Não gostava de falar do trabalho, a não ser para reclamar do facto de ter de trabalhar. Tinha muitas regalias mas fingia não as ter. Na verdade poder-se-ia dizer que o Necas trabalhava apenas quatro dias úteis, dado que às segundas de manhã e sextas à tarde não fazia a ponta de um corno. Andava a estrebuchar em frequência FDS Mega Hertz – FDS de fim de semana, ou em interpretação livre: "Foda-se, já aqui ‘tou outra vez?" e "Foda-se, o que’é qu’eu ainda aqui ‘tou a fazer?". No regresso das férias ao trabalho emitia em frequência pirata intraduzível.
O Necas tinha as suas particularidades, "Deixem-me cá com as minhas merdas, pá!". Por exemplo, gostava de sumo de mamão e não admitia piadas sobre o assunto. E depois existiam outros temas intocáveis como dizerem-lhe que era sovina, que guardava trocos por vocação, perguntarem-lhe por que é que lhe chamavam Fanecas e qual o seu verdadeiro nome. Mas o que realmente deixava o Necas chateado era dizerem-lhe que cheirava mal dos pés, "Ouve lá, mas tu queres levar uma pêra?". No entanto à noite largava os ténis a espantar o odor na varanda... mas isso só eu é que sei porque sou uma narradora omnisciente e inventei o personagem do Fanecas.
Começava muitas das suas frases por: "Épa, isto pode parecer-te um bocado estranho..." ou "Já sei o que é que vais dizer...", ruminando qualquer coisa do arco da velha pelo meio, e terminando algumas delas com "Olha, são pérolas p’ra porcos, pá" ou "É dar bons vinhos a maus fígados, sabem lá o que é essa merda...".
O estado civil do Fanecas era algo que permanecia um mistério. Casado não era, não existia registo de nenhum acontecimento do género, mas não perdia uma despedida de solteiro. Também não constava que tivesse namorada oficial; claro que os amigos perceberam logo que a Ana Maria era alguém mais especial mas, como não falava nisso, também não lhe perguntavam. Trazia a tiracolo mulheres dos géneros mais diversificados, que iam, e às vezes voltavam, com uma frequência espantosa. Era um predador romântico: chegava a enviar flores e bombons às miúdas giras que apareciam na televisão, na internet, nos bares, esperando uma recompensa mas fingindo não a esperar. Conservava com as mulheres a sua educação da infância: o cuidado no evitar o vernáculo perto da mãe e as caralhadas e risadas que soltava com o pai.
Na política, assumia-se como um gajo do contra. Até nem se importava de levar outra vez com o Mário Soares e o Cavaco Silva, só para poder dizer mal à vontade devidamente fundamentado no passado. Mas não ia votar. Dizia com sarcasmo dos políticos: "É só injustiças de merda, eu não acredito em mentiras pá. ‘Tou-me a cagar p’ra eles todos, são todos uns corruptos. Puta que os pariu mais a recessão..."
O Necas gostava de folhear A BOLA logo pela manhã ainda cheia de tinta. E gostava de ver a bola com os amigos no café, até porque era forreta e nunca ia ao estádio. "Aqui é mais emocionante, um gajo lá não vê nada.", nunca se sabendo se a emoção lhe surgia com as fresquinhas que despejava ou com a visão mais toldada que disparava para o écran. Nas faltas dos jogadores da sua equipa justificava: "Ele ‘tava a ir à bola, a fazer jogo... e o outro gajo atirou-se pr’ó chão, pá! Qual é o árbitro que não vê esta merda?" O Necas levava as mãos à cabeça quando era golo da outra equipa ao passo que sorria tranquila e desdenhosamente quando a sua marcava.
O Necas era um ex-fumador desejoso de reincidir. Andava numa espécie de liberdade condicional pois havia largado há pouco tempo, e o que ele sofria!... Às vezes abanava a mão incomodado, a afastar o fumo do cigarro dos outros. Mas à noite, já com os copos, apetecia-lhe fumar este mundo e o outro. Ficava para ali a salivar qual canino de Pavlov mas como "um gajo é um animal racional" lá controlava os ímpetos, não deixando de fixar exaustivamente o objecto de desejo.
O Necas era funcionário público. Não gostava de falar do trabalho, a não ser para reclamar do facto de ter de trabalhar. Tinha muitas regalias mas fingia não as ter. Na verdade poder-se-ia dizer que o Necas trabalhava apenas quatro dias úteis, dado que às segundas de manhã e sextas à tarde não fazia a ponta de um corno. Andava a estrebuchar em frequência FDS Mega Hertz – FDS de fim de semana, ou em interpretação livre: "Foda-se, já aqui ‘tou outra vez?" e "Foda-se, o que’é qu’eu ainda aqui ‘tou a fazer?". No regresso das férias ao trabalho emitia em frequência pirata intraduzível.
O Necas tinha as suas particularidades, "Deixem-me cá com as minhas merdas, pá!". Por exemplo, gostava de sumo de mamão e não admitia piadas sobre o assunto. E depois existiam outros temas intocáveis como dizerem-lhe que era sovina, que guardava trocos por vocação, perguntarem-lhe por que é que lhe chamavam Fanecas e qual o seu verdadeiro nome. Mas o que realmente deixava o Necas chateado era dizerem-lhe que cheirava mal dos pés, "Ouve lá, mas tu queres levar uma pêra?". No entanto à noite largava os ténis a espantar o odor na varanda... mas isso só eu é que sei porque sou uma narradora omnisciente e inventei o personagem do Fanecas.
sexta-feira, setembro 16, 2005
Alô, concorrência, alô!
Após rápida leitura na oblíqua, pude constatar que estamos a ser completamente liquidadas pela concorrência. A concorrência é eficaz, tem boas ideias. A concorrência não dorme, é um ser que respira, que corre adiante.
Descobri que este é o meu 100º post (lindo número, não?). Alguns foram alinhavados em cima do joelho, escritos de enfiada; outros mais pensados, mais filhos de uma gravidez desejada.
Alguém da concorrência quer ajudar a soltar a pressão do barril das ideias e servir-nos um esboço de post fresquinho e borbulhante, tal como o pede esta tarde de sexta-feira? Um grande bem hajam!
Descobri que este é o meu 100º post (lindo número, não?). Alguns foram alinhavados em cima do joelho, escritos de enfiada; outros mais pensados, mais filhos de uma gravidez desejada.
Alguém da concorrência quer ajudar a soltar a pressão do barril das ideias e servir-nos um esboço de post fresquinho e borbulhante, tal como o pede esta tarde de sexta-feira? Um grande bem hajam!
quinta-feira, setembro 15, 2005
Sentimental que tal
Ai, que saudades eu tenho de Agosto.
Mesmo quando o Agosto é mais chuvoso ou menos estrelado, eu tenho sempre saudades de Agosto.
Eu tenho saudades desse Agosto das tardes cheias de mar, dos gestos lentos sobre a areia.
Tenho principalmente saudades das tardes de Agosto, dos instantes que se prolongam sem propósito, do mar ser mais longe que a linha do horizonte.
Mesmo quando o Agosto é mais chuvoso ou menos estrelado, eu tenho sempre saudades de Agosto.
Eu tenho saudades desse Agosto das tardes cheias de mar, dos gestos lentos sobre a areia.
Tenho principalmente saudades das tardes de Agosto, dos instantes que se prolongam sem propósito, do mar ser mais longe que a linha do horizonte.
Coisas que tal
« (...) É daquelas coisas que, não servindo para nada, é bom que existam por princípio. Um pouco como a genitália do Papa. Seria no mínimo perturbador imaginar um Papa que não tivesse... bom... que não tivesse o seu Sumo Pontífice mesmo que não o use. (...) »
Renato Carreira
o Inimigo Público, 9 Setembro 2005
Renato Carreira
o Inimigo Público, 9 Setembro 2005
Sem título
Acordava nessas manhãs de Inverno sentindo-se um pouco Lobo das Estepes. Nas horas do despertar julgava-se muito mais Lobo, soltando breves grunhidos. Mas depois durante o dia achava-se deprimido, oprimido até, quase soterrado pela ideia humana que de si fazia. À noite esse lado lupino regressava mais evidente, quase a arregaçar os caninos, e piorando com a madrugada. Como que arriscaria esboçar umas quantas teorias sobre o binómio homem-lobo, não fosse o facto de ainda estar a meio do livro. Nessas manhãs estugava o passo a caminho da estação de comboios do subúrbio e, na viagem, o livro adormecia na pasta enquanto a barriga repousava no cinto. À noite se tivesse sorte, encontraria melhor companhia para a almofada que o Hermann Hesse. Se tivesse sorte... e desde que não dissesse à jovem rapariga diante de si: " Pois, sou eu. Sou uma pessoa que tenho metade de homem e metade de Lobo, ou que julga ser assim."
sexta-feira, setembro 02, 2005
Vou ficar para madrinha
Por este andar fico mas é para madrinha. Estou prestes a ter um quarto afilhado.
O primeiro, o Rafa, tem doze anos, e é lindo de olhos pestanudos e bom feitio. Adora futebol e o Benfica. Está todo orgulhoso por eu ter aparecido na televisão.
Da Susana fui madrinha de casamento, em pleno Mosteiro dos Jerónimos. As outras três madrinhas ficaram na plateia enquanto eu chorava no altar. A Susana é mãe há três meses do Guilherme que sorri exactamente como ela.
Depois há a Catarina, a minha sobrinha adorada. A Catarina vai fazer dois anos e é a coisa mais fofa do mundo. Ainda não fala, mas percebe tudo. Adora a madrinha.
E agora o casamento do Billy, o meu querido amigo.
Pronto, estou garantida com um montão de afilhados. Vou ser uma Godmother, Cap. IV. Estou lixada na Páscoa.
O primeiro, o Rafa, tem doze anos, e é lindo de olhos pestanudos e bom feitio. Adora futebol e o Benfica. Está todo orgulhoso por eu ter aparecido na televisão.
Da Susana fui madrinha de casamento, em pleno Mosteiro dos Jerónimos. As outras três madrinhas ficaram na plateia enquanto eu chorava no altar. A Susana é mãe há três meses do Guilherme que sorri exactamente como ela.
Depois há a Catarina, a minha sobrinha adorada. A Catarina vai fazer dois anos e é a coisa mais fofa do mundo. Ainda não fala, mas percebe tudo. Adora a madrinha.
E agora o casamento do Billy, o meu querido amigo.
Pronto, estou garantida com um montão de afilhados. Vou ser uma Godmother, Cap. IV. Estou lixada na Páscoa.
sábado, agosto 20, 2005
Ai, ai, Barcelona... te echo de menos
Como é que a saudade pode ser uma coisa "de menos"? O espanhol que inventou a expressão só podia estar com os copos... Esta cidade deixa muita saudade e é de visita obrigatória, como o é para um muçulmano ir a Meca.
E eis-me regressada à vida (a)normal; conto acordar a qualquer momento e ver que ainda estou em Barcelona ao primeiro pestanejar. Os cadernos trazem colados bilhetes, mapas e frases curtas;... o filme maior desenrolou para gáudio dos sentidos e resguardou-se num nicho da memória.
O Coisas que tal parece um blog fantastma despertando com a Lua Cheia, tentando agarrar os poucos leitores que lhe restam. A Anette está sem net, de férias em parte incerta. Eu vou ali procurar umas citações para encher chouriços e preparar a linha de montagem. Desculpem qualquer coisinha, sim?
