No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Zeca Afonso
10 comentários:
Realmente esta musica de intervenção começa outra vez a fazer sentido!!!
Boa Gui
;)
Sem dúvida sergonov...
Adiantemos o ciclo das estações...
'Ergue-te ó Sol de Verão / Somos nós os teus cantores /
Da matinal canção / Ouvem-se já os rumores /
Ouvem-se já os clamores / Ouvem-se já os tambores'
Bonito Gui!
Um grande senhor do aintifascismo...o Trovador da liberdade...descança em paz Zeca!
Um grande abraço para o Zeca. Que tanta falta nos faz.
porra desculpa lá ó zeca...leia-se "antifascismo" e "descansa"...
publiquem
"Epigrafe para a arte de furtar"
Zeca Afonso também cantou outro grande português: Jorge de Sena !!
petisquem destes quatro versos:
"Roubam-me a voz
quando me calo
ou o silêncio
mesmo se falo"
Jorge de sena era um incapaz.
Desculpa Odiana...
Sena, Um cobarde.
Foragido da Pátria quando ela mais dele necesitava.
Como agora.
Todos são poucos.
Detesto-o.
Com a barriga cheia todos podem tecer a teia da crítica, aguardando que as incautas moscas do desassossego se aproximem.
Detesto-o.
E ponto.
Peço desculpa pelo tom do meu último comentário.
Não seria um incapaz decerto.
E eu estava do avesso quando escrevi, decerto.
Uma boa semana para todos.
Grande Zeca, sim senhora!Não há por aí outro com o mesmo espírito e talento, não?É que vinha mesmo a calhar!
"Como pode um homem carregado de filhos e sem fortuna alguma ser poeta neste tempo de filhos só da puta ou só de putas sem filhos?"
Jorge de Sena,40 anos de Servidão Edições 70,15/6/1964.
Lobo, como pode o "lamento de um pai de familia" ser escrito por um cobarde? Fiquei perplexa e sem perceber se o teu segundo comentário ao menos anula o primeiro, que é suficientemente baixo para não ser de tua autoria.
Tão cedo não seguirei os teus avessos passos. Tinha-te em melhor conta.
Enviar um comentário