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segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Meu querido São Valentim

Antes de qualquer outra coisa, dizer que gosto do teu nome. Não do São, entenda-se, mas do Valentim. Adoro.

Então é assim: Eu queria que tu hoje desses uma perninha lá em casa para que consiga comemorar o teu dia como deve de ser. Ou seja, preciso que me deixes na sala um saco de lenha e pinhas para dar um ambiente mais romântico à sala, uma vez que nem eu nem ele vamos ter tempo de fazê-lo. E a verdade é que o radiador não dá o mesmo ambiente.
Depois, bom, depois queria que acalmasses o Rodrigo, que só tem 18 meses, eu sei, mas que dava jeito que hoje ficasse muito tempo a ver desenhos animados sossegado, que não quisesse andar de um lado para o outro da casa, que comesse tudo à primeira e que não cuspisse sopa para cima de mim, como gosta de fazer, para que na noite de namoro não paire no ar o cheiro de sopa de peixe com massa. Queria ainda que ás oito da noite já estivesse deitadinho no seu leito, para eu e ele começarmos os festejos.
De seguida, queria, por favor, que dissesses aos japoneses/chineses lá de Mafra que eu e ele estamos a pensar ir lá buscar sushi e que devem, por isso, fazer muitos califórnias e outras variantes de salmão com frutas, para que não fiquemos lá à espera que façam mais. Será lá pelas seis e meia. Tratas disso?
Bom, não te esqueças daquele presentinho que fiz questão de pedir, e, para terminar, não me dês dores de barriga nem de qualquer outra espécie, que a noite está dedicada à beijoquice e era muito aborrecido se isso acontecesse, pois não passaria da lady na mesa.

Obrigada pela tua atenção,
Anette

PS: A lenha pode ser azinho, há lá acendalhas.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Sobre a minha obsessão por grávidas

Sou obcecada por grávidas. É inexplicável e, que me lembre, manifesta-se desde os meus 23 anos. Desde essa altura que me lembro de ficar absolutamente fascinada com grávidas e de começar eu própria a querer ter um filho. (Só vim a ser mãe aos 32, pelo rumo que a minha vida amorosa levou).
Quando alguém muito próximo me anuncia que está em estado de graça fico fora de mim e entro em delírio. Da última vez, até fiquei fisicamente indisposta quando uma amiga me deu a boa nova. Mas o fenómeno não se dá apenas com pessoas que me estão próximas. Mesmo nos casos de mulheres que não me dizem grande coisa, recebo a novidade e emociono-me. Choro. E elas ficam a olhar para mim, incrédulas, provavelmente a pensar que estou a atravessar por um período depressivo da minha vida. Mas não. Emociono-me de verdade porque acho que é das coisas mais fantásticas da Natureza.
Gosto de ir vendo as barrigas crescer. E se dependesse da minha vontade acompanharia todas as ecografias das minhas amigas. Lá estariam elas na marquesa, os maridos ao lado, e depois eu... numa cadeirinha, toda contente, com as mãos pousadas em cima das pernas. Eu até acho que elas já fogem de mim. Mas não consigo dar conta deste fascínio. E claro está que me vejo a ter quatro, cinco, seis filhos. Depois desço à terra e percebo que não é nada disso que se vai passar. Ainda hoje no carro, sozinha para os meus botões: “Já tenho 33 anos, se não me despachar nem aos três chego”. E entristeço-me, quase a bater no lancil. Entristeço-me porque não posso apressar a minha vida, correndo o risco de tropeçar nela.