E eis-me regressada à vida (a)normal; conto acordar a qualquer momento e ver que ainda estou em Barcelona ao primeiro pestanejar. Os cadernos trazem colados bilhetes, mapas e frases curtas;... o filme maior desenrolou para gáudio dos sentidos e resguardou-se num nicho da memória.
O Coisas que tal parece um blog fantastma despertando com a Lua Cheia, tentando agarrar os poucos leitores que lhe restam. A Anette está sem net, de férias em parte incerta. Eu vou ali procurar umas citações para encher chouriços e preparar a linha de montagem. Desculpem qualquer coisinha, sim?
sexta-feira, julho 29, 2005
Barcelona, olé !
Finalmente as férias! Estou em day before partida. Já faço listas, arrumo por montinhos, quase já bato asas a caminho de Barcelona.
O Coisas que tal fica em piloto automático. A velhinha e o pombo merecem uma continuação, falando em voar. Também o nosso quase querido Mendes há-de desenrolar no vodka7. Não existirão mais posts com referência ao Um Contra Todos, pelo menos até que a RTP me pague. Trarei cadernos pautados de Barcelona passando como num filme... ou talvez não.
E havia uma outra coisa de que tal vos queria falar, mas é tão inacreditável, tão estúpida... que sai apenas :
Amanhã comprem a última edição d' A CAPITAL
O Coisas que tal fica em piloto automático. A velhinha e o pombo merecem uma continuação, falando em voar. Também o nosso quase querido Mendes há-de desenrolar no vodka7. Não existirão mais posts com referência ao Um Contra Todos, pelo menos até que a RTP me pague. Trarei cadernos pautados de Barcelona passando como num filme... ou talvez não.
E havia uma outra coisa de que tal vos queria falar, mas é tão inacreditável, tão estúpida... que sai apenas :
Amanhã comprem a última edição d' A CAPITAL
Luas de Agosto
Lua Nova - Dia 5 às 04h05
Quarto Crescente - Dia 13 às 03h38
Lua Cheia - Dia 19 às 18h53
Quarto Minguante - Dia 26 às 16h18
( Isto sim é verdadeiro serviço Borda d'Água )
Quarto Crescente - Dia 13 às 03h38
Lua Cheia - Dia 19 às 18h53
Quarto Minguante - Dia 26 às 16h18
( Isto sim é verdadeiro serviço Borda d'Água )
Pensamento do dia
"Prefiro ser um homem de paradoxos que um homem de preconceitos."
Jean Jacques Rousseau
Jean Jacques Rousseau
quarta-feira, julho 27, 2005
Casamentos de Agosto
Já começam a apitar alegremente as buzinas nas aldeias, vilas e cidades deste país à beira mal plantado. Quando Agosto bate à porta, todos os Sábados se repete a mesma chinfrineira irritante. O tuga que se preza, emigrante ou não, faz questão de casar em Agosto. Resultado: igrejas lotadas com três e quatro casamentos no mesmo dia, maquilhagens a derreter e gargantas sedentas - de álcool pois então, que "de borla" é a expressão preferida do tuga.
Os carros seguem em fila indiana para o copo-de-água, devidamente ornamentados com fitinhas de gaze branca a condizer com o vestido da noiva. O mesmo tecido está presente em todo o estacionário casamenteiro: convites, menus das mesas temáticas e os envelopes onde se depositam os cheques com que se presenteiam os noivos.
Como o almoço vai quase sempre tardio, os convivas empanturram-se de croquetes acompanhados pelo merecido aperitivo (no meu caso o moscatel, que normalmente se revela uma má escolha no estômago vazio).
Os padres, após a homilía hipócrita da fidelidade e blá blá, recebem convites para o copo-de-água escolhendo, de entre todos, o casamento que se afigura ter o melhor repasto.
Mais tarde , as senhoras usualmente de toilettes duvidosas descalçam-se, já que os sapatos que escolheram para a cerimónia rejeitariam no resto do ano, desde que no seu perfeito juízo. Os homens começam por retirar o casaco, depois a gravata e, em alguns, até a camisa espreita por fora das calças, dependendo do teor alcoólico.
Pelo menos uma música do Quim Barreiros é obrigatória, mas pode ser substituída pelo "Nós pimba" do Emanuel.
O resto já se sabe: pândega até às tantas, comida até estourar, uma média de meia bebedeira per capita e alguns números de telemóveis sacados pelos solteiros para futuros encontros menos formais - para casarem no Agosto do ano seguinte, quem sabe...
Os carros seguem em fila indiana para o copo-de-água, devidamente ornamentados com fitinhas de gaze branca a condizer com o vestido da noiva. O mesmo tecido está presente em todo o estacionário casamenteiro: convites, menus das mesas temáticas e os envelopes onde se depositam os cheques com que se presenteiam os noivos.
Como o almoço vai quase sempre tardio, os convivas empanturram-se de croquetes acompanhados pelo merecido aperitivo (no meu caso o moscatel, que normalmente se revela uma má escolha no estômago vazio).
Os padres, após a homilía hipócrita da fidelidade e blá blá, recebem convites para o copo-de-água escolhendo, de entre todos, o casamento que se afigura ter o melhor repasto.
Mais tarde , as senhoras usualmente de toilettes duvidosas descalçam-se, já que os sapatos que escolheram para a cerimónia rejeitariam no resto do ano, desde que no seu perfeito juízo. Os homens começam por retirar o casaco, depois a gravata e, em alguns, até a camisa espreita por fora das calças, dependendo do teor alcoólico.
Pelo menos uma música do Quim Barreiros é obrigatória, mas pode ser substituída pelo "Nós pimba" do Emanuel.
O resto já se sabe: pândega até às tantas, comida até estourar, uma média de meia bebedeira per capita e alguns números de telemóveis sacados pelos solteiros para futuros encontros menos formais - para casarem no Agosto do ano seguinte, quem sabe...
segunda-feira, julho 25, 2005
Dicas de campanha
"Apesar das recorrentes críticas ao excesso de privilégios, o país político parece condenado a não ter férias de Verão. O ano passado foi a extemporânea mudança de Governo e, ao que diz quem lá esteve, a tomada de posse mais quente da História da democracia portuguesa. Este ano, entre orçamentos rectificativos e campanhas para as autárquicas não há tempo para banhos. Os mais sacrificados pelo novo calendário eleitoral, para além de alguns restaurantes e discotecas mais a Sul, são os próprios candidatos. Numa tentativa de aligeirar o árduo trimestre que os espera, aqui ficam algumas sugestões para todos os que, por todo o Portugal, se lançam à conquista de uma Câmara Municipal:
– Faça um programa com todas as festas e romarias do concelho. É bom que não falte a nenhuma. Antes de sair de casa, é prudente ensaiar uns passos de dança, de forma a não fazer má figura nos bailaricos.
– Prepare-se convenientemente para as visitas a feiras e mercados. Se não for versado na matéria, não se esqueça de estudar com detalhe os nomes dos produtos hortícolas e, fundamentalmente, os dos peixes. Não se esqueça que as coreografias com varinas e peixeiras já deram muitas eleições a ganhar.
– Se for candidato num concelho de características rurais, o melhor mesmo é pedir ao anterior líder do CDS/PP que lhe dê algumas dicas sobre ordenha. Não é obrigatório o uso de boina nesta época do ano.
– Muita atenção ao material de campanha: é totalmente desaconselhada a oferta de ‘t-shirts’ com etiqueta ‘made in China’. Esta advertência deverá ser observada com especial rigor nas candidaturas apresentadas nas regiões autónomas.
– Certifique-se que tem currículo adequado para o cargo. Algumas sondagens indicam que alguns processos judiciais em fase de investigação ou julgamento podem constituir uma mais valia eleitoral.
– Todas as intervenções públicas devem ser devidamente estudadas. Nunca, por nunca, troque o bolso do casaco onde guardou o discurso para o jantar com a associação de construtores civis, com o que está guardado para o encontro com os movimentos ambientalistas.
– Assegure-se que todo o seu ‘staff’, bem como todos os mecenas e financiadores da campanha, são pessoas de confiança. Não aceite dinheiro, viagens ao Brasil ou até mesmo electrodomésticos de desconhecidos. Desconfie de qualquer colaborador que tenha o estranho hábito de usar um saco azul à tiracolo.
– Se apesar do apertado calendário de campanha lhe sobrar algum tempo, talvez fosse boa ideia conhecer o concelho, estudar os seus problemas e potencialidades, os recursos financeiros da autarquia e, quem sabe, até pensar no que poderá fazer durante o mandato. Mas atenção: não faz parte da cartilha do verdadeiro candidato desperdiçar tempo com estes pormenores.
Boa campanha! "
____
A 19 de Julho in www.diarioeconomico.com
Nuno Sampaio assina esta coluna semanalmente à terça-feira. (e é o meu cunhado preferido !!)
– Faça um programa com todas as festas e romarias do concelho. É bom que não falte a nenhuma. Antes de sair de casa, é prudente ensaiar uns passos de dança, de forma a não fazer má figura nos bailaricos.
– Prepare-se convenientemente para as visitas a feiras e mercados. Se não for versado na matéria, não se esqueça de estudar com detalhe os nomes dos produtos hortícolas e, fundamentalmente, os dos peixes. Não se esqueça que as coreografias com varinas e peixeiras já deram muitas eleições a ganhar.
– Se for candidato num concelho de características rurais, o melhor mesmo é pedir ao anterior líder do CDS/PP que lhe dê algumas dicas sobre ordenha. Não é obrigatório o uso de boina nesta época do ano.
– Muita atenção ao material de campanha: é totalmente desaconselhada a oferta de ‘t-shirts’ com etiqueta ‘made in China’. Esta advertência deverá ser observada com especial rigor nas candidaturas apresentadas nas regiões autónomas.
– Certifique-se que tem currículo adequado para o cargo. Algumas sondagens indicam que alguns processos judiciais em fase de investigação ou julgamento podem constituir uma mais valia eleitoral.
– Todas as intervenções públicas devem ser devidamente estudadas. Nunca, por nunca, troque o bolso do casaco onde guardou o discurso para o jantar com a associação de construtores civis, com o que está guardado para o encontro com os movimentos ambientalistas.
– Assegure-se que todo o seu ‘staff’, bem como todos os mecenas e financiadores da campanha, são pessoas de confiança. Não aceite dinheiro, viagens ao Brasil ou até mesmo electrodomésticos de desconhecidos. Desconfie de qualquer colaborador que tenha o estranho hábito de usar um saco azul à tiracolo.
– Se apesar do apertado calendário de campanha lhe sobrar algum tempo, talvez fosse boa ideia conhecer o concelho, estudar os seus problemas e potencialidades, os recursos financeiros da autarquia e, quem sabe, até pensar no que poderá fazer durante o mandato. Mas atenção: não faz parte da cartilha do verdadeiro candidato desperdiçar tempo com estes pormenores.
Boa campanha! "
____
A 19 de Julho in www.diarioeconomico.com
Nuno Sampaio assina esta coluna semanalmente à terça-feira. (e é o meu cunhado preferido !!)
domingo, julho 24, 2005
Sexo e mais sexo
Porque é que os cartazes de campanha são sempre tão insípidos? Porque é que só falam nas qualidades e não nos defeitos dos candidatos? Se existisse menos hipocrisia eleitoral, o povo ficava muito mais confiante na sinceridade dos elegíveis.
Senão vejamos:
Fernando Seara – “Fiel a Causas. Fiel a Sintra” (bah!!) Então não ficava muito melhor uma coisa tipo: “Infiel à Judite porque já não aguento aquele mau hálito matinal, mas fiel a Sintra”.
Carmona Rodrigues – “Vamos a isto”, enquanto arregaça as mangas. (ora bolas!) Era mais, com o mesmo arregaçar de mangas: “Vamos a isto. Vamos a elas, que o Santana vai embora, mas as santanetes ficam!”
João Soares e Jorge Coelho – “Chega de conversa. Sintra precisa é de trabalho”. Cá para mim é mais: "Chega de conversa. Seara em Sintra vai com o caralho!”.
Manuel Maria Carrilho – “Projectos com princípio meio e fim”. Ok, o que devia estar no cartaz era mais: “Projectos com princípio meio e fim. O que quer que isto queira dizer!”.
Ruben de Carvalho (por acaso sei quem é porque estive na semana passada no Zoo) – “Soluções para Lisboa”. Vá lá Ruben, diz a verdade: “Soluções para Lisboa, já que não há solução para mim”.
Observação: O título é daqueles para enganar.
Senão vejamos:
Fernando Seara – “Fiel a Causas. Fiel a Sintra” (bah!!) Então não ficava muito melhor uma coisa tipo: “Infiel à Judite porque já não aguento aquele mau hálito matinal, mas fiel a Sintra”.
Carmona Rodrigues – “Vamos a isto”, enquanto arregaça as mangas. (ora bolas!) Era mais, com o mesmo arregaçar de mangas: “Vamos a isto. Vamos a elas, que o Santana vai embora, mas as santanetes ficam!”
João Soares e Jorge Coelho – “Chega de conversa. Sintra precisa é de trabalho”. Cá para mim é mais: "Chega de conversa. Seara em Sintra vai com o caralho!”.
Manuel Maria Carrilho – “Projectos com princípio meio e fim”. Ok, o que devia estar no cartaz era mais: “Projectos com princípio meio e fim. O que quer que isto queira dizer!”.
Ruben de Carvalho (por acaso sei quem é porque estive na semana passada no Zoo) – “Soluções para Lisboa”. Vá lá Ruben, diz a verdade: “Soluções para Lisboa, já que não há solução para mim”.
Observação: O título é daqueles para enganar.
quinta-feira, julho 21, 2005
Puta que pariu o Campos e Cunha
Não, este não é um post com temática política. Mas podia ser.
Então não é que ontem, em pleno suspense da última pergunta da minha vitória, a RTP interrompe o "Um Contra Todos" para um especial informação em que anuncia a saída do Campos e Cunha do governo? Pergunto eu: não podiam ter esperado pelo intervalo? Claro que não, as audiências vinham caminhando em subida vertiginosa e aproveitaram-se da minha telegenia para fazer funcionar a máquina informativa. Que golpe baixo!
A minha prestação estará para sempre associada ao princípio da queda do governo socialista, o que afinal até nem deixa de ser engraçado.
---------
P.S. - Obrigada à Nana do "Todos os polacos", a quem roubei grosseiramente o título deste post.
Então não é que ontem, em pleno suspense da última pergunta da minha vitória, a RTP interrompe o "Um Contra Todos" para um especial informação em que anuncia a saída do Campos e Cunha do governo? Pergunto eu: não podiam ter esperado pelo intervalo? Claro que não, as audiências vinham caminhando em subida vertiginosa e aproveitaram-se da minha telegenia para fazer funcionar a máquina informativa. Que golpe baixo!
A minha prestação estará para sempre associada ao princípio da queda do governo socialista, o que afinal até nem deixa de ser engraçado.
---------
P.S. - Obrigada à Nana do "Todos os polacos", a quem roubei grosseiramente o título deste post.
terça-feira, julho 19, 2005
Falai no Mendes e à porta o tendes (I)
Desde tenra idade conhecido por "filho do Mendes", a dada altura passaram a chamá-lo apenas Mendes, tal como seu pai e o seu avô antes dele. Estranhamente, nenhum tinha realmente por apelido Mendes, mas esse era um costume antigo de Vila Bela. Já o seu melhor amigo e companheiro de brincadeiras de infância era conhecido por Zé Sapateiro, negócio que nunca prosperou na família, que detinha há várias gerações uma taberna. O verdadeiro nome do Mendes na verdade não nos interessa.
O Mendes vendia enciclopédias por toda a concelhia na sua velha carrinha. Tarefa ingrata, a do Mendes, vender palavras a retalho a gentes mais habituadas às pedras e à lavoura. Quando se sentia pelas aldeias o troar da carripana, logo se estendia a notícia e os largos das igrejas esvaziavam-se como que por encanto... E não fosse a proximidade com os santos, quase se poderia dizer: "Falai no Diabo... e aparece-lhe o rabo".
(continua em www.vodka7.blogspot.com )
O Mendes vendia enciclopédias por toda a concelhia na sua velha carrinha. Tarefa ingrata, a do Mendes, vender palavras a retalho a gentes mais habituadas às pedras e à lavoura. Quando se sentia pelas aldeias o troar da carripana, logo se estendia a notícia e os largos das igrejas esvaziavam-se como que por encanto... E não fosse a proximidade com os santos, quase se poderia dizer: "Falai no Diabo... e aparece-lhe o rabo".
(continua em www.vodka7.blogspot.com )
domingo, julho 17, 2005
EU CONTRA TODOS
Caríssimos:
É já amanhã (2ª feira) que começa a minha participação no programa "Um Contra Todos" na RTP1. Para bem dos vossos pecados, terão 4 serões plenos de sabedoria, beleza e simpatia. E imodéstia como se pode verificar pela frase anterior,... e é por isso que posso dizer sem falsidades que tive muita sorte, além do saber. Ainda bem que o nervoso miudinho me deu para rir muito e dizer disparates. Claro que agora já todos sabem que ganhei e assim se quebra o suspense, mas foi bem sofrido. A caixa de comentários não aceita piadinhas sobre o facto de eu ser uma básica do desporto, ok?
É já amanhã (2ª feira) que começa a minha participação no programa "Um Contra Todos" na RTP1. Para bem dos vossos pecados, terão 4 serões plenos de sabedoria, beleza e simpatia. E imodéstia como se pode verificar pela frase anterior,... e é por isso que posso dizer sem falsidades que tive muita sorte, além do saber. Ainda bem que o nervoso miudinho me deu para rir muito e dizer disparates. Claro que agora já todos sabem que ganhei e assim se quebra o suspense, mas foi bem sofrido. A caixa de comentários não aceita piadinhas sobre o facto de eu ser uma básica do desporto, ok?
quarta-feira, julho 13, 2005
Carta aberta a Herman José
Herman, sei que vais ler este post mais tarde ou mais cedo porque confio na globalização. Sei também que não vais levar a mal aquilo que eu vou dizer porque tu próprio estás habituado a pedir às pessoas que não levem a mal quando lhes pões a verdade na cara através das tuas caricaturas teatrais.
Chega! Está na altura de te retirares do meio, de saltares do ramo, de pulares a cerca... o que quer que lhe queiras chamar. Já não tens piada, já não tens conversa, já não tens imagem. Podes mudar a cor do cabelo as vezes que quiseres porque agora já não vai resultar. Olha para a Maria José Valério!
Assinalaste 30 anos de carreira. Tudo bem. Parabéns! Agora tenta outras coisas que não o fazer rir. E olha que este conselho que te dou, não o dou a toda a gente. O Clemente também fez 30 anos de carreira e não merece uma carta aberta da minha parte. Também é verdade, que assim como assim, com o Clemente a gente ainda se vai rindo.
Abraços hermanescos e, já sabes, o coisas que tal estará sempre aberto a uma eventual colaboração tua para alimentarmos a vertente trágica do blog.
Felicidades sinceras...mas noutro formato.
Chega! Está na altura de te retirares do meio, de saltares do ramo, de pulares a cerca... o que quer que lhe queiras chamar. Já não tens piada, já não tens conversa, já não tens imagem. Podes mudar a cor do cabelo as vezes que quiseres porque agora já não vai resultar. Olha para a Maria José Valério!
Assinalaste 30 anos de carreira. Tudo bem. Parabéns! Agora tenta outras coisas que não o fazer rir. E olha que este conselho que te dou, não o dou a toda a gente. O Clemente também fez 30 anos de carreira e não merece uma carta aberta da minha parte. Também é verdade, que assim como assim, com o Clemente a gente ainda se vai rindo.
Abraços hermanescos e, já sabes, o coisas que tal estará sempre aberto a uma eventual colaboração tua para alimentarmos a vertente trágica do blog.
Felicidades sinceras...mas noutro formato.
Panis et circenses
«
Eu quis cantar minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer de puro aço luminoso punhal
Para matar o meu amor e matei
Às 5 horas na Avenida Central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei plantar folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar procurar
Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas na sala de jantar
São as pessoas na sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
»
Caetano Veloso/Gilberto Gil/1972
Eu quis cantar minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer de puro aço luminoso punhal
Para matar o meu amor e matei
Às 5 horas na Avenida Central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei plantar folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar procurar
Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas na sala de jantar
São as pessoas na sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
»
Caetano Veloso/Gilberto Gil/1972
terça-feira, julho 12, 2005
Mitos que tal
- As embalagens de abertura fácil.
- Os homens nunca desapertam um soutien à primeira.
- Os gordos comem um bolo com creme a acompanhar o café da manhã.
- As velhas vaidosas que pintam um risco a imitar sobrancelhas usam batôn cor de laranja.
- Os piores ladrões são os que se passeiam de fato.
- O PSD vai deixar de governar a Madeira.
- As ciganas não fumam.
- Os homens conversam sobre cilindradas e cavalos-vapor.
- As velhas de terço na mão estão a rezar avé-marias.
- Os chineses comem o que nos servem nos seus restaurantes.
- A D. Albertina e o Zéquinha, ou melhor a velhinha e o pombo, existem de facto.
- Os comunistas não têm religião.
- "Não digas isso à frente da miúda, ela ainda não tem idade para essas coisas"
.... que tal.
Os homens também choram
Costumava dizer, até com uma pontinha de orgulho, que nunca chorara. Nem quando os pais faleceram, primeiro o pai depois a mãe, havia largado uma lágrima que fosse. Não seria uma questão de insensibilidade nem de considerar esta uma atitude de especial nobreza. Aliás não saberia explicar o porquê de, todas as manhãs, atar com muito cuidado o saco que transportava sempre consigo. Aqui dispunha as lágrimas que já não cabiam no nó da garganta, que no Verão muitas se evaporavam pela pele com o calor. O saco ia-se tornando pesado aos poucos e a alma, de tão leve, como que flutuava num quotidiano sem amarguras.
Até que um dia num minuto pousava o pé a subir para o autocarro, no minuto seguinte um jovem apressado lhe encostava o cigarro ao saco. Então, conta quem viu, foi como se toda uma vida se soltasse como um rio. O médico assinou o óbito dando como causa provável da morte um ataque cardíaco. Por seu turno o motorista da Carris de serviço acrescentou: Nunca tinha visto nada assim, um homem a sufocar de sofrimento... até me vieram as lágrimas aos olhos.
Até que um dia num minuto pousava o pé a subir para o autocarro, no minuto seguinte um jovem apressado lhe encostava o cigarro ao saco. Então, conta quem viu, foi como se toda uma vida se soltasse como um rio. O médico assinou o óbito dando como causa provável da morte um ataque cardíaco. Por seu turno o motorista da Carris de serviço acrescentou: Nunca tinha visto nada assim, um homem a sufocar de sofrimento... até me vieram as lágrimas aos olhos.
sábado, julho 09, 2005
F*de-te tu ó gôdo da méda!!
Tudo bem! Percebo que seja difícil tirar o Bin Laden do mundo árabe - a criatura é uma espécie de réptil escorregadio que está sempre escondido na toca - mas, o Alberto João, já o podiam ter tirado da Madeira há muito tempo. É que este senhor e a sua autocracia com laivos anarquistas já cansa.
O senhor diz que está farto dos chineses e indianos no arquipélago, eu diria que os chineses e os indianos é que já devem estar fartos dele. Eu diria mais: até os doentes mentais já devem estar fartos dele. Aliás, Marques Mendes demonstrou-o.
O pequenote social-democrata criticou a xenofobia do gordo madeirense e este desconvidou-o para ir à Madeira tal como estava previsto.
Epá, não se faz!! Numa altura em que o Marques Mendes já andava pelos cantos, tristonho e deprimido, por não ter sido convidado para o casamento da Catarina Furtado e para a eleição da Miss Angola, veio agora a saber que nem à festa do PSD Madeira - essa grande rambóia circense com macacos malabaristas a falar português com um sotaque esquisito - podia ir.
Fontes próximas contaram ao Coisas que Tal que o Marques Mendes está feito em cacos e que só o alento dado pela sua esposa lhe conseguiu levantar um bocadinho a moral. Parece que a senhora Mendes se agachou carinhosamente até ao marido e lhe disse: "Deixa lá, tem paciência, falta-te só um bocadinho assim...".
O senhor diz que está farto dos chineses e indianos no arquipélago, eu diria que os chineses e os indianos é que já devem estar fartos dele. Eu diria mais: até os doentes mentais já devem estar fartos dele. Aliás, Marques Mendes demonstrou-o.
O pequenote social-democrata criticou a xenofobia do gordo madeirense e este desconvidou-o para ir à Madeira tal como estava previsto.
Epá, não se faz!! Numa altura em que o Marques Mendes já andava pelos cantos, tristonho e deprimido, por não ter sido convidado para o casamento da Catarina Furtado e para a eleição da Miss Angola, veio agora a saber que nem à festa do PSD Madeira - essa grande rambóia circense com macacos malabaristas a falar português com um sotaque esquisito - podia ir.
Fontes próximas contaram ao Coisas que Tal que o Marques Mendes está feito em cacos e que só o alento dado pela sua esposa lhe conseguiu levantar um bocadinho a moral. Parece que a senhora Mendes se agachou carinhosamente até ao marido e lhe disse: "Deixa lá, tem paciência, falta-te só um bocadinho assim...".
quinta-feira, julho 07, 2005
Estamos perante terroristas...
Á hora do Telejornal pronunciou-se José Barroso sobre os acontecimentos de hoje em Londres. Este senhor, para quem não se recorda, é o tal Durão que cobardemente se escapuliu o ano passado para o estrangeiro deixando o país no atoleiro. Com aquele ar arrogante que sempre se lhe conheceu, a acrescentar ao ar de eu é que sou o presidente da Comissão Europeia, e decerto pensando é tão bom sermos os primeiros a saber as coisas que tal estas novas de atentados à bomba. E lá ia proferindo frases brilhantes como "Estamos perante terroristas, às vezes terroristas suicidas" de ar grave e péssimo corte de cabelo. "Ar de trabalho" como tão bem sublinhou o José Alberto Carvalho.
Por sua vez José Sócrates, todo o dia sendo alvo dos ataques no debate sobre o Estado da Nação, foi abordado à saída por uma jornalista da RTP que lhe fez desatar o saco das frases feitas, a desbobinar tão certeiro que, a dada altura, disse: "As democracias não se podem render ao turismo". Logo atrapalhado a corrigir para terrorismo, decerto pensando estes gajos hoje rebentaram comigo, quase a debitar uma citação do seu ex-colega de Assembleia "Estamos perante terroristas, às vezes terroristas suicidas".
Por sua vez José Sócrates, todo o dia sendo alvo dos ataques no debate sobre o Estado da Nação, foi abordado à saída por uma jornalista da RTP que lhe fez desatar o saco das frases feitas, a desbobinar tão certeiro que, a dada altura, disse: "As democracias não se podem render ao turismo". Logo atrapalhado a corrigir para terrorismo, decerto pensando estes gajos hoje rebentaram comigo, quase a debitar uma citação do seu ex-colega de Assembleia "Estamos perante terroristas, às vezes terroristas suicidas".
sábado, julho 02, 2005
A velhinha e o pombo III
Quinta-feira pela manhãzinha, subindo a Almirante Reis, vejo um pombo a coxear, de asas carregadas com compras do supermercado, um saco do Lidl atado na pata. Eis que penso: este deve ser aquele pombo que a Ana viu, e já a meter conversa ó Zéquinha precisa de ajuda, e já tu cá tu lá, aliás tu cucurúcu, a comentar o dinheiro custa caro e esses palhaços de São Bento, entretanto eu a reparar que nunca tinha encontrado um pombo com dentes, e se eram dentes bonitos, certinhos. De repente o Zéquinha, esse quase amigo, bateu asas largando os sacos no passeio. E eu a ser atropelada por uma velha a praguejar, como se em dia de saldos.
Quinta feira pela noitinha, aceitei o convite para jantar da D. Albertina. Fez-me provar pombos guisados, explicando-me um pitéu, são borrachos que estão assim para o pombo como o leitão está para o porco, dizendo ele há dias de sorte nos Restauradores. O meu paladar sentiu-se culpado, o estômago deu um nó, a consciência gritou uma suspeita de pedofilia, e eu já a despedir-me apressada, até à próxima D. Albertina, a gravar o número no telemóvel para nunca atender. Num segundo de arrependimento já estava ali ao Areeiro, meti pela Gago Coutinho e no aeroporto comprei um bilhete de one way para ir à procura do Zéquinha. No bolso uma embalagem de sementes de girassol da marca Lidl.
----------------
P.S. Ana, tive vontade de continuar a tua história. Aguardamos todos o capítulo IV.
Quinta feira pela noitinha, aceitei o convite para jantar da D. Albertina. Fez-me provar pombos guisados, explicando-me um pitéu, são borrachos que estão assim para o pombo como o leitão está para o porco, dizendo ele há dias de sorte nos Restauradores. O meu paladar sentiu-se culpado, o estômago deu um nó, a consciência gritou uma suspeita de pedofilia, e eu já a despedir-me apressada, até à próxima D. Albertina, a gravar o número no telemóvel para nunca atender. Num segundo de arrependimento já estava ali ao Areeiro, meti pela Gago Coutinho e no aeroporto comprei um bilhete de one way para ir à procura do Zéquinha. No bolso uma embalagem de sementes de girassol da marca Lidl.
----------------
P.S. Ana, tive vontade de continuar a tua história. Aguardamos todos o capítulo IV.
quinta-feira, junho 30, 2005
Passa a todos os teus contactos de mail!
Não resisto a partilhar este FW que recebi. Obrigada Rogério. Muito bom!
"Eu não costumo reenviar este tipo de email por serem alarmistas e muitas vezes infundados, mas este parece-me genuíno, por isso cá vai:
Tenham muito cuidado ao parar nos semáforos onde estão aqueles malabaristas com fogo. Enquanto o condutor está a assistir ao espectáculo, outro malabarista vem por trás e atira um cocktail molotov para dentro do carro! O motorista, assustado e com o carro em chamas, sai desesperado. Nesse momento, surge um terceiro malabarista, que vem pela direita e manda um chimpanzé amestrado para dentro do carro, com um fato com isolante térmico. Este chimpanzé, treinado na cidade do Cairo e alimentado com damascos gigantes da Nova Guiné, rouba-lhe o auto-rádio e tudo o que houver dentro do automóvel. Enquanto isso, dois falcões peruanos de caça fazem vôos rasantes sobre a cabeça do condutor, lançando bostas volumosas e compactas que acabam por distrair o condutor do que está a acontecer dentro do carro! Quando o chimpanzé volta, eles fogem numa trotinete motorizada verde musgo, fazendo uma pirâmide humana e cantando "Eu tenho 2 amores" do Marco Paulo, rumo a outro sinal... O marido da prima da vizinha da cunhada da tia de um amigo de um amigo meu, passou por isso, e eu então resolvi dar o alerta.
Passa a todos os teus contactos de mail!
Se não o fizeres dentro de 5 minutos cai-te um braço, apanhas herpes por baixo das unhas dos pes, cancro nos dentes e o teu telemóvel deixa de funcionar!"
"Eu não costumo reenviar este tipo de email por serem alarmistas e muitas vezes infundados, mas este parece-me genuíno, por isso cá vai:
Tenham muito cuidado ao parar nos semáforos onde estão aqueles malabaristas com fogo. Enquanto o condutor está a assistir ao espectáculo, outro malabarista vem por trás e atira um cocktail molotov para dentro do carro! O motorista, assustado e com o carro em chamas, sai desesperado. Nesse momento, surge um terceiro malabarista, que vem pela direita e manda um chimpanzé amestrado para dentro do carro, com um fato com isolante térmico. Este chimpanzé, treinado na cidade do Cairo e alimentado com damascos gigantes da Nova Guiné, rouba-lhe o auto-rádio e tudo o que houver dentro do automóvel. Enquanto isso, dois falcões peruanos de caça fazem vôos rasantes sobre a cabeça do condutor, lançando bostas volumosas e compactas que acabam por distrair o condutor do que está a acontecer dentro do carro! Quando o chimpanzé volta, eles fogem numa trotinete motorizada verde musgo, fazendo uma pirâmide humana e cantando "Eu tenho 2 amores" do Marco Paulo, rumo a outro sinal... O marido da prima da vizinha da cunhada da tia de um amigo de um amigo meu, passou por isso, e eu então resolvi dar o alerta.
Passa a todos os teus contactos de mail!
Se não o fizeres dentro de 5 minutos cai-te um braço, apanhas herpes por baixo das unhas dos pes, cancro nos dentes e o teu telemóvel deixa de funcionar!"
O dinheiro custa caro
Não sou assim tão velha que diga amiúde "Eu ainda sou do tempo em que...", mas é um facto que o escudo sobrava mais no bolso e o euro escapa mais da mão. A inflação, a crise, o IVA, as leis de mercado, os malefícios fiscais: bardamerda para esta parafernália de desculpas para andarmos tesos que nem carapaus. O cinto não tem mais buracos por onde apertar, o dinheiro está pela hora da morte, os cêntimos são uma mera curiosidade sem serventia.
Sou do tempo em que só os malucos falavam sozinhos na rua. Agora as pessoas caminham papagueando o seu três vezes nove vinte e sete, declinam convites dizendo lá para o final do mês, lambem montras hipotecando sonhos futuros, fazem férias a crédito, carregam o telemóvel em vez de arranjarem os dentes, entram em êxtase nas lojas chinesas. E os filhos perguntam: "Ó mãe, o que é que quer dizer barato?"
Sou do tempo em que só os malucos falavam sozinhos na rua. Agora as pessoas caminham papagueando o seu três vezes nove vinte e sete, declinam convites dizendo lá para o final do mês, lambem montras hipotecando sonhos futuros, fazem férias a crédito, carregam o telemóvel em vez de arranjarem os dentes, entram em êxtase nas lojas chinesas. E os filhos perguntam: "Ó mãe, o que é que quer dizer barato?"
quarta-feira, junho 29, 2005
Pior a emenda que o soneto
Partindo do princípio de que estas coisas correspondem mesmo à realidade, passo a citar a carta de um leitor para a rubrica “Consultório” do suplemento “Vidas” do Correio da Manhã do passado Domingo:
“Vou casar daqui a poucas semanas. Porém, há dois meses, depois de uma discussão com a minha noiva, acabei por dormir com outra mulher. Gostava de contar tudo à minha noiva, mas temo a sua reacção...”
Caro leitor,
O que aconteceu consigo foi fruto da impulsividade e de alguma imaturidade. Uma vez que estão próximo da data do vosso casamento, aconselho-o a agir com prudência. Ao contar a verdade à sua namorada deve ter noção da gravidade das suas acções e estar preparado para sofrer as consequências que daí possam advir. Se decidir contar-lhe a verdade, mostre-lhe que para si o que aconteceu não teve qualquer significado e que optou por revelar tudo o que se passou, pois não iria suportar iniciar uma nova etapa da sua vida (o casamento) com uma mentira a assombrar o vosso relacionamento. Esteja preparado, pois a primeira reacção da sua namorada poderá não ser tão pacífica. Contudo, se ela o ama da mesma forma que o leitor a ama esteja certo que o amor acabará por vencer.
...........................
Continuo a partir do princípio de que tudo isto é verdade por isso gostaria de deixar aqui um apelo: Cidadãos de Penafiel, uni-vos! Há que encontrar antes do casório a “noiva do leitor”. Ó querido Bento, gostava imenso de ver a sua cara quando ela lhe fizer o mesmo. Mas não se preocupe, se ela o ama da mesma forma que o Bento a ama... Aliás ama-a tanto que lhe bastou uma discussão, o que acontecerá imensas vezes no casamento, para estar com outra (daqui a uns anos já terá de pagar).
Pior a emenda que o soneto é a resposta de Mª Helena Barroqueiro, que se apresenta como psicóloga especializada em Sexologia, professora na Universidade de Wisconsin – Madison, EUA, acompanhada de foto de uma gaja novita e gira, e que dá consultas “pessoalmente e por telefone” (213182590). Ó minha rica senhora, conseguiu ser mais banal que uma manicura do subúrbio, mais hipócrita que o padre da paróquia de Freixos de Penafiel, mais consensual que uma lei política de um partido com maioria absoluta. Nem sei que faça... se lhe telefone se lhe dedique um post.
“Vou casar daqui a poucas semanas. Porém, há dois meses, depois de uma discussão com a minha noiva, acabei por dormir com outra mulher. Gostava de contar tudo à minha noiva, mas temo a sua reacção...”
Caro leitor,
O que aconteceu consigo foi fruto da impulsividade e de alguma imaturidade. Uma vez que estão próximo da data do vosso casamento, aconselho-o a agir com prudência. Ao contar a verdade à sua namorada deve ter noção da gravidade das suas acções e estar preparado para sofrer as consequências que daí possam advir. Se decidir contar-lhe a verdade, mostre-lhe que para si o que aconteceu não teve qualquer significado e que optou por revelar tudo o que se passou, pois não iria suportar iniciar uma nova etapa da sua vida (o casamento) com uma mentira a assombrar o vosso relacionamento. Esteja preparado, pois a primeira reacção da sua namorada poderá não ser tão pacífica. Contudo, se ela o ama da mesma forma que o leitor a ama esteja certo que o amor acabará por vencer.
...........................
Continuo a partir do princípio de que tudo isto é verdade por isso gostaria de deixar aqui um apelo: Cidadãos de Penafiel, uni-vos! Há que encontrar antes do casório a “noiva do leitor”. Ó querido Bento, gostava imenso de ver a sua cara quando ela lhe fizer o mesmo. Mas não se preocupe, se ela o ama da mesma forma que o Bento a ama... Aliás ama-a tanto que lhe bastou uma discussão, o que acontecerá imensas vezes no casamento, para estar com outra (daqui a uns anos já terá de pagar).
Pior a emenda que o soneto é a resposta de Mª Helena Barroqueiro, que se apresenta como psicóloga especializada em Sexologia, professora na Universidade de Wisconsin – Madison, EUA, acompanhada de foto de uma gaja novita e gira, e que dá consultas “pessoalmente e por telefone” (213182590). Ó minha rica senhora, conseguiu ser mais banal que uma manicura do subúrbio, mais hipócrita que o padre da paróquia de Freixos de Penafiel, mais consensual que uma lei política de um partido com maioria absoluta. Nem sei que faça... se lhe telefone se lhe dedique um post.
A velhinha e o pombo II
Então não é que no outro dia no Martim Moniz vi o raio do Zequinha cucurúcu (o pombo) a arrastar-se pela praça com um saco de plástico preso na pata e uma dentadura dependurada no bico?
terça-feira, junho 28, 2005
Um olhar iluminado
Incontactável, como deve ser em férias, partiste para uma capital do Norte da Europa. Estocolmo, Amesterdão, tanto faz, bem podia ser Copenhaga. Aqui na Lisboa branca, rodeada ainda de mais luz no solstício, vejo-te em azul, se a imaginação não me trai. O céu e o mar não têm a mesma cor em toda a parte, já era assim nas histórias da minha infância.
Afinal, as fotografias que trouxeste na bagagem revelaram-se surpreendentemente claras. O teu olhar iluminado trocou as voltas à paleta. Ainda bem. O mesmo olhar iluminado conheceu um coração numa banheira cheia de gelo. Projectou um corpo com slides de uma guerra antiga. Antevê já outras imagens, bastando-lhe um tema como motor de arranque.
Se eu pudesse fazer assim com a minha caixa das ideias... amarrotar a insatisfação como um papel velho que se lança ao lixo e moldar um tema de plasticina em que surgisse o exemplar palpável.
Afinal, as fotografias que trouxeste na bagagem revelaram-se surpreendentemente claras. O teu olhar iluminado trocou as voltas à paleta. Ainda bem. O mesmo olhar iluminado conheceu um coração numa banheira cheia de gelo. Projectou um corpo com slides de uma guerra antiga. Antevê já outras imagens, bastando-lhe um tema como motor de arranque.
Se eu pudesse fazer assim com a minha caixa das ideias... amarrotar a insatisfação como um papel velho que se lança ao lixo e moldar um tema de plasticina em que surgisse o exemplar palpável.
sexta-feira, junho 24, 2005
A velhinha e o pombo
Um dia destes, ali na Praça dos Restauradores, vi uma velha a tratar um pombo por tu. "Ó Zequinha anda cá! Cucurúcu! Ó Zequinha anda cá!". Uma mão cheia de milho e o pombo a ir. E a velhinha a continuar a chamá-lo e o pombo a bicar-lhe a mão. E eu enternecida com aquilo tudo, quase com pena de não ter a minha máquina fotográfica na mala, quando uma sequência de imagens aconteceu. A velhinha trasnformou-se em velha e de um gesto só agrafou o pobre do pombo e meteu-o num saco de plástico.
quarta-feira, junho 22, 2005
Provérbios com vérbios
À boa cabeça nunca faltam chapéus.
Quem tudo sabe sofrer a tudo se pode atrever.
De noite todos madrugam.
A fama longe soa e mais depressa é má que boa.
Beleza sem graça é uma violeta sem perfume.
Amanhã nem sempre é o dia que se espera.
A gente ganha dinheiro mas o dinheiro não faz a gente.
Aprendiz de Portugal não sabe coser e quer cortar. (in Adágios Portugueses, séc. XVII)
E, se me permitem, rejubilem com mais 3 provérbios de minha momentânea autoria:
Ser ponte em rio é um grande desafio.
A cerveja fermenta e é por isso que alimenta.
Nem sei se dê graças por este calor do caraças.
Quem tudo sabe sofrer a tudo se pode atrever.
De noite todos madrugam.
A fama longe soa e mais depressa é má que boa.
Beleza sem graça é uma violeta sem perfume.
Amanhã nem sempre é o dia que se espera.
A gente ganha dinheiro mas o dinheiro não faz a gente.
Aprendiz de Portugal não sabe coser e quer cortar. (in Adágios Portugueses, séc. XVII)
E, se me permitem, rejubilem com mais 3 provérbios de minha momentânea autoria:
Ser ponte em rio é um grande desafio.
A cerveja fermenta e é por isso que alimenta.
Nem sei se dê graças por este calor do caraças.
Algumas coisas que tal como se lêem nos anúncios de casas para venda
Descobri o mundo fantástico dos Classificados num momento em que já não busco a secção emprego mas me lanço encantada na parte do imobiliário. Existem expressões maravilhosas, comuns a muitos deles, que me intrigam ou fazem levantar o sobrolho de desconfiança. São elas:
Semiequipado [semi?] ; Traça antiga remodelada [ou anti traça desconchavada?] ; Necessita obras [o mesmo que o anterior...] ; Bom preço [porque não aparece o valor então?] ; Vista desafogada [para a sala do vizinho da frente?] ; Muita luz ou soalheiro [mesmo de Inverno? Uau]; Remodelado com gosto ou renovado com qualidade [ehehhehheh] ; Prédio prestígio ou muito charme [com porteira sem buço farto] ; Só próprios [humm, da mão para o ladrão?] ; ... e quase sempre estes anúncios terminam em grande com os belíssimos: Excelente oportunidade! Único! Impecável! [e é mesmo caso para responder: então porque é que ninguém lhes pegou ainda?].
Existem ainda palavras duvidosas tais que: logradouro, mansarda e, pasmem!, gaiola pombalina. Deixo para outros investigarem... sob pena de poder vir a reencarnar numa agente imobiliária de voz nasalada que começa as frases por “É assim...”.
Semiequipado [semi?] ; Traça antiga remodelada [ou anti traça desconchavada?] ; Necessita obras [o mesmo que o anterior...] ; Bom preço [porque não aparece o valor então?] ; Vista desafogada [para a sala do vizinho da frente?] ; Muita luz ou soalheiro [mesmo de Inverno? Uau]; Remodelado com gosto ou renovado com qualidade [ehehhehheh] ; Prédio prestígio ou muito charme [com porteira sem buço farto] ; Só próprios [humm, da mão para o ladrão?] ; ... e quase sempre estes anúncios terminam em grande com os belíssimos: Excelente oportunidade! Único! Impecável! [e é mesmo caso para responder: então porque é que ninguém lhes pegou ainda?].
Existem ainda palavras duvidosas tais que: logradouro, mansarda e, pasmem!, gaiola pombalina. Deixo para outros investigarem... sob pena de poder vir a reencarnar numa agente imobiliária de voz nasalada que começa as frases por “É assim...”.
terça-feira, junho 21, 2005
« ADEUS
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.»
Eugénio de Andrade
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.»
Eugénio de Andrade
sexta-feira, junho 17, 2005
4 meses de blog
O coisas que tal faz hoje quatro meses.
Gostaríamos de agradecer aos nossos familiares e amigos e a todos aqueles que nos apoiam e visitam (sem citar nomes para não ferir susceptibilidades). Ainda agradecer ao Blogger por nos ter dado esta oportunidade maravilhosa de poder dizer o que nos apetece sem censuras. Já nos estão a fazer sinal que o minuto de discurso está a acabar, por isso sniff, uma vez mais muito obrigadas.
Gostaríamos de agradecer aos nossos familiares e amigos e a todos aqueles que nos apoiam e visitam (sem citar nomes para não ferir susceptibilidades). Ainda agradecer ao Blogger por nos ter dado esta oportunidade maravilhosa de poder dizer o que nos apetece sem censuras. Já nos estão a fazer sinal que o minuto de discurso está a acabar, por isso sniff, uma vez mais muito obrigadas.
domingo, junho 12, 2005
AVISO
É só para avisar que, depois de alguns problemas técnicos, o blog Jubi or not jubi já está de novo a bombar posts.
terça-feira, junho 07, 2005
A fabulosa vida sexual das minhocas
Se há animal com uma vida sexual animada, esse animal é a minhoca. Pertencente ao reino animal, filo dos anelídeos, o seu corpo é todo dividido por segmentos, o que lhe confere a qualidade extraordinária de se reconstituir quando lhe é amputada alguma parte. O que realmente é interessante é que a minhoca é hermafrodita, ou seja possui os dois sexos, mas, ao contrário de outros animais nestas circunstâncias, não consegue autofecundar-se. Então, são necessárias duas minhocas para a dita fecundação: o lado feminino de uma comunica com o masculino da outra e vice-versa. Quantos humanos não gostariam de viver esta experiência de dar e receber ao mesmo tempo? Talvez num cenário homossexual em trio, um deles possa tentar e contar-nos como foi. Até lá ficaremos a olhar cheios de inveja cada vez que virmos duas minhocas enroladas entusiasticamente.
Aprendi esta curiosidade sobre as minhocas no 12º ano mas conto com a nossa bióloga de serviço, a Marta, para corrigir eventuais sacrilégios científicos que eu tenha cometido.
Aprendi esta curiosidade sobre as minhocas no 12º ano mas conto com a nossa bióloga de serviço, a Marta, para corrigir eventuais sacrilégios científicos que eu tenha cometido.
segunda-feira, junho 06, 2005
As citações dos cafés do Intendente
«A criação prossegue freneticamente pelo meio da mulher, mas o homem não cria: paga»
Ana Oliverí
Ana Oliverí
sexta-feira, junho 03, 2005
As citações dos cafés Chave d'Ouro
« A criação prossegue incessantemente por meio do homem, mas o homem não cria: descobre. »
Antonio Gaudí
Antonio Gaudí
sábado, maio 28, 2005
Palitos de la RIEN
- Zé do Pipo desatarraxa o doce aroma da rolha e contagia-se pelo sabor a efluir do garrafão enorme. Não consegue lembrar-se da receita de bacalhau que inventou, mas espera que Baltazar Cardoso, o amigo ébrio folião do momento, dela se recorde no meio das memórias daquela vez em que foi mordido pela cascavel, história que já contou mil vezes.
- Aos fins das tardes, Dom Hipopótamo bocejava de cada vez que pensava em todas as coisas inúteis que havia para fazer. Ficava invadido pelo tédio até terminar o expediente do problema de pensar e ia tranquilamente ressonar para casa.
- O marco do correio nunca chegou a receber as ardentes cartas de amor que Firmino Miguel todas as noites murmurava para o papel. Mil cartas tantas vezes imaginadas, à procura do verbo certo...; escrevia por necessidade, não por inspiração. As palavras saíam-lhe em prata, ricas de gritos mudos sorrisos e nunca chegariam ao ouvido de Filomena.
- Fui plantada como as outras por um bando de crianças ruidosas da escola C+S do Pendão. Estes miúdos agora não estudam os nomes dos rios nem sabem de botânica, de modo que nem sei a que espécie arbórea pertenço. Daqui a um ano, no próximo Dia da Árvore, hão-de andar novamente noutros centímetros de concelhia, a posar para as fotos do Jornal da Região.
- Naquela filial suburbana do gigante Finantropus, os funcionários esperam todas as manhãs a comezinha energia despendida em pequenas coisas úteis, o poder amealhar as pequenas metas de fácil realização. Mas o que realmente lhes faz esfregar as mãos de contentes é verem entrar a Dona Esperança, prestes a fazer mais um depósito a prazo sem desconfiar que o capital é de risco.
- Eu sou um guardador de rebanhos e os meus pensamentos são todos sensações. O resto já leram; de meu nome Alberto Caeiro não descendo nem por sombras do Pessoa, e se acordo nas manhãs de corpo deitado realista não é por ser pessimista, mas por Ter este espaço vazio no lugar do coração e saber chorar sem lágrimas.
- Na mesma época em que começou a aprender a dançar, sentiu essa redoma sobre si, como uma insónia a respirar por cima da noite. Madalena aguardou que a arte retirasse esse feitiço egoísta que houvera lançado sobre si para poder bailar ao contrário dos ponteiros do relógio.
- Pedro Predestinado quis ser também um poeta quando descobriu que todas as palavras que se escreveram cabem num raio de sol. E calculou que dez minutos de meditação valessem mais que dois minutos de conversa. Cheio de imagens muitas criou uma vontade solitária à espera de uma musa. E concluiu que a espera é uma palavra sem fim em qualquer boca e que a maior parte das palavras demoram a dizer. Por isso deixou-se de lérias e foi à tasca do Manel mastigar um licor Beirão.
- E o amor respondeu-lhe: « Ficarias espantado com o que a distância pode fazer-me...». «Porquê? Não tens as pernas compridas, amor?», retorquiu-lhe. Porém o segredo é não fazer mais perguntas ao amor, é deixar que ele responda se souber e lhe aprouver.
- Senhores e Senhoras, Meninos e meninas, acerquem-se ao terreno da fogueira das vaidades!! Por apenas uns soldos vejam arder os autênticos paus de dois bicos, cintos de castidade com chaves triplas e emoções de tectos falsos. É obrigatória a visita das tendas onde poderão pôr um olho no burro e outro no cigano, dar uma no cravo e outra na ferradura... e ainda assistir ao nosso mágico a distrair atenções com lenços de várias cores e a dizer «nada na manga».
- Quem ri por último é um prato que se serve frio.
- Aos fins das tardes, Dom Hipopótamo bocejava de cada vez que pensava em todas as coisas inúteis que havia para fazer. Ficava invadido pelo tédio até terminar o expediente do problema de pensar e ia tranquilamente ressonar para casa.
- O marco do correio nunca chegou a receber as ardentes cartas de amor que Firmino Miguel todas as noites murmurava para o papel. Mil cartas tantas vezes imaginadas, à procura do verbo certo...; escrevia por necessidade, não por inspiração. As palavras saíam-lhe em prata, ricas de gritos mudos sorrisos e nunca chegariam ao ouvido de Filomena.
- Fui plantada como as outras por um bando de crianças ruidosas da escola C+S do Pendão. Estes miúdos agora não estudam os nomes dos rios nem sabem de botânica, de modo que nem sei a que espécie arbórea pertenço. Daqui a um ano, no próximo Dia da Árvore, hão-de andar novamente noutros centímetros de concelhia, a posar para as fotos do Jornal da Região.
- Naquela filial suburbana do gigante Finantropus, os funcionários esperam todas as manhãs a comezinha energia despendida em pequenas coisas úteis, o poder amealhar as pequenas metas de fácil realização. Mas o que realmente lhes faz esfregar as mãos de contentes é verem entrar a Dona Esperança, prestes a fazer mais um depósito a prazo sem desconfiar que o capital é de risco.
- Eu sou um guardador de rebanhos e os meus pensamentos são todos sensações. O resto já leram; de meu nome Alberto Caeiro não descendo nem por sombras do Pessoa, e se acordo nas manhãs de corpo deitado realista não é por ser pessimista, mas por Ter este espaço vazio no lugar do coração e saber chorar sem lágrimas.
- Na mesma época em que começou a aprender a dançar, sentiu essa redoma sobre si, como uma insónia a respirar por cima da noite. Madalena aguardou que a arte retirasse esse feitiço egoísta que houvera lançado sobre si para poder bailar ao contrário dos ponteiros do relógio.
- Pedro Predestinado quis ser também um poeta quando descobriu que todas as palavras que se escreveram cabem num raio de sol. E calculou que dez minutos de meditação valessem mais que dois minutos de conversa. Cheio de imagens muitas criou uma vontade solitária à espera de uma musa. E concluiu que a espera é uma palavra sem fim em qualquer boca e que a maior parte das palavras demoram a dizer. Por isso deixou-se de lérias e foi à tasca do Manel mastigar um licor Beirão.
- E o amor respondeu-lhe: « Ficarias espantado com o que a distância pode fazer-me...». «Porquê? Não tens as pernas compridas, amor?», retorquiu-lhe. Porém o segredo é não fazer mais perguntas ao amor, é deixar que ele responda se souber e lhe aprouver.
- Senhores e Senhoras, Meninos e meninas, acerquem-se ao terreno da fogueira das vaidades!! Por apenas uns soldos vejam arder os autênticos paus de dois bicos, cintos de castidade com chaves triplas e emoções de tectos falsos. É obrigatória a visita das tendas onde poderão pôr um olho no burro e outro no cigano, dar uma no cravo e outra na ferradura... e ainda assistir ao nosso mágico a distrair atenções com lenços de várias cores e a dizer «nada na manga».
- Quem ri por último é um prato que se serve frio.
segunda-feira, maio 23, 2005
Uma leonina a dar os parabéns a lampiões só podia dar isto...
Eu sou do Sporting, mas garanto que não tenho mau perder. A sério! Parabéns a todos os benfiquistas. Principalmente para os milhares que foram festejar o título para o Marquês de Pombal. Aquilo é que era alegria! Mas só um aparte, quando o Sporting foi campeão os festejos foram feitos no Marquês por causa de uma coisa que está lá e que se chama leão. Ok? Símbolo do clube leonino. Os benfiquistas têm de arranjar uma águia aí num sítio qualquer para não andarem a fazer figurinhas junto a um símbolo que nada lhes diz. A verdade é que a festa aí correu tão bem, que ainda não era meia-noite e a rotunda já estava às moscas.
Bom, mas a verdade é que estou hoje a escrever para dar os parabéns a todos os benfiquistas. Principalmente aos magotes que ontem à noite encheram a Segunda Circular, com cachecóis, buzinadelas, e cantorias bem mais engraçadas que as papoilas saltitantes (já cansava). Mas era escusada tanta batidela. Ó lampiões, é assim tão difícil apertar a buzina e conduzir ao mesmo tempo sem bater no carro da frente?
Bom, mas isso também não interessa. Na Luz é que a festa estava mesmo bonita. Sete horas, sem tirar nem pôr. Sete horas à espera da chegada dos jogadores enquanto uns tipos que ninguém conhece iam cantando algumas coisas em palco. Uma verdadeira euforia tendo em conta a quantidade de pessoas que já dormia nos assentos. O mesmo palco que passadas todas aquelas horas recebeu, um por um, os craques da bola. E mais uma vez os benfiquistas estiveram de parabéns ao invadirem fanaticamente o campo e obrigando à corrida desenfreada de toda a equipa do Benfica em direcção ao túnel de acesso aos balneários. Confesso que nunca tinha visto uma fuga tão louca dos próprios adeptos do clube. E mais uma sugestão: em vez de terem atirado t-shirt’s e outras coisas sem importância do autocarro panorâmico que ia dando cabo de toda a sinalização da cidade, os jogadores deviam ter atirado aos adeptos trompetes, amplificadores e harmónicas. Pois estes parece que, na altura da invasão de campo, para além de terem satisfeito a vontade de estrangular Nuno Gomes, Ricardo Rocha e Trapattoni (vá-se lá saber porquê) decidiram ainda roubar instrumentos e aparelhagens que estavam junto ao palco. E animação que é animação não passa sem umas boas lambadas e pontapés entre adeptos do mesmo clube.
Assim é que é! E assim é que foi!
Parabéns ao Benfica que, sinceramente, não merece mais de metade daqueles que se dizem simpatizantes do clube.
Bom, mas a verdade é que estou hoje a escrever para dar os parabéns a todos os benfiquistas. Principalmente aos magotes que ontem à noite encheram a Segunda Circular, com cachecóis, buzinadelas, e cantorias bem mais engraçadas que as papoilas saltitantes (já cansava). Mas era escusada tanta batidela. Ó lampiões, é assim tão difícil apertar a buzina e conduzir ao mesmo tempo sem bater no carro da frente?
Bom, mas isso também não interessa. Na Luz é que a festa estava mesmo bonita. Sete horas, sem tirar nem pôr. Sete horas à espera da chegada dos jogadores enquanto uns tipos que ninguém conhece iam cantando algumas coisas em palco. Uma verdadeira euforia tendo em conta a quantidade de pessoas que já dormia nos assentos. O mesmo palco que passadas todas aquelas horas recebeu, um por um, os craques da bola. E mais uma vez os benfiquistas estiveram de parabéns ao invadirem fanaticamente o campo e obrigando à corrida desenfreada de toda a equipa do Benfica em direcção ao túnel de acesso aos balneários. Confesso que nunca tinha visto uma fuga tão louca dos próprios adeptos do clube. E mais uma sugestão: em vez de terem atirado t-shirt’s e outras coisas sem importância do autocarro panorâmico que ia dando cabo de toda a sinalização da cidade, os jogadores deviam ter atirado aos adeptos trompetes, amplificadores e harmónicas. Pois estes parece que, na altura da invasão de campo, para além de terem satisfeito a vontade de estrangular Nuno Gomes, Ricardo Rocha e Trapattoni (vá-se lá saber porquê) decidiram ainda roubar instrumentos e aparelhagens que estavam junto ao palco. E animação que é animação não passa sem umas boas lambadas e pontapés entre adeptos do mesmo clube.
Assim é que é! E assim é que foi!
Parabéns ao Benfica que, sinceramente, não merece mais de metade daqueles que se dizem simpatizantes do clube.
sexta-feira, maio 20, 2005
Na vida, como no futebol, umas vezes ganha-se outras perde-se
Sei que o título acima escolhido fala duma verdade mais que evidente... mas não é à toa que este blog se chama "coisas que tal" (o nome em si foi muito bem imaginado pela Ana e agradou-me a escolha por não pretender significar nada).
E neste tal e coisas de ir deixando escapar o verbo, nos apercebemos átomos. A vida é muito rápida. Ainda ontem entrávamos para a escola primária, ontem nos apercebíamos que tínhamos mais jeito para o desenho que para o desporto, ou mais vontade de números que de letras, ontem depois descobríamos que afinal não sabíamos muito bem para o que tínhamos jeito... ontem nos interrogávamos sobre o que é afinal essa coisa de se ter jeito para coisas que tal. A vida é muito rápida. Estamos sempre a perder e a ganhar. Em espiral ascendente; pelo menos é nisto que cremos.
Continuo a gostar do verde. Na vitória, como na derrota... e não percebo nada de futebol.
E neste tal e coisas de ir deixando escapar o verbo, nos apercebemos átomos. A vida é muito rápida. Ainda ontem entrávamos para a escola primária, ontem nos apercebíamos que tínhamos mais jeito para o desenho que para o desporto, ou mais vontade de números que de letras, ontem depois descobríamos que afinal não sabíamos muito bem para o que tínhamos jeito... ontem nos interrogávamos sobre o que é afinal essa coisa de se ter jeito para coisas que tal. A vida é muito rápida. Estamos sempre a perder e a ganhar. Em espiral ascendente; pelo menos é nisto que cremos.
Continuo a gostar do verde. Na vitória, como na derrota... e não percebo nada de futebol.
sábado, maio 14, 2005
O factor sorte
A sorte é como o raio: nunca sabe onde vai cair
A sorte bate uma vez à porta de uma pessoa
A sorte é para quem a tem, toca a quem toca
A sorte varia: hoje a favor, amanhã contraria
Sorte nasce cada manhã e já está velha ao meio-dia
.....
Concorri ao programa de televisão "Um Contra Todos". Para os que conhecem as regras do jogo: estou sentada na cadeira alta prestes a responder à 5ª pergunta e ainda tenho os trunfos todos. E o que vai acontecer será apenas uma questão de sorte!... Aproveitei o aparecer na televisão para elogiar o António Lobo Antunes - só por isso valeu a pena; e ainda posso ganhar aguns Euros, além da boa disposição.
A sorte bate uma vez à porta de uma pessoa
A sorte é para quem a tem, toca a quem toca
A sorte varia: hoje a favor, amanhã contraria
Sorte nasce cada manhã e já está velha ao meio-dia
.....
Concorri ao programa de televisão "Um Contra Todos". Para os que conhecem as regras do jogo: estou sentada na cadeira alta prestes a responder à 5ª pergunta e ainda tenho os trunfos todos. E o que vai acontecer será apenas uma questão de sorte!... Aproveitei o aparecer na televisão para elogiar o António Lobo Antunes - só por isso valeu a pena; e ainda posso ganhar aguns Euros, além da boa disposição.
terça-feira, maio 10, 2005
O amor alimenta
O amor é rico em vitaminas. Contém todos os elementos químicos da tabela periódica que se agrupam em infinitas combinações porque nunca se repete. Está presente em todos os grupos da roda dos alimentos; é fértil em proteínas e hidratos de carbono que fornecem a energia para ser consumido a qualquer momento.
O amor pode ser comido cru, e, a ser cozinhado, que o seja em lume brando para se poder saborear lentamente na planura dos momentos. O amor, quando puro, come-se à mão, sem talheres de prata já que não é carente de artifícios, não precisa de banda sonora nem de ser iluminado por velas. Para catalizador da "amorase" basta um olhar profundo que acelere o crescendo do desejo para ser ingerido sem moderação.
Com a digestão do amor surge depois o medo da intimidade... mas esse receio, como tudo o que se digere, terá a sua porta de saída, ao passo que o amor já decomposto seguirá nas veias a caminho do coração.
O amor pode ser comido cru, e, a ser cozinhado, que o seja em lume brando para se poder saborear lentamente na planura dos momentos. O amor, quando puro, come-se à mão, sem talheres de prata já que não é carente de artifícios, não precisa de banda sonora nem de ser iluminado por velas. Para catalizador da "amorase" basta um olhar profundo que acelere o crescendo do desejo para ser ingerido sem moderação.
Com a digestão do amor surge depois o medo da intimidade... mas esse receio, como tudo o que se digere, terá a sua porta de saída, ao passo que o amor já decomposto seguirá nas veias a caminho do coração.
sexta-feira, maio 06, 2005
Como contar uma boa história num só parágrafo
«(...)
Depois vinha a história de sempre. Ele encostava-se na cadeira de couro gasto, semicerrava os olhos já de si miúdos e começava a falar do avô, esse homem que lhe assegurara que há um destino nas viagens, que nos devemos permitir ao luxo da aventura enquanto a juventude vinga. «É que depois, quando a velhice começa a chegar ao coração, e isso não é quando fazemos 60 anos, não é... é quando sentimos a necessidade de nos instalarmos, aí já não vale a pena fazermo-nos à estrada». Nessa altura, começou a falar ao Pai dos aviões e ele ria-se, dizia que se o Senhor nos quisesse acima das nuvens tinha aproveitado a costela de Adão para fazer mais pássaros em vez de abençoar o mundo com a presença feminina.
(...)»
Patrícia Reis in Cruz das Almas
Para quem tem o teu coração... Obrigada por este livro. E por tudo.
Depois vinha a história de sempre. Ele encostava-se na cadeira de couro gasto, semicerrava os olhos já de si miúdos e começava a falar do avô, esse homem que lhe assegurara que há um destino nas viagens, que nos devemos permitir ao luxo da aventura enquanto a juventude vinga. «É que depois, quando a velhice começa a chegar ao coração, e isso não é quando fazemos 60 anos, não é... é quando sentimos a necessidade de nos instalarmos, aí já não vale a pena fazermo-nos à estrada». Nessa altura, começou a falar ao Pai dos aviões e ele ria-se, dizia que se o Senhor nos quisesse acima das nuvens tinha aproveitado a costela de Adão para fazer mais pássaros em vez de abençoar o mundo com a presença feminina.
(...)»
Patrícia Reis in Cruz das Almas
Para quem tem o teu coração... Obrigada por este livro. E por tudo.
terça-feira, maio 03, 2005
Parabéns Anette !!
A minha amiga Ana faz hoje 28 anos.
A minha amiga Ana é como o vinho do Porto, quanto mais velha mais apurada e cada vez mais gira.
A minha amiga Ana é um espectáculo de boa disposição e é responsável por algumas das gargalhadas mais escancaradas da minha vida.
A minha amiga Ana escreve tão bem e com tal facilidade que eu até me babo toda.
A minha amiga Ana convidou-me para escrever neste blog e eu aceitei, embora a medo.
A minha amiga Ana gosta de malabarismo e canta o fado na perfeição.
A minha amiga Ana adora o Jubi e o sentimento é correspondido.
A minha amiga Ana tem qualidades extraordinárias e defeitos medianos, num mix em tudo agradável.
A minha amiga Ana é uma pessoa especial e por mais parágrafos que escreva nunca conseguirei transmitir o que sinto.
Por isso quero desejar os parabéns à minha amiga Ana, também em nome de todos vós.
Amiga Ana, isto foi escrito à pressa mas com sentimento, afinal não podia deixar passar em branco!... Tem um grande dia!!
A minha amiga Ana é como o vinho do Porto, quanto mais velha mais apurada e cada vez mais gira.
A minha amiga Ana é um espectáculo de boa disposição e é responsável por algumas das gargalhadas mais escancaradas da minha vida.
A minha amiga Ana escreve tão bem e com tal facilidade que eu até me babo toda.
A minha amiga Ana convidou-me para escrever neste blog e eu aceitei, embora a medo.
A minha amiga Ana gosta de malabarismo e canta o fado na perfeição.
A minha amiga Ana adora o Jubi e o sentimento é correspondido.
A minha amiga Ana tem qualidades extraordinárias e defeitos medianos, num mix em tudo agradável.
A minha amiga Ana é uma pessoa especial e por mais parágrafos que escreva nunca conseguirei transmitir o que sinto.
Por isso quero desejar os parabéns à minha amiga Ana, também em nome de todos vós.
Amiga Ana, isto foi escrito à pressa mas com sentimento, afinal não podia deixar passar em branco!... Tem um grande dia!!
sábado, abril 30, 2005
Pátio do sol
É já na próxima sexta, 6 de Maio, que inaugura a cafetaria / bar "Pátio do Sol". O nome é apropriado à localização; quando se entra nos jardins da Fábrica da Pólvora em Barcarena, segue-se em frente e uma vez ultrapassado o túnel para o pátio, surge do lado esquerdo. A esplanada vai oferecer dias de sol maravilhosos com visitas ocasionais dos repuxos. A primeira exposição revela telas de Vanessa Caeiro. As noites de fim de semana aguardam-se animadas com o bar a fechar mais tarde. Preços acessíveis e comidinhas boas para picar. Dentro do balcão a simpatia dos dois proprietários: o Daniel Belbute e o Pedro Quintais, o DJ residente. Todos ao Pátio ver como é para contar como é que foi!
sexta-feira, abril 29, 2005
Blog writer's block
Às vezes nem tico nem teco, nem morto e já esgotado, o bloqueio acontece.
Às vezes, à falta de um grito se espanta um rebanho.
Às vezes, à falta de um grito se espanta um rebanho.
segunda-feira, abril 25, 2005
Isto tudo a propósito da Revolução
Os órgãos de informação são totalmente controlados pelo poder político e outros lobbies. Liberaliza-se o comércio de combustíveis para bem da concorrência e o que assistimos é que de cada vez que vamos à bomba pagamos mais pelo litro. Existe cada vez mais oferta de produtos, mas a maior parte são importados e os que são nossos são produzidos por dois ou três grandes grupos que tudo controlam. Já podemos entregar as nossas declarações de IRS pela Internet, mas cada vez nos limitam mais aquilo que podemos descontar. Fomentamos a livre escolha da opção à vida e o Vaticano elege Ratzinger como papa. Dizem-nos que Portugal precisa cada vez mais de crianças, mas as que existem ficam desprotegidas ao sabor de interesses maiores (Casa Pia). Gritam-nos para usarmos com orgulho um cravo ao peito, mas para o comprarmos numa qualquer florista de rua, ficamos sem dinheiro para comprar três carcaças.
Têm a certeza que o 25 de Abril já aconteceu? Belisquem-me.
Têm a certeza que o 25 de Abril já aconteceu? Belisquem-me.
sábado, abril 23, 2005
O mendigo no quadro
Os outros quadros eram todos de paisagens. Todos tinham molduras bem trabalhadas. O único com o elemento humano era o quadro do mendigo, emoldurado a creme sujo com fios de talha acobreada. O mendigo ocupava toda a altura da tela, um velho triste de barba cinzenta e chapéu de aba, gabardine e botas rotas. Chovia míudinho e todo o passeio brilhava de humidade, o mendigo segurava um jornal, tendo o rafeiro às manchas por companhia. O quadro sobreviveu a várias mudanças de casa e agora não sei onde pára. O mendigo desceu do quadro, atravessou o passeio, depois a estrada e levou com um eléctrico, como o Gaudí. Procuraram-lhe a identidade nos bolsos; encontraram uma beata, alfinetes, dois cotos de vela, os cordões das botas, uma folha de jornal rasgada, três nozes e um canivete.
quarta-feira, abril 20, 2005
O 403º passageiro
Tu que abriste mesmo agora esta página és o nosso quadringentésimo terceiro visitante. Verifica sff do lado esquerdo do ecrã. Se és o/a tal, conta-nos quem és, como nos concursos da televisão: nome, idade, localidade, profissão. E também como na canção: a paz, o pão, habitação, saúde, educação.
Este título foi difícil, ó 403; entre quatrocentagésimo e quadracentésimo, o amigo Google lá deu a resposta à busca quatrocentos ordinal.
Probabilidades e estatística:
Coisas que tal tem uma média de 21 visitantes por dia, que se demoram uma média de 4'59''. Hoje estiveram 19, na semana passada 149. Obrigadinhas.
Este título foi difícil, ó 403; entre quatrocentagésimo e quadracentésimo, o amigo Google lá deu a resposta à busca quatrocentos ordinal.
Probabilidades e estatística:
Coisas que tal tem uma média de 21 visitantes por dia, que se demoram uma média de 4'59''. Hoje estiveram 19, na semana passada 149. Obrigadinhas.
terça-feira, abril 19, 2005
Mamas para que vos quero
Mais um argumento para a fogueira do machismo reinante em pleno século XXI:
Acontece que nos filmes e séries em geral, e nos publicitários em particular, o corpo da mulher é mostrado em larga escala.
Quando aparece a bolinha vermelha no ecrã a prometer um filme erótico, já sabemos que vamos ver pernas, braços, nádegas.... de mulher... e, claro, mamas com fartura! E até nos instantes finais, o gemido de prazer se solta da boca da fêmea, enquanto somos presenteadas com o costado do par em questão. (presume-se que gostou muito muito, a atitude certa a ter num macho que se preze).
No último anúncio do Mégane, carro que já de si tem uma traseira proeminente, aparecem imensos cus a rebolar alegremente. De homem apenas um, a pedalar em cima de um selim com uns daqueles calções de lycra pretos, extremamente sexy.
Será que estas bem pagas e brilhantes mentes pensam que o corpo do homem não vende? Ou será que para conseguir um lugar de director criativo é preciso ser homem e nunca pensar na prespectiva feminina?
Exigimos rabiosques bem torneados em ecrãs e outdoors. E sem calções de lycra, por favor!
Acontece que nos filmes e séries em geral, e nos publicitários em particular, o corpo da mulher é mostrado em larga escala.
Quando aparece a bolinha vermelha no ecrã a prometer um filme erótico, já sabemos que vamos ver pernas, braços, nádegas.... de mulher... e, claro, mamas com fartura! E até nos instantes finais, o gemido de prazer se solta da boca da fêmea, enquanto somos presenteadas com o costado do par em questão. (presume-se que gostou muito muito, a atitude certa a ter num macho que se preze).
No último anúncio do Mégane, carro que já de si tem uma traseira proeminente, aparecem imensos cus a rebolar alegremente. De homem apenas um, a pedalar em cima de um selim com uns daqueles calções de lycra pretos, extremamente sexy.
Será que estas bem pagas e brilhantes mentes pensam que o corpo do homem não vende? Ou será que para conseguir um lugar de director criativo é preciso ser homem e nunca pensar na prespectiva feminina?
Exigimos rabiosques bem torneados em ecrãs e outdoors. E sem calções de lycra, por favor!
sábado, abril 16, 2005
Romance e pornografia
Um estudo de ontem veio dizer que os homens continuam a ser mais adeptos da pornografia e as mulheres do romance. Estou a começar a ficar farta destes clichés que nos põem a nós, mulheres, como umas coitadinhas que ainda acreditamos em príncipes encantados em cima de um cavalo branco, e colocam os homens num patamar que na verdade é muito mais realista. Porque afinal o que todos todos nós procuramos é prazer...e se for porco ainda melhor. Eu continuo a achar que o grande problema destes estudos é não me perguntarem nada a mim e às minhas amigas.
Podia estar aqui horas a falar sobre isto, mas tenho de ir...parece-me que vi passar um cavalo branco lá em baixo.
Podia estar aqui horas a falar sobre isto, mas tenho de ir...parece-me que vi passar um cavalo branco lá em baixo.
sexta-feira, abril 15, 2005
Mudemos de assunto
«Andas aí a partir corações
como quem parte um baralho de cartas
cartas de amor
escrevi-te eu tantas
às tantas, aos poucos
eu fui percebendo
às tantas eu lá fui tacteando
às cegas eu lá fui conseguindo
às cegas eu lá fui abrindo os olhos
E nos teus olhos como espelhos partidos
quis inventar uma outra narrativa
até que um ai me chegou aos ouvidos
e era só eu a vogar à deriva
e um animal sempre foge do fogo
e mal eu gritei: fogo!
mal eu gritei: água!
que morro de sede
achei-me encostado à parede
gritando: Livrai-me da sede!
e o mar inteiro entrou na minha casa
E nos teus olhos inundados do mar
eu naveguei contra minha vontade
mas deixa lá, que este barco a viajar
há-de chegar à gare da sua cidade
e ao desembarque a terra será mais firme
há quem afirme
há quem assegure
que é depois da vida
que à gente encontra a paz prometida
por mim marquei-lhe encontro na vida
marquei-lhe encontro ao fim da tempestade
Da tempestade, o que se teve em comum
é aquilo que nos separa depois
e os barcos passam a ser um e um
onde uma vez quiseram quase ser dois
e a tempestade deixa o mar encrespado
por isso cuidado
mesmo muito cuidado
que é frágil o pano
que enfuna as velas do desengano
que nos empurra em novo oceano
frágil e resistente ao mesmo tempo
Mas isto é um canto
e não um lamento
já disse o que sinto
agora façamos o ponto
e mudemos de assunto
sim?»
Sérgio Godinho
--------------
Foi assim que o Sérgio acabou ontem o espectáculo "Troca por Troca". Um gran finale num concerto completamente inesperado. Muito bom. Não desvendo o alinhamento pois estará ainda dias 15,21,22,23,28,29 e 30 no Jardim de Inverno do teatro São Luiz sempre às 23:30. Com dois "gauleses" na banda: o Zé Vilão e o Nuno Rafael. Recomendável a fãs e não fãs.
como quem parte um baralho de cartas
cartas de amor
escrevi-te eu tantas
às tantas, aos poucos
eu fui percebendo
às tantas eu lá fui tacteando
às cegas eu lá fui conseguindo
às cegas eu lá fui abrindo os olhos
E nos teus olhos como espelhos partidos
quis inventar uma outra narrativa
até que um ai me chegou aos ouvidos
e era só eu a vogar à deriva
e um animal sempre foge do fogo
e mal eu gritei: fogo!
mal eu gritei: água!
que morro de sede
achei-me encostado à parede
gritando: Livrai-me da sede!
e o mar inteiro entrou na minha casa
E nos teus olhos inundados do mar
eu naveguei contra minha vontade
mas deixa lá, que este barco a viajar
há-de chegar à gare da sua cidade
e ao desembarque a terra será mais firme
há quem afirme
há quem assegure
que é depois da vida
que à gente encontra a paz prometida
por mim marquei-lhe encontro na vida
marquei-lhe encontro ao fim da tempestade
Da tempestade, o que se teve em comum
é aquilo que nos separa depois
e os barcos passam a ser um e um
onde uma vez quiseram quase ser dois
e a tempestade deixa o mar encrespado
por isso cuidado
mesmo muito cuidado
que é frágil o pano
que enfuna as velas do desengano
que nos empurra em novo oceano
frágil e resistente ao mesmo tempo
Mas isto é um canto
e não um lamento
já disse o que sinto
agora façamos o ponto
e mudemos de assunto
sim?»
Sérgio Godinho
--------------
Foi assim que o Sérgio acabou ontem o espectáculo "Troca por Troca". Um gran finale num concerto completamente inesperado. Muito bom. Não desvendo o alinhamento pois estará ainda dias 15,21,22,23,28,29 e 30 no Jardim de Inverno do teatro São Luiz sempre às 23:30. Com dois "gauleses" na banda: o Zé Vilão e o Nuno Rafael. Recomendável a fãs e não fãs.
Subscrever:
Mensagens (Atom)